Strategies
of nurses in conducting the triad: team nursing, patient and family
Estratégias
do enfermeiro em como conduzir a tríade: equipe de enfermagem, paciente e família
Alexsandro dos Santos Crespo da Silva.
Enfermeiro. Especialista em oncologia – Universidade Gama Filho.
Especializando em Enfermagem Intensiva de Alta Complexidade – EEAAC/UFF.
Enfermeiro Líder do CTI do Instituto Nacional do Câncer - INCA. Rio de Janeiro
(RJ), Brasil. Gerente de Enfermagem Salus – Centro de Oncologia do Rio de
Janeiro (RJ), Brasil. E-mail: sandercrespo@gmail.com
Isabel Cristina Fonseca da Cruz. Enfermeira.
Doutora em Enfermagem EEUSP/SP. Professora Titular da EEAAC/UFF.
Coordenadora dos Núcleos NEPAE e NESEN. E-mail: isabelcruz@uol.com.br
ABSTRACT.
Objective:
To identify and analyze published articles that demonstrate evidence of how the
nurse can deal with the triad team nursing, patient and family, in practice. Methods:
This was a systematic review of the literature using the keywords Decs "nursing
care, Health and Family Relationship professional family" and MeSh "family
support, psychological stress relief and Suffering Caused by stress,"
employing the PICO strategy. Results:
We diversified, identifying that the careful approach of the healthcare team is
required at each step of patient care, should be based on the assessment of the
family system. The presence of psychologists in ICU staff becomes important to
monitor and evaluate this process. Conclusion:
Much knowledge is produced daily, but not all studies have published data and
quality statistics, we take as true for such information. It is for the
intensivist carefully evaluate studies leading them to a clinical question,
select the best internal and external validity and thus conclude the most
convincing evidence and appropriate for the profile of their patients and
families and the best approach to be followed.
Keywords:
Family support, Psychological stress relief and
Suffering caused by stress.
RESUMO.
Objetivo: identificar e analisar artigos publicados que demonstrem evidências
de como o Enfermeiro pode lidar com a tríade equipe de enfermagem, paciente e
família, na prática assistencial. Método: Trata-se de uma revisão
sistemática da literatura, utilizando os descritores Decs “cuidados
de enfermagem, Saúde da família e Relação profissional família” e MeSh
“family support, psychological stress relief and suffering caused by stress”,
empregando a estratégia PICO. Resultados: Foram diversificados,
identificando que a abordagem cuidadosa da equipe de saúde é necessária em
cada passo do tratamento do paciente, devendo ser fundamentada na avaliação do
sistema familiar. A presença do psicólogo na equipe da UTI se torna importante
para acompanhar e avaliar este processo. Conclusão: Muito conhecimento
é produzido diariamente, mas nem todos os estudos publicados possuem dados ou
estatísticas de qualidade, para tomarmos como verdadeiras tais informações.
Cabe ao intensivista avaliar criteriosamente os estudos conduzindo-os para uma
questão clínica, selecionar os de melhor validade interna e externa e assim,
concluir pela evidência mais convincente e adequada para o perfil de seus
pacientes e familiares e a melhor conduta a ser seguida.
Palavras-chave:
Cuidados de enfermagem; Saúde da família; Pessoal de
saúde.
A
internação de um paciente em UTI é precedida de condições críticas,
presentes e potenciais, que colocam em risco a vida do ser. Por isso, o cuidado
é voltado para os aspectos físicos / orgânicos / biológicos, como controle e
manutenção das funções vitais, com ênfase no uso de tecnologias e aplicação
de conhecimento técnico – científico, visando à manutenção da vida.
Embora a equipe de saúde tenha sua atenção voltada ao órgão do doente, à
patologia ou busca de diagnóstico que orientam suas condutas e procedimentos técnicos,
muitas vezes ignora os sentimentos dos seres que vivenciam a internação e a
condição de doentes1.
O
inter-relacionamento paciente – família – equipe tem grande valor dentro do
processo de humanização que envolve atualmente as UTIs brasileiras, exigindo
da instituição e, principalmente da equipe de saúde, habilidades e competências
no manejo de entrada de familiares, com prioridade nas crianças, para visitar
pacientes em estado grave.
Com
isso, baseado na prática em evidências, como objetivo do estudo foi traçado:
identificar e analisar artigos publicados que demonstrem evidências de como o
enfermeiro pode lidar com a tríade previamente citada, na prática
assistencial.
Este
foi um tema que despertou interesse durante toda a prática profissional e que
no decorrer do curso de pós-graduação em terapia intensiva na Universidade
Federal Fluminense, pude elaborar melhor os conceitos e percebi que este tema e
dispõe de inúmeras várias com implicações na equipe de enfermagem.
Neste
estudo abordamos a contextualização da temática oferecendo ao leitor subsídios
para entrar em um mundo permeado pelo conhecimento específico acerca da importância
do inter-relacionamento paciente- família - equipe na Unidade de Terapia
Intensiva (UTI).
Tendo como justificativa deste trabalho é baseada nas necessidades dos
pacientes internados em um ambiente de terapia intensiva, onde o relacionamento
com o familiar faz com que o paciente não perca sua identidade pessoal, pois
ali quem irá lidar com ele diretamente são os profissionais de Enfermagem, que
até então são desconhecidos a eles. Por isso deve haver, portanto uma interação
entre esta tríade (Equipe de enfermagem- família – paciente), para que o
paciente sinta-se seguro e confortável, deixando que a equipe forneça uma
assistência qualificada, promovendo melhoras no tratamento e inserindo o
familiar neste processo de forma positiva.
A humanização do cuidado de enfermagem na UTI vai além de permitir ou
não a visita do familiar, inclui também o estabelecimento de confiança e de
ajuda, na qual a equipe de enfermagem tem a função de identificar as reais
necessidades dos familiares. Quanto mais cedo à interação ocorrer, melhor
para família, e consequentemente para o paciente.
Assim,
o estudo tem muita relevância para os profissionais que lidam em terapia
intensiva, tanto para pesquisa quanto para assistência, pois novos estudos
comprovam que a humanização da assistência é o foco principal do cuidado de
enfermagem.
RECORTES
DA LITERATURA
A
Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é uma unidade fechada, isto é, uma unidade
que facilita a coordenação das atividades profissionais que ali trabalham e
que restringem o acesso a outras pessoas. A planta física e os equipamentos
característicos despertam curiosidade a todos que adentram nesse território. A
estrutura física de UTI, associada às condições dos pacientes, normalmente
críticos, e a intensa atividade da equipe de saúde, fazem com que muitas
pessoas considerem essa unidade um ambiente hostil. Sem cadeiras para
familiares, logo, sem convite para uma visita prolongada, a entrada de
familiares é permitida por um curto período e tempo, e em horários pré-estabelecidos.
Além disso, não se observa a preocupação com o preparo prévio do familiar
para o contato com o paciente e com o “novo ambiente” 2.
Numa
perspectiva atual, a tecnologia tem se manifestado de modo crescente dentro de
um sistema tecnológico nos quais os governos, as organizações e as pessoas
estão integradas com o objetivo de maximizar a eficiência e a racionalidade.
É, portanto, um erro supor que a inovação tecnológica tem apenas um efeito
unilateral e que igualmente, é um erro definir tecnologia apenas como
instrumentos e técnicas ou associá-las a compreensão de superioridade;
especialização e profissionalismo. A tecnologia influência, portanto, o mundo
em torno das pessoas, neste estudo, o ambiente da prática de enfermagem em
terapia intensiva3.
No
Brasil, as primeiras UTIs foram implantadas na década de 1970 e se tornaram
unidades especializadas e consideradas como de alta complexidade. Foi necessária
a aquisição de equipamentos cada vez mais sofisticados para manter ou
prolongar a vida das pessoas. Houve, também, necessidade de aperfeiçoamento
dos recursos humanos que ali desempenham suas atividades continuamente.
A importância do trabalho em equipe de enfermagem e de saúde na UTI é
imprescindível para a efetiva qualidade da assistência ao pacientes e seus
familiares. Os trabalhadores enfrentam cotidianamente as diversas dificuldades
relacionada à complexidade técnica da assistência a ser prestada, às exigências
e cobranças dos pacientes, familiares, muitas vezes dos médicos, da instituição,
dentre outros3.
Observa-se que ainda, que em sua grande maioria, o trabalho nas UTIs está
voltado para assistência norteada pelo modelo biomédico, ou seja, para o corpo
do paciente e para as patologias, muitas vezes, esquecendo-se de outros aspectos
que também compõem e interferem na evolução da doença.
Para se atingir a assistência humanizada é preciso criar a
possibilidade da existência desses outros fatores que fazem parte da vida do
ser humano, seus sentimentos, suas histórias, sua cultura, seu modo de viver.
Dessa forma, considera-se importante que toda a equipe de saúde que trabalha em
UTI reflita sobre os princípios direcionadores da assistência. Nesse sentido,
é relevante compreender os próprios sentimentos enquanto profissionais da área
da saúde nessa unidade, para conseguir acolher os sentimentos dos pacientes e
seus familiares4.
METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica e nesse tipo de estudo, observam-se duas etapas: além de ser parte de uma investigação científica, é também um importante instrumento à educação continuada do profissional de saúde. Entretanto, uma pesquisa desta, visa descrever e explicar conhecimentos descritos acerca do tema a ser pesquisado e desenvolvido, remetendo aos descritores oficiais sob os quais os trabalhos estão indexados.
A pesquisa bibliográfica ou de fontes secundárias trata-se do levantamento de toda a bibliografia outrora publicada. Sua finalidade é a de colocar o pesquisador em contato com tudo aquilo que foi escrito sobre o assunto e pode ser considerado como o primeiro passo de toda pesquisa cientifica5. A bibliografia permite oferecer meios para definir, resolver, não só os problemas conhecidos, como também explorar novas áreas, onde os problemas ainda não se cristalizaram suficientemente.
Esta
pesquisa caracteriza-se também como o tipo exploratório, o qual permite ao
investigador ampliar sua experiência em torno de um determinado problema6.
Ao mesmo tempo explicita um caráter descritivo, visto que a pesquisa descritiva
tem como objetivo obter informações existentes, a fim de poder descrever e
interpretar a realidade. Há uma necessidade de descobrir o que acontece
conhecer o fenômeno, procurando interpretá-lo, e descrevê-lo.
O
método utilizado na pesquisa foi a estratégia PICO, que é um ensaio clínico
randomizado, refinando as técnicas de investigação em saúde e aprimorando os
ensaios clínicos, apresentados na tabela 1:
Tabela
1: Explicativo sobre a estratégia PICO, utilizada em pesquisa bibliográfica.
Acrônimo |
Definição |
Descrição |
P |
Problema |
Os
familiares de pacientes internados em unidades de terapia intensiva
costumam estar submetidos a situações de estresse psicológico contínuo. |
I |
Intervenção |
Oferecer
informações contínuas, de forma humanizada, sobre a real situação
dos pacientes. |
C |
Controle
ou comparação |
Muitas
vezes, a relação entre familiares e profissionais ocorre de forma tênue,
considerando pouco os sentimentos e as reais necessidades dos
familiares. |
O |
Resultado |
Diminuição
do estresse dos familiares de pacientes de unidades de terapia
intensiva. |
Assim,
baseado na questão clínica exposta no estudo “Enfermeiro, paciente e
familiar, como conduzir esta tríade na UTI?”, foram selecionados os seguintes
descritores:
·
Keywords
(extraídos do MeSH)
ü
X =
family support
ü
Y=psychological
stress
reliefe
ü
Z= suffering caused
by stress
·
Palavra chave (extraídos
do DeCS)
ü
A = Cuidados de
enfermagem
ü
B= Saúde da família
ü
C= Relação
profissional família
Onde
pela estratégia PICO:
Ø
X e A (intervenções
de enfermagem)
Ø
Y e B (resultado de
enfermagem)
Ø
Z e C
(problema/diagnóstico/complexidade).
A
pesquisa foi conduzida através do Portal de Revistas de Enfermagem da
Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e o banco de dados PubMed, utilizando os
descritores A + X, conforme a estratégia PICO, seguida de metanálise das
publicações, gerando a tabela à seguir:
Tabela
2: Explicativo sobre a primeira parte da busca de dados.
Periódicos
de Enfermagem (inglês/português) 2012-2008 |
PubMed
(N) |
Portal
de Revistas de Enfermagem (N) |
Revisão
sistemática/meta-análise (A
+ X) |
A
+ X = 2711 |
A
+ X = 716 |
Artigos
de pesquisas (A + X) |
A
+ X = 10 |
A
+ X = 10 |
Total
|
2721 |
726 |
A
seguir refinando a busca, foram encontrados os seguintes resultados:
Tabela
3: Resultado do refinamento das buscas de publicações.
Palavras
chave e keywords |
PubMed
(N) |
Portal
de Revistas de Enfermagem (N) |
A=
|
Cuidados
de enfermagem = 8 |
Cuidados
de enfermagem = 598 |
B=
|
Saúde
da família = 62 |
Saúde
da família = 386 |
C=
|
Relações
profissional-família = 0 |
Relações
profissional-família = 30 |
X= |
Family
support
= 2703 |
Family
support
= 118 |
Y=
|
Psychological
stress relief
= 77430 |
Psychological
stress relief =
1 |
Z= |
Suffering
caused by stress
= 0 |
Suffering
caused by stress =
2 |
A+B+C
|
Total
= 70 |
Total
= 1014 |
X+Y+Z |
Total
= 80133 |
Total
= 121 |
A+B |
Total
= 70 |
Total
= 984 |
X+Y |
Total
= 80133 |
Total
= 119 |
Aos
critérios de inclusão, couberam o recorte temporal de 5 anos, publicações
completas com artigos na íntegra disponíveis na internet ou na biblioteca de
estudo, descritos em português e inglês, abordando a temática sobre comunicação,
humanização e interação do enfermeiro com o familiar. Conforme esta busca,
foram selecionados 06 artigos na língua Inglesa e 04 artigos na língua
Portuguesa que se aplicam à população alvo referenciada na questão clínica
do estudo.
Tabela
4: Análise da produção de enfermeiros sobre a doença enxerto – hospedeiro
Nº |
ANO |
TÍTULO
DO ARTIGO |
AUTORES |
REVISTA/PAÍS |
MÉTODO |
1 |
2012 |
Tend
and Befriend in the Intensive care Unit. |
Freda
DeKeyser Ganz. |
Crit
Care Nurse, June 2012 32:25-34. Israel |
Relato
de Caso |
2 |
2012 |
Intensive
Care Diaries and Relatives’ Symptoms of posttraumatic Stress Disorder
After Critical Illness: A Pilot study. |
Christina
Jones, Carl Backman and Richard David Griffiths |
Am
J critic care, May 2012 21:172-176. Reino Unido |
Relato
de Caso |
3 |
2012 |
Estratégias
para o acolhimento dos familiares dos pacientes na unidade de terapia
intensiva. |
Eleine
Maestri, Eliane Regina P. Nascimento, Kátia Cilene G. Bertoncello,
Josiane J. Martins. |
Revista
de Enfermagem UERJ, Rio de Janeiro, 2012; jan/mar; 20 (1):73-8. Brasil |
Artigo
de Revisão |
4
|
2010 |
Communication
in Critical Care: Family Rounds in the Intensive Care Unit. |
Natalie
L. Jacobowski, BA, Timothy D. Girard, MD, MSCI,
John A. Mulder MD. |
American
journal of Critical Care. 2010. |
Artigo
de revisão |
5 |
2010 |
Humanização
com o familiar em uma Unidade de Terapia Intensiva. |
Denise
de Oliveira Vedootto, Rosangela Marion da Silva |
Brazilian
Journal of nursing. Online, 2010. Brasil |
Estudo
descritivo |
6 |
2009 |
Symptoms
experienced by family members of patients in intensive care units. |
Jennifer
L. McAdam, RN, PhD, Kathleen Puntillo, RN, DNSc. |
American
Journal of Critical Care, 2009. USA |
Relato
de caso |
7 |
2009 |
Family
– Centered Care: Meeting the needs of patient’s families and helping
families adapt to critical illness. |
Judy
E. Davidson, RN, DNP, CCRN. |
Critical
Care Nurse. 2009. USA |
Artigo
de Revisão |
8 |
2009 |
Comunicação
entre profissional de saúde e familiares de pacientes em terapia
intensiva. |
Rosemary
C. Marques, Maria Júlia P da Silva, Flávia O. M. Maia |
Rev.
Enferm. UERJ, Rio de janeiro, 2009. Jan/mar; 17(1):91-5. Brasil |
Estudo
Descritivo |
9 |
2008 |
Uma
tentativa de humanizar a relação da equipe de enfermagem com a família
de pacientes internados na UTI. |
Rosemary
Silva da Silveira, Valéria Lerch Lunardi, Wilson Danilo Lunardi Filho,
Adriane M. Netto de Oliveira. |
Texto
e Contexto – Enfermagem v.14 n. Florianópolis. Brasil |
Artigo
de Revisão |
10 |
2008 |
Care
of the family of the ICU patient. |
CA
Meijs. |
Crit
Care Nurse October, 1, 2008. 9: 42-44. USA |
Artigo
de Revisão |
ANÁLISE E
DISCUSSÃO DOS DADOS
A
literatura levantada neste artigo mostrou resultados diversificados,
identificando que a abordagem cuidadosa da equipe de saúde é , sem dúvida,
sempre necessária em cada passo do tratamento do paciente, devendo ser
fundamentada na avaliação do sistema familiar. Para tal, a presença do psicólogo
na equipe da UTI é importante para acompanhar e avaliar este processo,
assegurando à equipe interdisciplinar, as devidas orientações sobre a dinâmica
familiar, sua estrutura emocional e sobre o sentido da importância da presença
do familiar, do contato, do carinho, mesmo quando inconcientes7.
O conceito de terapia intensiva surgiu no conflito da Criméia, quando
Florence Nightingale na Turquia, atendeu, junto a 38 enfermeiras, soldados britânicos
seriamente feridos, agrupados e isolados em áreas com medidas preventivas para
evitar infecções e epidemias8.
McAdam e Puntillo8 e Judy E. Davison9 acreditam que
o objetivo principal da UTI não mudou. Continua sendo manter estrutura capaz de
fornecer suporte para pacientes graves, com potencial risco de morte. Entretanto
as atuais UTI são vítimas da medicina moderna. O envelhecimento populacional,
os pacientes que sobrevivem a doenças previamente fatais que se tornam crônicos
e gravemente enfermos, são desafios para o equilíbrio para ofertas de serviço
e uso racional de recursos10.
Para Freda DeKeyser Ganz11, o sistema de gestão utilizado
pela UTI deve ser sistematizado e respeitar fundamentos, como valorização de
recursos humanos, visão estratégica, qualidade centrada no cliente, foco em
resultados, comprometimento da alta administração, visão do futuro, valorização
das pessoas, ação pró-ativa e aprendizado contínuo.
Christina Jones12 aborda a visão do profissional de
enfermagem dentro da UTI, não só administrativa, mais humana, onde ela relata
que nesse contexto é que o enfermeiro possui uma ferramenta singular do que
pode ter mais influência sobre o cliente do que qualquer medicamento ou
terapia: ele mesmo. Para tanto, faz-se necessário uma autoanálise que
constitui um aspecto essencial para ser capaz de fornecer os cuidados de
enfermagem terapêuticos, como a autoconsciência, esclarecimento de valores,
exploração de sentimentos, senso de ética e responsabilidade.
Rosemary
C. Marques13 afirma que captar o cuidado no seu sentido mais amplo:
como ser, como se expressar, como se relacionar consigo mesmo, com o outro e com
o mundo são questões que devem se discutidas e refletidas entre todos os
profissionais de saúde que buscam, através da enfermagem, aplicar preceitos da
humanização.
Denise O. Vedootto14 se baseia que o inter-relacionamento
paciente-família-equipe tem grande valor dentro deste processo de humanização
que envolve atualmente as UTIs brasileiras, exigindo da instituição e,
principalmente, da equipe de saúde habilidades e competências no manejo de
entrada dos familiares para visitar pacientes graves.
Natalie
L. Jacobowski15 e CA Meijes16 concordam que é um desafio
aprofundar esse tema, mas é de importância ímpar, pois pode contribuir para
revelar os sentimentos vivenciados pelos técnicos de enfermagem na UTI,
contribuindo para que os enfermeiros gerentes no processo de trabalho nesse
local, conheçam as reais necessidades desse profissional. Assim o enfermeiro
pode planejar medidas visando adequar as condições laborais de acordo com os
recursos disponíveis, aumentando a atenção à saúde do trabalhador, bem como
propiciar melhora efetiva na assistência ao paciente, familiares e comunidade.
De
acordo com os resultados, as estratégias de acolhimento aos familiares em
unidade de terapia intensiva deve se iniciar com a recepção ao familiar na
admissão do paciente à terapia intensiva, trazendo orientações e informações
sobre rotinas para melhorar seu acolhimento na unidade, possibilitar o contato
telefônico com um familiar responsável em horários pré-definidos para dar ciência
do boletim informativo e, principalmente, a relação dialógica nos horários
de visita, que devem ser flexíveis quanto às necessidades dos familiares e
possibilidades da instituição.
CONCLUSÃO
A
prática da medicina baseada em evidência é uma realidade na tomada de decisão
de conduta por parte do médico. Hoje em dia é de suma importância as outras
áreas da saúde, como a Enfermagem, devem pesquisar mais, escrever mais, pois
hoje em dia não basta apenas sabermos sobre fisiologia e farmacologia, é
tomando como base nossas experiências clínicas e pessoais para termos certeza
de que estamos fazendo o melhor pelo paciente.
A análise crítica das evidências exige muito conhecimento por parte do
profissional, haja vista que a tomada de decisão baseada em evidência não é
trivial. Muito conhecimento é produzido diariamente, mas nem todos os estudos
publicados possuem dados ou estatísticas de qualidade, para tomarmos como
verdadeiras tais informações.
Cabe ao intensivista avaliar criteriosamente a quantidade de estudos
conduzidos para uma questão clínica, desta triagem, selecionar os de melhor
validade interna e externa e assim, concluir pela evidência mais convincente e
adequada para o perfil de seus pacientes e familiares e a melhor conduta a ser
seguida.
REFERÊNCIAS
1.
Nascimento ERP, Trentini M. O cuidado de enfermagem na unidade de terapia
intensiva (UTI): teoria humanística de Paterson e Zderad. Rev Latino-am
Enfermagem 2004 março-abril; 12(2):250-7.
2.
Takahashi EIU. Visitas em unidades de terapia intensiva: Rev Paul Enfermagem.
1986; 6(3) 113-5.
3.
Martins CR, Dal Sasso GTM. Tecnologia: definições e reflexões para a prática
em Saúde e enfermagem. Texto Com Texto Enferm. 2008 Jan-Mar;17(1): 11-2.
4.
Knobel E. Terapia Intensiva: Enfermagem. São Paulo: Atheneu, 2006.
5.
Marconi MA, Lakatos EM. Fundamentos de metodologia científica. 5ª ed. São
Paulo: Atlas, 2003.
6.
Rudio FV. Introdução ao projeto de pesquisa científica. 28ª ed. Rio de
Janeiro: Vozes, 2000.
7.
Marques RC, Silva MJP, Maia FOM. Comunicação entre profissional de saúde e
familiares de pacientes em terapia intensiva. Rev. Enferm. UERJ, Rio de Janeiro,
2009 jan/mar; 17(1):91-5. Disponível em: http://www.facenf.uerj.br
8.
McAdam
JL, Puntillo
K. Symptoms experienced by family members of
patients in intensive care units. American
Journal of Critical Care. 2009. Available from: http://ajcc.aacnjournals.org
9.
Davidson
JE. Family-Centered Care: meeting the
needs of patients’
families and helping
families adapt to critical illness. Critical
Care Nurse. 2009. Available from: http://ccn.aacnjournals.org
10.
Maestri E, Nascimento ERP, Bertoncello KCG, Martins JJ. Estratégias para o
acolhimento dos familiares dos pacientes na unidade de terapia intensiva. Rev.
Enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2012 jan/mar; 20(1):73-8. Disponível em: http://www.facenf.uerj.br/v20n1/v20n1a13.pdf.
11.
Ganz FD. CNE Article: Tend and Befriend in the Intensive Care Unit. Crit
Care
Nurse,
June
2012 32:25-34; doi:10.4037/ccn2012903. Available from: http://ccn.aacnjournals.org
12.
Jones C, Bäckman C,
13.
Silveira RS, Lunardi VL, Lunardi Filho WD, Oliveira AMN. Uma
tentativa de humanizar a relação da equipe de enfermagem com a família de
pacientes internados na UTI. Texto e contexto - Enferm. v.14 n.spe Florianópolis
2005. Disponível em: http://www.scielo.br
14.
Vedootto DO, Silva RM. Humanização com o familiar em uma Unidade de Terapia
Intensiva: estudo descritivo. Online
Brazilian Journal of Nursing. 2010. Disponível em: http://www.objnursing.uff.br
15.
Jacobowski
NL, Girard
TD, Mulder
JA, Ely
EW. Communication in Critical Care: Family Rounds in the Intensive Care Unit.
American Journal of Critical Care. 2010. http://ajcc.aacnjournals.org
16.
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of the family
of the ICU patient. Crit
Care
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1, 1989 9:42-44. Available from: http://ccn.aacnjournals.org/search
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