Journal of Specialized Nursing Care

Care nurse in the prevention of infection related to central venous catheter - a systematic literature review

Cuidados do enfermeiro na prevenção de infecção relacionada a cateter venoso central - Revisão Sistematizada da Literatura

 

Juliana Cezário Ferreira da Silva. Enfermeira. Aluna do Curso de Especialização em Enfermagem em Cuidados Intensivos/ Universidade Federal Fluminense (UFF). juliana.cezario@ufrj.br.
Profa. Dra. Isabel Cruz
. Titular da Universidade Federal Fluminense. isabelcruz@uol.com.br

 

Abstract:  Hospital infection constitutes a serious public health problem. Patients admitted to the Intensive Care Unit (ICU) are subject to greater risk due to the severity of symptoms and the frequency of invasive procedures such as urinary catheterization, intravascular catheters, endotracheal intubation and mechanical ventilation. The scientific literature reports that the vascular catheter-related infection is the leading cause of hospital infection, accounting for 40% of infections occurring in ICU, and also mentions that the clinical manifestations of catheter-associated infection can be difficult to characterize because they may missing local signs of infection. Therefore, the proper handling of venous catheters, as well as monitoring for early detection of signs of inflammation, constitute tasks of nurses, with great impact on the evolution of critical patients. This study deals with a computerized and manual literature search, conducted in the databases of the Virtual Health Library in the period 2006 to 2010, assessing their applicability to practice nursing. The clinical question was: On account of high complexity, which is the effectiveness of care with central venous catheter for prevention of hospital infection? Were selected 10 articles, 04 in Portuguese and 06 in English, for study and analysis and discussion of results. We conclude that a number of factors provides the increased risk of infection related to use of central venous catheter and the nurse, acting as an agent of patient care, a professional should be cognizant of new techniques and routines that effectively reduce the chance of patient acquired an infection. To this end, this research reinforces the importance of updating knowledge and development of new studies related to the topic.

 

Key-words: Catheter-Related Infections, Central Venous Catheter, Cross Infection, Nursing Care.

 

Resumo: A infecção hospitalar constitui-se um grave problema de saúde pública. Os pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) estão submetidos a um risco maior devido à gravidade do quadro clínico e à frequência do uso de procedimentos invasivos, como a cateterização urinária, cateteres intravasculares, intubação traqueal e ventilação mecânica. A literatura científica relata que a infecção relacionada ao cateter vascular é a principal causa de infecção hospitalar, correspondendo a 40% das infecções que ocorrem em UTI; e cita também que as manifestações clínicas de infecção associada a cateter podem ser de difícil caracterização, pois podem faltar sinais locais de infecção. Portanto, a manipulação adequada dos cateteres venosos, bem como a monitorização para detecção precoce de sinais flogísticos, constituem-se atribuições do enfermeiro, com grande repercussão na evolução dos pacientes críticos. Este estudo trata-se de uma pesquisa bibliográfica computadorizada e manual, realizada nas bases de dados da Biblioteca Virtual em Saúde, no período de 2006 a 2010, avaliando sua aplicabilidade na prática do enfermeiro. A pergunta clínica foi: No cliente de alta complexidade, qual é a eficácia dos cuidados com o cateter venoso central para prevenção da infecção hospitalar? Foram escolhidos 10 artigos, sendo 04 em português e 06 em inglês, para estudo e posterior análise e discussão dos resultados obtidos. Conclui-se que uma série de fatores propicia a elevação do risco de infecção relacionada ao uso de cateter venoso central e o enfermeiro, como agente atuante do cuidado ao paciente, deve ser um profissional sabedor das novas técnicas e rotinas que efetivamente diminuem a chance de o paciente adquirir uma infecção. Para isso, a presente pesquisa reforça a importância da atualização do conhecimento e ao desenvolvimento de novos estudos relacionados ao tema em questão.

 

Palavras-chave: Infecções Relacionadas a Cateter, Cateter Venoso Central, Infecção Hospitalar, Cuidados de Enfermagem.

 

Introdução

O Cateter Venoso Central (CVC) é um sistema intravascular utilizado para fluidoterapia, administração de fármacos, derivados sanguíneos, alimentação parenteral, monitorização hemodinâmica, na terapia substitutiva renal, entre outros; é um dispositivo considerado indispensável na prática da medicina moderna, particularmente em unidades de terapia intensiva (UTI). Esta modalidade de acesso está sujeita a um grande número de complicações, sendo a infecção com manifestação sistêmica a mais frequente(1).

O risco de infecção relacionada ao acesso vascular está associado com a localização do acesso - a inserção em veia jugular interna que apresenta maior risco de complicações infecciosas do que a veia subclávia - a solução inserida, a experiência do profissional que realiza o procedimento, tempo de permanência, múltiplos lúmens que aumentam o trauma no sítio de inserção, cateterismo repetido, infecção em outro foco, duração do cateterismo e o tipo de curativo Esses fatores constituem importantes pontos estratégicos para ações de prevenção dessas infecções (2-3).

A infecção hospitalar constitui-se um grave problema de saúde pública. Os pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) estão submetidos a um risco maior devido à gravidade do quadro clínico e à frequência do uso de procedimentos invasivos, como a cateterização urinária, cateteres intravasculares, intubação traqueal e ventilação mecânica. A literatura científica relata que a infecção relacionada ao cateter vascular é a principal causa de bacteremia nosocomial, correspondendo a 40% das bacteremias que ocorrem em UTI; e cita também que as manifestações clínicas de infecção associada a cateter podem ser de difícil caracterização, pois podem faltar sinais locais de infecção. A maioria das graves infecções relacionadas a cateteres está associada ao CVC, especialmente aqueles que são instalados em pacientes de UTI (4). Portanto, a manipulação adequada dos cateteres venosos, bem como a monitorização para detecção precoce de sinais flogísticos, constituem-se atribuições do enfermeiro, com grande repercussão na evolução dos pacientes críticos.

O enfermeiro é responsável pela prevenção e pelo controle de infecções relacionadas ao CVC. As intervenções de enfermagem para estes clientes concentram-se em minimizar a introdução de micro-organismos e em aumentar a resistência à infecção: na lavagem correta das mãos; na técnica asséptica apropriada durante a troca do curativo do cateter venoso central (1).

Em face do que foi discorrido, este estudo objetiva responder a seguinte questão clínica: No cliente de alta complexidade, qual é a eficácia dos cuidados com o cateter venoso central para prevenção da infecção hospitalar? Esta pesquisa tem por objetivo identificar a produção científica de enfermagem, utilizando a estratégia PICO para determinar melhor evidência disponível para o cuidado do cliente em relação à prevenção de infecção relacionada a cateter venoso central.

 

 

Metodologia

Trata-se de uma pesquisa bibliográfica computadorizada e manual, nas bases de dados da Biblioteca Virtual em Saúde. Utilizaram-se os descritores: Infecções Relacionadas a Cateter/ Catheter-Related Infections, Cateter Venoso Central/Central Venous catheter, Infecção Hospitalar/Cross Infection e Cuidados de Enfermagem/Nursing Care. Utilizou-se combinação dos descritores e busca de cada termo em separado, empregando os operadores booleanos or/and. Foram encontradas inicialmente 13802 publicações. Considerando o elevado número de publicações, optou-se por aquelas que se encontravam no hiato temporal entre 2006 a 2010; que abordavam dados científicos sobre o risco de infecção da corrente sanguínea pelo uso do CVC em pacientes hospitalizados em UTI; que discorriam sobre a elaboração de manual e rotina com diretrizes baseadas em evidência sobre os cuidados com o CVC; publicações que apontavam infecções relacionadas ao CVC utilizados para hemodiálise; para alimentação parenteral e administração de medicamentos; pesquisas com pacientes adultos - maiores de 18 anos; pesquisas em português e em inglês.

Após este refinamento, foram pré-selecionados 30 artigos que apresentavam relevância no tocante ao tema proposto da pesquisa. Posteriormente, foi feita leitura interpretativa dos títulos e resumos daqueles que se enquadravam nos critérios supracitados. Deste modo, foram escolhidas 10 publicações para serem abordadas no presente trabalho. Os artigos selecionados foram avaliados e foram extraídas as informações que eram mais citadas, as consideradas de maior importância e também as diferentes evidências sobre um mesmo assunto, organizado em forma de quadro (quadro 02). A partir disso, os dados foram explicitados, apontando soluções semelhantes ou distintas, de acordo com cada autor estudado.

Foi utilizada a estratégia PICO para responder a questão que norteia a pesquisa e para identificação dos descritores, em que está mais bem explicitado no quadro 01.

 

Quadro 01 – Estratégia PICO. Niterói, 2010.

ACRÔNIMO

DEFINIÇÃO

DESCRITOR

P

Paciente em risco de infecção

Infecção Hospitalar, Infecções relacionadas a cateter

I

Cuidados com o cateter venoso central

Cateter Venoso Central

C

Não se aplica

Não se aplica

O

Ausência de infecção

Cuidados de enfermagem

 

Resultados

No presente estudo foram escolhidos 10 artigos para análise e posterior discussão dos dados obtidos. Foram selecionados por atenderem aos critérios de inclusão desta pesquisa e por apresentar relevância com o tema proposto, sendo 04 em língua portuguesa e 06 em língua inglesa. Os artigos selecionados são apresentados no quadro 02, onde são destacadas as suas principais características.

 

Quadro 02 – Publicações localizadas, segundo o tema: Cuidados do enfermeiro mediante os fatores de risco e medidas de prevenção relacionada ao manejo de cateteres venosos centrais. Niterói, 2010.

Autores, data e país

Objetivo da pesquisa

Força de Evidência*

Tipo de estudo

Principais achados

Conclusões dos autores

Andrade M. Silva H.

Oliveira B.

Cruz I.

Brasil, 2010.(1)

 

Avaliar as evidências científicas acerca do risco de infecção relacionado ao CVC em UTI, identificando as intervenções de enfermagem no cuidado com o dispositivo e sua manutenção durante a permanência do paciente na UTI.

 

Tipo I

Revisão narrativa de cunho bibliográfico

Apresenta as complicações inerentes ao cateter venoso central, fala sobre o uso da técnica adequada ao curativo do cateter venoso central e discorre sobre as práticas seguras para a manutenção do CVC.

 

As evidências indicam a necessidade de controle da manipulação; uso de protocolos, as estratégias de educação permanente/ continuada e a aplicação da sistematização do cuidado de enfermagem contribuem para a redução de riscos e elevação da qualidade dos cuidados de enfermagem a pacientes hospitalizados em UTI em uso de CVC.

 

Mesiano ERAB, Merchán-Hamann E.

Brasil, 2007(2)

Calcular a incidência e fatores de risco associados com infecções de corrente sanguínea causadas por CVC em UTI de hospitais da rede hospitalar do Distrito Federal, Brasil. 

Tipo III

Estudo prospectivo de coorte de análise epidemiológica

Dos 630 pacientes com CVC, 6,4% apresentaram Infecção de Corrente Sanguínea (1,5% relacionadas ao cateter).  Diferentes modalidades de inserção do cateter e o uso de anti-séptico foram observados. 

Tempo de permanência do CVC foi significativamente associada à infecção, assim como o acesso em subclávia direita e cateter duplo-lúmen. 

Pacientes com distúrbios neurológicos e os traqueostomizados foram os mais afetados. 

Sugere-se a organização de um grupo de cateter, para padronizar rotinas relacionadas ao uso dos cateteres no intuito de reduzir o período de internação e custos hospitalares.

Labeau S, Vereecke A., Vandijck D.M,

Claes,B,

Blot S.I. 

Bélgica, 2008(5)

Criar um questionário válido e confiável para avaliar o conhecimento dos enfermeiros de UTI sobre orientações com base em evidências de Guidelines para a prevenção de infecções 

associadas a CVC.

 

Tipo II

Estudo quantitativo

 

 

Todos os 10 itens tiveram validade e conteúdo. 

Valores de dificuldade dos itens variaram de 0,1 a 0,9.  A qualidade das alternativas de resposta (0,0-0,8) indica equívocos difundidos entre os enfermeiros de cuidados críticos na amostra.

 

O questionário é confiável e tem validade e conteúdo. Apreciação de inquéritos em que este questionário é utilizado pode levar a melhores programas de educação para enfermeiras de cuidados intensivos em infecções associadas ao uso de CVC.

Racco M, Horn K. 

Estados Unidos, 2007(6)

Analisar todo o processo de inserção do CVC até sua remoção. Identificar oportunidades durante o processo que poderiam levar à infecção. Desenvolver um protocolo com medidas simples para o cuidado ao cliente com CVC.

Tipo V

 

Metologia Six Sigma para ajudar a definir, medir, analisar, melhorar e controlar o processo.

 

 

Os curativos puderam ser avaliados para verificar a integridade da pele através de película transparente. Políticas sobre melhores cuidados por parte dos médicos durante a inserção e o uso de máscaras cirúrgicas pelos enfermeiros durante as trocas de curativos.

É importante ressaltar o papel do enfermeiro na manutenção dos CVC para a diminuição de infecções. A colaboração da equipe permitiu uma significativa redução de infecções e, por conseguinte, uma valiosa redução de custo ao hospital.

Fram DS, Taminato M, Ferreira D, Neves L, Belasco AGS Barbosa DA

Brasil, 2009(7)

Realizar uma revisão sistemática sobre medidas padronizadas para prevenção de infecções relacionadas a cateter em pacientes em hemodiálise.

Tipo I

Revisão bibliográfica

Foram encontrados 293 artigos e destes

12 foram incluídos no estudo.

Foi evidenciada a importância da aplicação de um conjunto de medidas de controle de infecções pelos profissionais da saúde para prevenir a infecção nesta população de pacientes.

McCann M, Moore ZEH

Estados Unidos, 2010(8)

Avaliar os benefícios e malefícios do uso profilático de antibióticos  tópicos, anti-sépticos tópicos e complicações infecciosas nos pacientes de hemodiálise com o CVC.

 

Tipo I

Revisão bibliográfica

A pomada de mupirocina reduziu o risco de bacteremia relacionada a cateter e teve um efeito significativo sobre as infecções relacionadas ao cateter causadas por S. aureus.

O curativo transparente de poliuretano em comparação com gaze seca, não reduz o risco de infecção por CVC ou bacteremia relacionada ao cateter.

A pomada de mupirocina parece eficaz na redução do risco de bacteremia relacionada a cateter. 

Insuficiente informação sobre a resistência à mupirocina foi anotada e precisa ser considerado em estudos futuros. Dados disponíveis eram insuficientes para determinar qual tipo de curativo (poliuretano transparente ou gaze seca vestir) tem o menor risco de infecções relacionadas ao cateter.

Byrnes MC, Coopersmith CM.

Estados Unidos, 2007(9)

Destacar uma abordagem global para prevenir infecções de corrente sanguínea (ICS) relacionada ao cateter.

 

Tipo I

Revisão bibliográfica

Os profissionais de saúde devem ser educados sobre os métodos rotineiramente para prevenir infecções de corrente sanguínea relacionada ao cateter. Se as taxas permanecem superiores aos níveis de referência, apesar de prática adequada, o uso de antibiótico impregnado com anti-séptico também pode prevenir as infecções de forma eficaz. 

Elementos de prevenção importante para a inserção de um cateter venoso central incluem higiene adequada das mãos, uso de precauções de barreira completa, preparação adequada da pele com clorexidina a 2%, e usando a veia subclávia como o local preferido anatômica. 

Rigorosa atenção deve ser dada aos cuidados curativos, com a imediata remoção, logo que for possível. 

Dimick JB, Swoboda S, Talamini MA, Pelz RK, Hendrix CW, Lipsett PA.

Estados Unidos, 2009(10)

 

 

Comparar o risco de colonização do CVC utilizados para Nutrição parenteral (NPT), em relação à utilização dos CVC  para outros fins.

Tipo II

Estudo clínico randomizado fechado.

Os 854 cateteres venosos centrais, 7% foram utilizados para nutrição parenteral total. Durante 
4712 dias de observação, 89 cateteres foram colonizados. Os fatores de risco para a colonização duração do cateterismo, com 3 ou mais lúmens, o cateterismo da artéria pulmonar colocação e na veia jugular interna. Cateteres utilizados para nutrição parenteral total e os da veia subclávia estavam em menor risco de colonização.

Os resultados indicam uma diminuição drástica no 
risco de colonização de CVC utilizados para nutrição parenteral -quando os cateteres são de único lúmen e utilizados exclusivamente pra a NPT- e cateteres inseridos na veia subclávia e mantidos por uma equipe multidisciplinar.

Biagan O, Furukawa M, Gawlinski A

Estados Unidos, 2008(11)

Desenvolver diretrizes baseadas em evidências do guideline do Center Disease Control and Prevention para o cuidado com o CVC para reduzir ICS.

Tipo II

Ensaio clínico

Após a intervenção, o
conhecimento dos enfermeiros aumentou, assim como o cumprimento das boas práticas. As diretrizes evidenciam a lavagem das mãos antes de manusear CVC; inspeção diária do local de inserção do cateter e a integridade do curativo; curativo adequado, preparação da pele, manter o cateter longe de fluidos do corpo,  capacitação dos enfermeiros para promover a proteção máxima barreira estéril.

As diretrizes para o cuidado de CVCs foram desenvolvidas, implementadas, 
e consideradas eficazes em aumentar o conhecimento da enfermeira e práticas para o cuidado do cateter e na redução das taxas de ICS.

Nascimento VPC,

Abud ACF, Inagaki ADM,

Daltro AST, Viana LC.

Brasil, 2009.

(12)

Verificar o desempenho da equipe de enfermagem na realização do curativo de clientes em uso de cateter venoso para hemodiálise.

Tipo I

Estudo descritivo, com abordagem quantitativa.

Observou-se a realização de 30 curativos de cateter venoso central para hemodiálise. Durante a realização dos curativos, os equipamentos de proteção individual mais utilizados foram: jaleco e luvas estéreis.

Quanto aos cuidados de antissepsia, observou-se que 53,3% dos profissionais lavaram as mãos antes de cada procedimento.

Quanto ao uso de antissépticos na inserção do cateter durante a realização do curativo, em 70% dos pacientes, nenhum tipo foi utilizado, com uso somente de soro fisiológico; em 26,7% dos casos, utilizou-se o PVPI

tópico após o soro fisiológico e em 3,3,  somente o álcool a 70%.

Conclui-se que os conhecimentos técnico-científicos dos cuidados aos pacientes com cateter venoso para hemodiálise foram aplicados parcialmente no curativo pela maioria dos profissionais, apesar de a clínica possuir protocolo de assistência. Diante desses achados, destaca-se a necessidade de sistematização do cuidado prestado ao paciente em uso de cateter venoso para hemodiálise, com objetivo de evitar infecção. Para isso, ressalta-se a importância da atuação do enfermeiro no constante treinamento técnico e supervisão da equipe de enfermagem, durante a realização desse procedimento.

* Força da evidência, segundo Cruz e Pimenta (13).

 

Discussão

Com relação à conduta diante da manipulação do CVC, recomenda-se a utilização de curativos com poliuretano, trocados a cada sete dias; a troca com intervalos menores previne a toxicidade cutânea, aumenta a satisfação e o conforto do paciente; o curativo deve ser permeável, confortável para o paciente e de fácil manuseio pelo profissional de saúde; pode ser transparente ou com gaze fixada com fita adesiva. A vantagem do curativo transparente é que permite a visualização do local de inserção, promove barreira contra sujidades e as trocas podem ser menos freqüentes, uma vez que favorece a avaliação constante pelo profissional da saúde (1). Todavia, outro estudo relata que o curativo transparente de poliuretano em comparação com gaze seca não reduz o risco de infecção por CVC ou bacteremia relacionada ao cateter (8). Ou seja, para a enfermeira especialista, no seu cuidado com o paciente, é interessante o uso de película transparente no CVC para evitar manipulações excessivas e melhor observar o cateter, contudo, em relação à infecção, o curativo transparente tem o mesmo efeito que a gaze seca fixada com fita adesiva. No momento da realização do curativo, independente de qual tipo, é importante datá-lo para evitar manuseio desnecessário ou permanência prolongada.

Elementos de prevenção importantes para a inserção de um cateter venoso central incluem uso de precauções de barreira completa, preparação adequada da pele com clorexidina a 2% e higiene adequada das mãos (1).  Longe da teoria, foi citada em um estudo descritivo a observação quanto aos cuidados de antissepsia: 53,3% profissionais lavaram as mãos antes de cada procedimento, ou seja, um pouco mais da metade analisada. Entre os profissionais que lavaram as mãos, 81,2% lavaram-nas antes da retirada do curativo, 12,5% somente após a retirada do curativo e, apenas 6,2% antes e após a retirada do curativo (12).  Apesar de ser um tema bastante citado na prática assistencialista, a enfermeira especialista deve enfatizar os cuidados básicos de higiene das mãos para os profissionais de saúde, visto que essa conduta ainda é falha no cenário estudado. São intervenções básicas, porém significativas no cuidado com o paciente hospitalizado em UTI.

A literatura é vasta no que tange a avaliação da atividade antimicrobiana dos anti-sépticos; mas foi consenso entre os autores pesquisados a utilização de soluções na antissepsia da pele, com PVPI alcoólico ou aquoso e com o álcool a 70%, embora a preferência seja pela solução de clorexidina a 2%. A falta de padronização ainda não permitiu avaliar o uso de anti-séptico como fator de risco para a infecção da corrente sanguínea (1). É notório para a enfermeira especialista utilizar antisséptico na pele no momento do curativo do CVC. As evidências científicas mostram que, apesar da falta de avaliação do antisséptico com relação a sua eficácia real no curativo, o antisséptico mais utilizado é a clorexidina a 2%. A manipulação do cateter deve ocorrer por somente um profissional a cada plantão, diminuindo a rotatividade de manipulações e, por conseguinte o risco de infecções (1).

O uso de antibiótico tópico no óstio do cateter venoso potencializa infecções fúngicas e resistência microbiana (1). Em contrapartida, outra publicação expõe que uma estratégia de prevenção de infecção é o uso de selos de antimicrobianos como gentamicina, cefalosporinas ou vancomicina(7). O uso da pomada de mupirocina, um antibiótico tópico, parece ser eficaz na redução do risco de bacteremia relacionada a cateter (8). Se as taxas permanecem superiores aos níveis de referência, apesar de prática adequada, o uso de antibiótico impregnado com antisséptico também pode prevenir as infecções de forma eficaz (9). Apesar das discordâncias, os últimos estudos mostram que a utilização de antibiótico pode auxiliar na queda de índices de infecção relacionada ao CVC, logo a enfermeira especialista deve adequar a sua rotina com os dados apresentados nas pesquisas mais recentes e incorporar novas práticas ao seu cuidado, em prol do melhor caminho para o restabelecimento da saúde do paciente assistido por ela.

No que tange ao risco de infecção associado ao CVC, foi visto que o tempo de internação, tempo de permanência do cateter, uso de cateter duplo lúmen e à presença concomitante de traqueostomia, cateter de nutrição parenteral são fatores que podem ser causadores de infecção (2). Todavia, as taxas de colonização foram as mais baixas para cateteres utilizados exclusivamente para a nutrição parenteral total (10). O autor comenta que este último cateter foi cuidado por uma equipe dedicada, por ser um cateter exclusivo para tal uso (10).  Essa dedicação deve ser estendida para os cuidados de todos os cateteres venosos centrais para reduzir as chances de futuras complicações.  A enfermeira especialista deve aprimorar o cuidado da sua equipe com o CVC para reduzir as taxas de infecção, como ocorre no CVC exclusivo para nutrição parenteral total.

Quando o cateter é inserido em uma situação de emergência, podem ser quebradas as técnicas de assepsia, além do risco de traumas. Nestes casos, o cateter deve ser mudado de sítio o mais rápido possível. No entanto, com relação à freqüência de troca do cateter central, nenhuma vantagem foi observada em termos de redução de infecção. A rotina de substituição programada, usando o fio-guia ou de uma nova punção não é indicada porque não reduz as taxas de infecção (2). Na prática, alguns locais ainda mantêm esta conduta de troca de local referente ao tempo da punção. Todavia, a enfermeira especialista deve aliar seu conhecimento científico à sua prática assitencialista, orientando a equipe de saúde sobre as evidências científicas acerca da troca programada de sítio de inserção de CVC, informando que essa atitude não trás benefícios no declínio da taxa de infecção associada a cateter.

Outro autor fala ainda que, ao contrário de outras referências, descobriu-se uma maior incidência de infecções em cateterismos veia subclávia. Entretanto, o cateterismo da veia femoral está associado a um maior risco de trombose e de complicações infecciosas do que a veia subclávia em pacientes de UTI (2). Cabe a enfermeira especialista nortear a sua equipe para redobrar o cuidado do cateter em veia subclávia, visto que a literatura refere esse sítio como sendo o de maior incidência de infecções. Assim, se utilizando da prática baseada em evidência, a enfermeira e sua equipe marginalizam o cuidado empírico e potencializam o cuidado científico, refletindo na assistência e na saúde do paciente assistido.

Uma maneira eficaz de padronizar o cuidado é a elaboração de rotina. Em um estudo, criou-se um questionário com base em estratégias para a prevenção de infecção relacionada ao CVC em que os autores sugerem sua implementação para aprimoramento de programas de educação para enfermeiras de cuidados intensivos em infecções associadas ao uso de CVC (5). Seguindo essa linha, outra pesquisa analisada criou diretrizes baseadas em evidências do guideline do Center Disease Control and Prevention para o cuidado de CVC; sendo desenvolvidas, implementadas e consideradas eficazes em aumentar o conhecimento da enfermeira e práticas para o cuidado do cateter e na redução das taxas de ICS (11).

De modo geral, a aderência ao conjunto de recomendações para trabalhadores de serviços de saúde visa à segurança de pacientes e profissionais; os registros de enfermagem devem reunir os aspectos relacionados ao manuseio do cateter e os cuidados ao paciente para garantir a durabilidade do cateter e a prevenção de infecções ao cliente. Neste sentido, a educação continuada ou permanente é uma estratégia oportuna e apropriada para alcançar de forma eficaz os resultados esperados, garantindo qualidade e otimização dos avanços tecnológicos (1). Para isso, entender a necessidade de atualização por parte da equipe se torna fundamental, visto que, quanto mais aperfeiçoado o cuidado for, mais rápida será a recuperação do paciente e menores serão os riscos de complicações futuras, rendendo um cuidado profícuo e de excelência.

 

 

Conclusão

Estudos apontam que o nível de educação da equipe pode ser a medida mais importante para prevenir complicações decorrentes da utilização e manuseio de cateteres venosos centrais. É importante na prevenção de infecções a desinfecção das conexões, a realização do curativo com material estéril e técnica asséptica. A lavagem das mãos é destacada como uma conduta primordial para evitar infecções nosocomiais em geral, e não somente as ICS. Portanto, a combinação da sensibilização da equipe profissional e as condições favoráveis de trabalho resultam em benefício para o paciente assistido.

As publicações recomendam a necessidade de controle da manipulação do CVC, seu manuseio e manutenção; e enfatizam que o uso de protocolos, estratégias de educação permanente/continuada e a aplicação da sistematização do cuidado de enfermagem colaboram expressivamente para a redução de riscos e aumento da qualidade da assistência a pacientes de UTI em uso de CVC.

No que diz respeito ao curativo, segundo evidências, é interessante o uso de película transparente no CVC para evitar manipulações excessivas e melhor observar o cateter, contudo, em relação à infecção, o curativo transparente tem o mesmo efeito que a gaze seca fixada com fita adesiva. No momento do curativo, a enfermeira especialista deve enfatizar os cuidados básicos de higiene das mãos para os profissionais de saúde, visto que essa conduta ainda é falha, segundo autores. São intervenções básicas, porém significativas no cuidado com o paciente hospitalizado em UTI. Com relação ao produto a ser utilizado na antissepsia do CVC e da pele, estudos mostram que ainda não há avaliação acerca do antisséptico, porém o mais utilizado é a clorexidina a 2%. Ainda assim, há necessidade de maiores estudos acerca da eficácia de cada antisséptico, para embasar a assistência de maneira eficaz.

Apesar das discordâncias, estudos mostram que a utilização de antibiótico pode auxiliar na queda de índices de infecção relacionada ao CVC, logo a enfermeira especialista deve adequar a sua rotina com os dados apresentados nas pesquisas mais recentes e incorporar novas práticas ao seu cuidado, em prol do melhor caminho para o restabelecimento da saúde do paciente assistido por ela.

Publicações comentam que o cateter utilizado para NPT foi cuidado por uma equipe dedicada, por ser um cateter exclusivo para tal uso.  A enfermeira especialista deve aprimorar o cuidado da sua equipe com o CVC para alcançar baixas taxas de infecção, como ocorre no CVC exclusivo para nutrição parenteral total.

Algumas instituições mantêm a conduta de troca de local referente ao tempo da punção. No entanto, a enfermeira especialista deve aliar seu conhecimento científico à sua prática assistencialista, orientando a equipe de saúde sobre as evidências científicas acerca da troca programada de sítio de inserção de CVC, informando que essa atitude não trás benefícios no declínio da taxa de infecção associada a cateter.

Pesquisas indicam maiores taxas de ICS associadas a punção de veia subclávia. Cabe a enfermeira especialista nortear a sua equipe para redobrar o cuidado do cateter em veia subclávia. Assim, se utilizando da enfermagem baseada em evidência, a enfermeira e sua equipe abstraem o cuidado empírico e potencializam o cuidado científico, refletindo na assistência e na saúde do paciente assistido.

Uma série de fatores propicia a elevação do risco de infecção relacionada ao uso de cateter venoso central. O enfermeiro, como agente atuante do cuidado ao paciente, deve estar atento e ser um profissional sabedor das novas técnicas e rotinas atuais que efetivamente diminuem a chance de o paciente adquirir uma infecção. Para isso, a presente pesquisa reforça a importância da atualização do conhecimento e ao desenvolvimento de novos estudos relacionados ao tema em questão.

A enfermeira aprende diariamente novas formas mais eficazes no cuidado com o paciente. Suas intervenções devem estar aliadas a experiência clínica e, acima de tudo, ao embasamento técnico-científico apreendido de recentes pesquisas.  Este estudo contribuiu para o conhecimento de publicações acerca da prevenção de infecção relacionada ao cateter venoso central e estimulou a agregação ininterrupta de informações novas e relevantes ao cuidado prestado. O interesse pela contínua atualização e a educação permanente enaltece a enfermeira e a torna um profissional de referência na assistência ao paciente em unidade de terapia intensiva. Baseado em evidências, o cuidado de enfermagem se torna um elo que une o paciente crítico ao seu restabelecimento salutar e de qualidade.

 

Referências

 

01. Andrade M, Silva H, Oliveira B, Cruz ICF. Risk Of Infection In Central Venous Catheter: Review Study To Nursing Care Online Brazilian Journal of Nursing [serial on the Internet]. 2010 November 19; [Cited 2010 December 15]; 9(2):[about ## p.]. Available from: http://www.objnursing.uff.br/index.php/nursing/article/view/

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