Infecção
em cateter venoso central: curativo com gaze estéril ou filme transparente? –
Revisão sistematizada da literatura
Infection
in
central venous catheters: bandage with sterile gauze or transparent film? – Sistematic
literature review
Natalia
Guimarães França, Enfermeira. Pós-graduanda
em Enfermagem em Cuidados Intensivos Adulto e Idoso pela Universidade Federal
Fluminense (UFF). naty-franca@hotmail.com
Isabel
Cruz, Doutora em Enfermagem. Titular na
Universidade Federal Fluminense
ABSTRACT.
The
central venous catheterization is common practice in intensive care units.
Central venous catheters provide safe vascular access, but procedures are not
innocuous, often are associated with adverse events. As prevention or treatment
of these adverse events are used aseptic dressings with sterile gauze or
transparent film. Objective: Identify
the nursing research, using the PICO strategy, to determine which type of
dressing, sterile gauze or plastic film, is more effective for the prevention of
infection in inpatients in ISICVC
in Intensive Care Units. Method: A systematic literature review, included in the period from
2007 to
Key-words:
Central venous catheter;
Dressing; Intensive Care Unit
Palavras-chave:
Cateter venoso central; Curativos; Unidades de Terapia Intensiva.
O
cateterismo venoso central é prática comum nas unidades de cuidados intensivos(1).
Cateteres venosos centrais (CVC) fornecem acesso vascular seguro, mas não são
procedimentos inócuos, muitas vezes estão associados a eventos adversos(¹-²).
Fazendo-se crucial a implementação
de medidas eficazes para a prevenção da infecção do sítio de inserção do
cateter por parte da equipe. É primordial o conhecimento, por parte dos
profissionais, sobre os tipos de curativos mais eficientes para que se possa
prevenir e/ou tratar a infecção do sítio de inserção do cateter. Juntamente
existe o déficit de conhecimento acerca das complicações, complementando a
problematização.
O
risco de infecção, relacionado ao acesso vascular, está associado à localização
do acesso, solução infundida, experiência do profissional que realiza o
procedimento, tempo de permanência, tipo e manipulação do cateter, entre
outros(3).
Os
cateteres venosos centrais (CVC) podem ser não tunelizados, tunelizados,
centrais de inserção periférica (PICC) e totalmente implantáveis(¹).
Apesar de serem amplamente utilizados,
esses dispositivos expõem o cliente a complicações, tais como infecção da
corrente sanguínea, trombose, pneumotórax, dentre outras. Essas complicações
agravam o quadro clínico, sendo causa importante de morbidade e mortalidade(²).
Tendo
em vista que os CVC respondem por uma parcela significativa das infecções
hospitalares, cuidados com a sua manutenção são fundamentais, tais como:
limpeza do local de inserção do cateter com clorexidina alcoólica 0,5%;
aplicação de curativo oclusivo estéril; inspeção e palpação do óstio de
saída do cateter; limpeza das conexões com álcool 70%, controle rigoroso das
soluções infundidas e da validade das conexões(4,5) De
10% a 70% de todas as infecções relacionadas com a CVC são evitáveis(6),
portanto, a prevenção da infecção do sitio de inserção do cateter venoso
central (ISICVC)
deve ser considerada prioridade nos programas de controle de infecção e de
avaliação de controle de qualidade hospitalar(7).
O
procedimento de punção venosa é constituído de uma seqüência de passos,
nas quais se insere um item relacionado ao curativo para fixação do cateter
intravenoso profundo(6,8).
O curativo
no sítio de saída do CVC visa a redução da infecção relacionada ao cateter(9).
A
fixação do curativo reduz o risco de complicações relacionadas à terapia
intravenosa, tais como flebite, infiltração, septicemia e deslocamento do
cateter(8,9).
Os CVC não tem um tempo específico para seu uso, em geral, seu uso varia de
acordo com o tempo de internação do paciente e sua remoção ocorre somente
nas seguintes situações: mau funcionamento do cateter, presença de eritema
local e/ou secreção purulenta ou bacteremia(3,7).
No
que diz respeito à cobertura, existe uma variedade de materiais utilizados como
curativo no CVC. Na literatura, observa-se o relato da utilização dos
seguintes materiais: gaze estéril com fita adesiva e filme transparente de
poliuretano com alta permeabilidade ao vapor da transpiração(9).
Nos
curativos em que se utiliza a gaze estéril com fita adesiva preconiza-se a
utilização de técnica asséptica(9). Neste curativo uma gaze estéril,
medindo
Um
dos curativos transparentes utilizados é o filme transparente Tegaderm.
Consiste de uma película fina e transparente de poliuretano semipermeável, com
um adesivo hipoalergênico que não contém látex. A transparência permite a
monitorização contínua do sítio de inserção sem a remoção do curativo(8-10).
Para
a colocação deste tipo de curativo é necessária a utilização de técnica
asséptica(8,9).
A
Unidade de Terapia Intensiva representa um espaço físico fechado, amparado por
recursos tecnológicos que se propõe a monitorização e vigilância do
paciente por 24 horas. Os recursos são compostos por uma equipe
multiprofissional que presta assistência ao paciente grave (com instabilidade
em um ou mais sistemas orgânicos, com risco de morte), recuperável e/ou
pacientes de risco. Logo, o enfermeiro visa minimizar o risco e a potencializar
os benefícios do tratamento instituído(11).
Por
se tratar de um ambiente fechado(12) a Unidade de Tratamento
Intensivo (UTI) é considerado como um núcleo de emergência e disseminação
de microorganismos, devido a algumas características peculiares, como: (1)
unidade restrita/fechada, com alta freqüência de contato
profissional-paciente; (2) maior possibilidade de transmissão cruzada de patógenos
(pela reduzida adesão à higienização das mãos em freqüência e qualidade,
sobrecarga de trabalho e problemas relacionados ao acesso às pias e
disponibilidade de material); (3) alta pressão seletiva por antibióticos de
largo espectro; e (4) maior possibilidade de contaminação do meio-ambiente(3-5).
De
acordo com problemas mencionados, entende-se
a necessidade de uma intervenção eficaz por parte do enfermeiro
para a prevenção de infecção do sítio de inserção do cateter
venoso central.
Com
tudo, este estudo visa buscar evidências científicas disponíveis em
literaturas sobre qual curativo é mais eficaz para
a prevenção de infecção do sítio de inserção do cateter venoso central,
durante a sua permanência em uma unidade de terapia intensiva, sob o método de revisão sistemática, tendo por definição a pergunta
PICO como questão norteadora conforme o Quadro 1.
Quadro
1. Desmembramento da pergunta PICO
Acrônimo |
Definição |
Descrição |
P |
Paciente
ou diagnóstico de enfermagem |
Paciente
de alta complexidade da Unidade de Terapia Intensiva, com cateter venoso
central |
I |
Prescrição |
Curativo
com filme transparente |
C |
Controle
ou comparação |
Curativo
com gaze estéril |
O |
Resultado |
Inserção
do cateter sem sinais flogisticos e prevenção de infecção |
No
cliente de alta complexidade da Unidade de Terapia Intensiva, com cateter venoso
central, o curativo com filme transparente é mais eficaz que o curativo com
gaze estéril para a prevenção de infecção do sítio de inserção do
cateter?
Logo,
o objetivo do presente estudo visa identificar a produção científica de
enfermagem, utilizando a estratégia PICO para determinar qual tipo de curativo
para cateter venoso central, filme
transparente ou gaze estéril é a melhor
evidência disponível para a prevenção de infecção do sítio de
inserção do cateter venoso central em
pacientes de alta complexidade internados na Unidade de Terapia Intensiva.
METODOLOGIA
Pesquisa
bibliográfica computadorizada compreendida no período de
Foram
utilizados operadores booleanos (AND e OR) e combinação dos componentes da
estratégia PICO: (P) AND (I) AND (C) AND (O). Sendo (P), referente à Paciente
de alta complexidade da Unidade de Terapia Intensiva, com cateter venoso central;
(I) Curativo com
filme transparente; (C) Curativo com gaze estéril e; (O) Inserção
do cateter sem sinais flogisticos e prevenção de infecção.
Utilizou-se
como critérios para exclusão e inclusão dos artigos pré-selecionados: tempo
de publicação a partir de 2007, artigos publicados em revistas de enfermagem,
temática abordada sobre cateter venoso central, idioma em português ou inglês.
Posteriormente
foi realizada uma leitura interpretativa e análise baseada na força de evidência,
a fim de avaliar o tema de acordo com o objetivo proposto pelo presente estudo
chegando aos artigos e resultados finais aqui citados. O quadro abaixo (Quadro
2) representa o tipo de força de evidência no qual os artigos foram
classificados.
Tipo
de força de Evidência |
Descrição |
I |
Evidência
forte a partir de pelo menos uma publicação de revisão sistemática de
múltiplos experimentos controlados randomizados, bem delineados. |
II |
Evidência
forte a partir de pelo menos uma publicação de experimento controlado,
randomizado, corretamente projetado, com tamanho apropriado e em cenário
clínico apropriado. |
III |
Evidência
a partir de apenas um experimento bem delineado, sem randomização, de
apenas um grupo do tipo antes e depois, de coorte, de séries temporais,
ou de estudos caso-controle. |
IV |
Evidência
a partir de estudos não experimentais por mais de um centro ou grupo de
pesquisa. |
V |
Opiniões
de autoridades respeitadas, baseadas em evidência clínica, estudos
descritivos ou aleatórios de comitês de especialistas. |
Quadro
2 – Força de evidência
RESULTADOS
No
presente estudo, foram identificadas as informações registradas nas publicações
localizadas nas bases de dados PubMed,
MEDLINE e no Portal de Revistas de Enfermagem, referentes
a qual
tipo de curativo, gaze estéril ou filme plástico, é mais eficaz para a prevenção
de infecção em SICVC
utilizados em pacientes
de alta complexidade na Unidade de Terapia Intensiva (Quadro3), comparando-os a
fim de identificar qual método apresenta melhor eficácia.
Quadro
3 -
Publicações localizadas nas bases de dados PubMed, MEDLINE e no Portal de
Revistas de Enfermagem. Autor(es), Data & País, Objetivo da pesquisa, Força
da evidência, Tipo do estudo & instrumentos, Principais achados Conclusões
do autor(es).
Autor (es), Data e País |
Objetivo da pesquisa |
Força da evidência |
Tipo do estudo e instrumentos |
Principais achados |
Conclusões do autor |
||
Franceschi
AT, Cunha MLC. 2010. Brasil. |
Identificar
os eventos adversos relacionados ao uso de cateteres venosos centrais (CVC),
em recém-nascidos internados em unidade neonatal. |
Tipo
III |
Pesquisa
quantitativa, descritiva, retrospectiva. |
Os
CVC por inserção cirúrgica apresentaram maior prevalência dos eventos
adversos infecciosos relacionados ao cateter, sendo o mais frequente a
sepse clínica (16%) |
Para
maior segurança do uso de CVC, é importante que seja utilizada a técnica
correta de inserção do cateter e realizado o acompanhamento dos CVC por
equipe especializada e atenta para a prevenção de eventos adversos. |
||
Pedrolo
E, Danski MTR, Mingorance P, et al
2010. Brasil. |
Avaliar
a eficácia dos curativos de gaze e fita e filme transparente de
poliuretano para cobertura de cateteres venosos centrais. |
Tipo
III |
Ensaio
clínico controlado randomizado. |
O
curativo de gaze e fita possui capacidade de absorção de exsudato, porém
apresenta probabilidade maior de desenvolver reação local. A seleção
do material mais adequado deve considerar o estado clínico do cliente. |
O
tipo de curativo não diminui a incidência de infecção relacionada ao
cateter. A realização de novos ensaios clínicos randomizados sobre o
tema, a fim de confirmar as evidências apresentadas, são necessários. |
||
Mesiano
ERAB, Hamann EM.. 2007. Brasil. |
Calcular
a incidência e os fatores de risco associados às infecções da corrente
sangüínea por Cateter Venoso Central (CVC) em UTI’s dos hospitais da
rede do (SUS), no Distrito Federal, DF. |
Tipo
II |
Estudo
epidemiológico-analítico, tipo coorte prospectiva em âmbito clínico |
A
duração da cateterização foi identificada como principal fator de
risco para a infecção da corrente sangüínea. É necessário que haja
uma equipe bem treinada para inserção, manutenção e remoção dos
mesmos |
O
tempo de uso do cateter, o que varia as taxas de infecção relacionadas
aos procedimentos invasivos. |
||
FEIJó,
E., CRUZ, I., LIMA, D. 2008. Brasil |
Analisar,
identificar e revisar a produção científica primária de profissionais
da saúde sobre infecção da ferida, com a finalidade de atualizar
informações técnicas relevantes que possam subsidiar os profissionais
de enfermagem no cuidar de feridas. |
Tipo
IV |
Revisão
integrativa da literatura, nas bases de dados bireme e pubmed em periódicos
publicados de |
A
oclusão da ferida pode desencadear uma modificação na sua microbiota,
sem contudo predispor a lesão à infecção. A educação permanente para
habilitar o enfermeiro a tomar decisões consubstanciadas deve ser sempre
focada. |
A
importância dos enfermeiros se atualizarem, participar de pesquisas que
identifiquem os microorganismos causadores de infecção em feridas,
elaborar protocolos para que uma assistência de qualidade possa ser
oferecida. |
||
|
Determinar
a incidência da infecção hospitalar, sua possível relação com a
ocorrência da colonização por microrganismos resistentes, os principais
agentes dessa colonização e a taxa de mortalidade nesta unidade. |
Tipo
IV |
|
A
infecção em sítios cirúrgicos foi menos prevalente do que outros tipos
de infecções dentro da UTI. |
Adoção
de medidas que visem a proteção da equipe e do paciente durante a
realização de procedimentos e a educação permanente da equipe
assistencial multiprofissional. |
||
Labeau
S, Vereecke A, Vandijck DM, et al.
2008. Estados Unidos da América |
Desenvolver
um questionário válido e confiável para avaliar o conhecimento dos
enfermeiros de cuidados críticos "de diretrizes baseadas em evidências
para prevenção de infecções associadas a cateteres venosos centrais |
Tipo
IV |
Revisão
de Literatura |
Enfermeiros
de UTI cometem equívocos generalizados sobre os cuidados ideais para
prevenir infecções associadas aos cuidados de cateteres venosos
centrais. |
Os
enfermeiros de UTI’s devem investir em estratégias e programas
educacionais sobre infecções associadas ao uso de CVC. |
||
Grothe
C, Belasco AGS, Bittencourt ARC, et
al. 2010. Brasil. |
Avaliar
a incidência e os fatores de risco de infecção da corrente sanguínea (ICS)
em pacientes com cateter venoso central (CVC) duplo lúmen, para hemodiálise.
|
Tipo
III |
Pesquisa
clínica |
A
maioria dos pacientes com CVC envolvidos no estudo desenvolveram ICS. O
risco de infecção aumenta de acordo com o tempo de internação e permanência
com o CVC. |
Infecções
relacionadas ao uso de CVC são mais proeminentes, atitudes de prevenção
devem ser evidenciadas, assim como, um melhor preparo dos profissionais
que realizam este procedimento |
||
Zanetti
ML, Silva ASB. 2004. Brasil. |
Identificar
na literatura nacional e internacional, as publicações referentes aos
curativos para fixação do cateter intravenoso periférico e as implicações
de sua utilização. |
Tipo
IV |
Revisão
integrativa da literatura |
A
inspeção sistemática do sítio de inserção do dispositivo intravenoso
é o principal fator de garantia de qualidade na assistência de
enfermagem. |
Os
achados referentes ao tipo de curativo e a prevenção de infecção em
sitio cirúrgico foram semelhantes. Faz-se necessário o desenvolvimento
de protocolos assistenciais específicos para esse tema. |
||
Silveira
RCCP, Braga FTMM, Garbin LM, Galvão CM. 2010. Brasil. |
Analisar
a frequência de infecção, relacionada ao cateter, e toxicidade cutânea,
na utilização do curativo de poliuretano no cateter de Hickman,
implantado em pacientes submetidos ao TCTH alogênico. |
Tipo
IV |
Pesquisa
Bibliográfica |
O
curativo de poliuretano foi utilizado por mais tempo do que o curativo com
gaze. |
O
filme transparente permitiu a visualização constante do sítio de saída
e a troca com intervalos maiores, porém, dificultou a identificação de
calor local. Devido a semelhança nos achados, torna-se necessários que
novas pesquisas sejam realizadas. |
||
Barros
LFNM, Arênas VG, Bettencourt RC, et
al. 2009. Brasil. |
Avaliar
a efetividade de dois tipos de curativos utilizados em cateter venoso
central (CVC) em pacientes submetidos à hemodiálise; identificar
a taxa de infecção no local de saída e de bacteremia comparando o
curativo com gaze e micropore em relação ao filme transparente. |
Tipo
III |
Ensaio
clínico randomizado controlado. |
Não
houve diferença estatística
significante quanto ao tipo de curativo e as variáveis estudadas. Os CVC
posicionados a 90º em relação a pele apresentaram maior taxa
de infecção. |
O
uso do filme transparente não proporcionou redução de infecção, porém
a análise qualitativa deste
tipo de curativo teve melhor aceitação pelos pacientes e profissionais. |
||
Vedootto
DO, Silva RM. Janeiro/2013. Brasil. |
Objetivou-se
identificar, analisar e relacionar os processos de humanização
percebidos por familiares de pacientes internados em uma Unidade de
Tratamento Intensivo. |
Tipo
III |
Pesquisa
descritiva-exploratória, com abordagem qualitativa |
Segundo
os familiares o ambiente é acolhedor e a sala de espera é um local onde
podem compartilhar a dor, a esperança e receber informações da equipe médica.
Também referiram que a informação sobre o estado do paciente é
transmitida de maneira efetiva, clara e compreensível. Houve destaque
para a inflexibilidade e rigidez nos horários de visita. |
É
preciso rever valores, realizar discussões e questionamentos para
possibilitar a implementação dos processos de humanização voltados às
necessidades de pacientes e familiares. |
||
Wysokinski
M, |
Determinar
a necessidade de cuidados de enfermagem para os pacientes nos três tipos
de unidades de terapia intensiva no sudeste da Polônia. |
Tipo
III |
Revisão
de literatura, estudo piloto e pesquisa. |
O
tempo de permanência e uso de UTI’s são significativamente diferentes
numa relação global. |
A
demanda por cuidados de enfermagem durante o período noturno e diurno
foram semelhantes. A necessidade ou demanda dos cuidados de enfermagem
depende do tipo de Unidade Intensiva. |
||
Hatler
C, Buckwald L, Allison ZS, |
Descrever
a extensão de práticas baseadas em evidências para o cuidado de locais
de inserção de cateteres venosos centrais na unidade de terapia
intensiva pediátrica |
Tipo
III |
Pesquisa
descritiva-exploratória, com abordagem qualitativa. |
Poucas
diferenças foram encontradas entre o curativo transparente sozinho e um
curativo clorexidina impregnado mais o curativo transparente. |
Os
resultados sugerem que os esforços de controle da infecção podem ser
mais apropriadamente focados na realização do processo, ao invés do
tipo de material utilizado. |
||
Halm
MA. 2008. Estados Unidos da América. |
|
Tipo
IV |
Revisão
de literatura. |
Uma
forte evidência mostra que a dor durante a inserção do cateter não é
significativamente diferente entre pacientes que receberam diferentes
tipos de anestesias. |
Apesar
destas evidências, é necessário que os enfermeiros se empenhem na
realização de novos estudos para que a melhor evidência possa ser
utilizada na prática. |
||
Mcle
S, Petitte T, Pride L et al. 2009. Estados Unidos da América. |
Comparar
três tipos de curativos em pacientes após angioplastia transluminal
coronariana. |
Tipo
III |
Ensaio
clínico randomizado controlado. |
Os
curativos de filme transparente e fita adesiva foram mais eficientes para
conter o sangramento tiveram uma melhor aceitação pelo paciente e pelos
enfermeiros. |
Como
resultado deste estudo, houve uma mudança na prática feita em todo o
hospital utilizado para a pesquisa. Onde curativo de filme transparente
foi definido como o melhor método. |
Silveira(9)
realizou um estudo a fim de analisar a frequência de infecção,
relacionada ao cateter, e toxicidade cutânea, na utilização do curativo de plástico
transparente no sítio de saída do cateter. Neste caso, o filme transparente de
poliuretano permitiu a visualização constante do sítio de saída e a troca
com intervalos maiores, porém, sua troca adicional pode ter contribuído para o
aparecimento de toxicidade cutânea; a presença desse curativo dificultou a
identificação de calor local; o aparecimento do eritema ≤2cm, sinal de infecção
do sítio de saída, pode ter relação com a presença do curativo de
poliuretano.
Silva(8)
descreve em seus estudos que os resultados relacionados a utilização do
curativo de película transparente e curativo com gaze estéril, demonstrou que
taxas de inflamação não foram estaticamente significantes. O autor menciona neste
estudo, que o
curativo de película transparente, mostrou-se elevado risco relativo de infecção
relacionado ao cateter, devido um maior tempo de permanência do curativo. Porém
em relação às condições do curativo, estas apresentam melhores condições
quando utilizado o curativo de película transparente.
Em
outro estudo, ficou evidenciado que na população estudada o tipo de curativo não
diminuiu a incidência de infecção de pele ou de bacteremia no sitio de inserção
do cateter(10).
RESPOSTA
A PERGUNTA CLÍNICA BASEADA EM EVIDÊNCIAS CIENTÍFICA
Os
achados levam a conclusão que o curativo com filme transparente não é mais
eficaz que o curativo com gaze estéril em relação a prevenção de infecção
do sitio de inserção do cateter. Os dois métodos apresentam taxas de infecção
do sitio de inserção semelhantes(3,7,8,9,10) porém, em
relação as condições do curativo e custo/benefício o curativo de filme
transparente apresentam
melhores resultados do que o curativo com gaze estéril.
Segundo Silva(8,9), o
mais importante na colocação destes tipos de curativo é a utilização de técnica
asséptica.
DISCUSSÃO
Verifica-se
então, a importância de uma intervenção eficaz através da realização do
curativo por parte do Enfermeiro na manutenção permeável do sitio de inserção
do cateter venoso central do paciente na Unidade de Terapia Intensiva, pois o
paciente encontra-se com potencial risco de desenvolver infecção.
O
presente estudo dispôs alguns tipos de curativos para o cliente com cateter
venoso central. Cabe ao enfermeiro se atualizar, buscar evidências científicas
sobre os métodos para que se obtenha conhecimento para uma intervenção rápida
e eficaz e, consequentemente, desenvolva seu senso/olhar crítico sobre a situação,
analisando qual o método mais eficaz, qual a sua funcionalidade e eficácia,
como utilizar e como prevenir a infecção em cateteres de inserção profunda
através do curativo, assim, evitando diversos fatores que contribuem para a ISICVC.
A
revisão de literatura acerca do curativo de película transparente do curativo
com gaze estéril, apontou falta de evidências que corroborem a relação entre
a aparecimento de complicações e o tipo de curativo(8,9,10).
Visamos
ser necessário que
outras investigações relacionadas ao tema sejam desenvolvidas. Espera-se
que os resultados aqui apresentados estimulem a implantação de ações de
prevenção das infecções do sitio de inserção do cateter venoso central (ISICVC)
e a elaboração de indicadores de densidade de incidência de ISICVC com a
utilização do número de cateter venoso central-dia ajudando a controlar o
tempo de permanência do paciente na UTI(3,8,9).
Tais
ações demandam tempo por parte dos enfermeiros e que requerem alto
investimento financeiro pelas instituições de saúde. Porém muitas dessas
instituições não dispõem dessa verba para que possibilitem um atendimento
mais adequado ao cliente, principalmente os hospitais públicos visto que estes,
em sua maioria, não oferecem recursos de alto investimento financeiro. Devendo
optar-se então, pelos métodos que encontram-se ao alcance do profissional,
como por exemplo, a utilização de gaze estéril com fitas adesivas, somados a
uma excelente técnica asséptica na realização desde procedimento.
O
enfermeiro deve ter consciência sobre a problemática que envolve a infecção
de sítios de inserção de cateteres para que, tão logo possa prevenir o
quadro clinico utilizando os melhores materiais disponíveis na Unidade se
tiverem a seu alcance optem pelo curativo de filme transparente, visto que em
qualquer unidade de saúde é de extrema importância avaliar o custo/benefício
dos materiais utilizados e devido este tipo de material permitir um maior tempo
de permanência do curativo e a observação do sitio de inserção em relação
à gaze, se torna a melhor escolha.
SUGESTÕES
PARA A PRÁTICA DO (A) ENFERMEIRO (A)
Frente
ao exposto, o (a) Enfermeiro (a) tem um papel relevante na prevenção de
infecção do sítio de inserção do cateter.
Deve-se implementar
ações que visam a prevenção das infecções do sitio de inserção do
cateter venoso central e a elaboração de indicadores de densidade de incidência
de ISICVC.
Devendo optar, de acordo com as evidências científicas(13,14), pelo
curativo mais viável, que é o curativo de filme transparente pela sua melhor
efetividade(15), tais quais: maior permanência diminuindo a irritação
da pele, visualização do sitio de inserção, menos dor durante a troca do
curativo, redução
de custos com material e da necessidade da equipe de enfermagem e
conforto
melhor sob a ótica do paciente(8,9,10,).
Os
curativos de filme transparente de um custo mais elevado(13) do que o
curativo com gaze estéril, nem por isso o profissional deve deixar de oferecer
este recurso ao paciente, caso a instituição de saúde tenha condições
financeiras de arcar com tal custo. Em caso de escassez de recursos na Unidade
de Terapia Intensiva, deve-se atentar ao simples fato de sempre associar técnicas
assépticas na execução de qualquer tipo de curativo, como por exemplo, o
curativo com fita adesiva, gaze estéril com fita adesiva, fita adesiva
hipoalergênica, etc.
É
necessário estar atento aos fatores desencadeantes da infecção em cateteres
para que se possa intervir de forma eficaz e minimizar as complicações
advindas deste quadro, visando maior segurança e satisfação do cliente, além
de proporcionar melhores resultados, menor tempo de internação, menor gasto de
materiais e consequentemente, diminuição de custos hospitalares.
Tem-se
também, como sugestão, a implementação de
ações de prevenção das infecções do sitio de inserção dos cateteres
venosos centrais e a elaboração de indicadores de densidade de incidência,
bem como a criação de
um protocolo intra-hospitalar direcionando os profissionais para as intervenções
eficazes baseadas em evidências científicas, para a prevenção destas infecções,
visto que o enfermeiro deve minimizar o máximo possível as complicações
decorrentes das ISICVC.
É bom ressaltar que a instituição de saúde juntamente com o enfermeiro
responsável devem investir e implementar a educação continuada para a equipe,
a fim de atentá-los quanto à relevância do tema, assim melhorando a qualidade
assistencial.
As
técnicas assépticas de curativo devem ser as mesmas para diversos tipos de
feridas ou procedimentos cirúrgicos em todos os setores das unidades de saúde
que exijam a realização deste procedimento, entretanto os pacientes em
Unidades de Terapia Intensiva requerem maior atenção visto que as suas funções
fisiológicas encontram-se alteradas e os pacientes mais debilitados.
Deve-se
atentar ao aparecimento de sinais flogísticos, avaliar: rubor, calor, dor,
edema e a perda funcional, para que se possa avaliar qual o melhor método e
tipo de curativo a ser realizado e se a técnica escolhida esta tendo um efeito
deletério ou benéfico ao paciente.
Vale ressaltar que, ao escolher entre dois tipos de curativos, é crucial que o enfermeiro monitore a sua eficácia(15) visto que a infecção na inserção de um cateter de inserção profunda pode ter complicações gravíssimas, levando o paciente a óbito. Sendo assim, deve-se então ter um bom acompanhamento, monitoramento e avaliação clínica durante o procedimento para que garanta a segurança, bem estar e saúde do cliente.
CONCLUSÕES
Os
pacientes de alta complexidade na Unidade de Terapia Intensiva com cateter
venoso central têm potencial risco ao desenvolvimento de infecção no sitio de
inserção do cateter. Isto, devido a Unidade de terapia Intensiva ser um setor
propício a infecções e aos fatores de risco
inerente a realização de qualquer tipo de procedimento invasivo. O risco de
mortalidade relacionada a infecções sangüíneas(15) decorrentes do
uso de cateteres de inserção profunda são grandes. Por isso, a importância
da prestação de um cuidado eficaz e efetivo pelo enfermeiro.
O
desenvolvimento do presente estudo permitiu identificar qual o tipo de curativo
é mais eficaz e viável para cateteres venosos centrais. Para tal, o
conhecimento do curativo mais eficaz proporciona evidências que contribuem para
a tomada de decisão do enfermeiro para a implementação de medidas eficazes
para a prevenção de infecção do sitio de inserção do cateter, a fim de se
manter a garantia
de qualidade na assistência de enfermagem aos pacientes em uso de terapia
intravenosa por meio de um acesso venoso
profundo.
Com
tudo, o enfermeiro deve optar pelo curativo com filme transparente na execução
do procedimento que, baseado em Evidência Científica, proposto nesse estudo,
demonstrou ser de maior efetividade.
Sendo assim, faz-se necessário que outras investigações relacionadas ao tema sejam desenvolvidas e que ocorram mais buscas de conhecimento científico para que se fundamente a prática clinica e haja intervenções, com precisão e segurança, resultando em assistência de qualidade aos pacientes. Intervenções estas, realizadas através do curativo com filme plástico, comprovadas neste estudo.
REFERÊNCIAS
JSNCARE