ENFERMAGEM NA PREVENÇÃO DE INFECÇÃO DO
CATETER VENOSO CENTRAL: Revisão Sistemática da Literatura
Isabel
Cristina Fonseca da Cruz, Mestre e Doutora em Enfermagem, Professora Titular
da Universidade Federal Fluminense – UFF, Coordenadora do Núcleo de Estudos e
Pesquisas sobre as Atividades de Enfermagem (NEPAE) e o Núcleo de Estudos sobre
Saúde e Etnia Negra (NESEN). isabelcruz@uol.com.br
Resumo: Problema: O
cliente em situação de alta complexidade em uso de cateterismo venoso central
é totalmente dependente de cuidados intensivos. Objetivo:
Este estudo visa identificar nas
produções de enfermagem as melhores práticas baseadas em evidências,
utilizando a estratégia PICO, em relação à eficácia do curativo com antisséptico
clorexidina 2% na prevenção do potencial para infecção no cliente de alta
complexidade submetido ao cateter venoso central. Método:
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica do tipo revisão sistemática. Resultados: Diante da força de evidência encontrada nos artigos
pesquisados, a enfermeira deve elaborar estratégia de educação continuada e
realizar treinamentos a fim de obter a presença de todos da equipe nos plantões
diurnos e noturnos. Conclusões: Diante
das dez produções de enfermagem, fica explicito que se haver padronização do
curativo e capacitação da equipe de enfermagem, é possível obter a prevenção
do potencial para infecção do cateterismo venoso central em cliente de alta
complexidade.
Palavras-chave: Cuidados Intensivos; Infecções relacionadas a cateter; Cateterismo Venoso Central, Cuidados de Enfermagem.
O cliente em situação de alta complexidade em uso de cateterismo venoso central (CVC) é totalmente dependente de cuidados intensivos. O cateterismo venoso central consiste na inserção de um cateter na veia cava superior ou inferior. O cateter venoso central é utilizado para infusão de medicações e soluções endovenosas em clientes com limitação de acesso venoso periférico, ou ainda para infusão de nutrição parenteral, drogas vasoativas e acesso para hemodiálise. O cateter venoso central rompe a integridade da pele, possibilitando infecções por bactérias ou fungos (²).
Neste
contexto é que a enfermeira deve estar atenta para utilizar todos os sentidos
para desenvolver um olhar holístico e observar sistematicamente na intenção
de promover a melhor e mais segura assistência ao ser humano. Neste sentido que
a Teoria Holística de Levine, diz que se deve ter a visão do homem como um
“todo”. Sendo assim a enfermeira
analisa o processo saúde e doença que vai além do membro comprometido, não
pensando apenas em cuidar do curativo em um acesso venoso central, mas cuidar do
cliente em toda a sua plenitude.
Devido inúmeras inovações na área de saúde, a enfermeira necessita estar atualizada em princípios científicos, a fim de selecionar a intervenção mais adequada para a situação específica do cuidado. Diante do exposto, que a Prática Baseada em Evidência (PBE) propõe que o problema clínico que surge na prática assistencial, seja organizado utilizando-se a estratégia PICO, que representa um acrônimo para Paciente, Intervenção, Comparação e “Outcomes” (desfecho). Esses quatro componentes são os elementos fundamentais da questão de pesquisa e da construção da pergunta clínica para a busca bibliográfica de evidências.
O interesse em estudar por esta temática
surgiu na Prática Baseada em Evidência no Treinamento Profissional
Especializado (TPE), enquanto pós-graduanda de enfermagem em cuidados
intensivos. Ao observar que não havia padronização do produto antisséptico
para realização do curativo no cateter venoso central, minha indignação
foi identificar na literatura o melhor produto antisséptico para este
procedimento nos clientes adultos internados na unidade de terapia intensiva.
Desmembramento
da estratégia PICO
Acrônimo |
Definição |
Descrição |
P |
Problema |
Cliente adulto em alta complexidade submetido ao cateter venoso central, em risco para infecção. |
I |
Intervenção |
Elaborar uma padronização no curativo do cateter venoso central. |
C |
Controle ou Comparação |
Não há controle ou comparação. |
O |
Resultado |
Prevenção do potencial para infecção do cateterismo venoso central em cliente adulto de alta complexidade. |
No
cliente adulto em alta complexidade, qual a eficácia do curativo com antisséptico
clorexidina 2% na prevenção do potencial para infecção do cateterismo venoso
central?
O
objetivo desse estudo visa identificar
nas produções de enfermagem as melhores práticas baseadas em evidências,
utilizando a estratégia PICO, em relação à eficácia do curativo com antisséptico
clorexidina 2% na prevenção do potencial para infecção no cliente de alta
complexidade submetido ao cateter venoso central.
METODOLOGIA:
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica do tipo revisão sistemática. A revisão sistemática é uma forma de pesquisa que utiliza como fonte de dados à literatura sobre determinado tema. Sendo um recurso importante na prática baseada em evidência, que consiste em uma forma de síntese dos resultados de pesquisas relacionados com um problema específico.
Neste
sentido o levantamento bibliográfico foi através de buscas de produções
indexadas nos periódicos PubMed e Portal de Revistas de Enfermagem
utilizando-se das publicações em língua portuguesa e inglesa,
predominantemente dos anos de
Com
base na pergunta clínica exposto no estudo emergiram as
seleções dos descritores classificados como controlados relacionados a
cada um dos componentes do PICO que foram extraídos das bases de dados MeSH (PubMed)
e do DeCS (BIREME). A busca bibliografica foi realizada no período de junho a
novembro de 2012.
SÍNTESE DAS EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS:
Foram
selecionados 06 artigos na língua Inglesa e 04 artigos na língua Portuguesa
que se aplicam à população alvo referenciada na pergunta clínica do estudo.
O quadro exposto abaixo exibe os artigos que foram selecionados e analisados
para este estudo.
Quadro sinóptico 1 - Publicações localizadas nas bases de dados. Niterói, 2012
Autor
(es), Data e País |
Objetivo
da Pesquisa |
Força
de Evidência |
Tipo
do estudo e Instrumento |
Principais
achados |
Conclusões
do Autor (es) |
Milena
da Rocha de Andrade, Hamanda Garcia Silva, Beatriz Guitton Renaud Baptista
Oliveira, Isabel Cristina Fonseca Cruz1. 2010,
Brasil |
To
examine the evidence in the literature about the indications and uses of
central venous catheter insertion, the risk of infection, the professional
conduct in relation to safe practices related to this type of device. |
2C |
Review of the literature of the narrative type. |
Complications
associated with central venous catheter; Adoption of the correct technique
of catheter-related coverage; Realization of safe practices for the
maintenance of the catheter, involving the manipulation control and use of
protocols. |
The
quality of care for patients with this device is directly related to
controlling the risks of infection. |
Denis Frasca, Claire Dahyot-Fizelier², 2010 EUA
|
|
2B |
Revisão de Literatura Estudo Exploratório |
|
Healthcare
workers caring for a patient with a central venous access device need to
be adequately trained, and assessed as being competent in using CVCs and
adhering to infection prevention practices. |
Halton KA, Cook DA, Whitby M, Paterson DL, Graves N3.
2009
EUA |
Comparar a eficácia de custo
de um CVCs-relativo a cateteres revestidos. |
3B |
Estudo
de caso-controle |
|
A
evidência atual sugere que a relação custo-eficácia do uso de um CVCs
dentro da UTI é altamente incerto. |
Yamão
S, Suda R, Tomishina Y, Uchiyama N, Jinta T, Nishimura N, Ohde S,
Chohnabayashi N4. 2010 Japão |
Analisar
a eficácia da orientação com ultrasom, no centro de inserção do
cateter por estagiários inexperientes |
4C |
Prospectivo e observacional |
|
O
uso de orientação ultra-som aumenta a taxa de sucesso de inserção CVC
através da veia jugular interna por estagiários inexperientes. |
Vandijck DM, Labeau SO,
Vogelaers DP, Blot SI.5 2010; Bélgica |
|
5D |
Recomendações |
|
A
formação dos enfermeiros deve incluir o apoio suplementar de recomendações
baseadas em evidências. |
Ferreira
MV, Andrade D, Ferreira AM6. 2011 Brasil |
Alcançar as evidências científicas
sobre o controle de infecção relacionada ao cateter venoso central
impregnado com antissépticos, usados em pacientes adultos hospitalizados.
|
3B |
Estudo
de caso-controle |
|
A análise dos estudos revelou
que há uma necessidade de novos estudos em diferentes populações de
pacientes, a fim de obter conclusões gerais.
|
Katiane
Martins Mendonça; Heliny Carneiro Cunha Neves; Divina Fernandes Silva
Barbosa; Adenícia Custódia Silva e Souza; Anaclara Ferreira Veiga Tipple;
Marinésia Aparecida do Prado7. 2011, Brasil |
Discutir o papel dessa equipe sob a perspectiva da prevenção e controle de infecções de corrente sanguínea relacionadas a cateter. |
1A |
Revisão
da literatura |
Diante da complexidade dos procedimentos de acesso vascular,
cada serviço deve elaborar protocolos, os quais devem ser construídos de
forma multidisciplinar |
Apesar da grande responsabilidade da equipe de enfermagem na
prevenção e controle de Infecção relacionada ao acesso vascular esta
deve ser compartilhada entre os diferentes atores envolvidos na assistência
aos usuários. |
Rita
de Cássia Helú Mendonça Ribeiro; Graziella Allana Serra Alves de
Oliveira; Daniele Fávaro Ribeiro; Claudia Bernardi Cesarino; Marielza
Ismael Martins; Sônia Aparecida da Crus Oliveira8. 2008,
Brasil |
Identificar o índice de infecção, o agente etiológico,
as complicações infecciosas e o tempo de permanência do cateter de
duplo lúmen em um mesmo período em anos alternados. |
2B |
Revisão da Literatura Estudo retrospectivo |
A complicação infecciosa
mais frequente foi a bacteremia, e o agente etiológico mais encontrado oStaphylococcus
aureus, o tempo médio
de permanência do cateter foi de 43 dias nos dois períodos avaliados. |
Este estudo demonstrou que
houve melhora significativa quanto aos índices de infecção nessa população. |
Carla
Cristina de Souza Ramos; Grace Teresinha Marcon Dal Sasso; Cleusa Rios
Martins; Eliane Regina Nascimento; Sayonara de Fátima Faria Barbosa;
Josiane de Jesus Martins; Pedro Miguel Garcez Sardo; Patrícia Kuerten9.
2008, Brasil |
Estabelecer os parâmetros de avaliação clínica necessários
ao paciente submetido à monitorização hemodinâmica pelo Cateter de Artéria
Pulmonar (CAP) e construir um Protocolo de Cuidados de Enfermagem ao
paciente grave e de risco em uso do cateter com os enfermeiros da UTI
geral de um hospital público de Santa Catarina. |
C4 |
Pesquisa-ação Abordagem qualitativa e quantitativa. |
|
Os critérios de avaliação
clínica necessários ao paciente submetido à monitorização hemodinâmica
se constituem em parâmetros invasivos e não invasivos e que o protocolo
fundamenta a tomada de decisão clínica para o cuidado do paciente em uso
do Cateter de Artéria Pulmonar. |
Fernanda
Titareli Merizio Martins; Emilia Campos de Carvalho10. 2008,
Brasil. |
Avaliar a percepção do paciente portador de Cateter
Totalmente Implantado |
|
Estudo descritivo |
O cateter venoso de longa permanência do tipo totalmente
implantado vem sendo apontado na literatura como um acesso venoso prático,
com poucos riscos para o tratamento do paciente. |
Em relação à implantação do cateter, a maioria dos
incidentes críticos identificados evidenciaram o procedimento de inserção
como sendo cansativo, dolorido e estressante. |
Com base nos dez artigos analisados entende que a enfermeira deve participar junto ao profissional médico na escolha da melhor via de acesso para o cateter venoso central, do produto antisséptico a ser utilizado, da rigorosa exigência da proteção máxima de barreira e do conceito do cliente/família (²). As vantagens relativas à terapia com a utilização do cateter venoso central (CVC) são: benefício de inserção do cateter com anestesia local; redução do desconforto do cliente; via confiável para administração de antibióticos, nutrição parenteral e quimioterapia; maior tempo de permanência; menor risco de contaminação e preservação do sistema venoso periférico. As desvantagens da utilização do CVC são: complicação local que abrange flebite, infecção local e trombose. A infecção local pode estar relacionada à contaminação microbiana da infusão ou do cateter. Quanto às complicações sistêmicas incluem sepse, embolia gasosa e embolia por cateter. E também podem ocorrer as complicações circunstanciais como: oclusão do cateter, mau posicionamento, ruptura e dificuldade de remoção do dispositivo (4-5).
Neste
contexto que as orientações estabelecidas pela Infusion Nurses Society (INS)
ou pelo Centers for Disease Control for
the Prevention (CDC) esclarece que para a prevenção de infecção do
cateter venoso central, a técnica asséptica durante a inserção e manutenção
do cateter deve ser rigorosamente realizada, deve ter atenção quanto ao tempo
de duração da infusão, tempo de permanência do cateter e respeitar o critério
de troca do equipo. Sendo assim a enfermeira tem um papel fundamental na elaboração
da estratégia de educação continuada. Neste sentido a criação do check list
para seguir um padrão no procedimento é bastante eficaz, onde o objetivo é
oferecer tratamento com segurança livre de infecção, oferecer conforto e solução
do problema clínico do cliente de alta complexidade, assim como a diminuição
dos gastos hospitalares no que tange internação prolongada por infecção do
cateter venoso central. Baseado neste contexto que toda a equipe de enfermagem
deve estar apta a reconhecer os riscos e as complicações decorrentes do
dispositivo, a enfermeira deve capacitar sua equipe para o manuseio e
principalmente a prática da terapia endovenosa (2).
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS SOBRE AS EVIDÊNCIAS
CIENTÍFICAS:
Segundo a Lei do Exercício Profissional de Enfermagem, n. 7.498 de 25 de junho de 1986, no artigo (Art.11), a enfermeira presta assistência ao cliente em alta complexidade. Neste sentido que a enfermeira deve estar atenta ao cuidado de sua equipe com o cliente, no que tange uma assistência contínua, livre de negligência, imperícia e imprudência.
Com base nos dez artigos analisados as evidências científicas apontam para a prevenção do potencial de infecção pelo cateter venoso central, os cinco componentes do cuidado padrão, que são: higienização das mãos; precauções máximas de barreira; antissepsia com gluconato de clorexidina 0,5% (solução alcoólica) e a solução degermante 2%; Escolha de sítio de inserção adequada, com preferência para a veia subclávia nos casos de cateteres não tunelizados; reavaliação diária da necessidade de manutenção do cateter, com pronta remoção daqueles desnecessários (²).
Diante do pressuposto a enfermeira prepara o cliente para o procedimento, escolhe junto ao profissional médico o dispositivo, veia adequada, prepara a documentação, avalia diariamente o local de acesso venoso, realiza o curativo, prescreve e orienta os cuidados de enfermagem. Para atingir um padrão na assistência ao cliente com cateter venoso central a enfermeira deve elaborar treinamento de toda a equipe. Assim como deve orientar os familiares sobre a importância da higienização das mãos antes e após tocar o cliente. Também esclarecer sobre os riscos da manipulação dos dispositivos na beira do leito. O familiar acolhido e esclarecido sobre a assistência realizada pela equipe de enfermagem e dos riscos de infecção por manipulação desnecessária dos dispositivos, o familiar certamente será um aliado para o cuidado ao cliente.
A enfermeira especialista em cuidados intensivos realiza assistência ao cliente adulto em alta complexidade submetido ao cateter venoso central, em risco para infecção, neste sentido que ela deve elaborar um check list a fim de obter uma padronização no curativo na unidade de tratamento intensivo (apêndice), visando o bem estar físico, mental, espiritual e social do cliente. Com propósito de prevenção do potencial para infecção do cateterismo venoso central a enfermeira realiza a assistência livre de atos iatrogênicos e infecções relacionados a manipulação do cateter, prevenindo o tempo prolongado de internação, custos elevados para a instituição hospitalar e a insatisfação do cliente/família.
Diante
da força de evidência encontrada nos artigos pesquisados, a enfermeira deve
elaborar estratégia de educação continuada, a fim de obter a presença de
todos da equipe, realizando o treinamento nos plantões diurnos e noturnos. Deve
inserir na sistematização de enfermagem no final de cada plantão uma discussão
dos acertos e dos erros da assistência prestada ao cliente, a fim de
corrigi-los imediatamente, evitando maiores danos ao cliente de alta
complexidade submetido ao cateterismo venoso central.
RESPOSTA À PERGUNTA CLÍNICA BASEADA EM
EVIDÊNCIA CIENTÍFICA:
Este estudo nos mostrou que a realização da técnica asséptica, escolha do antisséptico ideal e cuidados na aquisição do curativo de cateterismo venoso central, favorecem para a satisfação e o risco zero de infecção ao cliente (²). Neste sentido a antissepsia é o processo de eliminação ou inibição do crescimento dos microrganismos na pele e mucosas, sendo realizado através da aplicação de um agente antisséptico. O antisséptico é a formulação hipoalergênica, de baixa causticidade, com função de destruir microrganismos ou inibir o seu crescimento quando aplicado sobre tecido vivo (6-7-8).
A enfermeira possui o conhecimento como meio de obter a competência no agir profissional e assim ser um suporte para o cuidado cotidiano. Na prática diária, a enfermeira trabalha com que o a instituição hospitalar oferece, porém ela tem a autonomia para a escolha do antisséptico ideal. O antisséptico deve ter uma ação rápida, baixa toxicidade, baixa inativação na presença de matéria orgânica, estabilidade, não ser corrosivo, odor agradável, boa aceitação pelo usuário e disponibilidade no mercado. Para aquisição dos antissépticos, o profissional deve exigir laudos microbiológicos, teste de irritabilidade cutânea e ocular, registro como medicamento em órgão componente do Ministério da Saúde. No que tange o cuidado com as almotolias de antissépticos a enfermeira deve supervisionar o uso individual, troca semanal, identificação, informando o nome do produto, data de abertura e nome do profissional responsável pela abertura e a proteção da borda da almotolia (2-9-10).
Diante
dos dez artigos estudados os principais resultados quanto ao cliente em alta
complexidade com uso de cateterismo venoso central, o curativo com antisséptico
gluconato de clorexidina 2% se mostrou o mais eficaz na prevenção do potencial
para infecção, sendo o melhor produto para a qualidade da assistência,
diminuindo assim a infecção por manipulação do curativo em cateter. As
vantagens do antisséptico gluconato de clorexidina 2% são: baixa toxicidade,
baixa absorção, baixa irritabilidade e não é inativado na presença de matéria
orgânica (2-3).
IMPLICAÇÕES PARA A PRÁTICA DA
ENFERMEIRA INTENSIVISTA QUANTO AO CUIDADO DO CLIENTE DE ALTA COMPLEXIDADE:
O perfil do cliente muda constantemente, as pesquisas na área da saúde avançam rapidamente, exigindo assim ainda mais o aperfeiçoamento, aprimoramento, atualização e capacitação, a fim de oferecer assistência com qualidade. No cliente de alta complexidade as exigências são ainda maiores, onde a enfermeira deve oferecer assistência altamente especializada e atualizada, que valorize os preceitos éticos e ofereça condições para que a recuperação do cliente aconteça de forma integrada (7-10).
Diante
das dez produções de enfermagem foram
observados que são inúmeros os cuidados para serem seguidos e prescritos pelo
enfermeiro para garantir a manutenção do cateter venoso central e a prevenção
do potencial para infecção por este dispositivo. Neste contexto foram
identificadas as seguintes práticas da enfermagem: a enfermeira tem autonomia na decisão
de acordo com as necessidades e prioridades do cliente o que favorece para um
atendimento humanizado e qualificado; elabora a educação continuada e
realiza o treinamento de toda a equipe, sendo possível trabalhar de forma
harmoniosa e com aprimoramento técnico e científico na assistência
especializada; como estratégia de educação a enfermeira pode criar o
Procedimento Operacional Padrão (POP) e o check list para que o cliente de alta
complexidade receba uma assistência padronizada na prevenção
de infecção pelo cateterismo venoso central (1-2).
CONCLUSÕES:
Este estudo permitiu identificar e contextualizar que a enfermeira na autonomia perpassa pela busca de dominar e criar conhecimentos sobre a sua prática e o seu campo de trabalho, para que seja usado de forma adequada para o cuidado. Diante do exposto, a enfermeira é um profissional que atua como líder de equipe, educadora e pesquisadora. A enfermeira gerencia e coordena todo o processo de assistência ao cliente e tudo que está envolvido no contexto da instituição hospitalar. Neste sentido que a enfermeira deve incorporar a Prática Baseada em Evidência (PBE) no cotidiano profissional, que durante horas de plantão podem surgir inúmeras questões que a principio não tem respostas, mas através da estratégia PICO que auxilia nas definições, orienta para a construção da pergunta clínica e da busca bibliográfica, permite à enfermeira uma rápida resposta cientifica.
Na
área de cuidados intensivos, a enfermeira visa à prática das medidas de
controle de infecção e segurança do cliente. Neste contexto que o presente
estudo nos mostrou a eficácia do antisséptico gluconato de clorexidina 2% no
curativo do cateter venoso central como o melhor produto para a qualidade da
assistência e da prevenção do potencial para infecção pelo cateter. Sendo o
produto de melhor escolha para o curativo por oferecer ação de baixa
toxicidade, baixa absorção, baixa irritabilidade, não é inativado na presença
de matéria orgânica
e possui ação bactericida por mais tempo na pele,
principalmente quando
se trata de cliente de alta complexidade.
Para
os efeitos de intervenção por parte da enfermeira, fica explicito que havendo
uma padronização por meio de educação e capacitação da equipe de
enfermagem, é possível trabalhar em prol da prevenção do potencial para
infecção do cateterismo venoso central em cliente de alta complexidade. Portanto
a Prática Baseada em Evidência surge na prática assistencial onde é
identificado o problema e volta para prática com a solução.
REFERÊNCIAS
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MR, Silva HG, Oliveira BGRB, Cruz ICF.
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Of Infection In Central Venous Catheter: Review Study To Nursing Care [Internet].
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2.
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infection in the intensive care. [Internet]. [cited
09 march 2010]
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3.
Halton KA, Cook DA, Whitby M, Paterson DL, Graves N. Cost
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uncertainty in the decision. [Internet]. [cited 11 mar.2009] Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19284570
4. Yamão S, Suda R, Tomishina Y, Uchiyama N, Jinta T, Nishimura N, Ohde S, Chohnabayashi N. Impacto of ultrasound guidance in central venous catheterization by inexperienced trainees: a prospective observational study. [Internet]. [cited 1 march 2010] Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2934045/
5. Vandijck DM, Labeau SO, Vogelaers DP, Blot SL.
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sep-oct.2010] Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20712670
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AM. Infection control related to central venous
cather impregnated with antiseptics: na integrative review. [Internet] [cited aug. 2011] Available
from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21876905
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8. Ribeiro RCHM, Oliveira GASA, Ribeiro DF, Cesarino CB, Martins MI, Oliveira SAC. Levantamento sobre a infecção na inserção do cateter de duplo lúmen. [Internet]. [2008] Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-21002008000500014&script=sci_arttext
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10. Martins FTM, CEC. A percepção do paciente referente a ser portador de um cateter de longa permanência. [Internet]. [set. 2008] Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342008000300016&lng=pt&nrm=iso
APÊNDICE
Check list de Enfermagem: Inserção de
Cateter Venoso Central
Data: ____/_____/______.
O cateter foi inserido na UTI? ( ) SIM ( ) NÃO
Se não foi inserido no UTI, em que setor
foi realizado o procedimento?
Especifique: _________________________
Tipo de Cateter:
( ) PICC
( ) CVC
Cateter Tunelizado? ( ) SIM ( ) NÃO
Sítio de inserção (local onde o cateter
foi inserido definitivamente):
Especifique: _________________________
O Cateter foi inserido em situação de urgência? ( ) SIM ( ) NÃO
O Cateter foi inserido na primeira tentativa? ( ) SIM ( ) NÃO
Foi realizado a anti-sepsia com qual
produto?
Clorexidina alcoólica ( )
Clorexidina degermante ( )
Álcool a 70% ( )
Povidine-iodo ( )
Outros (especificar) _________________
Foi
utilizada a Barreira Máxima de Precaução:
Gorro ( ) SIM ( ) NÃO
Óculos ( ) SIM ( ) NÃO
Máscara ( ) SIM ( ) NÃO
Luva estéril ( ) SIM ( ) NÃO
Avental estéril ( ) SIM ( ) NÃO
Campo estéril amplo ( ) SIM ( ) NÃO
Para inserir o cateter o profissional:
a. Realizou a anti-sepsia cirúrgica das mãos antes do procedimento?
( ) SIM ( ) NÃO
b. Houve quebra de técnica durante a inserção? ( ) SIM ( ) NÃO
Se houve quebra de técnica, especifique: _______________________________
c. O assistente realizou a higiene das mãos antes do procedimento?
( ) SIM ( ) NÃO
d. Foi necessário mais de uma punção para inserir o cateter? ( ) SIM ( ) NÃO
e. Mudou o sítio de inserção? ( ) SIM ( ) NÃO
Qual a função do profissional que inseriu o cateter?
( ) Residente ( ) Cirurgião/ Anestesista ( ) Intensivista ( ) Enfermeiro
Nome/Carimbo
do Enfermeiro: _____________________________Data: ___/___/___.
JSNCARE