Journal of Specialized Nursing Care

MOBILIZATION THERAPY IN CRITICALLY ILL PATIENTS WITH PRESSURE ULCERS: A SYSTEMATIC LITERATURE REVIEW

MOBILIZAÇÃO TERAPÊUTICA NO PACIENTE CRÍTICO COM ÚLCERA POR PRESSÃO: REVISÃO SISTEMATIZADA DA LITERATURA

Natália da Cruz Galdino Peres. Enfermeira. Aluna do Curso de Especialização em Enfermagem em Cuidados Intensivos Adulto /Idoso. Universidade Federal Fluminense (UFF). natalia.galdino@hotmail.com  

Profa. Dra. Isabel Cruz. Titular da UFF. isabelcruz@uol.com.br

 

Abstract: Patients in the Intensive Care Unit (ICU) are more likely to develop pressure ulcers (PU) due to decreased mobility. Objective: To identify the effectiveness of bed mobilization, based on scientific evidence for the prevention and treatment of pressure ulcers in patients admitted to the environment of high complexity. Method: This is a computerized and manual literature review conducted in the following electronic databases: Medline, Lilacs and SciELO, about the theme in the period from 2007 to 2012. Results: It was found that the occurrence of PU are common mainly in the environment of high complexity, due to decreased mobility and restrictions in bed. Conclusion: There is still a need for scientific production directed primarily at the prevention of UP with respect to move in bed, for the strengthening of Evidence-Based Practices in the field of nursing.

Key words: Prevention and control, pressure ulcers and intensive care units.

Resumo: Pacientes em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) estão mais propensos a desenvolverem Úlcera por pressão (UP) decorrente da diminuição da mobilidade. Objetivo: identificar à eficácia da mobilização no leito, baseado em evidências científicas  para a prevenção e tratamento de úlcera por pressão no paciente internado no ambiente de alta complexidade. Método: Trata-se de uma revisão bibliográfica computadorizada e manual, realizada nas seguintes bases eletrônicas: Medline, Scielo e Lilacs, acerca da temática no período de 2007 a 2012. Resultado: Identificou-se que a ocorrência da UP é comum principalmente no ambiente de alta complexidade, decorrente da diminuição da mobilidade e restrições no leito. Conclusão: Ainda há necessidade de produção científicas direcionados principalmente à prevenção de UP com relação à mobilização no leito, para o fortalecimento das Práticas Baseadas em Evidências no campo de atuação da enfermagem.

Palavras-chave: Prevenção e controle, úlcera por pressão e unidades de terapia intensiva.

 

Introdução:

A úlcera de pressão (UP) é definida (1) como uma lesão localizada na pele e/ou nos tecidos subjacen­tes, normalmente sobre uma proeminência óssea, causadas por pressão, ou pela pressão combinada com fricção e cisalhamento. A etiologia (2) é multifatorial, incluindo fatores intrínsecos e extrínsecos do paciente.

A UP tem graduação em quatro estágios (1), a saber: estágio I: com presença de eritema e a pele não volta a ficar esbranquiçada após descompressão; estágio II: há de epiderme e derme, a úlcera é superficial, aparecem bolhas, ou “buraco raso”; estágio III: perda em espessura ocorre necrose do tecido subcutâneo, mas sem atingir a fáscia muscular; estágio IV: perda da pele em espessura, necrose ou dano de ossos, músculos, tendões.

Uma das causas das úlceras por pressão é a imobilidade do paciente no leito sem a possibilidade de movimentar-se por si próprio, dependendo de mobilização passiva, que é uma forma de prevenção das úlceras por pressão (2,3).

Situação-Problema:

As Unidades de Terapia Intensiva (UTI) abrigam pacientes que necessitam de uma assistência mais complexa, devido ao seu estado crítico, encontram-se restrito no leito, utilizam aparelhos de monitoramento, respiradores mecânicos, em algumas situações estão sedados, mantendo em uma mesma posição por longo período ou são incapazes de movimentar-se por estarem “conectados” a esses aparelhos. Portanto, esse perfil de paciente, dentre outros fatores, apresenta um alto risco para desenvolver úlcera por pressão (UP). E isso corrobora com o risco ser mais elevado em pacientes de UTI do que em pacientes em outras unidades hospitalares (3,4,5).

Mesmo com a modernização dos serviços e cuidados de saúde, a prevalência de UP nas instituições hospitalares permanece como um problema a ser sanado, sobretudo entre pacientes hospitalizados, pois culmina em maiores gastos, prolongamento da internação, necessidade de profissionais, produtos especializados, aumento do risco de infecção, aumento da morbimortalidade, piora na qualidade de vida e consequentemente uma diminuição da capacidade funcional nas atividades de vida diária desses pacientes (2,6).

         Pesquisa (7) mostra que a incidência e prevalência mundial permanecem elevadas. São conhecidas como uma das cinco causa mais comuns de danos aos pacientes. E isso comprova a necessidade de novas pesquisas (8) para o aperfeiçoamento de medidas preventivas e terapêuticas.

         Nesse contexto justifica a escolha do tema, proporcionando mais informações para a prática tanto as curativas quanto preventivas das UP, sendo necessário que o enfermeiro mantenha-se constantemente vinculado as bases científicas do cuidado, consciente da sua relevância para a prática.

Utilizou-se então, a estratégia conhecida pela sigla PICO (9) foi utilizada para auxiliar na estruturação da pergunta de pesquisa, que subsidiará as estratégias de busca a serem traçadas e a seleção dos descritores. PICO representa um acrônimo para  Paciente, Intervenção, Comparação e “Outcomes” (desfecho/resultado). Foram montados  quadros para melhor especificar o conteúdo do estudo. Sendo assim, no Quadro 1 apresenta esquematicamente o uso da estratégia PICO no presente estudo.

 Quadro 1 - Estratégia PICO

Acrônimo

Definição

Descrição

P

Paciente ou diagnóstico de enfermagem

Cliente de alta complexidade

I

Prescrição

Mobilização no leito

C

Controle ou comparação

NA*

O

Resultado

Prevenção e tratamento de úlcera por pressão

* NA – Não se aplica

 Pergunta clínica:

No cliente de alta complexidade, qual é a eficácia da mobilização no leito para a prevenção e tratamento de úlcera por pressão?

 Objetivo:

No intuito de contribuir para no gerenciamento dos cuidados envolvidos na UP, o presente estudo objetivou identificar as produções científicas de enfermagem no âmbito nacional e internacional quanto à eficácia da mobilização no leito, baseado em evidências científicas  para a prevenção e tratamento de úlcera por pressão do paciente internado no ambiente de alta complexidade.

 

Metodologia:

Trata-se de uma revisão bibliográfica computadorizada e manual, realizada nas seguintes bases eletrônicas: MEDLINE - Literature Analysis and Retrieval System Online, SCIELO - Scientific Electronic Library Online, LILACS - Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde. A partir da estratégia PICO (9), foram utilizadas as seguintes keywords/descritores: (Prevention and control/Prevenção e controle, Pressure Ulcer/, úlcera por pressão e intensive care units/unidades de terapia intensiva). Os descritores foram cruzados aos pares, utilizando-se o operador booleano AND. Como estratégia para aglomerar o maior número de artigos, realizou-se o cruzamento do primeiro descritor com o segundo, do primeiro com o terceiro e do primeiro com o quarto.

Para melhor delimitação do objeto de estudo, foram estabelecidos os seguintes limites de busca: artigos sobre seres humanos, escritos nas línguas portuguesa, inglesa, que estivessem disponíveis eletronicamente no formato de texto completo. Após a aplicação dos limites, foram considerados os critérios de inclusão e exclusão para selecionar a amostra.

Foram incluídos os artigos que versaram sobre a mobilização no leito e úlcera por pressão, paciente adulto e criticamente enfermo, artigos científicos publicados com limitação temporal no período de 2007 a 2012. Tratando-se de estudos publicados por enfermeiros em periódicos de Enfermagem nos idiomas português ou inglês.

Foram excluídos da pesquisa os estudos que não preencheram os critérios de inclusão, previamente determinados, bem como artigos de populações não humanas.

A pré-seleção dos artigos foi pautada na leitura interpretativa do "abstract" de cada artigo recuperado nas buscas. Os artigos pré-selecionados foram lidos e analisados, sendo separados aqueles que apresentavam evidências pertinentes ao tema.  Foram selecionados 10 artigos para análise sendo (04) quatro em língua portuguesa e (6) seis em língua inglesa. Os resultados estão apresentados na Tabela 3 de forma que as unidades de interesse para o estudo pudessem ser agrupadas e melhor visualizadas em: autor (es), data e país; objetivo; força da evidência; tipo de estudo e instrumento; principais achados e conclusões do autor (es).

Vale ressaltar que a análise se deu a partir de subdivisão por autores, onde buscava-se evidências a partir do objeto de estudo proposto (Tabela 2).

Tipo

Força da evidência

I

Evidência forte a partir de pelo menos uma revisão sistemática de ensaios clínicos randomizados, bem delineados.

II

Evidência forte a partir de pelo menos um ensaio clínico controlado, randomizado, bem delineado.

III

Evidência a partir de um ensaio clínico bem delineado, sem randomização, de estudos de apenas um grupo do tipo antes e depois, de coorte, de séries temporais, ou de estudos caso-controle.

IV

Evidência a partir de estudos não experimentais por mais de um centro ou grupo de pesquisa.

V

Opiniões de autoridades respeitadas, baseadas em evidência clínica, estudos descritivos ou relatórios de comitês de especialistas.

Tabela 2 - Força de evidência, segundo Cruz (10).  

Resultado:

Tabela 3 - Publicações localizadas, segundo o tema mobilização no leito para a prevenção e tratamento de úlcera por pressão, mencionada nas bases de dados (Medline, Lilacs, Scielo), Niterói, 2012.

 

Autores, Data

& País

 

Objetivo da

pesquisa

 

Força da evidência

 

Tipo do estudo

& instrumentos

 

 

Principais achados

 

Conclusões do

autor (es)

 

Medeiros ABFM, Lopes CHAF, Jorge MSBJ.

Brasil; 2009(7).

 

Identificar as produções bibliográficas sobre ações de prevenção e tratamento realizados por enfermeiros.

 

IV*

 

Estudo:

Revisão

Bibliográfica.

 

Instrumento:

Periódicos de enfermagem indexados nas bases de dados LILACS e MEDLIINE e biblioteca.

 

 

Identificaram-se três aspectos: Prevenção, tratamento e cuidados de enfermagem às úlceras por pressão.

 

Necessidade de pesquisas envolvendo a atuação do enfermeiro na avaliação clínica do cliente e no desenvolvimento de programas de prevenção sistematizados.

 

 

Faustino AM; Jesus CAC; Kamada I; Reis PED; Izidorio SR; Ferreira SS. Brasil; 2010 (6).

 

Identificar o conhecimento de enfermeiros sobre úlcera por pressão, nos aspectos de identificação, estadiamento/classificação e caracterizar esta população

 

V*

 

Estudo:

Descritivo e observacional.

 

Instrumento:

Questionário

 

Quanto ao conhecimento sobre os novos estadiamentos, somente 7% tinham conhecimento da nova nomenclatura da UPP e 52% ainda utilizou a classificação antiga. Sobre a descrição ou observação de imagens sobre os estágios da UPP, somente no estágio I obtivemos respostas corretas, sendo que para os outros estágios da UPP os enfermeiros não souberam descrever ou classificar.

 

 

Ficou evidente que o conhecimento dos enfermeiros em relação aos estadiamentos da UPP está desatualizado, devendo ser incentivadas capacitações e atualizações sobre o tema.

 

Araújo TM;

Moreira MP,

Caetano JÁ. Brasil; 2011 (2).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Classificar o risco para UP em pacientes admitidos em UTI e identificar fatores de risco.

 

IV*

 

 

 

 

 

 

Estudo:

Transversal, quantitativo

 

Instrumento:

Escala de avaliação de risco para úlcera por pressão de Waterlow e formulário com dados pessoais e clínicos.

 

 

Identificou-se que 31,7% dos pacientes apresentaram

alto risco para desenvolver UP, 28,6% altíssimo risco e 19% estavam em risco. Encontraram-se associações significantes dentre outros a mobilidade (p=0,033).

 

 

Conclui-se que a maioria dos pacientes apresentou alto ou altíssimo risco para desenvolver UP, além de fatores de risco que podem

contribuir direta ou indiretamente para o surgimento dessas lesões.

 

 

Gomes FSL, Bastos MAR, Matozinho FP,

Temponi HR, Meléndez GV.Brasil; 2011(3).

 

Analisar

os fatores de risco para o desenvolvimento

de úlcera por pressão em pacientes

adultos internados em CTIs.

 

IV *

 

Estudo:

Seccional analítico.

 

Instrumento:

Formulário.

 

As maiores frequências de úlcera

por pressão foram encontradas em pacientes

que estavam dentre as categorias:

mobilidade

(completamente imobilizado).

 

 

A

utilização dessa escala traduz-se em estratégia

importante no cuidar de pacientes em

terapia intensiva.

 

Tweed C, Tweed M. Nova Zelândia; 2008(5).

 

Avaliar o conhecimento dos enfermeiros intensivistas sobre úlceras por pressão e do impacto de um programa educativo sobre os níveis de conhecimento.

 

 

V*

 

Estudo: Um grupo de enfermeiros matriculados em um hospital obteve conhecimento em três momentos.

 

Todos os enfermeiros que participaram do programa educacional completou o primeiro teste.

 

O programa educacional resultou em melhores níveis de conhecimento. para prevenir e gerir as úlceras de pressão era bom inicialmente e melhorado com um programa educacional, mas logo retornou à linha de base.

 

 

 

Cox J.

Englewood NJ; 2011(4).

 

 

 

Determinar quais os fatores de risco é mais preditivo de úlceras de pressão em pacientes críticos adultos.

 

V*

 

Estudo: retrospectivo descritivo.

 

Instrumento: sistemas de documentação informatizados.

 

Comprimento, idade de permanência, mobilidade, atrito / cisalhamento, a infusão de noradrenalina, e doença cardiovascular explicou a maior parte da variação nas úlceras de pressão.

 

Escala de risco atual de avaliação do desenvolvimento de úlceras de pressão não pode incluir fatores de risco comuns em adultos criticamente enfermos. Desenvolvimento de um modelo de avaliação de risco para úlceras de pressão em pacientes estes se justifica, e poderia ser a base para o desenvolvimento de uma ferramenta de avaliação de risco.

 

 

Elliott R, McKinley S, Fox V. Austrália; 2008(8).

 

Identificar áreas de melhoria na prevenção de úlceras de pressão, e aumentando a adoção de estratégias preventivas em uma unidade de terapia intensiva.

 

 

V*

 

Estudo:

Quasi-experimentais.  

 

Instrumento:

Escala de avaliação de risco para úlcera por pressão Waterlow.

 

 

 

Os métodos utilizados para o programa foram altamente eficazes e contribuiu diretamente para melhorar os resultados dos pacientes.

 

O programa destacou o valor de enfatizar os aspectos essenciais de cuidados que garantam a segurança dos pacientes e de recuperação dentro de um ambiente de cuidados de saúde que tem cada vez maior importância dada tecnologia.

 

 

TschannenD, Bates O, Talsma A, Ying G.  Ann Arbor; 2012

(11).

 

 

 

Examinar a relação entre as características do paciente e as características de saúde ao desenvolvimento de ulcera por pressão.

 

III*

 

Estudo:

Coorte.

 

Instrumento:

Dados dos pacientes.

 

As pontuações na Escala de Braden na admissão, índice de massa corporal baixa, número de vasopressores, várias cirurgias durante a internação, o tempo de cirurgia total e risco de mortalidade foram preditores significativos de úlceras por pressão.

 

 

A identificação precoce eo reconhecimento de fatores de risco de um paciente permitem aos enfermeiros em todo o continuum de cuidados para implementar estratégias de prevenção no momento mais cedo possível, para ajudar a prevenir e diminuir o desenvolvimento de úlceras de pressão.

 

Balzer K. Alemanha; 2007

(12).

 

Comparar a sensibilidade e especificidade das escalas de Norton, Waterlow e Braden ao identificar pacientes com risco para UP.

 

 

V*

 

Estudo:

Investigação.

 

Instrumento:

Questionário com as sub-escalas (Norton, Waterlow e Braden).

 

 

 

A comparação da sensibilidade e especificidade das escalas de avaliação de risco para UP é importante para identificar a melhor ferramenta de avaliação para o risco de desenvolver UP.

 

 

Shukla VK, Singh A, Tripathi AK, Jaiswal S, Basu S. Índia; 2008

(13).

 

Identificar pacientes hospitalizados em risco de desenvolver UP.

 

V*

 

Estudo:

Prospectivo observacional.

 

 

 

 

As UPs desenvolveram em 20% dos pacientes avaliados em risco muito elevado. Uma das unidades de maior risco para desenvolvimento de UPs foi à terapia intensiva.

 

 

A identificação precoce dos pacientes em risco, usando uma das ferramentas de avaliação dos riscos, é necessária para garantir a realização oportuna de intervenções precoces.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: UFF Especialização em Enfermagem em cuidados intensivos Adulto/Idoso.

*Força de evidência, segundo Cruz (10).

 

Discussão dos resultados sobre as evidências científicas:

Não foram encontrados artigos somente com a temática “mobilização no leito e UP”. Mas dos artigos selecionados, a mobilização no leito tem relação direta na prevenção da úlcera por pressão.

Após a organização dos dados coletados em quadros, foi possível observar que a ocorrência da UP é comum principalmente no ambiente de alta complexidade, decorrente da diminuição da mobilidade e restrições no leito, ocasionando complicações na evolução clinica, altos custos financeiros, maior tempo de internação, piora na qualidade de vida e aumento na morbimortalidade desses pacientes (2,4,8).

 Em um levantamento bibliográfico aponta que a mobilização ou mudança de posição de duas em duas horas são intervenções de enfermagem que devem ser empregadas em suas rotinas diárias para a prevenção e tratamento da UP (7).

Estudos mencionam que uma das causas das úlceras por pressão é a imobilidade do paciente no leito, uma pesquisa (3) demonstra que 69% da população do estudo que são dependentes para moverem-se apresentam maiores risco para o desenvolvimento da UP.

Em outro estudo, demonstrou que a imobilização do paciente no leito pode ser empregada por prescrição médica, onde há a necessidade de promover o repouso absoluto ou relativo. Dentre esses motivos podemos citar os procedimentos cirúrgicos e pós-operatórios que exijam a mobilização reduzida e tornam-se incapazes de aliviar a pressão sobre proeminências ósseas, deixando os pacientes vulneráveis ao surgimento da UP (2,11). 

Em todos os estudos selecionados para a revisão de literatura, foi relatada a importância da identificação dos fatores de risco, pois permite que estratégias de prevenção sejam elaboradas visando à redução da incidência de úlcera por pressão.

Uma pesquisa recomenda considerar como em risco para UP todas as pessoas restritas ao leito ou cadeira, ou aquelas incapazes de se reposicionarem, para isso deve-se avaliar todas em risco no momento da admissão e identificar todos os fatores de risco de cada pessoa, para que se possa direcionar as medidas preventivas (3).

Portanto, a avaliação de risco deve ser rotineira, e a equipe de enfermagem tem a responsabilidade de programar medidas preventivas, no intuito de diminuir o impacto desse agravo. Contudo, não são atividades de responsabilidade exclusiva da enfermagem e sim da equipe multiprofissional (4).

Inúmeras pesquisas apontaram as escalas de avaliação de risco, principalmente a de Braden como instrumento de avaliação e predição de risco de desenvolver UP, direcionando as atividades dos profissionais e proporcionando evidências para embasar as ações de enfermagem. Ressaltando que na sub-escala de Braden os clientes críticos apresentam maiores riscos para o desenvolvimento de UP devido sua restrição no leito (2,3,7,12).

Destaca-se que a maioria das UP poderia ser evitada se houvesse maior conhecimento por parte dos profissionais sobre as escalas de avaliação de risco e das principais características dos pacientes mais vulneráveis ao desenvolvimento de UP (3).

No levantamento sistematizado de literatura, ainda encontramos resultados sobre a falta de conhecimento científico da enfermagem em relação à UP, visto que a prática não é baseada em evidência, dificultando a identificação de seu desenvolvimento e consequentemente a adoção de medidas preventivas como a mobilização no leito. Em um estudo (12) apontou que 79,4% dos enfermeiros obtiveram conhecimento insuficiente. Em contra partida, um estudo da Nova Zelândia (5) apontou que embora os níveis de conhecimento dos enfermeiros sejam aceitáveis, contudo, nem sempre é traduzida na prática.

Baseando-se nessa discussão podemos observar a importância da mobilização no leito em pacientes de alta complexidade, o conhecimento dos fatores de risco de cada pessoa e a aplicação de escalas de avaliação de risco tanto na admissão quanto na assistência rotineira para direcionar as medidas preventivas. Portanto, cabe ao enfermeiro à elaboração de protocolos de medidas preventivas de úlceras por pressão e criação de programas de melhoria de qualidade e comitês de segurança do paciente e outras iniciativas com o objetivo de diminuir a incidência institucional das úlceras por pressão, bem como os custos com a prevenção e tratamento.  

Sugestões para a prática da (o) enfermeira (o)

Considerando que o desenvolvimento da UP, durante a hospitalização, é uma complicação grave e por esta razão, cabe ao enfermeiro implantar programas de prevenção que contribui para a redução da frequência das úlceras por pressão e protocolos de prevenção para as UP, devendo abordar informações (7) sobre a identificação do cliente, escala de Braden, quadro das áreas susceptíveis às úlceras, registro de modificações da pele com estágios das úlceras.

Desenvolvimento de oficinas para enfermeiros que atuam no gerenciamento e para a equipe de enfermagem também é de suma importância devido à amplitude do problema (11).

O sucesso da prevenção da UP depende dos conhecimentos baseados em evidência e habilidades dos profissionais de saúde sobre o assunto.

Conclusão:

Através desse levantamento na literatura científica não foi identificado nenhum estudo de enfermeiros discutindo a mobilização no leito no tratamento e prevenção da úlcera por pressão. Porém, foi observada a preocupação dos enfermeiros com a mobilização no leito na prevenção e tratamento da úlcera por pressão.

Sugiro com este trabalho que os profissionais invistam mais na pesquisa científica e publiquem suas evidências direcionadas principalmente à prevenção de UP com relação à mobilização no leito, para o fortalecimento das Práticas Baseadas em Evidências no campo de atuação da enfermagem, e consequentemente avanços científicos no conhecimento clínico construído pela enfermagem em nosso país.

Ressalto a importância da mobilização no leito na prevenção de úlcera por pressão, tendo como base os conhecimentos científicos sobre o tema para a identificação correta de pacientes com risco para o desenvolvimento da UP.

Salienta-se a importância da utilização de escalas de avaliação de risco como escala de Braden na prática clínica como instrumento útil de predição para o desenvolvimento de úlcera por pressão ou sua recidiva.

A identificação precoce e o reconhecimento dos fatores de risco de um paciente permite ao enfermeiro programar estratégias de prevenção mais cedo possível para prevenir ou diminuir o desenvolvimento de UP.

Conclui-se que há necessária da realização de capacitações e atualizações contínuas sobre a temática “Úlcera por Pressão” para enfermeiros e equipe de enfermagem.

Referências:

1.     National Pressure Ulcer Advisory Panel (NPUAP). NPUAP Pressure Ulcer Stages/Categories. [Acesso: 20 de outubro de 2012]. Available from: http://www.npuap.org/resources/educational-and-clinical-resources/npuap-pressure-ulcer-stagescategories/.

2.     Araújo T M; Moreira MP; Caetano JA. Avaliação de risco para úlcera por pressão em pacientes críticos. Rev. enferm. UERJ; 19(1): 58-63, jan.-mar. 2011. tab. [Acesso: 29 de outubro de 2012]. Available from: http://www.facenf.uerj.br/v19n1/v19n1a10.pdf.

 

3.     Gomes FSL, Bastos MAR, Matozinhos FP, Temponi HR, Velásquez-Meléndez G. Avaliação de risco para úlcera por pressão em pacientes críticos. Rev. esc. enferm. USP  [serial on the Internet]. 2011  Apr; 45(2): 313-318. [Acesso: 05 de novembro de 2012]. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342011000200002&lng=en. 

4.     Cox J. Predictors of Pressure Ulcers in Adult Critical Care Patients. Am J Crit Care. September 2011, 20:364-375  . [Acesso: 20 de outubro de 2012]. Available from: http://ajcc.aacnjournals.org/content/20/5/364.full?sid=c63063c1-1c8c-4c85-89a2-994ea448fd0b.

5.     Tweed C, Tweed M. Intensive Care Nurses’ Knowledge of Pressure Ulcers: development of an assessment tool and effect of an educational program. Am J Crit Care. July 2008, 17:338-346. [Acesso: 20 de outubro de 2012]. Available from: http://ajcc.aacnjournals.org/content/17/4/338.full?sid=60c85674-1661-4be1-ac33-36d609130b9f

6.     Faustino AM; Jesus CAC; Kamada I; Reis PED; Izidorio SR; Ferreira SS. The knowledge of nurses about new descriptors for classification of pressure ulcers: descriptive study. Online Brazilian Journal of Nursing. 2010 May 19; 9(1). [Acesso: 15 de outubro de 2012] Available from: http://www.objnursing.uff.br/index.php/nursing/article/view/2800

7.     Medeiros ABF, Lopes CHAF, Jorge MSB. Análise da prevenção e tratamento das úlceras por pressão propostos por enfermeiros. Rev. Esc. enferm. USP vol.43 no.1 São Paulo Mar. 2009. [Acesso: 20 de outubro de 2012]. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342009000100029&tlng=.

8.     Elliott R, McKinley S, Fox Vicki. Quality Improvement Program to Reduce the Prevalence of Pressure Ulcers in an Intensive Care Unit. Am J Crit Care. July 2008 17:328-334. [Acesso: 20 de outubro de 2012]Available from: http://ajcc.aacnjournals.org/content/17/4/328.full?sid=60c85674-1661-4be1-ac33-36d609130b9f.

9.     Santos CMC, Pimenta CAM, Nobre MRC. A estratégia PICO para a construção da pergunta de pesquisa e busca de evidências. Rev Latino-Am Enferm. Maio - Jun 2007; 15(3): 508-511. [Acesso: 20 de outubro de 2012]. Available from:  http://www.scielo.br/pdf/rlae/v15n3/pt_v15n3a23.pdf

10. Cruz DALM, Pimenta CAM. Prática baseada em evidências, aplicada ao raciocínio diagnóstico. Rev. Latino-Am. Enfermagem [serial on the Internet]. 2005  June [cited  2012  Nov  01] ;  13(3): 415-422. [Acesso: 20 de outubro de 2012]. Available from: http://www.scielo.br/pdf/rlae/v13n3/v13n3a17.pdf

11. Tschannen D, Bates O, Talsma A, Guo Y. Patient-specific and Surgical Characteristics in the Development of Pressure Ulcers. Am J Crit Care. March 2012 21:116-125 [Acesso: 20 de outubro de 2012]. Available from: http://ajcc.aacnjournals.org/content/21/2/116.full?sid=60691033-4a7a-444e-98a7-6032aeb81097.

12. Balzer K. The norton, waterlow, braden, and care dependency scales: comparing their validity when identifying patients; pressure sore risk. J Wound Ostomy Continence Nurs 2007 Jul-Aug; 34(4): 389-98.[Acesso: 15 de novembro de 2012]

13.  Shukla VK, Singh A, Tripathi AK , Jaiswal S, Basu S. estimation of the risk for ulcer from pressure: one study from basic hospitalize. J Wound Ostomy Continence Nurs 2008 July/Aug; 35(4):407-11 .[Acesso: 15 de novembro de 2012]

 





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