Journal of Specialized Nursing Care

The effectiveness of music therapy for the treatment of anxiety and depression – Sistematic Literature Review

A eficácia da musicoterapia para o tratamento da ansiedade e depressão – Revisão Sistematizada da Literatura

 

Lívia Ramos Pelizon. Enfermeira. Aluna do curso de Especialização em Enfermagem em Cuidados Intensivos Adulto/Idoso. Universidade Federal Fluminense (UFF). liviapelizon@gmail.com.
Profª. Dra. Isabel Cruz. Titular da UFF. isabelcruz@uol.com.br

 

Abstract: This study presents a systematic literature review based on scientific data achieved through critical analysis of articles from 2006 to 2010, and has as objective to analyze and evaluate the implementation of music therapy to treat patients suffering from anxiety and depression. In order to resort to therapeutic interventions seeking to better nursing practice in critically ill client with the intent to minimize the occurrence of anxiety and depression.

Key-words: music therapy, ansiedade, depressão.

Resumo: O presente estudo trata-se de uma revisão sistematizada da literatura por bases de dados científicos, realizado através da análise crítica de artigos no período de 2006 a 2010 e tem como objetivo analisar e avaliar a implementação da musicoterapia ao tratamento de pacientes que sofrem de ansiedade e/ou depressão. No sentido de recorrer às intervenções terapêuticas busca-se a melhor prática de enfermagem ao cliente criticamente enfermo com a intenção de minimizar a ocorrência da ansiedade e depressão.

Palavras-chave: musicoterapia, ansiedade, depressão.

 

INTRODUÇÃO

Situação-problema:

A música constitui parte da natureza e dos seres humanos, pois seus componentes básicos como ritmo, melodia e harmonia são comuns à composição do nosso organismo9.

As intervenções musicais têm sido usadas em contextos de cuidados de saúde para reduzir a dor do paciente, ansiedade e estresse, embora o mecanismo exato dessas terapias não seja bem compreendido3.

Nos últimos anos, o uso da música como uma intervenção para o manejo da dor e outros sintomas aumentou2.  

Assim, música terapêutica vem sendo utilizada em pesquisas na área da enfermagem com a finalidade de sensibilizar os enfermeiros à sua aplicação tanto como estratégia de cuidado quanto de ensino aos clientes que estejam vivendo diferentes situações no âmbito do contexto hospitalar10.

Sendo assim, o objetivo deste estudo é discutir a assistência terapêutica de enfermagem através da música ao paciente em UTI que apresenta ansiedade e/ou depressão. 

 

Acrônimo

Definição

Descrição

P

Paciente

 

Paciente em UTI ansioso e/ou depressivo.

I

Intervenção

 

Musicoterapia (Intervenção terapêutica).

C

Controle ou comparação

 

 

O

Resultado (NOC)

 

Paciente apresenta segurança, bem-estar, promoção do conforto e melhoria da qualidade de vida.

 

Questão clínica flamejante:

No cliente de alta complexidade, qual é a eficácia da musicoterapia para o tratamento da ansiedade e depressão?

Objetivo:

Identificar a produção científica de enfermagem, utilizando a estratégia PICO para determinar melhor evidência disponível para o cuidado com o paciente de alta complexidade apresentando ansiedade e depressão. 

Metodologia:

Estudo bibliográfico, por meio de pesquisa computadorizada no período de Setembro a Dezembro de 2010, nas bases de dados – Online Brazilian Journal of Nursing (OBJN), Pain Management Nursing, Intensive and Critical Care Nursing, American Journal of Critical Care, Revista de Enfermagem UERJ, Revista Latino-Americana de Enfermagem e Escola Anna Nery Revista de Enfermagem; utilizando termos de busca controlados através de palavras-chave/key-words (musicoterapia, ansiedade, depressão/music therapy, anxiety, depression) e combinação dos componentes da estratégia PICO: anxious and depressive patients AND music therapy AND decrease anxiety and depression. Foram selecionados os textos mais pertinentes sobre o assunto escolhido pela leitura do resumo e os de mais claras e objetivas informações, realizando uma análise crítica, complementando e confrontando os dados de diferentes autores sobre o mesmo assunto, sendo quatro (04) artigos na língua portuguesa e seis (06) artigos na língua estrangeira – relacionados em referência bibliográfica e assinalados no texto pelo número da referência. Foi realizada uma tabela com os artigos que se adequavam ao objetivo proposto com os seguintes dados: autores, objetivo da pesquisa, força da evidência, tipo de estudo & instrumento, principais achados e conclusões dos autores.

 

Resultados:

Tabela 01 – Publicações localizadas segundo o tema: “A eficácia da musicoterapia para o tratamento da ansiedade e depressão – Revisão Sistematizada da Literatura”, mencionadas nas bases de dados. Niterói, 2010.

 Autor (es), Data & País

Objetivo da Pesquisa

Força da evidência

Tipo do estudo & instrumentos

Principais achados

Conclusões do autor (es)

 

 

 

 

 

 

Bergold L, Alvim NA. 2008, Brazil.(1)

Descrever as concepções de clientes hospitalizados sobre as visitas musicais; analisar a importância dessas visitas como estratégia terapêutica no contexto hospitalar; discutir as implicações das visitas musicais para a enfermagem.

Tipo III.

Estudo qualitativo, utilizando o método criativo e sensível para a produção de dados.

A influência positiva das visitas musicais na promoção do conforto, bem-estar e da expressão de emoções que promoveram a integridade e autonomia do paciente.

A visita musical é uma estratégia terapêutica para o cuidado de enfermagem ao cliente hospitalizado.

 

Zafra MD, Sánchez AM, Peñarrocha G, Lorenzo C. 2010, Spain.(2)

 

Investigar os efeitos da música sobre a dor e a depressão de pessoas diagnosticadas com fibromialgia.

 

Tipo II.

 

Estudo experimental, utilizando a teoria de Rogers do ser humano ser unitária como referencial teórico.

 

O grupo de tratamento apresentou uma redução significativa da dor e da depressão à 4ª semana em comparação com o grupo controle.

 

O estudo piloto sugere a importância da musicoterapia como uma intervenção de enfermagem e justificam estudos mais aprofundados sobre a música como uma intervenção de auto-gestão para reduzir a dor e depressão.

 

Nilsson U. 2008, Sweden.(3)

 

Avaliar o efeito da música para reduzir a dor, ansiedade e estresse do paciente.

 

Tipo II.

 

Estudo experimental, utilizando revisão sistematizada de 42 ensaios clínicos

 

Intervenções musicais têm sido usadas em contextos de cuidados de saúde para reduzir a dor, ansiedade e estresse do paciente.

 

 

 

Intervenção de música tiveram efeitos positivos na redução da ansiedade e dor do paciente em aproximadamente metade dos estudos revisados.

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Ler foneticamente

 

Dicionário - Ver dicionário detalhado

 

Wakim J, Smith S, Guinn C. 2010, U.S.A.(4)

Investigar os efeitos da musicoterapia para os pacientes em diferentes situações clínicas.

Tipo V.

Estudo qualitativo.

A maioria dos artigos publicados revelou que ouvir música era benéfico para o paciente, não importa a configuração.

A musicoterapia é uma intervenção não farmacológica que tem a capacidade de reduzir os níveis de ansiedade em alguns pacientes.

 

Chlan L, Engeland W, Guttormson J. 2007, U.S.A.(5)

 

Explorar a influência da música sobre marcadores biológicos da resposta ao estresse em pacientes.

 

Tipo III.

 

Estudo experimental, de natureza qualitativa.

 

Música de fundo é considerado uma terapia ideal para reduzir o stress nos pacientes que recebem ventilação mecânica.

 

 

É necessário uma amostra maior para avaliar mais a influência da
música.

Chlan L, Guttormson J, Tracy M, Bremer K. 2009, U.S.A.(6)

Utilizar intervenção musical no paciente encaminhado à unidade de terapia intensiva para lidar com a ansiedade.

Tipo III.

Estudo experimental, utilizando amostra de ensaio clínico multicêntrico.

O uso da música reduziu significativamente a ansiedade do paciente na unidade de terapia intensiva.

Determinou-se intervenção musical para lidar com a ansiedade na unidade de terapia intensiva.

 

Caminha L, Silva MJ, Leão E. 2009, Brasil.(7)

 

Conhecer a influência de dois diferentes ritmos musicais nos estados subjetivos e na percepção tempo-sensorial de pacientes adultos submetidos à hemodiálise.

 

Tipo II.

 

Estudo experimental, utilizando ensaio clínico não controlado.

 

A aceitação musical por parte dos pacientes foi visível e a sensação deles durante a execução foi um grande elemento motivador.

 

Mais de 80% dos pacientes sentiu o tempo passar mais rápido após as intervenções em ambos os ritmos. No entanto, o ritmo influenciou o tipo de experiência emocional que os pacientes apresentaram.

 

Campos N, KantorskiI L. 2008, Brasil.(8)

 

Descrever a utilização da música numa Oficina Terapêutica de Cuidado com o Corpo.

 

Tipo III.

 

Estudo qualitativo.

 

 

O poder da música reside no fato justamente

de que ela nasce da mente e das emoções do

homem. Assim, ela tem um poder magnético de atingir o paciente.

 

A utilização da música contribuiu no processo de reabilitação psicossocial de seus integrantes

 

Silva S, Fava SM, Nascimento MC, Ferreira C, Marques N, Alves S. 2008, Brasil.(9)

 

 

Avaliar a influência da exposição musical em portadores de insuficiência renal crônica, durante as sessões hemodialíti

cas.

 

Tipo III.

 

Estudo qualitativo, utilizando análise de conteúdo.

 

 

Terapia complementar mostrou-se positiva

quanto à alteração na percepção do tempo, proporcionando sensações de bem-estar, alegria, felicidade, relaxamento,entretenimento, mudança na rotina, ausência de sintomas, recordações positivas e companhia.

 

 

A apresentação musical durante a hemodiálise teve efeito terapêutico satisfatório, evidenciado pelos relatos.

 

Bergold L, Alvim NA. 2009, Brasil.(10)

 

 

Usar a música terapêutica como um recurso para o cuidado ao cliente hospitalizado.

 

Tipo V.

 

Estudo qualitativo, utilizando o método criativo e sensível.

 

 

Visita musical constituiu-se

como tecnologia para o cuidado expressivo, pois promoveu conforto, ludicidade, expressão emocional e integração entre os clientes e destes com o ambiente hospitalar.

 

 

A dinâmica musical mobilizou a produção de subjetividades nos enfermeiros, que perceberam as possibilidades do uso criativo da música como um recurso tanto no âmbito do cuidado quanto no ensino de enfermagem.

 

 

 

 

 

 

Discussão:

Estudos apontam que a visita musical como estratégia terapêutica é uma modalidade avançada do cuidado, pois estimula a conexão entre pessoas e ambientes em todos os níveis, promovendo a subjetividade e a intersubjetividade e modifica positivamente o ambiente hospitalar, o que revela a sua importância para a enfermagem fundamental.1,3,4,7,8,9 e 10 

Os estudos apresentados mostraram que a música, como um recurso na humanização do ambiente hospitalar, mostrou-se eficaz ao lidar com as emoções, incentivando a intercomunicação e a melhoria da qualidade de vida dos pacientes, de pessoas afins e profissionais de saúde.1,3,4,7,8,9 e 10

É importante destacar que a visita musical, ao atender às necessidades, expectativas e desejos dos clientes, valoriza o cuidado na sua dimensão expressiva. Dessa forma, apontamos sua importância para a humanização do ambiente hospitalar ao promover a interação dos clientes entre si e destes com a equipe de enfermagem.10

 

Sugestões para a prática da enfermeira:

Os cuidados de enfermagem ao cliente de alta complexidade de forma a minimizar a ansiedade e depressão utilizando uma intervenção terapêutica como a musicoterapia é o que se propõe, pois ainda há o desconhecimento dos profissionais sobre sua eficácia e o respaldo legal da especialização para o enfermeiro.

Cabe ao enfermeiro colocar em prática, diante dos resultados apresentados, a terapia musical para atuar como cuidado diante do paciente.

Conclusão:

            Diante do estudo apresentado, os principais resultados apontam que a maioria das pesquisas demonstrou que a música se apresenta eficaz para a assistência de enfermagem. A musicoterapia pode ser utilizada pela enfermagem, oferecendo uma hospitalização humanizada, melhorando a interação entre equipe/paciente e da própria equipe multidisciplinar da área de saúde, além de ser uma forma de aprendizagem e educação para a equipe e para o paciente.

Apesar dos resultados encontrados neste estudo, a musicoterapia continua sendo um método de terapia alternativa e/ou complementar pouco conhecida e, conseqüentemente, menos realizada nos hospitais pelos enfermeiros. Um dos motivos pode ser devido ao pouco número de estudos publicados referente ao tema, e, desta forma, a musicoterapia acaba sendo pouco entendida como um cuidado de enfermagem. Além disso, muitas vezes a assistência do enfermeiro está ligada ao tradicional modelo assistencial, onde muitas vezes é voltada apenas para a administração.

A partir dos resultados obtidos, conclui-se então que é de suma importância a utilização da música como cuidado de enfermagem afim de um atendimento mais humanizado reduzindo a ansiedade e depressão no paciente em âmbito hospitalar e o desenvolvimento de novos estudos envolvendo o tema.

           

Referências Bibliográficas

1- Bergold L.Alvim NA. Musical visitation: therapeutic strategy based on theory of transpersonal caring. A qualitative study Online Brazilian Journal of Nursing [serial on the internet]. 2008 March 19; [Cited 2010 November 29]; 7(1):[about ## p.]. Available from: http://www.objnursing.uff.br/index.php/nursing/article/view/j.1676-4285.2008.1469

2- Zafra MD.Sánchez AM.Peñarrocha G.Lorenzo C. Effect of music as nursing intervention for people diagnosed with fibromyalgia. Pain Management Nursing [serial on the internet]. 2010 November 29; Available from: http://www.painmanagementnursing.org/article/S1524-9042(10)00139-6/pdf

3- Nilsson U. The Anxiety- and Pain-Reducing Effects of Music Interventions: A Systematic Review. Intensive Critical Care Nursing. 2008 April; [Cited 2010 December 3]; 87(4): 780-807.

4- Wakim J.Smith S.Guinn C. The efficacy of music therapy. Intensive Critical Care Nursing [serial on the internet]. 2010 August; [Cited 2010 December 2]; 25(4): 226-232. 

5- Chlan L.Engeland W.Guttormson J. Influence of music on the stress response in patients receiving mechanical ventilatory support: A pilot study. American Journal of Critical Care. 2007; [Cited 2010 November 28]; 16: 141-145.

6- Chlan L.Guttormson J.Tracy M.Bremer K. Strategies for Overcoming Site and Recruitment Challenges in Research Studies Based in Intensive Care Units. American Journal of Critical Care. 2009; [Cited 2010 November 30]; 8:410-417.

7- Caminha L.Silva MJ.Leão E. A influência de ritmos musicais sobre a percepção dos estados subjetivos de pacientes adultos em hemodiálise. Rev Latinoam Enferm. Dezembro 2009; [Citado em 2 de Dezembro de 2010]; 43(4).

8- Campos N.KantorskiI L. Abrindo novas fronteiras na prática assistencial de enfermagem em saúde mental. Rev Enferm UERJ. Março2008; [Citado em 30 de Novembro de 2010]; 16(1):88-94.

9- Silva S.Fava SM.Nascimento MC.Ferreira C.Marques N.Alves S. Efeito terapêutico da música em portador de insuficiência renal crônica em hemodiálise. Rev Latinoam Enferm. Setembro 2008; [Citado em 2 de Dezembro de 2010]; 16(3):382-387.

10- Bergold L.Alvim NA. A música terapêutica como uma tecnologia aplicada ao cuidado e ao ensino de enfermagem. Esc Anna Nery Rev Enferm. Setembro 2009; [Citado em 3 de Dezembro de 2010]; 13(3): 537-542.





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