The nursing care in self-care based on scientific evidence with the client during chronic renal interdialitico - Sistematic Literature Review
A assistência de enfermagem no auto-cuidado baseada em Evidência Científica com o cliente renal crônico no período interdialitico – Revisão Sistematizada da Literatura
Viviani de Souza Santos Enfermeira. Aluna do Curso de Especialização em Enfermagem em Métodos Dialítico pela Universidade Federal Fluminense ( UFF). ianifc@yahoo.com.br Isabel Cruz. Doutora em Enfermagem. Titular da UFF. isabelcruz@uol.com.br
Abstract:The study of literature review haview have the aim identifying the scientific production of nursing determining the best evidence despoil to the care of the client/ client's family.Theassistance of nurse along to the customer bearer of chronic kidney sic consists of a set of guidelines for health and awareness aimed at changing behavior face its problems in order to take him to act preventively, reducing the damage from changes nature of the disease, investing in developing capacity and skills of the individual for self-care. The professional nursing must be critical and active, running his duties along with the other members of the healthcare team to provide the pacient what you need, is about healing and recovery, guidance and hep in on trolling complications. It is necessary to develop activities of parenting education or health care to the pacient and his family, preventig complications through the self-care enabling better adaptation of pacient.
Key-words: nursing care, chronic renal failure, kidney dialysis
Resumo: A assistência de enfermagem junto ao cliente portador de doença renal crônica consiste de um conjunto de orientações para a saúde visando a conscientização e mudança de comportamento frente a sua problemática, com o propósito de levá-lo a atuar preventivamente, diminuindo os danos decorrentes da evolução natural da doença, investindo no desenvolvimento da capacidade e das habilidades do indivíduo para o auto-cuidado .O estudo de revisão bibliográfica consiste em pesquisa as Bases de Dados, LILACS, BEDENF e MEDLINE tendo como objetivo identificar a produção científica de enfermagem, determinando a melhor evidência disponível para o cuidado do cliente/família. Os resultados demonstram que o enfermeiro pode contribuir ativamente para que ele leve uma vida mais independente devendo ser crítico e atuante, executando as funções juntamente com os demais membros da equipe de saúde no sentido de fornecer ao paciente o que necessita, seja a respeito da cura e recuperação, orientações, bem como auxiliar no controle de complicações. Conclusão torna-se necessário o desenvolvimento de atividades de ensino ou práticas educativas de saúde dirigidas ao paciente e família, visando a prevenção de complicações através do auto-cuidado, possibilitando melhor adaptação do paciente.
Palavra-chave: cuidados de enfermagem, insuficiência renal crônica, diálise renal
INTRODUÇÃO
A doença renal crônica caracteriza-se pela incapacidade dos rins de remover os produtos de degradação metabólicas do corpo ou de realizar as funções reguladoras do organismo. As substância normalmente eliminada pela urina ficam retidas no sangue em conseqüência da excreção r renal comprometida e levam a uma ruptura das funções endócrinas e metabólicas, bem como a distúrbios hidreletrolíticos e acido básicos ¹.
O cliente com IRC em um programa de hemodiálise é submetido a muitas mudanças em seu cotidiano, tais como cuidados com a dieta, controle de ingestão de líquidos, cuidados com a fistula arteriovenosa, além de necessidade de seguir um programa terapêutico delimitado por uma escala para cujos dias aprazados é imprescindível seu comprometimento e adesão. Todos essas mudanças geram estresse e desencadeiam sentimentos de revolta e conflito nessas pessoas, as quais interferem na adesão á sua terapia ².
Entende-se, então, a importância de se oferecer orientação e educação para que o cliente tenha consciência de sua doença renal, do auto cuidado e limitações ³.
Situação-problema: As alterações na vida dos pacientes são, particularmente, incômodas, contínuas para eles, uma vez que podem se sentir diferentes e excluídos por serem proibidos de comer certos alimentos, terem uma ingesta hídrica reduzida e controlada, necessitarem de remédios continuamente e serem submetidos ao tratamento dialítico para a manutenção de suas vidas. Nesta perspectiva, torna-se necessário realizar terapêutica contínua, incluindo atividades sócio-educativas com esses pacientes para que eles tenham maior conhecimento sobre a IRC e seu tratamento, adquiram segurança e maiores subsídios para o auto cuidado e, assim, tenham melhor adesão ao tratamento.
Devido o número elevado de intercorrência domiciliar despertou a necessidade de buscar alternativas relevantes para auto cuidado com cliente renal crônico no período entre diálise para melhor orientar e prestar a assistência aos mesmos.
Neste trabalho queremos reforçar que o cuidar em enfermagem diante da doença renal crônica, também, pode fazer com que o cliente reduza ou perca sua capacidade de autonomia e de auto cuidado, tornando-se dependente da adesão de outros sentimentos de sofrimento e de terminalidade de um modo de viver dependente do enfermeiro, quando ainda não está preparado para conviver com doença renal crônica.
A educação é prática libertadora e também constante troca de saberes. Faz-se necessário concebê-la diferentemente do modelo tradicional, cuja transmissão do conhecimento acontece de forma vertical, pois o cliente modifica seu comportamento conforme lhe é recomendado e não pelo convencimento de novas práticas. É preciso ter em mente o fato de que homens e mulheres são os seres que social e histo ricamente se tornam capazes de apreender e isto é uma aventura criadora. Sendo assim, não pode ser considerada meramente uma repetição, mas uma construção ou reconstrução da realidade vigente.
O objetivo deste trabalho é identificar a produção científica de enfermagem, determinando a melhor evidência disponível para o cuidado do cliente/família ².
Propondo ações de enfermagem para o cliente auto cuidar no período interdialitico pois o enfermeiro precisa associar ao conhecimento, a flexibilidade e habilidade na abordagem de problemas com o cliente no núcleo familiar e no contexto social.
METODOLOGIA
Pesquisa bibliográfica computadorizada e manual, no período do ano de 2003 a 2008, utilizando as palavras cuidado de enfermagem, doenças renais crônicas e diálise renal, nas seguintes bases de dados Birene-biblioteca virtual da saúde ( LILACS, BDENF E MEDLINE) , scielo, Blog Nepae-nesen, revista da escola paulista de enfermagem da USP, Online Brazilian Journal of Nursing, Portal de periodicos CAPES, Portal de revistas de enfermagem, revista de enfermagem Ana Nery, Revista Latino Americano de enfermagem.
Dos trinta textos identificados, foram selecionados 06 de língua portuguesa e quatro de língua estrangeira para analise devido as implicações para uma melhor prática.
RESULTADOS:
Tabela 1 – Publicações localizadas, segundo o tema a assistência de enfermagem no auto cuidado com o cliente renal crônico no período interdialitico mencionadas nas bases de dados. Niterói, 2008.
Autor(es), Data & País |
Objetivo da Pesquisa |
Tamanho da Amostra |
Tipo de Estudo & Instrumentos |
Principais achados |
Conclusões do autor(es) |
GS, Santos I, Bregman R. 2007. Brasil 1 |
Avaliar a competência e o déficit para o auto cuidado do cliente com DRC. |
51 clientes com doença DRC em tratamento |
Método descritivo |
Dúvidas sobre uma doença permeiam a vida dos clientes e podem intervir na adesão do tratamento |
A importância do ensino do auto cuidado para demonstrar seu potencial para enfrentar a DRC. |
Ramos CI, Veraci M, Salete M, Jorge B S M ia 2008. Brasil 2 |
Apreender as representações sociais dos adolescentes em relação ao cuidado em situação de Insuficiência Renal Crônica. |
Aplicou-se o teste de associação livre de palavras a 70 adolescentes e a entrevista semi-estruturada a oito adolescentes |
Pesquisa com abordagem multi método, tendo como matriz teórica as Representações Sociais (TRS) |
Que o seu cuidado traz para ele preocupação, pois precisa se dedicar ao seguimento das condutas prescritas e cobradas, bem como ele objetiva também, esse cuidado sob a forma da diálise, ou seja, fazer diálise representa uma forma de cuidado essencial à sua vida. |
Conclui-se que a representação social do adolescente focaliza as significações do adoecimento e do cuidado, marcada pela indissociabilidade entre as práticas de cuidado e as relações psico-afetivas e sociais imbrincadas na sua vivência . |
Costa TV, Alves CP, Lunardi LV, UERJ, 2006. Brasil 3 |
Conhecer a percepção de pacientes com DrC quanto ao auto- cuidado |
Entrevista semi-estruturada com sete pacientes com doença crônica |
Pesquisa qualitativa, caracterizado como modos de requisição sistemática. |
Limitações nas tomadas de decisão. Negação da doença dificuldade de adaptação ao tratamento. |
Possibilitou conhecer estes pacientes e que a presença profissional, isso evidência que cuidar de pacientes crônicos é estar junto. |
Pacheco GS, Santos I, 2005. Brasil 4 |
Propor a orientação do auto cuidado ao cliente na fase pré-diálise visando sua indepência quanto ao atendimento e a comprenção de suas necessidades de bem estar |
Não aplicável |
Teoria de Orem |
Ações de enfermagem em educar / cuidar centrado no auto cuidado |
Pelo fazer em enfermagem que provocam no doente desejo de viver, resistir e sobreviver |
Guedes D A J, Sardo GMP, Borens 2007. Brasil 5 |
refletir sobre o cuidado de enfermagem e a importância dos cuidados paliativos |
Não aplicável |
Revisão documental |
constituem um desafio para as instituições e os profissionais de saúde, pois exigem o desenvolvimento de diversas competências relacionadas com o cuidado |
Ao cuidarmos de uma pessoa enfim de vida, precisamos saber quem é essa pessoa e a sua família, quais são as suas capacidades, as suas necessidades e limitações, e simultaneamente ter consciência das nossas próprias capacidades e limitações enquanto enfermeiros |
Wingard R. mar/apr.2005. Inglaterra 6 |
Refletir a relação entre o processo de enfermagem e a educação dos clientes renais crônicos. |
Não aplicável |
Revisão documental |
Constatou-se que níveis mais elevados de conhecimentos por parte do cliente levam ao maior grau de autogestão associado ás significativas melhorias em seu bem estar. |
Enfermeiros podem ajudar os doentes a contribuírem atitudes positivas relativas ao seu tratamento, tendo maior independência dos mesmos e melhores resultados terapêuticos. |
Wel JL, Hawkus CT of Nursing Science, 2005 . Coréia do Sul. 7
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determinar os efeitos da musicoterapia sobre ansiedade e depressão em pacientes em hemodiálise |
O estudo foi desenvolvido utilizando um nonequivalent grupo controle posttest pré-concepção |
Os sujeitos constou de 36 pacientes (Grupo experimental: 18, Grupo controle: 18) que receberam hemodiálise em três hospitais localizados em Seul |
A primeira hipótese de que pacientes em hemodiálise que receberam terapia musical teria menos ansiedade do que pacientes em hemodiálise que não receberam terapia musical foi apoiada A segunda hipótese de que pacientes em hemodiálise que receberam terapia musical teria menos depressivos do que pacientes em hemodiálise que não receberam terapia musical foi apoiada
|
Os resultados deste estudo sugerem que a musicoterapia pode ser aplicada como um método de intervenção de enfermagem que contribuam para a melhoria da qualidade de vida, reduzindo a sua ansiedade e depressão dos pacientes em hemodiálise |
Murphy F. maio/jun. 2007. Inglaterra 8 |
Explorar o papel do enfermeiro no cuidar e educar do paciente em pré-transplante renal |
Não aplicável |
Revisão documental |
O transplante renal considerado a melhor escolha de tratamento dos doentes renais crônicos em fase terminais |
Os enfermeiros desempenham um papel fundamental no apoio ao paciente, contribuindo para o enfrentamento dos inúmeros desafios que estão associados ao pré-transplante. |
L, Locking-Cusolito H, Spittal J, Wilson B, White S. maio/jun. 2005.EUA 9 |
Identificar as implicações para a educação e apoio necessários para o cuidados aos doentes renais crônicos em fase pré-dialítica. |
11 pacientes |
Estudo qualitativo. Entrevista semi-estruturada |
Incapacidade para gerir as responsabilidades pessoais, falta de informação, sentimento de ser um problema para a família, preocupações financeiras e com transporte, depressão e ansiedade foram identificados pelos clientes. |
Intervenções educativas precoces junto aos doentes renais crônicos terminais como forma de apoio nesta etapa permeada por inúmeros agentes estressores. |
Queiroz OVM, Dantas QCM, Ramos CI, Jorge BSM. jan/mar 2008. Brasil 10 |
identificar situações de aprendizagens que sirvam de base para a prática de educação em saúde; descrever etapas de um instrumento didático facilitador para educação em saúde com base nas necessidades suscitadas por pacientes com doença renal crônica. |
Estudo qualitativo efetuado em setembro de 2006, Trata-se de uma pesquisa descritiva, com enfoque na análise qualitativa. |
utilizando a técnica de grupo focal com seis sujeitos que faziam hemodiálise. |
utilizando a técnica de grupo focal com seis sujeitos que faziam hemodiálise. Os instrumentos educativos destacados foram a cartilha e o álbum seriado ilustrados com figuras |
A escuta dos sujeitos permitiu-lhes mostrar suas necessidades de aprendizagem e apontar instrumentos e estratégias a serem utilizados na proposta de educação em saúde. As tecnologias do cuidado com enfoque nas ações educativas pressupõem um caminho inovador que gerem atitudes conscientes e intencionais das pessoas envolvidas, além da valorização e reconhecimento do exercício de cidadania. |
Fonte: UFF – Especialização de Enfermagem em Métodos Dialíticos e Transplantes
Discussão
Avaliação dos artigos selecionados e implicações para prática de enfermagem para o cliente de alta complexidade
A forma pela qual os sujeitos entendem a realidade vai determinar a sua maneira de se conduzir na vida. Assim, de acordo com o que o paciente sabe de sua doença, seu real significado, seus riscos e controle de suas atitudes e estilo de vida se encaminharão para a prática no seu cotidiano. Consideramos necessário que o paciente saiba mais sobre a sua doença para que tome atitudes corretas facilitando o seu tratamento, pois se o paciente mantém um mesmo conhecimento por longo período, isso poderá fazê-lo acomodar a respeito do problema que ele tem, sendo de extrema importância então, que estes sejam melhor informados sobre a doença e assim tomem-se capacitados para lidar com ela mais ativamente 6, 7.
As restrições impostas pela doença renal crônica ou pelo tratamento são sempre rigorosas e o grau de assimilação e de adesão ao tratamento é sempre diversificado, dependendo do valor que o indivíduo atribui a si próprio e á sua vida, do modo como as pessoas que fazem parte de sua rede familiar e social encaram essa condição e o apoio que oferecem nessa trajetória¹.
Neste contexto, consideramos de máxima importância a atuação do enfermeiro que estará em contato direto com o paciente, família e demais membros da equipe multiprofissional. Para tanto, torna-se imprescindível que ele utilize a comunicação de maneira adequada, com finalidade de tentar acessar e compreender a experiência do estar doente ou de ter que viver com o doente, família e, também, para melhorar o seu relacionalmente com os membros da equipe multiprofissional .
Vale ressaltar que o relacionamento interpessoal enfermeiro-paciente, no contexto da hemodiálise, devido ao contato prolongado, favorece o estabelecimento de um vinculo terapêutico. Ao utilizar-se apropriadamente da comunicação, aliada a este vinculo, o enfermeiro tem ampliada sua capacidade de observação, podendo detectar expressões verbais e não-verbais indicativas de situações relevantes, sobre as quais poderá interagir ou não, que passariam desapercebidas por outros profissionais ¹, ².
O ato de cuidar não se resume à pessoa que temos à nossa frente, uma vez que consiste essencialmente numa relação de ajuda, na arte de assistir a pessoa, a família e a comunidade no atendimento das suas necessidades básicas 3,4, 5.
Como a terapia renal substitutiva acontece mediante recursos tecnológicos (máquina de hemodiálise), esse fato muitas vezes provoca um afastamento, a falta de um olhar e a escuta ao paciente, em detrimento da observação e do controle da máquina. Esta, por ser um instrumento imprescindível ao procedimento dialítico, impõe uma preocupação com o seu funcionamento, no entanto, não se pode perder de vista o sujeito que dialisa. Há uma tendência de quem trabalha e detém o domínio da máquina, esquecer de que o paciente precisa de algumas informações que o ajudem a entender e aceitar o procedimento que já faz parte de sua vida. Na inversão dos papéis, passando de agente cuidador para aquele que recebe cuidado, é possível entender o temor e a expectativa do paciente, pois qualquer dispositivo que alarma é entendido como perigo iminente e isso produz ansiedade e medo 5,10.
Para isso, é indispensável que os educadores em saúde conheçam a realidade, a visão de mundo e as expectativas de cada sujeito, para que possam priorizar as necessidades dos clientes e não apenas as exigências terapêuticas. Deve-se partir de seu conhecimento preexistente, pois desvalorizar suas expectativas desencadeia uma série de conseqüências, como a não-adesão ao tratamento, descrédito em relação á terapêutica, deficiência no auto cuidado, adoção de crenças e hábitos prejudiciais á saúde, distanciamento da equipe multiprofissional, cultivo da concepção de que somente os outros são responsáveis por seus cuidados, comportamento desagregador entre outros 9.
As oportunidades dos participantes discutirem procedimentos e instrumentos educativos para o cuidado em saúde os fazem vislumbrar o acesso a conhecimentos que venham a esclarecer as diversas dúvidas sobre a doença, a experiência com diálise, comportamentos diários que devem ser assumidos por quem é sujeito desta realidade 8, 10.
O modelo de enfermagem baseado na teoria do auto cuidado de Orem valoriza a responsabilidade do indivíduo com a saúde, enquanto reconhece que prevenção e educação para a saúde como aspecto importantes na intervenções de enfermagem 2,3, 4.
No desenvolvimento de práticas educativas, o enfermeiro deve ter , além da fundamentação científica e da competência técnica, conhecimentos dos aspectos que levam em consideração os sentimentos, necessidades e desejos do paciente sob sua orientação. Nesse sentido, não basta um material didático flexível, que não promova questionamentos e não origine motivação interna para mudar. Certamente, faz-se necessária essa abertura ao diálogo, a possibilidade do outro se perceber como ser único, embora com vivências comuns com seu semelhante. As idéias a seguir fazem compreender a importância de compartilhar, pois ninguém sozinho chega a parte alguma.
Os assuntos que afetam o cotidiano como "alimentação permitida" foram mais evocados, pois são necessidades essenciais que devem ser efetivamente "ensinadas e entendidas" pelo sujeito renal crônico. Nesse discurso, fica explícito que não basta simplesmente informá-los, pois a informação precisa ser traduzida e compreendida, para que seja internalizada e possibilite mudança de atitudes benéficas à saúde. Os discursos retratam o distanciamento do profissional em relação ao cliente, ficando no imaginário a incerteza do que pode e deve ser feito para melhorar e manter-se saudável. Também surgem outras dúvidas que fazem parte da rotina de vida do paciente, embora seja um conhecimento próprio de quem cuida e detêm o saber. A rotina de exames periódicos, utilizados para avaliar a qualidade da diálise e do estado clínico do paciente, é comentada pelos participantes da pesquisa 9.
O ser humano, como ser que recebe o cuidado e agente das práticas sociais, deve ser crítico e participante ativo na sociedade, no exercício da sua autonomia e na luta pelos seus direitos. Nas suas relações com o mundo e com a sociedade, é caracterizado como ser social, de pulsão e desejo; tem diferentes comportamentos e formas de agir frente a novos conhecimentos. Assim, seus anseios e esperanças, modos de aceitar as inovações e a relação que estabelece com seus semelhantes, o consagram como um ser social, sujeito de suas ações. Portanto, pode-se perceber que as práticas de saúde na contemporaneidade estão sendo foco de atenção diante das novas concepções de ser humano, vida, saúde, sociedade, cuidado de saúde, dentre outras, remetendo à construção de tecnologias de processos de gestão que integram o ser, o pensar, o fazer, mobilizando ações de cuidado humano 5,7.
Como o paciente renal crônico está inserido na sociedade e na família, os agentes do seu meio precisam desmistificar algumas idéias e esclarecer outras sobre a condição de sua saúde. Portanto, trabalhar o auto cuidado com o paciente, necessariamente, requer ampliar para a família e a comunidade essa temática, inclusive discutir necessidades muitas vezes reprimidas.
A cartilha e o álbum com figuras são apontados como instrumentos importantes e possíveis de gerar aprendizagem, uma vez que existe citação do desenvolvimento de palestras, mas compreendendo-a como estratégia de aplicação do instrumento e, assim, ressaltam a necessidade da presença do profissional desenvolvendo uma comunicação interativa ¹, 7.
Ficou evidente que há preocupação relativa ao modo de transmissão desse conhecimento, considerando que há diferentes capacidades cognitivas no grupo. O ensino não pode acontecer sem a interação e participação do grupo, em etapas contínuas, fazendo sempre um resgate dos assuntos vivenciados, pois assim a aprendizagem se tornará significativa para sua realidade. Desta maneira, o educador em saúde deve acreditar que o conhecimento dá responsabilidade e autonomia à pessoa para viver de maneira mais digna e humana; ou seja, ajuda o paciente a tomar decisões e desenvolver habilidades para cuidar de si, emancipando-o 7, 8 ,9.
Os assuntos do cotidiano aparecem com maior ênfase, mas outros temas como sexualidade e inserção social do paciente renal crônico, pouco comentado, entre esses pacientes, também surgiram e causaram certa estranheza entre o grupo, mas tem significados reais e apontam para a necessidade de serem explorados. O enfoque sobre a vivência desse doente em sociedade, em família, quando esse suporte, muitas vezes, permanece fragilizado, requer apoio dos enfermeiros e de toda a equipe no sentido de discutir e encontrar meios de alcançar respostas a essa necessidade. Desse modo, reforçamos a idéia dos encontros educativos, como mais um recurso de cuidado que pode contribuir com reflexões-ações, superando as adversidades impostas pela doença, não apenas no âmbito biológico, mas também no atendimento das necessidades psicossociais do paciente renal crônico.
Para alguns faltam mais informações e orientações de forma mais intensa para convencê-los de que ser um doente crônico não significa "ser anormal", mas "normal", vivendo bem com novos hábitos. Entretanto, é a partir do momento em que o paciente se conscientiza de sua doença que ele busca a mudança de comportamento¹.
CONCLUSÃO
Das discussões referentes à escolha do tipo de estudo demonstrou que material/ferramentas a serem utilizados, apontaram a cartilha e o álbum seriado, mas com a interação do profissional. Também foi comentada a necessidade de ser uma atividade contínua, e não somente em único momento, pois eles sentem-se ociosos e carentes de saber sobre o cuidado de si, que é uma atividade permanente 4,5.
As tecnologias do cuidado com enfoque nas ações educativas pressupõem um caminho inovador que gerem atitudes conscientes e intencionais das pessoas envolvidas, além da valorização e reconhecimento do exercício de cidadania¹. Para tanto, faz-se necessário incorporar o conhecimento dos sujeitos no processo de aprendizagem. Desse modo, a escuta dos participantes da pesquisa contribuiu sobremaneira na estruturação de uma etapa objetiva na construção do instrumento didático. No caso, foi escolhida a cartilha, apresentando os seguintes conteúdos: 1) preâmbulo sobre o início da conversa; 2) para que servem os rins e por que ficam doentes?; 3) alterações comuns na pessoa que tem doença renal crônica; 4) formas de tratamento e como funcionam a hemodiálise e a fístula artério-venosa?; 5) o que preciso saber sobre a alimentação ideal para continuar bem?; 6) como saber quando tenho complicações e quando estou bem clinicamente?; 7) o que preciso saber sobre o transplante renal?8,9
Esta elaboração construída com os sujeitos forma o conjunto de idéias captadas que refletem sobre instrumentos facilitadores no desenvolvimento de tecnologias educativas com os pacientes renais em tratamento. Acreditamos que será uma proposta a ser aceita e renovada por muitos que acreditam e empreendem esforços para inovar o cuidado 8,10.
Ao fazermos uma reflexão sobre a problemática atual que envolve a pessoa portadora de insuficiência renal crônica, em programa de hemodiálise, podemos afirmar que a utilização da comunicação empática torna-se fundamental no trabalho do enfermeiro.
Sabemos que muitas vezes ele experimenta sensações aflitivas como ansiedade, angústia e impotência diante dessa problemática por não se sentir seguro sobre o melhor a ser dito ou feito. No entanto, podemos nos lembrar de uma valiosa estratégia no processo da interação: o ouvir. Muitas vezes, estar disponível é mais importante do que ter todas as respostas 9,10.
Quando conseguimos ouvir as mensagens das pessoas, tornasse possível perceber que a solução está em suas próprias mãos. Essa autora ressalta que o que temos a fazer é ajudá-las a verbalizar, a analisar as alternativas já tentadas, a procurar novas alternativas, analisar os prós e contras e incentivá las a experimentá-las, refletindo sobre as conseqüências de seus atos. O enfermeiro que trabalha com o paciente renal crônico tem condições de acompanhar sua trajetória, sua evolução e refletir sobre os comportamentos e as soluções já tentadas pelo paciente. É capaz de, estando atento, refletir junto dele sobre seus comportamentos, estimulando-o a usufruir a melhor qualidade de vida possível dentro do seu quadro e do seu estado. Um bom motivo para fazer Enfermagem é deixar as pessoas mais felizes ² ,10.
Diante dessa abordagem sobre as especificidades do cliente renal crônico em programa de hemodiálise, podemos perceber que o enfermeiro que atua nesta área se vê constante mente interagindo com muitas pessoas, envolvido em situações conflitantes e desgastantes que lhe exigem dedicação e esforços no sentido de conscientizar-se da sua forma de comunicação, e posteriormente dedicar-se a desenvolve-la e melhora-la continuamente 1, 6,10.
Referências Bibliográficas
1- GS, Santos I, Bregman R. Clientes com doença renal crônica: avaliação de enfermagem sobre a competências para auto cuidado. Esc Anna Nery Rev Enferm 2007 mar; 11(1): 44-51.
2-Ramos CI, Veraci M, Salete M, Jorge B S M. Cuidado em situação de doença renal crônica:representações sociais elaboradas por adolescentes. Rev Bras enferm 2008;61(2): Disponível em: www.sielo.php. Acesso em: 10 set 2008
3- Costa TV, Alves CP, Lunardi LV. Vivendo doença crônica. Rev enferm UREJ, Rio de Janeiro, 2006 jan/mar 14(1) 27-31.
4- Pacheco GS, Santos I. Cuidar de cliente em tratamento conservador para doença renal crônica: apropriação da Teoria de Orem. Rev enfer UERJ 2005,13:257-62.
5- Guedes D A J, Sardo GMP, Borenstein SM. Enfermagem nos cuidados paleativos. Online Braz J Nurs 2007, 6(2): Disponível em: htt:// www.uff.br/objnursing/index.php/nursing/search/results. Acesso em: 04 out 2008.
6- Wingard R. Patient education and the nursing proces: meeting the patient”s needs. Nephrol Nurs J 2005; 32(2):211-4.
7- Wel JL, Hawkus CT. Psico-pedagogia para estratrégias a aderência a hemodiálise em pacientes adultos: uma revisão de estudo para intervenção. Int J Nurs Stud, 2005, 42(5).
8- Murphy F. The role of the nurse in pré-renal transplantation. Br J 2007; 16(10):582-7.
9- Harwood L, Lockiing-Cusolito H, Spittal J, Wilson B, White S. Preparing for hemodialysis: patient stressors and responses. Nephrol Nurs J 2005; 13: 257-62.
10- Queiroz OVM, Dantas QCM, Ramos CI, Jorge BSM. Tecnologia do auto cuidado renal crônico: enfoque educativo-terapêutico a apartir das necessidades dos sujeitos.Enferm Texto C Contexto Enferm 2008 jan/mar;17(1):45.
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