Journal of Specialized Nursing Care

EYE CARE NURSING RECOMMENDED FOR CRITICAL PATIENT: SISTEMATIC REVIEW OF LITERATURE

 O CUIDADO OCULAR DE ENFERMAGEM RECOMENDADO PARA PACIENTE CRÍTICO: REVISÃO SISTEMATIZADA DA LITERATURA  

Samyra Carla Moura Enfermeira aluna do Curso de Especialização em Enfermagem em Cuidados Intensivos da Universidade Federal Fluminense (UFF). samyracarla@oi.com.br

Profa. Dra. Isabel Cruz. Titular da UFF. isabelcruz@uol.com.br  

ABSTRACT. Ocular complications may result from long times or not admission to the intensive care unit. Prevention of these complications is a accomplished throught basic care, mainly performed by the nursing staff. Objective: To identify such care through evidence and answer the clinical question and showing the best recommendation on eye care, and prevention of ocular complications, such as punctate lesions or corneal ulcer. Methodology: The study is based on scientific evidence, as a method for systematic review articles and scientific publications, the PICO strategy being used for training of key clinical question databases. Result: The result showed greater need for evidence and recommendations. The realization of care prevents and reduces the rates of ocular complications of hospitalization in the intensive care unit. Conclusion: Through research we can notice a lack of publications, reinforcing the idea that futher exploration of research on eye care and training of a protocol relating to this care that benefits the life of critical customer need.

Recommendation: Use of ocular lubricants as hypromelose, polyethylene dressings, saline for prevention of dry eye, passive lid closure and implementation of nursing diagnosis risk for injury care plan cornea syndrome.  

Key- wors: Intensive care; nursing; eye care  

Resumo. Complicações oculares podem ser resultados de períodos longos ou não de internação em unidade de terapia intensiva. A prevenção dessas complicações é realizada através de cuidados básicos, principalmente realizados pela equipe de enfermagem. Objetivo: Identificar esses cuidados e através de evidências responder a pergunta clínica e evidenciar a melhor recomendação relativa ao cuidado ocular e prevenção de complicações oculares como lesão puntacta ou úlcera de córnea. Metodologia: O estudo é baseado em evidência científica, como método revisão sistematizada em artigos e publicações científicas, sendo utilizada a estratégia PICO para formação de pergunta clínicas principais bases de dados. Resultados: Os resultados mostraram necessidade maior de evidências e recomendações. A realização do cuidado previne e diminui as taxas de complicações oculares resultantes de internação em unidade de terapia intensiva E de que há a necessidade do diagnóstico de enfermagem ao cuidado ocular. Assim como hidratação da córnea para prevenção da síndrome do olho seco. Conclusão: Através da pesquisa pode-se perceber uma carência de publicações, reforçando a idéia de que é necessário maior exploração de pesquisas sobre o cuidado ocular e formação de um protocolo relativo a esse cuidado que beneficia a vida do cliente crítico. Recomendações: Utilização de solução fisiológica para prevenção da síndrome do olho seco, fechamento passivo da pálpebra e implementação de diagnóstico de enfermagem de risco de lesão de córnea com plano de cuidados.                                                                                                                            

Palavras-chave: Terapia intensiva; enfermagem; cuidado ocular  

INTRODUÇÃO  

Com grande aumento de exposição e números de acidentes e condições de vida cada vez é maior o número de pacientes internados em unidades de terapia intensiva. Esse tipo de cliente em sua maioria necessita de tecnologias e cuidado específicos e são passíveis de tratamentos decisivos e que em sua maioria possuem efeitos colaterais sobre o organismo

Apesar de ser uma das menores taxas de complicações de internação em UTIs a lesão de córnea como a úlcera de córnea (3,1%)1, são decorrentes de tempo de internação, infecções, ou uso de sedação e ventilação artificial.

As lesões podem ser superficiais ou profundas dependendo da gravidade. Existem as lesões traumáticas, superficial, infecciosa, degenerativa, ceratocone e miscelânia. Sendo a de maior índice em adultos em UTIs a traumática, superficial e infecciosa, associada principalmente a uso de drogas sedativas, e escassez de cuidados de prevenção realizados pela equipe de enfermagem ¹.

Ao decorrer do estudo poderemos responder a pergunta clínica baseada na estratégia PICO, sobre o cuidado ocular de enfermagem a pacientes críticos, que foi descrita no quadro1, para ajudar o desenvolvimento que proporcionará a melhor resposta a pergunta clínica.

 Quadro1: definição dos acrônimos da pergunta clínica baseado na estratégia PICO

 

 

 

P

 

Paciente ou diagnóstico de enfermagem ou diagnóstico médico

 

 

Paciente crítico

 

I

 

Prescrição

 

Umidificação da córnea

 

C

 

Comparação

 

Não se aplica

 

 

O

 

Resultado

 

Prevenção de lesão ocular, úlcera de córnea

 

T

 

Tempo

 

Não se aplica

 Pergunta clínica

 Qual o melhor cuidado ocular de enfermagem é indicado para paciente crítico?

 OBJETIVO

Desenvolver através dos acrônimos da estratégia PICO, identificar artigos e publicações que sejam capazes de responder a  melhor evidência científica do cuidado ocular que atenda aos resultados definidos na estratégia. 

A elaboração da estratégia PICO maximiza a recuperação de evidências nas bases de dados, foca o escopo da pesquisa e evita a realização de buscas desnecessárias 3  

METODOLOGIA  

Pesquisa bibliográfica computadorizada no período de novembro a dezembro de 2013. Realizou-se pesquisa literária das bases de dados indexadas U.S. National Library of Medicine (NLM), Centro Latino-Americano e do Caribe de informação em Ciências da Saúde ( Lilacs), Cochrane Library, Biblioteca Virtual em Saúde, Scientific Eletronic Library Online( scielo), Portal Capes. Após a definição da estratégia PICO, foram definidos os seguintes descritores baseados em  Descritores de Ciência e saúde (DECS)  que correspondem Enfermagem, doenças da córnea, córnea, terapia intensiva,cuidado, visão. E suas seguintes traduções em inglês ( key words) Nursing, corneal diseases, cornea, intensive care, care, view.

Porém houve dificuldade de achados devido a poucas fontes e importância dada por profissionais de saúde ao tema discutido. Verificou-se que a maioria das publicações não está ligada ao cuidado ocular e sim a uma rede de cuidados gerais ligados ao paciente crítico, como doação de órgãos. Sendo apenas realizadas citações. Ou na maioria das vezes sequer tratava do cuidado ocular, não contendo informações necessárias para elaboração de resposta da pergunta clínica, fugindo ao tema proposto.

A pesquisa teve como limitadores: humanos, adulto, idoso, ano entre 2008 a 2013, texto disponível. Devido a dificuldade de achados não foi usado nenhum tipo de limite relacionado a país ou região. Houve também pesquisa presencial no Centro de ciência e saúde da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Onde encontrou-se teses de mestrado que não foram utilizadas por não tratar do tema proposto.

Os artigos foram selecionados apos análise de título, resumo e leitura completa, sendo inseridos aqueles que agregavam a temática do estudo. Foram utilizados 06 artigos que abordavam o tema sendo 02 em português e 04 em inglês. Apenas um artigo escolhido não atendeu aos critérios de filtragem e limites, com publicação em 2004, porém foi utilizado devido a carência de publicações e também a grande temática abordada de bastante relevância ao estudo.  Após seleção dos textos, procedeu-se a leitura flutuante e organizou-se o corpus de análise de acordo com o objetivo da pesquisa. Após leituras, foram identificadas as unidades de registro que a seguir foram agrupadas em núcleos temáticos que emergiram de forma isolada ou associada nas publicações.  

Quadro 2: Combinação e resultados de achados de descritores em comum Portal BVS. Niterói, 2013.  

Descritores

Resultados

Terapia intensiva

Cuidado

Enfermagem

Úlcera de córnea

 

02

 

Cuidado

Enfermagem

Doenças de córnea

 

01

Terapia Intensiva

Cuidado

Enfermagem

Córnea

 

03

Terapia intensiva

Cuidado ocular

Enfermagem

 

05

Lesão de córnea

Terapia intensiva

Enfermeiro

 

0

Úlcera da córnea

Doença da córnea

Fatores de risco

 

64

 Segue abaixo o quadro 3 com descritores em inglês. 

Quadro 3: Combinação e resultados de achados das key words Portal BVS. Niterói, 2013.

Key - words

Results

Intensive care

Care

Nursing

Ulcer of the cornea

 

09

Care

Nursing

Corneal disease

 

36

Intensive care

Care

Nursing

Cornea

 

18

Intensive care

Eye care

Nursing

 

75

Corneal  injury

Intensive care

Nurse

 

0

Ulcer of the cornea

Corneal disease

Risk factor

 

31

 

Quadro 4: Combinação e resultados de achados de Key words na base NLM. Niterói, 2013.

 

Key words

Result            

Intensive care

Care

Nursing

Ulcer of the cornea

 

02

Care

Nursing

Corneal disease

 

45

Intensive care

Care

Nursing

Cornea

 

04

Intensive care

Eye care

Nursing

 

78

Corneal  injury

Intensive care

Nurse

 

0

Ulcer of the cornea

Corneal disease

Risk factor

 

17

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 RESULTADOS  

Após leitura de publicações selecionadas nas bases indexadas, foi elaborado um Quadro 4 com síntese evidenciando cada artigo selecionado com os seguintes dados: Objetivo, força da evidência, tipo de estudo e instrumentos, principais achados e conclusão. Essa síntese foi utilizada em cada artigo selecionado como evidência e imposto ao Quadro 4. A partir deles será iniciada a discussão do estudo.  

Quadro 4:Publicações localizadas nas bases de dados. Niterói, 2013

 

 

Autor(es), data  & país

 

Objetivo da pesquisa

 

Força da evidência

 

Tipo de estudo e instrumentos

 

Principais achados

 

Conclusões do autor

 

Werly AA, Ercole FF, Botoni FA, Oliveira JADMM, Chianca TCM. 2011. Ribeirão Preto. 19(5).2. 

 

Propor modelo de predição de risco para o desenvolvimento de lesão de córnea em pacientes adultos da unidade de terapia intensiva.

 

 

IIB

 

Estudo de corte prospectivo, realizado em hospital público de Minas Gerais

Instrumento construído e testado no estudo piloto, contendo as variáveis sociodemográficas, clínicas e fatores de risco para o desenvolvimento de lesão na córnea.

 

> 59,4% taxa de incidência global de lesão de córnea no período do estudo. Sendo 55,1% puntacta  e 11,8% ulcerativa

> Lesões traumáticas, superficiais e infecciosas são as principais em unidade de terapia intensiva,

> Lesão traumática mais comum, é causada por fechamento palpebral ineficaz e qualidade lagrimal inadequada.

 

Necessidade de elaboração de plano de cuidados oculares na admissão do paciente,  e diagnóstico de enfermagem que contemple o risco de lesão de córnea.

 

Freire SG, Freire ILS, Pinto JTJM, De Vasconcelos LDAQQ, Torres VG. 2012. Rio Grande do Norte. 16 (4) 1.

 

Descrever as alterações fisiológicas da morte encefálica em potenciais doadores de órgãos e transplantes.

 

IIB

 

Estudo exploratório descritivo prospectivo quantitativo realizados em unidade de terapia intensiva de um hospital Público de grande porte Hospital da Restauração (HR) em Recife/Pernanbuco..

O instrumento usado trata-se de roteiro estruturado  checklist que descreve as variáveis a serem pesquisadas.

 

> A maior taxa de potenciais doadores é do sexo masculino (62,6%).

> O diagnóstico de trauma crânio-encefálico é de maior incidência em UTIs.

> Úlcera de córnea com taxa 3,1% surgindo como complicação de falta de realização de métodos de prevenção.

 

A lesão ulcerativa de córnea é causada pela ausência de cuidado ocular de prevenção.

Utilização de gazes úmidas com solução fisiológica a 0,9% sobre pálpebras fechadas diminuem as taxas de lesão de córnea ulcerativa.

O conhecimento das alterações fisiológicas possibilita a equipe a prevenir tais resultados alterações para a melhor manutenção dos órgãos e tecidos.

 

Hang MS, Lee CCH, Leung AKH, Lim JMJA, Chan CSC, Yan WW. 2008. China. Vol 45(11), pág 1565-1571. 8

Comparar a eficácias das tampas de polietileno com lanolina, pomada na prevenção de abrasões de córnea em pacientes críticos.

 

IIB

Estudo prospectivo randomizado controlado.

O instrumento utilizado regime de cuidados padrão olho e teste de mancha de fluoresceína.

> 116 pacientes foram incluídos na análise final.

> 07 pacientes tiveram teste positivo para fluoresceína (6,0%).

> Destes 04 (6,8%) estava com polietileno.

> E 03 pacientes estavam com lanolina pomada (5,3%).

 A tampa de polietileno igualmente eficaz na prevenção de abrasões da córnea, quando comparado com lanolina pomada.

O benefício adicional de cobertura de polietileno como uma barreira física para proteger os olhos dos pacientes precisava de uma avaliação mais profunda.

Ezra DG, Chan MPY, Solebo L, Malik AP, Crane E, Coombes A, Healy M 5.

Comparar a eficácia do lubrificante ocular (Lacrilube) e curativos de hidrogel de poliacrilamida (Geliperm); para a prevenção de ceratopatia exposição no paciente crítico. Avaliar a prevalência da doença a superfície corneana em UTI

 

IIB

 

Estudo randomizado prospectivo comparativo

O instrumento não foi abordado.

>Não houve diferença estatisticamente significativa na pontuação máxima exposição da córnea entre os olhos tratados com Lacrilube e Geliperm e nem de abertura palpebral.

O hidrogel de poliacrilamida é tão eficaz quanto o lubrificante ocular na prevenção de ceratopatia. A equipe de

enfermagem deve estar plenamente formado na sua aplicação para o cuidado dos olhos.

Azfar MF, Khan MF, Alzeer AH. 2013. Saudi J Anaesth. Jan-Mar; 7(1): 33–36 7.

 

Comparar antigas e novas práticas de cuidados da córnea para diminuição de complicações oculares em pacientes ventilados.

 

IIIC

 

Estudo prospectivo de corte observacional.

O instrumento uma auditoria de qualidade.

>A taxa de secura da córnea foi de 40 por 1.000 dias de ventilação EM FASE 1.

>Na fase  2 a taxa de nebulosidade córnea e secura era 3,52 e 1,78 por 1.000 dias de ventilação.

> Na fase 3 a taxa de secura da córnea foi de 2,69 , enquanto a taxa de nebulosidade e ulceração foi 1,79 cada, contado 91 pacientes ventilados.

Cuidados com os olhos protocolizado pode reduzir o risco de complicações da córnea em pacientes ventilados.

 Koroloff N, Boots R, Lipman J, Thomas P, Rickard C, Coyer F.2004.Intensive Care Medicine 30(6):1122-11266 .

Comparar a eficácia da hipromelose Lacri -Lube combinação contra o envoltório de polietileno para evitar falha epitelial da córnea no paciente de cuidados intensivos semiconsciente.

 

IIB

 

Ensaio clínico controlado e randomizado. O instrumento utilizadoi para avaliação de resultados foi de Cortese.

> Dos 110 pacientes participantes do estudo 96,4% completaram o mesmo sem lesão da córnea.

> Nenhum paciente do grupo de polietileno teve ulceração de córnea.

> Quatro pacientes do grupo hipromelose tivera ulcera de córnea., porém associadas a patologia clínica de queimadura.

 

 

O curativo de polietileno e hipremolese obtiveram resultados parciais de eficácia que não conseguem definir qual o mais eficaz.

 Ambos são maneiras especializadas e eficazes no combate a úlcera de córnea.

O baixo custo do curativo de polietileno permite seu uso  em uma unidade de terapia intensiva

 DISCUSSÃO  

O globo ocular é composto por uma camada fina e transparente e avascular 4 de proteção que é a córnea. A cada piscada a pálpebra leva a córnea, e a conjuntiva com a lágrima4. A lágrima é de extrema importância e é formada pelas glândulas lacrimais e acessórias, através dela é permitida a lubrificação dos olhos evitando ressecamento da córnea e estruturas oculares4.

Sua diminuição impede a passagem de lágrima pela córnea, globo ocular e conjuntiva.. Além de impedir o trabalho das glândulas lacrimais já que não há movimentação ocular e exposição a ambiente4.

 As lesões oculares são modificações traumáticas, infecciosas, ou de deterioração visual. As traumáticas geralmente associadas a consequências de traumas, diminuição do movimento de piscar; As infecciosas principalmente associadas a conjuntivite e internação hospitalar, e de deterioração ocasionada por alguma doença degenerativa como catarata, diabetes tipo II, glaucoma.

           O paciente em unidade de terapia intensiva, na sua grande maioria está inconsciente ou necessita de suporte ventilatório. Essas duas condições podem causar lesões principalmente, no caso da sedação além de efeitos de vasoativos, diminui o reflexo e fechamento ineficaz palpebral 5 ou estado crítico da doença é frequentemente associada a permeabilidade capilar e retenção de líquidos que causa edema periférico e edema da conjuntiva 5. Ou até mesmo pode estar relacionado a sua condição clínica como por exemplo um traumatismo crânio- encefálico.

A principal gravidade dessa lesão inicialmente superficial é causar a úlcera de córnea lesão com perda tecidual, conseqüência de extremo ressecamento ou infecção. Portanto através do estudo constatou-se que o melhor cuidado é a umidificação do globo ocular e fechamento palpebral, pois assim diminui a exposição à luz e bactérias no ambiente além de preservar as glândulas lacrimais. Segundo pesquisas realizada por Werly2. Nas unidades de terapia intensiva cerca de 59,4% de incidência de lesões de córnea, sendo 11,8% evoluindo para úlcera de córnea2. A úlcera da córnea pode ser tratada com lubrificantes ou gotas antibióticas 6. O uso de curativo de polietileno (tampa) ou  lubrificante com Hypromelose são as formas mais específicas e eficazes na prevenção das lesões e úlcera de córnea, embora não haja resultados de qual é a mais eficaz, porém o baixo custo do polietileno é favorável 6.

            O principal cuidado é realizado pela enfermagem que tem papel fundamental dentro de um centro de terapia intensiva, além de estar atento o tempo todo ao paciente. Este é o fechamento passivo da pálpebra, através de fina camada de gaze com fita hipoalérgica  umidificação através de solução fisiológica, Isso na ausência de prescrição de lubrificante 1.

            Diante do quadro de internação em UTIs, pacientes que não estejam lúcidos é imprescindível o cuidado ocular na prevenção de complicações oculares e possível deterioração visual. Isso deve ser identificado assim que for realizada anamnese do cliente, sendo identificado como um fator de risco e inserido ao diagnóstico do enfermeiro com plano de cuidado de acordo com a rotina local a cada 4/4h, ou 2/2h conforme Koroloff 6.

            A sistematização da assistência de enfermagem configura-se como uma metodologia para organizar e sistematizar o cuidado com base nos princípios científicos, e tem como objetivo identificar as situações de saúde-doença, as necessidades de cuidados de enfermagem, subsidiar as intervenções de promoção, prevenção, recuperação, e reabilitação do indivíduo, família e comunidade 9.

             A sistematização de enfermagem (diagnóstico e plano de cuidados), ação privativa ao enfermeiro é a prática mais bem sucedida de trabalho na enfermagem, já que assegura uma prática assistencial e individualizada10. No cuidado ocular o diagnóstico de “risco” é fundamental, pois sabe-se que as chances de necessidade de suporte ventilatório ao paciente em unidade de terapia intensiva são consideráveis, sendo este um fator de risco, deve-se elaborar plano de cuidados preventivos. O quadro 5 mostra um dos poucos possíveis diagnósticos relacionado ao cuidado ocular.

            Já no âmbito do procedimento técnico do cuidado, não pode-se desconsiderar o bem estar do cliente, evitando acúmulo de substância da cola do filete de esparadrapo, e sujidades, provendo sempre a antissepsia local antes do cuidado. Essas práticas de cuidado permitem a grande prevenção de lesões de córnea e úlcera de córnea, além de estabelecer um padrão de cuidado ao paciente que pode até apresentar melhora quando realizado outros exames como avaliação de pupila comumente realizado nas UTIs. E além de diminuir índices de infecção hospitalar, já que este simples cuidado contribui também para prevenção de infecção.  

   Quadro 5: possíveis diagnósticos e características definidoras segundo Salotti 11 e Nanda     respectivamente. Niterói,2013.  

Diagnósticos            

Características definidoras

Proteção ineficaz pelos anexos oculares

Olho seco, edema, dor, ardor e lacrimejamento.

Risco de olho seco

Diminuição de reflexo palpebral.

         CONCLUSÃO  

            A partir do estudo constatou-se a importância da implementação do diagnóstico de enfermagem ao cuidado ocular e plano de cuidados, pois somos coadjuvantes na permanência do paciente em terapia intensiva por estarmos por mais tempo a companhia do mesmo. Além de exercermos mais o estudo proporcionou a formação de consciência de como e pouco realizado esses cuidados, frente a tantos outros mais específicos e complexos, além de implementar principalmente o diagnóstico de enfermagem para risco de afecções oculares e plano de cuidados. Assim muitas das vezes percebe-se logo na admissão que esse tipo de cuidado será necessário.

A melhor evidência de cuidado foi utilização de lubrificantes com hypromelose, curativos de polietileno bem específicos ao cuidado ocular,  como melhor prevenção para lesão ocular na internação em terapia intensiva. Somente na ausência destes a hidratação com solução fisiológica como cuidado básico. O fechamento passivo da pálpebra mesmo que não contenha curativo de polietileno, pode ser realizado com fita hipoalérgica (micropore), assim reduzindo a exposição ocular  E se estivermos atentos e realizando esses cuidados que são de pouca complexidade, pode-se diminuir mais as poucas taxas de lesões de córnea em UTIs.

            Observou-se também que há uma grande necessidade de pesquisa e publicações relativas à temática, uma vez que o enfermeiro tem um papel fundamental na assistência ao paciente crítico, para que seja prestado um cuidado benéfico ao paciente.

 BIBLIOGRAFIA  

1.      Freire GS, Freire LSI, Pinto JTJM, De Vasconcelos LDAQQ, Torres VG. Alterações Fisiológicas da Morte Encefálica em Potenciais Doadores de Órgãos e Tecido. Esc Anna Nery (impr.). 2012;out-dez;16(4):761-766. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ean/v16n4/17.pdf  

 

2.      Werly A A, Ercoli FF, Botoni  FA, Oliveira JADMM, Chianca TCM. Lesões na córnea: Incidência e Fatores de Risco em Unidade de Terapia intensiva. Rev. Latino-Am. Enfermagem  2008;set.-out.19(5):[09telas]20. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rlae/v19n5/pt_05.pdf

3.      Santos CMC, Pimenta CAM, Nobre M R.C. A Estratégia PICO Para Formação de Pergunta de Pesquisa e Busca de Evidências. Rev.Latino-am de Enfermagem 2007; Maio-junho15(3). Disponível em:

 http://www.scielo.br/pdf/rlae/v15n3/pt_v15n3a23.pdf   

           

4.       Smeltzer SC, Bare BG, Hinkle JL, CheeverKH.Tratado De Enfermagem Médico-Cirúrgica Brunner& Suddarth.11th ed. vol 4. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara Koogan.2009. p.1729-1731.

 

5.      Ezra DG, Chan MPY, Solebo L, Malik AP, Crane E, Coombes A, Healy M. Randomised trial comparing ocular lubricants and polyacrylamide hydrogel dressings in the prevention of exposure keratopathy in the critically ill. Intensive Care Med. 2009; March Volume 35(3),p 578. Disponível em:

http://link.springer.com/article/10.1007%2Fs00134-008-1284-4

 

6.      Koroloff N, Boots R, Lipman J, Thomas P, Rickard C, Coyer F. A randomised controlled study of the efficacy of hypromellose and lacri-lube combination versus polyethylene/cling wrap corneal epithelial in the semiconscious intensive care patient. Intensive Care Medicine. 2004; 30(6):1122-1126. Disponível em:

 http://eprints.qut.edu.au/1359/1/1359.pdf

 

7.      Azfar MF, Khan MF, Alzeer AH.  Protocolized eye care prevents corneal complications in ventilated patients in a medical intensive care unit. Saudi J Anaesth. 2013; Jan-Mar; 7(1): 33–36. Disponível em:

 http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3657921/

 

8.      Hang MS, Lee CCH, Leung AKH, Lim JMJA, Chan CSC, Yan WW. Comparing the effectiveness of polyethylene covers (Gladwrap™) with lanolin (Duratears®) eye ointment to prevent corneal abrasions in critically ill patients: A randomized controlled study. Int. J. nurs. stud. 2008; China. Vol 45(11), pag 1565-1571. Disponível em:

 http://download.journals.elsevierhealth.com/pdfs/journals/0020-7489/PIIS0020748908000357.pdf 

 

9.      Truppel TC, Meier MJ, Calixto RC, Peruzzo SA, Crozeta K. Systematization of Nursing Assistance in Critical Care Unit. Rev.Bras.Enferm. Brasília 2009; mar-abr;62(2):221-7. Disponível em :

 http://www.scielo.br/pdf/reben/v62n2/a08v62n2.pdf    

                                  

10.   Amante LN, Rossetto AP, Schneider DG. Sistematização da assistência de enfermagem em unidade de terapia intensiva sustentada pela teoria de Wanda Horta. Rev.Esc.Enferm.USP. 2009;43(1):54-64. Disponível em:

http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v43n1/07.pdf              

 

11.   Salotti SRA; Guimarães HCQCP; Virmond MCL; Elaboration and validation of nursing diagnosis: protection ineffective from ocular surroundings. Rev Inst Ciênc Saúde 2007; 25(2):121-5. Disponível em:  

http://www.unip.br/comunicacao/publicacoes/ics/edicoes/2007/02_abr_jun/V25_N2_2007_p121-125.pdf             





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