Journal of Specialized Nursing Care

STOMA CARE IN PATIENT CRITIC- SISTEMATIC LITERATURE REVIEW

CUIDADO COM ESTOMA NO PACIENTE CRÍTICO - REVISÃO SISTEMATIZADA DA LITERATURA

 

Carla Ribeiro Almeida. Enfermeira. Aluna do Curso de Especialização em Enfermagem em Cuidados Intensivos da Universidade Federal Fluminense (UFF). enfecarla25@yahoo.com.br

Isabel Cristina Fonseca da Cruz. Doutora em Enfermagem. Professora Titular da UFF. isabelcruz@uol.com.br

 

Abstract: Stoma or ostomy it´s all surgery done to create an opening in any organ and can be temporary or permanent. The Nurses it´s very importante to care of this patient, since your work involves the surgery (before, during and after), providing health education through the rehabilitation process toward the selfcare. This is a computerized literature search held in order to answer the clinical question flaming: in the critical patient, which is the effective stoma care in a patient with colorectal fistulas? 10 articles were selected for analysis, these met the inclusion criteria of this study, then their results were discussed, some implications in clinical practice of nurses caring for patients with high complexity. It was concluded that the challenge for nurses is to improve the quality of care through the implementation of instruments providing the customer a more humanized care. Interventions must be adapted to individual patient needs, resulting in a more effective assistance.

Key-words: Nursing Care; colostomy; stoma.

Resumo: Estoma ou ostomia designa todo ato cirúrgico realizado com a finalidade de criar uma abertura em qualquer órgão podendo ser temporária ou permanente. O enfermeiro tem um papel fundamental no cuidado deste paciente, já que o seu trabalho envolve as fases pré, trans e pós operatória, garantindo através de educação em saúde, o processo de reabilitação voltado para o autocuidado. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica computadorizada, realizada em bases eletrônicas com o objetivo de responder a seguinte questão clínica flamejante: No cliente de alta complexidade, qual a eficácia do cuidado com estoma em um paciente com fístula coloretal? Foram selecionados para análise 10 artigos, por atenderem aos critérios de inclusão deste estudo, que, em seguida, tiveram seus resultados discutidos, sendo apontadas implicações na prática clínica do enfermeiro que cuida de pacientes de alta complexidade. Foi possível concluir que o grande desafio dos enfermeiros é melhorar a qualidade da assistência através da implementação de instrumentos proporcionando ao cliente um cuidado mais humanizado. As intervenções devem ser adaptadas as necessidades individuais do paciente, resultando em uma assistência mais efetiva.

Palavras-chave: Cuidados de Enfermagem; colostomia; estoma.

 

INTRODUÇÃO

 

As patologias do sistema gastrointestinal, como traumatismos coloretais, resultam em sua grande maioria, na realização de uma cirurgia mutilante, a qual acarreta alterações no cotidiano das pessoas afetadas. Atualmente existe um grande desenvolvimento tanto em técnicas cirúrgicas, quanto no nível de bolsas, o que tem possibilitado uma melhoria na qualidade de vida dessas pessoas. Contudo, apesar das melhorias, elas enfrentam um conjunto de alterações devido ao tipo de intervenção. O atendimento profissional é indispensável na adaptação da pessoa a sua nova condição. O enfermeiro além de ser um cuidador, é um educador. Ele atuará tanto no paciente quanto com sua família. A educação em saúde é um processo de ensino que tem o objetivo do autocuidado, enfatizando a participação efetiva do cliente em seu tratamento, tornando-os multiplicadores de conhecimento.

O processo ensino-aprendizagem do adulto ostomizado inicia no pré-operatório, na qual o enfermeiro estabelece bom vínculo com o paciente e família para ajudá-los a compreender as mudanças no estilo de vida. Em seguida, no pós-operatório tem início uma abordagem técnica relacionada ao autocuidado, que se refere em como proteger a pele ao redor do estoma, como trocar as bolsas de colostomia, fazer a higiene do estoma, melhorar sua alimentação e por fim, a aprendizagem contínua em domicílio e em grupos de apoio.

METODOLOGIA

 

Trata-se de uma pesquisa bibliográfica computadorizada, realizada nas seguintes bibliotecas eletrônicas: Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Electronic Library Online (SciELO), Base de Dados de Enfermagem (BDENF) e Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE). Foi utilizada a seguinte combinação de descritores, a partir da estratégia PICO: (P) paciente colostomizado; (I) cuidado com estoma; (O) integridade da pele periestomal. Na primeira fase da pesquisa, os descritores foram utilizados isoladamente. Na segunda fase, os mesmos foram agrupados de forma a encontrar mais dados para o artigo. Os textos selecionados através da busca passaram por uma leitura crítica, sendo separados aqueles que apresentavam evidências pertinentes ao tema.

  Alem da qualidade das informações, os critérios de inclusão de estudos nesta revisão incluíram: terem sido publicados em formato de artigo científico no período de 2006 a 2010 e tratarem-se de estudos realizados por enfermeiros publicados em periódicos de enfermagem brasileiros ou estrangeiros.

A estratégia PICO foi utilizada para a construção da pergunta que orienta essa pesquisa. A seleção dos descritores e a busca das evidências foram realizadas baseadas no quadro abaixo:

 Quadro 1: Estratégia PICO

ACRÔNIMO

DEFINIÇÃO

DESCRIÇÃO

P

Paciente adulto

Indivíduo com idade superior a 18 anos internado em UTI com colostomia

I

Prescrição

Cuidado com estoma

C

NA*

NA*

O

Resultado ( NOC)

Integridade da pele periestomal

* NA – Não se aplica

 

RESULTADOS

 

Foram selecionados para análise 10 artigos, por atenderem aos critérios de inclusão deste estudo, sendo quatro brasileiros e seis estrangeiros. Os artigos selecionados são apresentados no Quadro 2, onde são destacadas as suas  principais características.

 

Quadro 2: Resumo das evidências científicas encontradas

Autor (es), país e ano de publicação

Objetivo da pesquisa

Força da evidência*

Tipo de estudo

Principais achados

Conclusões do (s) autor (es)

Cascais AFMQ, Martini JA, Santos PJ; Brasil, 20073

Dar uma visão geral dos estudos existentes acerca do processo de viver humano

B1

Revisão bibliográfica

Atualmente existe um grande desenvolvimento da tecnologia a ser usufruída pela pessoa ostomizada, principalmente no nível de bolsas.

Os serviços e profissionais de saúde, através de um adequado planejamento, podem ter um papel decisivo na adaptação do ostomizado.

Barnabe NC, Dell’acqua MCQ; EUA, 20081

Enfatizar a importância de diagnosticar e compreender as necessidades do cliente ostomizado de forma individualizada

B5

Estudo de caso

O enfermeiro utilizando como estratégia de cuidar, o método coping.

Contribuir para aplicação do conhecimento na prática assistencial e de ensino para o cuidado com o ostomizado.

Sampaio FAA  et al; EUA, 20089

Estabelecer a assistência de enfermagem através da aplicação da teoria do autocuidado

B5

Estudo de caso

De acordo com a declaração internacional dos direitos do paciente com ostomia, o cliente tem direito de receber cuidados de enfermagem especializados no pré e pós-operatório, tanto no hospital quanto em sua comunidade.

O processo de enfermagem proporciona a adaptação das intervenções às necessidades individuais do paciente. Seu uso associado a uma teoria pode resultar em uma assistência mais efetiva.

Santos VLC, Paula CAD, Secoli SR; Brasil, 200813

Tecer considerações a respeito do manejo de equipamentos em pacientes de alta complexidade.

B1

Revisão bibliográfica

Equipamentos- bolsas coletoras e adjuvantes para colostomias.

A assistência ao ostomizado, entre outras ações, inclui a seleção e indicação adequada de equipamentos e adjuvantes específicos, em busca da reabilitação e melhoria da qualidade de vida dessa clientela.

Monge RA, Avelar MCQ; Brasil, 20097

Melhorar a qualidade da assistência através de um adequado planejamento

A1

Revisão bibliográfica

Importância do enfermeiro como educador

A orientação no período perioperatório fornece informações que auxiliam a adaptação à sua nova condição de vida e incentivo para o autocuidado

Santos CS, Leal SMC, Vargas MA. Brasil, 200612

Importância do enfermeiro no período perioperatorio

B1

Revisão bibliográfica

Estratégias de educação em saúde aumentam a segurança de pacientes e família para o autocuidado

Participação do profissional de saúde e família para sua adaptação.

Black P. Inglaterra, 20092

Fornecer dados para o sucesso da reabilitação do paciente

B1

Revisão bibliográfica

Continuar o atendimento prestado pelo hospital e estender até a pós alta

Visitas domiciliares e apoio contínuo da equipe de enfermagem auxiliam nessa nova condição de vida

Toth P. EUA, 200617

Rever cuidados com o ostomizado em câncer colorretal, bem como o papel do enfermeiro estomaterapeuta.

B1

Revisão bibliográfica

Viver bem com a colostomia pode ser alcançado através da preparação adequada do paciente, equipe e família.

O atendimento do paciente com câncer colorretal envolve reabilitação física e psicológica

Cesaretti IUR et al4

Investiga a irrigação da colostomia

B1

Revisão bibliográfica

Divergências entre os autores pesquisados a respeito de volume infundido, tempo de manutenção e intervalo entre as irrigações

Utilizar essas divergências para reavaliar sua práticas quanto a utilização deste método.

Dázio EMR, Sonobe HM, Zago MMF. EUA, 20095

Como o homem com colostomia atribui a experiência da doença  e o tratamento

B5

Estudo de caso

Padrões de masculinidade e novas formas de identidade provocados pela doença

Comunicação enfermeiro-paciente facilita um adequado planejamento para a assistência.

*Força da evidência, segundo Soares16

 

DISCUSSÃO   

            A colostomia é a abertura de um estoma em qualquer região do cólon, e é indicada para derivação das fezes através da parede abdominal quando uma parte qualquer do cólon está impossibilitada de exercer suas funções, como, por exemplo, na fistula coloretal.

Os artigos encontrados durante a busca não apresentaram novidades acerca de intervenções com o paciente colostomizado, apenas evidenciaram os cuidados que já fazem parte da prática de enfermagem.

            Segundo as evidências apresentadas pelas pesquisas, o enfermeiro participará da fase perioperatória e realizará cuidados com o estoma, que poderá ser dividido em quatro etapas:

1)      Escolha de equipamentos adequados: que dependerá de fatores como o tipo de efluentes (fezes líquidas, semilíquidas, pastosas ou sólidas), tipo de estoma e preferência do indivíduo. Este equipamento deverá proporcionar segurança, proteção adequada a pele ao redor do estoma, retenção de odores e fácil manipulação.

2)      Cuidados com a pele ao redor do estoma: o estoma, em condições de normalidade, apresenta forma regular, coloração rosa forte, brilhante, úmido, presença de muco e pele periestomal íntegra. Assim, a bolsa coletora deve ser utilizada de tamanho adequado, sua troca realizada de acordo com a indicação do fabricante, retirar a placa durante o banho para facilitar a remoção do adesivo, limpar a pele ao redor do estoma com água e sabão utilizando um pano macio.

3)      Troca regular de equipamento: o sistema deverá ser trocado de acordo com a indicação do fabricante ou quando apresentar vazamentos. Esvaziá-la quando preencher um terço de sua capacidade, evitando peso excessivo da bolsa e o descolamento da placa.

4)      Observação das alterações: sangramento excessivo; cianose do estoma; irritação da pele ao redor do estoma; redução excessiva no tamanho do estoma; presença de pus.

Quanto aos acessórios, para melhor fixação dos dispositivos e proteção da pele, existem alguns acessórios como placas protetoras da pele, que são recomendadas em caso de alergia aos dispositivos; a pasta para correções da superfície da pele (pregas cutâneas/ gordura), evitando o escape de efluentes; o pó para aumentar a aderência do sistema à pele periestomal; os cintos são fixados à bolsa e presos ao redor da cintura; a presilha serve para fechar o sistema aberto e o sistema de irrigação oferece conforto mediante ações mecânicas para regulação da atividade intestinal.

Atualmente, existe um grande desenvolvimento das técnicas cirúrgicas bem como da tecnologia a ser usufruída pela pessoa ostomizada. Tal fato tem possibilitado uma melhora significativa de sua qualidade de vida.

            Neste sentido, o processo de cuidar de um paciente de alta complexidade que necessita de colostomia, exige do profissional de enfermagem constante atualização técnico/científica, além de sensibilidade para outras necessidades apresentadas pelo paciente. Visando ao restabelecimento da saúde do paciente, o enfermeiro também precisa atentar para a importância da implementação do processo de enfermagem, visto que este possibilita planejar adequadamente suas ações.      

 

CONCLUSÃO

 

            O paciente colostomizado é acompanhado pela equipe de enfermagem, desde a sua fase pré-operatória, quando é realizada a demarcação do local do estoma, até o pós- operatório, recuperação e alta.

            A partir do levantamento das publicações sobre educação em saúde do adulto ostomizado, pode-se concluir que o grande desafio dos enfermeiros é melhorar a qualidade da assistência através da implementação de instrumentos para proporcionar ao cliente um cuidado mais humanizado.

            O processo de enfermagem proporciona a adaptação das intervenções às necessidades individuais do paciente. Seu uso pode resultar em uma assistência mais efetiva, com condições para o paciente participar do planejamento da assistência.

            Os serviços e os profissionais de saúde, através deste adequado planejamento, que inclua o apoio psicológico e a educação para saúde, que desenvolva aptidões da pessoa para o autocuidado, podem ter um papel decisivo na adaptação fisiológica, psicológica e social da pessoa ostomizada.

A quantidade de materiais elaborados por enfermeiros abordando o assunto é escassa. Sugiro com este trabalho que os profissionais invistam mais na pesquisa científica e publiquem suas evidências. Através de estudos como este, é possível oferecer subsídios para uma melhor assistência e um cuidado baseado em evidências científicas.

 

REFERÊNCIAS 

 1.    Barnabe NC, Dell’acqua MCQ. Coping strategies of ostomized individuals. Rev.latino-Am.enferm. 2008, 16 (4): p 16-9.

 2.   Black P. Stoma care nursing management. Br J Nurs. Community; 2009, 14 (8): p 350-5.

 3.   Cascais AFMQ, Martini JA, Santos PJ. O impacto da ostomia no processo do viver humano. Texto contexto-enferm. 2007, 16(1): p 163-7.

 4.   Cesaretti IUR et al. Colostomy irrigation: review of a number of technical aspects. Acta paul.enferm. 2008, 21 (2): p 338-44.

 5.   Dázio EMR, Sonope HM, Zago MMF. Os sentidos de ser homem com estoma intestinal por câncer colorretal: uma abordagem na antropologia das masculinidades. Rev. LatinoAm. Enf. 2009, 17(5): p 664-9.

 6.   Luz MHBA et al. Caracterização dos pacientes submetidos a estomas intestinais em um hospital público de Teresina- PI. Texto contexto-enferm. 2009, 18 (1)

 7.   Monge RA, Avelar MCQ. Nursing care of patients with intestinal stoma: nurse’s perception. OBJN. 2009, 8 (1).

 8.   Reveles AG, Toshie R. Educação em saúde ao ostomizado: um estudo bibliométrico. Rev.esc.enferm. USP. 2007, 41 (2): p 245-50.

 9.   Sampaio FAA, et al. Nursing care to an ostomy patient: application of the orem’s theory. Acta paul.enferm. 2008, 21 (1): p 94-100.

 10.   Santos CHM , et al. Perfil do paciente ostomizado e complicações relacionadas ao estoma. Rev. Latino- AM .enferm. 2007, 27 (1): p 16-9.

 11.   Santos VLC, Amoroso PC. Estomizado adulto no município de São Paulo: um estudo bibliométrico. Rev .esc .enferm USP. 2008, 42 (2): p 249-55.

 12.   Santos CS, Leal SMC, Vargas MA.  A closer look at women Who underwent colostomy sugery: exploratory- descriptive study. OBJN. 2006, 5 (1). 

 13.   Santos, VLCG, Paula CAD, Secoli SR. Estomizado adulto no município de São Paulo: um estudo sobre o custo de equipamentos especializados. Rev. Esc. Enferm. USP. 2008, 42 (2)

 14.   Santos, CHH et al. Perfil do paciente ostomizado e complicações relacionadas ao estoma. Rev. Bras. Colo-proctol. 2007, 27 (1)

 15.   Silva AL, Shimizu, HE. O significado da mudança no modo de vida da pessoa com estomia intestinal definitiva. Rev. Latino- Am. Enferm. 2006, 14 (40: p 483-90.

 16.   Soares BGO. Prática de enfermagem baseada em evidências. In: Bork AMT. Enfermagem baseada em evidências. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan;2005.

 17.   Toth P. Ostomy care and rehabilitation in colorectal cancer. Am J Nurs. 2006. 22 (3): p 174-7

 

 





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