Journal of Specialized Nursing Care

 

HIPOTERMIA: AQUECIMENTO CUTÂNEO PASSIVO OU ATIVO? – REVISÃO SISTEMATIZADA DA LITERATURA

 

HYPOTHERMIA: HEATING CUTANEOUS PASSIVE OR ACTIVE? – SISTEMATIC LITERATURE REVIEW

 

Deborah Dantas de Albuquerque, Enfermeira. Pós-graduada em Enfermagem em Cuidados Intensivos Adulto e Idoso pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e pós-graduando em Enfermagem em Emergência pela Universidade Veiga de Almeida (UVA). deborah_dda@yahoo.com.br

Isabel Cruz, Doutora em Enfermagem. Titular na Universidade Federal Fluminense. isabelcruz@uol.com.br

 

ABSTRACT

Hypothermia is a common event in patientspresent in the Intensive Care Unit due to low temperatures caused by air conditioning only clinical unstable and weakened. As treatment or prevention uses the methods of skin warming ative and/or passive.Objective: Identify the nursing research, using the PICO strategy to determine which skin warming, active or passive, is more effective for the prevention and/or treatment of hypothermia in patients admitted to the Intensive Care Units. Method: A systematic literature review, included in the period from 2007 to 2012 in a database. Results: There was a more effective method in active skin warming. Discussion: Among the methods of heating, the new method of circulating heated water is the most effective. When there use the passive method, it is necessary to use the active method together for better result. Conclusion: The nurse has an important role and should implement measures for the treatment and/or prevention of hypothermia, should choose as evidence of this research, the active skin heating method.

Key-words: Hypothermia; Rewarming; Intensive Care Unit.

 

RESUMO

A hipotermia é evento comumem pacientes presentes nas Unidades de Terapia Intensiva devido a baixas temperaturas ocasionadas pelo ar condicionado além do quadro clínico instável e debilitado. Como tratamento ou prevenção utiliza-se os métodos de aquecimento cutâneo ativos e/ou passivos. Objetivo: Identificar a produção científica de enfermagem, utilizando a estratégia PICO, para determinar qual aquecimento cutâneo, ativo ou passivo, é mais eficaz para a prevenção e/ou tratamento da hipotermia em pacientes internados nas Unidades de Terapia Intensiva. Método: Revisão Sistematizada da Literatura, compreendida no período de 2007 a 2012 em bases de dados. Resultado: observou-se maior efetividade no método de aquecimento cutâneo ativo. Discussão: Entre os métodos de aquecimento, o novo método de circulação de água aquecida é o mais eficaz. Quando houver uso do método passivo, faz-se necessário o uso do método ativo em conjunto para melhor resultado. Conclusão: O enfermeiro tem papel relevante devendo implementar medidas para o tratamento e/ou prevenção da hipotermia, devendo optar, conforme as evidências desta pesquisa, pelo método de aquecimento cutâneo ativo.

Palavras-chave:Hipotermia; Transferência de calor; Unidades de Terapia Intensiva

        

 

SITUAÇÃO-PROBLEMA

A hipotermia é evento comum em pacientes presentes nas Unidades de Terapia Intensiva devido a baixas temperaturas ocasionadas pelo ar condicionado além do quadro clínico instável. Torna-se crucial a implementação de medidas eficazes para a prevenção da hipotermia por parte da equipe. É primordial o conhecimento, por parte dos profissionais, sobre os métodos de aquecimento cutâneo para que se possa prevenir e/ou tratar a hipotermia. Juntamente existe o déficit de conhecimento acerca das complicações, complementando a problematização, existe também, um baixo investimento técnico e financeiro por parte de Instituições de saúde para a compra de sistemas efetivo.

A hipotermia caracteriza-se por um estado clínico de temperatura corporal abaixo de 36°C(1), sendo considerada a normotermia de 36°C a 38°C(2). A mesma se divide em três categorias. Denomina-se leve quando a temperatura esta compreendida entre 34°C e 35°C, moderada de 31°C a 33°C e grave/severa abaixo de 31°C(3).

O hipotálamo é responsável pela termorregulação. Os termorreceptores presentes na superfície corporal enviam a informação da temperatura do ambiente ao eixo central, resultando na tentativa de manter a temperatura dentro dos parâmetros normais(4-5).

A perda de calor ocorre pelos seguintes meios físicos: radiação, na qual o organismo perde calor para o ambiente mais frio do que seu corpo por meio de ondas termoelétricas; condução, que corresponde à transferência de calor pelo contato direto com superfícies; convecção, ocorrendo perda de temperatura corporal através do ar e; a evaporação, na qual se perde água da superfície corporal por evaporação(6).

Alguns fatores predispõe o paciente a alterações na temperatura corpórea, dentre eles distúrbios da tireóide e neurológicos, extremos de idade (abaixo de 18 anos e acima de 64 anos), manifestações de choque, procedimento anestésico de emergência, anestesia regional ou local(2) e sedativos.

Os agentes anestésicos alteram o centro termorregulador do hipotálamo e inibem o reflexo e os tremores além de causar vasodilatação periférica; as infusões venosas frias e hemoderivados; a exposição ao ambiente da Sala com baixas temperaturas, devendo mantê-la entre 19°C e 24°C(2); o uso de soluções antissépticas frias, exposição de grande área da pele para procedimentos(7). A sepse e a vasodilatação periférica resultam em uma temperatura elevada além da administração de oxigênio ate 6L/min(8). A posição errada do termômetro resulta em temperatura falsa(9).

A hipotermia, quando não prevenida ou tratada, desencadeia distúrbios orgânicos atingindo os diversos sistemas, tendo como destaque o sistema respiratório e o cardiovascular.

Dentre os distúrbios presentes, destacam-se a vasoconstrição, pós-carga aumentada, formação de trombo, angina ou infarto(9). Ocorre menor oxigenação nos tecidos, a hipertensão arterial e as arritmias cardíacas, redução da perfusão periférica, maior viscosidade sanguínea, alterações hormonais e déficit imunológico, fator que contribui ao índice de infecção nos sítios cirúrgicos(2,10). Predispõe-se ainda, a alterações no metabolismo de fármacos e proteínas comprometendo a cicatrização, variações nos níveis séricos de potássio, alterações na cascata de coagulação, o que consequentemente, aumenta a perda de sangue no períodointra-operatório em pacientes que serão submetidos a cirurgia, além da necessidade de transfusão sanguínea no pós-operatório(7).

Como uma forma de prevenir ou tratar a hipotermia utiliza-se dos métodos ativos e passivos de aquecimento cutâneos. O método passivo atua isolando o paciente da temperatura fria do ambiente, como por exemplo, a utilização de cobertores, mantas, lençóis, luvas, gorros e o enfaixamento dos membros inferiores. Já o método ativo utiliza sistema de ar forçado aquecido, administração de líquidos e gases aquecidos, entre outros(10).

A Unidade de Terapia Intensiva representa um espaço físico fechado, amparado por recursos tecnológicos que se propõe a monitorização e vigilância do paciente por 24 horas. Os recursos são compostos por uma equipe multiprofissional que presta assistência ao paciente grave (com instabilidade em um ou mais sistemas orgânicos, com risco de morte), recuperável e/ou pacientes de risco. Logo, o enfermeiro visa minimizar o risco e a potencializar os benefícios do tratamento instituído(11).

Visto que é um ambiente fechado, a sua manutenção de temperatura ambiental se da através de ar condicionado. Logo, o paciente se sujeita a baixas temperaturas o que resulta em perda de temperatura corporal por convecção, ou seja, através da propagação do calor pela corrente de ar fria e condução devido às superfícies que se mantém frias em contato direto ou indiretamente com o corpo.

De acordo com os problemas mencionados, entende-se a necessidade de uma intervenção eficaz por parte do enfermeiro, devendo o mesmo compreender todo o processo fisiológico, suas alterações e as formas de aquecimento.

Logo, este estudo visa buscar evidências científicas disponíveis em literaturas sobre qual aquecimento cutâneo é mais eficaz para a prevenção da hipotermia em pacientes internados na Unidade de Terapia Intensiva, sob o método de revisão sistemática, tendo por definição a pergunta PICO como questão norteadora conforme o quadro1.

 

Acrômio

Definição

Descrição

P

Paciente ou diagnóstico de enfermagem

Paciente de alta complexidade da Unidade de Terapia Intensiva, com potencial risco de hipotermia

I

Prescrição

Aquecimento cutâneo passivo

C

Controle ou comparação

Aquecimento cutâneo ativo

O

Resultado

Normotermia

Quadro 1- Desmembramento da pergunta PICO

 

PERGUNTA CLÍNICA

No cliente de alta complexidade da Unidade de Terapia Intensiva, com potencial risco de hipotermia, o método de aquecimento cutâneo ativo é mais eficaz que o método de aquecimento cutâneo passivo para o tratamento e/ou prevenção da hipotermia?

Logo, o objetivo do presente estudo visaidentificar a produção científica de enfermagem, utilizando a estratégia PICO, para determinar qual aquecimento cutâneo, ativo ou passivo, é mais eficaz para a prevenção e/ou tratamento da hipotermia em pacientes de alta complexidade internados na Unidade de Terapia Intensiva.

 

METODOLOGIA

Pesquisa bibliográfica computadorizada compreendida no período de 2007 a 2012, nas bases de dados científicos PubMed, MEDLINE e no Portal de Revistas de Enfermagem utilizando termos de busca controlados através de descritores extraídos do MeSh (Hypothermia; Rewarming; IntensiveCare Unit.) e DeCS (Hipotermia; Transferência de calor; Unidades de Terapia Intensiva).

Foram utilizados operadores booleanos (AND e OR) e combinação dos componentes da estratégia PICO: (P) AND (I) AND (C) AND (O). Sendo (P), referente àPaciente de alta complexidade da Unidade de Terapia Intensiva com potencial risco de hipotermia; (I) Aquecimento cutâneo ativo; (C) Aquecimento cutâneo passivo e; (O) normotermia.

Utilizou-se como critérios para exclusão e inclusão dos artigos pré-selecionados: tempo de publicação a partir de 2007, artigos publicados em revistas de enfermagem, temática abordada sobre hipotermia, idioma em português ou inglês.

Posteriormente foi realizada uma leitura interpretativa e análise baseada na força de evidência, a fim de avaliar o tema de acordo com o objetivo proposto pelo presente estudo chegando aos artigos e resultados finais aqui citados. O quadro abaixo (Quadro 2) representa o tipo de força de evidência no qual os artigos foram classificados.

Tipo de força de Evidência

Descrição

I

Evidência forte a partir de pelo menos uma publicação de revisão sistemáticade múltiplos experimentos controlados randomizados, bem delineados.

II

Evidência forte a partir de pelo menos uma publicação de experimentocontrolado, randomizado, corretamente projetado, com tamanho apropriado e emcenário clínico apropriado.

III

Evidência a partir de apenas um experimento bem delineado, semrandomização, de apenas um grupo do tipo antes e depois, de coorte, de sériestemporais, ou de estudos caso-controle.

IV

Evidência a partir de estudos não experimentais por mais de um centro ou grupode pesquisa.

V

Opiniões de autoridades respeitadas, baseadas em evidência clínica, estudosdescritivos ou aleatórios de comitês de especialistas.

Quadro 3 – Força de evidência

 

RESULTADOS

No presente estudo, foram identificadas as informações presentes nas publicações localizadas nas bases de dados referente aos métodos de aquecimento cutâneo ativo e passivo utilizados em pacientes de alta complexidade na Unidade de Terapia Intensiva, com potencial risco de hipotermia(Quadro3), comparando-os a fim de identificar qual método apresenta melhor eficácia. 

Autor (es), Data e País

Objetivo da pesquisa

Força da evidência

Tipo do estudo e instrumentos

Principais achados

Conclusões do autor

Farley A, McLaffertyE.Janeiro/2008. Estados Unidos da América.

Descrever sinais e sintomas da hipotermia e delinear a gestão de enfermagem.

 

Tipo IV

 

Pesquisa bibliográfica

Perde-se calor pelos meios de radiação, evaporação, condução e convecção. Tipos de aquecimento: passivo e ativo.

 

O enfermeiro tem papel importante na manutenção da temperatura corporal do paciente. Sendo o método de aquecimento cutâneo ativo o de maior eficácia.

 

Poveda VB, Galvão CM, Santos CB. Março-Abril/2009. Brasil.

 

Analisar os fatores relacionados ás alterações da temperatura corporal do paciente submetido á cirurgia eletiva no período intra-operatório.

 

Tipo IV

 

Estudo não experimental, correlacional, prospectivo, quantitativo.

 

Foram encontradas as variáveis tipo de anestesia, duração da anestesia, hemotransfusão, indice de massa corporal e a temperatura da sala de operaçao como fator que influencia na temperatura corpórea.

 

O enfermeiro tem papel importante na prevenção ou tratamento da hipotermia. Deve implementar métodos de aquecimento, sendo que o ativo é mais eficaz que o passivo para o tratamento de hipotermia.

 

Poveda VB, Galvão CM. 2011. Brasil.

 

Identificar as medidas adotadas para a prevenção de hipotermia no período intraoperatório

Tipo IV

 

Pesquisa não experimental, tipo descritivo-exploratório, prospectivo.

 

 

A medida mais empregada na sala de operação foi o método passivo de aquecimento cutâneo como o uso de lençol de algodão e enfaixamento dos membros inferiores. O método ativo foi empregado apenas uma vez.

 

Os resultados evidenciados demonstraram a necessidade de implementação de intervenções eficazes para a prevenção da hipotermia, sendo o método ativo comprovadamente mais eficaz.

 

Tramontini CC, Graziano KU. Julho-Agosto/2007. Brasil.

 

Verificar a eficácia de duas intervenções de enfermagem no controle da perda de temperatura corporal, utilizando cobertores.

 

Tipo II

 

Estudo experimental, comparativo, de campo, aplicado, longitudinal prospectiva, quantitativa.

 

Os pacientes não apresentaram diferença estatisticamente significativa em relação a variação da temperatura corporal entre os três grupos de estudos.

O cobertor provê pouco aquecimento, uma vez que é a camada de ar entre a coberta e a pele que retém o calor.

Deve-se associar outros métodos quando da utilização do aquecimento passivo, como infusão e irrigação com soluçoes aquecidas, pré-aquecimento do paciente e aquecimento de cobertores.

Kaplow R.2010. Estados Unidos da América

        

Determinar as alterações fisiológicas relacionadas aos agentes anestésicos.

 

Tipo IV

Pesquisa bibliográfica

Hipoventilação e hipoxemia são duas das mais frequentes complicações relatadas, assim como a hipotermia, na qual estão relacionadas aos agentes anestésicos.

 

Os enfermeiros intensivistas devem estar familiarizados com as complicações comuns do pós-operatório imediato, devido ao uso de agentes anestésicos, e sua gestão.

 

Poveda VB, Martinez EZ, Galvão CM.Janeiro- Fevereiro/2012. Brasil.

Analisar as evidências disponíveis na literatura sobre a efetividade dos diferentes métodos ativos de aquecimento cutâneo, para a prevenção de hipotermia no período intraoperatório.

Tipo IV

Revisão de Literatura

Na literatura há evidências que indicam que o sistema de circulação de água aquecida é o método mais efetivo á manutenção da temperatura corporal.

O método ativo de aquecimento cutâneo é mais eficaz, comparado ao método passivo

Mattia AL, Barbosa MH, Rocha AM, Farias HL, Santos CA, Santos DM. 2012. Brasil.

 

Identificar os fatores que desencadeiam a hipotermia em pacientes na sala de operação e as manifestações na sala de recuperação anestésica

 

Tipo III

Estudo exploratório, descritivo, quantitativo.

 

Os métodos preventivos de hipotermia mais utilizados foram a infusão venosa aquecida e a manta térmica. As manifestações identificadas da hipotermia foram tremores e hipoxemia.

 

A hipotermia é desencadeada na sala de operação pela falta de medidas preventivas adequadas, acarretando complicações no período de recuperação anestésica. O sistema de circulaç

 

Lasater M. Dezembro/2008. Estados Unidos da América.

 

Identificar os tipos de pacientes em risco de hipotermia, descrever as consequências do aquecimento rápido e discutir as vantagens e desvantagens dos métodos de aquecimento.

 

Tipo IV

Pesquisa Bibliográfica

 

Predispostos a hipotermia: idosos, intoxicação por etanol, diabetes, sepsis, hipoglicemia, uremia, desnutrição. O reaquecimento rápido resulta em uma queda ainda maior da temperatura central, evento conhecido por “afterdrop”.

Pacientes com hipotermia profunda tem que ser aquecido lentamente (1°C a 2°C/h), aquecendo o núcleo antes da periferia.  Aquecimento ativo é mais eficaz do que o aquecimento cutâneo passivo.

 

Presciutti M, Bader MK, Hepburn M. Fevereiro/2012. Estados Unidos da América.

 

Descrever a termorregulação, identificar medições objetivas e subjetivas para avaliação de tremores em pacientes e discutir as intervenções para os tremores.

 

Tipo IV

Pesquisa Bibliográfica

A Termorregulação é realizada por sensores periféricos e rede central. Pode-se utilizar a escala ‘BedsideShiveringAssessment’ para avaliar tremores.

 

O conhecimento dos enfermeiros sobre os efeitos nocivos dos tremores são importantes para o cuidado efetivo e evitar danos. Pode-se utilizar o BSAS para monitorar tremores, afim de atenuar a termorregulação.

 

Poveda VB, Galvão CM, Dantas RAS. 2009. Brasil.

 

Analisar a temperatura corporal do paciente submetido a cirurgia eletiva no período intra-operatório.

 

Tipo IV

 

Pesquisa não experimental, descritivo-exploratório, correlacional, prospectivo, quantitativo.

 

Houve queda da temperatura corporal dos pacientes entre a chegada na sala de operação e final do procedimento anestésico. Houve variações discretas na temperatura da sala de operação.

 

É preciso implementar intervenções efetivas para a prevenção da hipotermia, sendo crucial a atuação do enfermeiro para a melhoria da assistência prestada.

Lawson Lari, Bridges EJ, Ballou I, Eraker R, Greco S, Shively J, SochulakV. 2007. Estados Unidos da América.

 

Determinar a precisão da temperatura oral, temporal, axilar em comparação com a da artéria pulmonar.

 

Tipo III

 

Estudo exploratório, de coorte.

A intubação afeta a precisão das medições orais assim como a sudorese e o fluxo de ar no rosto pode afetar a medição da artéria temporal. Em pacientes.

 

A temperatura oral e temporal foram as medidas mais exatas e precisas. A medição axilar subestimou a temperatura da artéria pulmonar. As medições de ouvido foram os menos exato e preciso.

 

Bridges E, Thomas K. Junho/ 2009. Estados Unidos da América.

 

Avaliar qual o método de aferição de temperatura corporal é mais eficaz.

 

Tipo IV

 

Pesquisa Bibliográfica

 

Em pacientes febris (>38,3°C) a via oral foi a mais precisa. A via de temperatura oral, artéria da base da orelha e a temporal dão os resultados mais precisos, enquanto que a temperatura axilar é uma subestimação da temperatura.

 

Ao se utilizar qualquer termômetro, deve-se controlar os fatores que alteram a precisão de aferição. Pode-se ter um resultado falso ao comparar a temperatura avaliada por dois tipos de termômetros, pois cada um tem desvio padrão.

 

Vedootto DO, Silva RM. Janeiro/2013. Brasil.

Objetivou-se identificar, analisar e relacionar os processos de humanização percebidos por familiares de pacientes internados em uma Unidade de Tratamento Intensivo.

Tipo III

Pesquisa descritiva-exploratória, com abordagem qualitativa

Segundo os familiares o ambiente é acolhedor e a sala de espera é um local onde podem compartilhar a dor, a esperança e receber informações da equipe médica. Também referiram que a informação sobre o estado do paciente é transmitida de maneira efetiva, clara e compreensível. Houve destaque para a inflexibilidade e rigidez nos horários de visita.

 

É preciso rever valores, realizar discussões e questionamentos para possibilitar a implementação dos processos de humanização voltados às necessidades de pacientes e familiares.

Quadro 3 - Publicações localizadas nas bases de dados

 

Tramontini(12) realizou um estudo a fim de verificar a eficácia da utilização de manta de lã acrílica (método passivo) na manutenção da temperatura corporal em pacientes idosos no intra-operatório. O autor informa que, o método passivo tem pouco impacto. Neste caso a coberta prove pouco aquecimento, uma vez que é a camada de ar entre a coberta e a pele que retém o calor. Ressalta ainda que o cobertor pode diminuir a perda de temperatura em apenas 20%, no máximo.

Em outro esboço, afirma-se também a ineficácia do sistema passivo de aquecimento (cobertor e lençol) empregado isoladamente, requerendo então, a utilização de método ativo em conjunto(7).

Poveda (2011)(10) descreve o sistema de ar forçado aquecido (método ativo) como o mais efetivo, quando comparado ao lençol de algodão , de plástico metalizado, o colchão de água aquecida, aquecimento e umidificação de gases inalatórios e aquecimento ambiental. O sistema de ar forçado resulta em maior saturação de oxigênio no sangue e diminuição de tremores. O autor menciona novos métodos de aquecimento: sistema de circulação de água aquecida, os adesivos hidrofílicos de gel e o cobertor elétrico de fibra de carbono. Sendo o novo método ativo (sistema de circulação de água aquecida) mais eficaz comparado ao sistema de ar aquecido, por aquecer mais rapidamente o paciente, fato comprovado no presente estudo.

A administração endovenosa aquecida é considerada medida adjuvante, não podendo substituir a utilização de outro método ativo de aquecimento e nem mesmo utilizada como o único método de escolha, pois não mantém o paciente normotérmico quando empregada sozinha. Inclui-se como outra medida a ser adotada, o uso de soluções aquecidas para a irrigação em cavidades como o abdome, pelves ou tórax(10).

Mattia(2) também afirma que o aquecimento de circulação de água aquecida é o método mais eficaz para se manter a normotermia. Ao comparar a manta de fibra de carbono com o sistema de aquecimento de ar forçado, conclui-se que ambos têm a mesma eficácia.

Já o método radiante, que utiliza a irradiação de calor em uma parte específica do corpo (geralmente áreas rica em anastomoses arterivenosas, como face e palmas) tem a vantagem de minimizar custos, entretanto a efetividade é menor quando comparado com o sistema de ar forçado aquecido(13).

 

RESPOSTA A PERGUNTA CLÍNICA BASEADA EM EVIDÊNCIAS CIENTÍFICA

Os achados levam a conclusão que o método de aquecimento cutâneo ativo é mais eficaz quandocomparado ao método de aquecimento cutâneo passivo(2,5,7, 10, 12-13) quando o objetivo a ser alcançado visa preservar a normotermia do paciente. Segundo Tramontini(12), ao se empregar o método passivo, recomenda-se a utilização do mesmo em conjunto com o método ativo para sua maior eficácia.

 

DISCUSSÃO

Verifica-se então, a importância de uma intervenção eficaz por parte do Enfermeiro na manutenção da temperatura corporal do paciente na Unidade de Terapia Intensiva, pois o paciente encontra-se com potencial risco de desenvolver um quadro de hipotermia.

O presente estudo dispôs diversos tipos e formas de aquecer o paciente. Cabe ao enfermeiro se atualizar, buscar evidências científicas sobre os métodos para que se obtenha conhecimento para uma intervenção rápida e eficaz e, consequentemente, desenvolva seu senso/olhar crítico sobre a situação, analisando qual o método mais eficaz, qual a sua funcionalidade e eficácia, como utilizar e como prevenir a hipotermia evitando os fatores que contribuem na perda de temperatura corporal.

Devido à necessidade de utilizar tecnologias que possam aquecer o paciente com o máximo de efetividade, somadas as dificuldades de se manter a normotermia, desenvolveu-se novos sistemas ativos de aquecimento.

Dentre os novos sistemas de aquecimento cutâneo, evidenciou-se que, quando comparado com o sistema de ar forçado aquecido, o sistema de circulação de água aquecida é o mais efetivo(2,4,13), seguidos do cobertor de fibra de carbono e transferência de energia com dispositivos adesivos(13).

Tais sistemas são tecnologias que requer alto investimento financeiro. Porém muitas unidades de saúde não dispõem dessa verba para que possibilitem a sua aquisição, principalmente os hospitais públicos visto que estes, em sua maioria, não oferecem recursos de alto investimento financeiro. Devendo optar-se então, pelos métodos que encontram-se ao alcance do profissional, como por exemplo, a utilização de soluções aquecidas para infusões e irrigações somadas aos métodos de aquecimento cutâneo passivo como cobertores e mantas.

O enfermeiro deve ter consciência sobre a problemática que envolve a hipotermia para que, tão logo possa prevenir o quadro clinico utilizando os sistemas de aquecimento disponíveis na Unidade, novos ou não, preferencialmente ativos, porém, quando não disponíveis, optem pelo método passivo, visto que é de extrema importância o aquecimento para que evite as potenciais complicações e distúrbios orgânicos.  

 

SUGESTÕES PARA A PRÁTICA DO (A) ENFERMEIRO (A)

Frente ao exposto, o (a) Enfermeiro (a) tem um papel relevante na prevenção e/ou tratamento da hipotermia. Deve-se implementar medidas para a manutenção da temperatura e o tratamento e/ou prevenção da hipotermia. Devendo optar, de acordo com as evidências científicas, pelo método ativo de aquecimento pela sua melhor efetividade, tais quais: sistema de ar forçado aquecido, sistema radiante, sistema de circulação de água aquecida, cobertura elétrica de fibra de carbono, sistema de transferência de energia com dispositivos adesivos, etc.

Alguns sistemas de aquecimento cutâneo ativo tem alto custo, nem por isso o profissional deve deixar de aquecer o paciente. Em caso de escassez de recursos na Unidade de Terapia Intensiva, deve-se atentar ao simples fato de associar métodos passivos, como por exemplo, o uso de cobertores, mantas, lençóis, membros enfaixados, compressa aquecida com bolsa térmica ou um simples improviso com luva, associada aos métodos ativos tais quais irrigação de cavidades com solução aquecida, infusões venosas aquecidas, temperatura do ambiente confortável para o paciente e não para a equipe, entre outros.

É necessário estar atento aos fatores desencadeantes da hipotermia para que se possa intervir de forma eficaz e minimizar as complicações advindas deste quadro, visando maior segurança e satisfação do cliente, além de proporcionar conforto térmico, menor tempo de internação, menor gasto de materiais e, consequentemente, diminuição de custos hospitalares.

Tem-se também, como sugestão, a implementação de protocolo intra-hospitalar direcionando os profissionais para as intervenções eficazes, estas baseada em evidências científicas, para a prevenção e intervenção da hipotermia, visto que o enfermeiro deve minimizar o máximo possível as complicações decorrentes da hipotermia. Junto ao protocolo, devem ser implementadas educação continuada para a equipe a fim de atentá-los quanto à relevância do tema e, diretamente, interfira na qualidade assistencial.

Os métodos de aquecimento são os mesmos para as diversas as situações clínicas, entretanto os pacientes em coma requerem maior atenção visto que as suas funções fisiológicas encontram-se alteradas e é incapaz realizar tremores para ganho de calor.

Deve-se atentar a perfusão periférica, avaliar a coloração dos membros inferiores e face, preenchimento capilar periférico, controle hídrico, pressão arterial, para que se possa avaliar se esta tendo um efeito deletério ou benéfico ao paciente.

Vale ressaltar que, ao dispor de um aquecimento ativo ou passivo, é crucial que o enfermeiro monitore a sua eficácia visto que a hipotermia pode chegar ao nível grave, e o aquecimento sem um bom controle, principalmente o ativo, pode levar a um quadro de hipertermia, ocasionando outros distúrbios orgânicos. Deve então ter um bom acompanhamento, monitoramento e avaliação clínica durante o procedimento para que garanta a segurança, bem estar e saúde do cliente.  

 

CONCLUSÕES

Os pacientes de alta complexidade na Unidade de Terapia Intensivatem potencial risco ao desenvolvimento dehipotermia devido aos fatores que se submetem principalmente os agentes sedativos que, de certa forma, alteram a função fisiológica e inibem a produção de calor.

A condução do presente estudo permitiu identificar qual o método de aquecimento cutâneo é mais eficaz: ativo ou passivo. Para tal, o conhecimento do método mais eficaz proporciona evidências que contribuem para a tomada de decisão do enfermeiro para a implementação de medidas eficazes para a prevenção da hipotermia, a fim de se manter a normotermia do paciente.

Logo, o enfermeiro deve optar pelo aquecimento cutâneo ativo que, baseado em Evidência Científica, proposto nesse estudo, demonstrou ser de maior efetividade. Dentre os métodos ativos de maior eficácia tem-se o método de circulação de água aquecida.

Para isto, faz-se necessário a busca de conhecimento científico para que se fundamente a prática clinica e haja intervenções, com precisão e segurança, resultando em assistência de qualidade aos pacientes. Intervenções estas, realizadas através do método de aquecimento cutâneo ativo, comprovadas neste presente estudo.

 REFERÊNCIAS

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