O
ensino-aprendizagem de diversidade e equidade no cuidado em saúde -
apontamentos para cursos de graduação.
Audrey
Vidal Pereira
Resumo
Contexto: Há
diferenças, desigualdades, disparidades e iniquidades nos resultados epidemiológicos
terapêuticos do SUS. Problema: como
ensinar sobre desconstrução das discriminações institucionais no ponto do
cuidado de saúde? Como preparar o/a graduando/a da área da saúde para o
encontro clínico centrado na pessoa, com respeito à sua diversidade e
autonomia? Objetivo compartilhar o planejamento de uma disciplina de graduação
na área da saúde sobre as Políticas de Equidade do SUS e a desconstrução da
discriminação institucional. Método Relato
de experiência. Resultado A
ementa da disciplina prevê o desenvolvimento de competências para a implementação
do cuidado centrado na pessoa, de forma inter-profissional, colaborativa e
baseada em evidência, com respeito à diversidade (étnico-racial, gênero,
orientação sexual, religiosa, capacidade física, etc).
Conclusão: Para desenvolvimento das
competências do cuidado centrado nos direitos humanos da pessoa, a disciplina
deverá ser implementada considerando: modelo interprofissional &
colaborativo centrado n@ graduando em saúde, ênfase na avaliação formativa,
conhecimento para a resolução de problemas reais, aprendizagem ativa,
interdisciplinar & colaborativa; compartilhamento do conhecimento, bem como
"Sala de aula invertida" ou flipped classroom.
Palavras
chave
Cuidado
Centrado na Pessoa; iniquidades em saúde; Ensino de Políticas de Equidade do
SUS; Política Nacional de Saúde Integral da População Negra – PNSIPN; Política
Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo e da Floresta (PNSIPCF);
Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis
e Transexuais (LGBT); Política Nacional para a População em Situação de Rua
(PNPSR); povo cigano.
Breve
descrição do contexto:
Ainda
que se repita à exaustão que o Sistema Único de Saúde (SUS) é universal, há
diferenças, desigualdades, disparidades e iniquidades nos resultados epidemiológicos
terapêuticos.
Observe a cena
(1):
Você
supervisiona seu aluno e durante a realização da entrevista de saúde, se
desenvolve este diálogo:
|
|
Observe a cena
(2):
Você
ministra uma aula sobre o direito constitucional de acesso universal aos serviços
de saúde no Brasil. Uma aluna que é bolsista em uma ONG feminista opina que,
por outro lado, a mortalidade é muito desigual e mostra o seguinte gráfico
para você e toda a turma:
IMG:
http://arquivos.proderj.rj.gov.br/cedim_imagens/SCSEditaImprensa/arquivos/uploads/Apresentacao%20Comite.pdf
Pergunta-se:
O que está acontecendo aqui? O que é preciso ensinar para que se entender as
razões das iniquidades no cuidado e habilitar os/as graduandos da área da saúde
para a inclusão da diversidade e promoção da equidade no SUS?
Observe a cena
(3):
Você
supervisiona seu aluno durante a realização da entrevista de saúde ao jovem
Antônio, 25 anos, que, recentemente, submeteu-se à mastectomia bilateral com
parte do processo FTM. Daqui a 15 anos, Antônio receberá o diagnóstico de câncer
na sua mama residual direita.
IMG
história criada sobre http://e-c6.sttc.net.br/uploads/RTEmagicC_4c2652c40a.jpg.jpg
Pergunta-se:
O que está acontecendo aqui? Como você e seu aluno podem garantir um resultado
terapêutico para o jovem Antônio agora?
Observe a cena
(4):
Você
supervisiona um grupo de graduand@s em estágio no Programa de Saúde da Família.
Na reunião que antecede a saída para as visitas domiciliares, uma profissional
fala[1]:
|
|
IMG
– equipe (montagem): http://www.westernu.edu/bin/interprofessional/health-team.jpg
IMG- ciganos: IMG: http://tvbrasil.ebc.com.br/sites/_tvbrasil/files/imagens-imce/caminhos_ciganos_05_edit.jpg
Pergunta-se:
O que está acontecendo aqui? O que você ensinaria a seu grupo de graduand@s
sobre como agir em situações como esta?
Descrição
do problema:
As
cenas descritas acima são apenas algumas dos desafios que temos que enfrentar
nas Unidades de Saúde quando se reconhece que o “modelo de paciente” é um
mito.
Então,
como ensinar sobre desconstrução das discriminações institucionais no ponto
do cuidado de saúde? Como preparar o/a graduando/a da área da saúde para o
encontro clínico centrado na pessoa, com respeito à sua diversidade e
autonomia? Como ensinar que a ação com potencial discriminador étnico-racial
local, por exemplo, causa efeito na pessoa e na sociedade (racismo
institucional)?
Causa |
Efeito |
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|
|
|
|
Os
(poucos) resultados epidemiológicos da atenção à saúde mostram que:
-
as pessoas atendidas são diferentes entre si
-
as decisões sobre as ações de saúde têm diferentes impactos sobre as
pessoas, famílias, comunidades ou grupos populacionais
-
o entendimento sobre diversidade e equidade faz com que @ profissional de saúde
trabalhe mais efetivamente, com foco na pessoa e com base em evidência.
Como
tornar o/a graduando/a da área da saúde engajado na promoção da equidade
social no SUS?
Ainda
que existam leis que obriguem a inclusão de temas sobre o processo saúde-doença
e bem-estar de grupos socialmente vulneráveis nos currículos dos cursos de
graduação da área da saúde, bem como o respeito à diversidade da pessoa,
família, comunidade e população na prática clínica, isto ainda não
acontece na quantidade e qualidade desejadas pelas mais diversas razões.
E
uma das razões é o despreparo d@s docentes para o ensino clínico sobre
equidade e diversidade em saúde. Esta proposta de disciplina para a graduação
busca instrumentalizar @s docentes da área da saúde para o desenvolvimento n@
graduand@ da consciência sobre as necessidades de saúde da pessoa atendida nas
Instituições de Saúde, visando o cuidado isento de vieses discriminatórios.
No
sentido de abordar este problema, compartilhamos neste artigo o planejamento de
uma disciplina de graduação na área da saúde sobre as Políticas de Equidade
do SUS.
As
Políticas de Equidade do SUS
Após
a Conferência de Durban, em 2005, cresceu a participação social visando a
formulação e pactuação das políticas de promoção da equidade[3]
em ações de saúde voltadas à população negra e quilombola[4],
população do campo e da floresta[5];
população de Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transexuais (LGBT)[6],
População em Situação de Rua[7],
População Cigana[8],
dentre outros grupos socialmente vulneráveis.
Ainda
que resultantes da participação social, estas políticas estão muito
distantes de serem efetivadas nos serviços e ações de saúde devido
principalmente a, no nosso entendimento, resistência em desconstruir a
hierarquia de poderes & privilégios nas relações interpessoais, inclusive
nas instituições de saúde e de educação.
Todavia,
a ignorância das leis e portarias não nos exime da responsabilidade da omissão.
Portanto, precisamos atualizar o processo de ensino-aprendizagem nos cursos de
graduação da área da saúde de modo que os/as graduandos/as pratiquem as
estratégias de enfrentamento das iniquidades em saúde e tornem-se
profissionais capacitados para realizar um encontro clínico terapêutico.
Diversidade
& equidade – ensino do cuidado centrado na pessoa como medida
chave para a mudança (ou melhoria):
Objetivos:
Geral:
-
Engajar-se pela equidade social e pela desconstrução das discriminações
institucionais no SUS, com base no cuidado centrado na pessoa (família,
comunidade ou população), de forma interprofissional e colaborativa, por meio
da implementação das Políticas de Equidade (PNSIPN, LGBT, entre outras).
específicos:
-
Interrelacionar os componentes do cuidado centrado na pessoa (família,
comunidade ou população) com as Políticas de Equidade (PNSIPN, LGBT, entre
outras) do SUS, visando, de forma interprofissional e colaborativa, aumentar o
acesso à saúde de pessoas e populações socialmente vulneráveis.
-
Praticar o cuidado de saúde com consciência crítica de seu próprio
conhecimento, atitudes e valores quanto à(s) diversidade(s) da pessoa, família,
comunidade e populações, bem como da equipe interprofissional
Matriz
de conhecimento e competência
|
Processo
Cognitivo d@ Graduand@ da Área da Saúde |
|||||
Dimensão
do Conhecimento d@ Graduand@ |
Lembrando
Determinantes
sociais da saúde & da doença |
Entendendo Sistemas
e estruturas que perpetuam as desigualdades e as iniquidades na sociedade
e sua reprodução no SUS |
Aplicando Políticas
de equidade do SUS no ponto do cuidado de saúde |
Analisando Poder
e privilégio conforme identidades sociais e a experiência d@ pessoa, família,
comunidades e populações no SUS |
Avaliando Estratégias
de desconstrução da discriminação institucional e promoção da
diversidade & equidade no SUS |
Criando Cuidado
de saúde centrado n@ pessoa (família, comunidade e populações)
colaborativo, interprofissional, baseado em evidência e isento de
discriminação. |
Básico Elementos
que @ Graduand@ deve saber para a promoção da equidade social e
desconstrução da discriminação institucional no SUS |
Listar Determinantes
sociais da saúde (DSS) Apontar Determinantes
sociais da doença |
Sumarizar Diversidade
e identidades sociais Resumir Cuidado
centrado n@ pessoa |
Interrelacionar
os
componentes do cuidado centrado na pessoa (família, comunidade ou população)
com as Políticas de Equidade (PNSIPN, LGBT, etc) do SUS, visando, de
forma interprofissional e colaborativa, aumentar o acesso à saúde de
pessoas e populações socialmente vulneráveis. Classificar Valores
pessoais, profissionais & consciência crítica Registrar Situações
no ponto do cuidado potencialmente discriminatórias |
Ordenar Trajetória
d@ pessoa no SUS/RAS Conectar Poder,
privilégio & identidades sociais no ponto do cuidado de saúde |
Ranquear Evidências
do Cuidado Centrado n@ Pessoa Medir Políticas
de Equidade no ponto do cuidado |
Relacionar Direitos
d@ pessoa, diversidade & respeito profissional Esquematizar
Plano
terapêutico colaborativo (cliente
& equipe) |
Conceitual
Interrelação
entre elementos básicos e a estrutura do sistema de saúde que capacita @
Graduand@ para a promoção da equidade social e desconstrução da
discriminação institucional no SUS, por meio da implementação das políticas
de equidade. |
Descrever Alteridade
& Cuidado Compassivo em Saúde Reconhecer Discriminação
como DSS |
Interpretar Populações
vulneráveis & pessoas vulneráveis Relacionar Poder
& privilégio – iniquidades em saúde |
Experimentar Modelos
de Entrevista Culturalmente Pertinentes Ilustrar Disparidades
em saúde |
Explicar Barreiras
identitárias ao cuidado de saúde Comparar Cultura(s)
de Saúde |
Verificar Alfabetismo
em saúde Validar/Invalidar Práticas
culturais ou populares de saúde |
Planejar Cuidado
centrado n@ pessoa (família, comunidade ou população), compassivo,
isento de viés, identitário & baseado em evidência Propor
Ponte(s)
de acesso à saúde |
Procedural
Como
implementar o cuidado de saúde centrado n@ pessoa, baseado em evidência
e isento de qualquer viés discriminatório, bem como as políticas de
equidade no SUS. |
Coletar
adequadamente Dados
Sensíveis & entrevista de saúde Examinar Discriminação
Institucional |
Predizer Vulnerabilidade
& resiliência Reproduzir Práticas
anti-discriminatórias no ponto do cuidado |
Calcular Colaborar Tomada
de decisão compartilhada |
Diferenciar Participação
& controle social em saúde Arranjar Inclusão
das práticas culturais de saúde (ou diversidade) d@ pessoa no cuidado de
saúde |
Concluir Impacto
da discriminação institucional (DI) no SUS Escolher Estratégias
sistêmicas de desconstrução da
DI no SUS (estatuto do idoso, da igualdade racial, por ex) |
Compor Trabalho
Colaborativo Interprofissional Comunicar Comunicação
terapêutica Coordenar Negociação
& entrevista motivacional Engajar Defensoria
d@ Cliente |
Meta-Cognitivo Consciência
crítica de seu próprio conhecimento, atitudes e valores em relação,
bem como dos seus efeitos na relação e comunicação d@ Graduand@ com
o/a pessoa, família, comunidade e populações. |
Usar
apropriadamente Autocuidado
apoiado Distinguir Diferenças,
desigualdades. iniquidades em saúde & processos perpetuação das
barreiras ao acesso |
Executar Políticas
de Equidade Efetuar Estratégias
de empoderamento d@ pessoa |
Construir Relação
terapêutica Resolver Conflitos
& “burnout” |
Praticar
cuidado
de saúde com consciência crítica de seu próprio conhecimento, atitudes
e valores quanto à(s) diversidade(s) da pessoa, família, comunidade e
populações, bem como da equipe interprofissional
Deduzir DI
risco à segurança d@ pessoa |
Agir Justiça
social Decidir
pela Autonomia
d@ Pessoa |
Implementar
na
Instituição de Saúde o cuidado de saúde centrado na pessoa (família,
comunidade ou população), redigindo
uma proposta de cuidado de saúde interprofissional, com base em 1 das políticas de equidade do
SUS. |
Implementação
do cuidado centrado na pessoa (família, comunidades e populações) na Rede de
Atenção à Saúde (RAS), de forma inter-profissional, colaborativa e baseada
em evidência, com respeito à diversidade (étnico-racial, gênero, orientação
sexual, religiosa, capacidade física, etc), objeto das Políticas de Equidade
do SUS (PNSIPN, LGBT, etc) e aos direitos humanos, visando a promoção de relações
terapêuticas no encontro clínico, a desconstrução de discriminações
institucionais no SUS e a restauração da equidade e participação social em
saúde.
Competências
-
Capacidade para entender e confrontar as relações de poder por meio da
implementação de Políticas de Equidade (PNSIPN, LGBT, etc) do SUS e do
compromisso com a desconstrução da(s) discriminação(ões) institucional(is),
igualmente com resultados equânimes em saúde.
-
Capacidade para analisar criticamente os próprios valores e crenças, a partir
da própria inserção social (condições de vida do estudante, valores,
conhecimentos, atitudes, oportunidades, poder e privilégios, etc), bem como a
partir do código de ética profissional, criando uma consciência crítica
sobre como estes aspectos podem impactar a relação profissional-pessoa (família,
comunidade e populações), profissional-profissional e profissional-instituição
de saúde.
-
Capacidade de respeitar a diversidade e decisão da pessoa, família, comunidade
e populações.
-
Capacidade para “empatizar” com as perspectivas[1],
tradições, valores e práticas da pessoa (família, comunidade e população)
culturalmente diversa para a qual presta o cuidado de saúde, assim como para
enfrentar, de forma inter-profissional e colaborativa, os complexos
determinantes sociais que afetam a saúde, a doença e o bem-estar, garantindo o
princípio da equidade social.
-
Capacidade para prestar o cuidado de saúde centrado na pessoa (família,
comunidade e população), de forma inter-profissional, colaborativa, com base
em evidência sobre o contexto multicultural da saúde e da doença nas diversas
fases do ciclo de vida da pessoa, família e comunidade, e nos diversos cenários
da Rede de Assistência à Saúde (RAS).
-
Capacidade de engajar-se pela defensoria da pessoa, família e comunidade e pela
participação social no SUS, visando a implantação, monitoramento e avaliação
das Políticas de Equidade, bem como a emancipação humana nas múltiplas
esferas da vida, ou seja, as relações sociais no mundo do trabalho, da
cultura, da política e da teoria/moral/ética, incluindo-se os valores, modos
de vida, relações de poder, hábitos, comportamentos, dentre outros.
Os
tópicos referentes ao conteúdo programático constam na matriz de conhecimento
& competência.
.
Estratégias para mudanças:
A
disciplina tem como princípios do planejamento didático:
Modelo interprofissional &
colaborativo centrado n@ graduando em saúde[2]
O
ensino sobre justiça social na área da saúde, especificamente, é o ensino
sobre o que acreditamos ser o que deve ser, não em aspectos morais, mas de
acordo com os direitos humanos mais fundamentais.
Ênfase na avaliação formativa
Neste
sentido, o ensino sobre diversidade, equidade em saúde e cuidados de saúde
deve provocar respostas reflexivas, mas também experienciais por meio de estratégias
de ensino-aprendizagem que conduzam o(a) aluno(a) nas atividades que o(a) ajudem
a entender o que justiça social realmente significa e o que ela demanda de cada
pessoa.
Conhecimento para a resolução de
problemas reais
Como
referencial, sugere-se que a disciplina adote o ensino-aprendizagem experiencial
uma vez que o conteúdo a ser abordado visa ao menos ajudar o(a) aluno(a) a
confrontar seu status de poder & privilégio na sociedade e o impacto da sua
condição na relação profissional de saúde-paciente.
Aprendizagem ativa, interdisciplinar &
colaborativa
Sugere-se
como principal estratégia de ensino em pequenos grupos interprofissionais
utilizando o método de projeto associado com a resolução de problema-real. O
instrumento de trabalho do(a) aluno(a) de enfermagem deve ser o processo de
enfermagem focado para o indivíduo, família e/ou comunidade em situação de
vulnerabilidade social.
Assim,
as atividades experienciais (teórico-práticas) podem acontecer por meio da
observação da cultura organizacional da instituição de saúde, pela avaliação
da pessoa, família ou comunidade em situação de vulnerabilidade social, pela
observação de práticas culturais de saúde (rezadeiras, por ex), pela observação
do acesso e qualidade do cuidado em saúde para doenças e problemas prevalentes
em populações em situação de vulnerabilidade social, pela negociação do
plano de ação com a pessoa, família, comunidade ou instituição de saúde,
pela implementação do plano e sua avaliação, entre outros projetos.
Compartilhamento do conhecimento
O
acompanhamento e a avaliação do ensino-aprendizagem podem ser realizados pela
construção de um portfólio ao longo da disciplina e pelo relatório final na
forma de artigo científico para publicação. Sem excluir ainda a avaliação
pelo(a) usuário(a) participante do projeto, a auto-avaliação do(a) aluno(a) e
avaliação pelos pares.
"Sala
de aula invertida" ou flipped classroom.
Com
apoio de uma Ambiente Virtual de Aprendizagem, os estudantes realizam atividades
de aprendizagem preparatórias para a "oficina" em sala de aula.
Por
que Oficina em vez de aula? Porque as aulas serão sempre espaços de trabalho:
resolução de problemas, sessões clínicas inter-profissionais dos casos,
julgamentos simulados, "debriefing" do trabalho de campo, etc.
Óbvio
que deve ficar explícito para o/a aluno/a que se não estudar o que for
proposto como preparatório não fará sentido algum participar das oficinas. Não
se quer opiniões em sala, os temas exigem reflexões, investimento pessoal que
permita avançar no projeto da equipe.
Ainda
que as agendas e debates contemporâneos
tratem sobre gênero e etnicidade, por exemplo, as desigualdades, disparidades e
iniquidades nos resultados das políticas públicas persistem e denunciam a
hierarquia de nossas relações cotidianas. Inclusive no setor saúde.
As
políticas de equidade do Sistema Único de Saúde são resultantes do ativismo
dos dos movimentos sociais, bem como da translação dos resultados de pesquisas
acadêmicas. Obviamente, como a implementação destas políticas exige a
desconstrução da estrutura de poder e privilégios, assim como a reorientação
do foco para @ usuári@ do SUS, o Estado, pela ação de gestor@s e outr@s
agentes, descumpre a legislação.
No
âmbito da Universidade, mais especificamente da
formação universitária na área da saúde, vale destacar na Resolução nº
3, de 20 de junho de 2014 que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais do
Curso de Graduação em Medicina[9],
o Art. 5º, do capítulo Na Atenção à Saúde,
“o
graduando será formado para considerar sempre as dimensões da diversidade biológica,
subjetiva, étnico-racial, de gênero, orientação sexual, socioeconômica, política,
ambiental, cultural, ética e demais aspectos que compõem o espectro da
diversidade humana que singularizam cada pessoa ou cada grupo social”
Muito
mais do que a legislação e as diretrizes curriculares, são as demandas de
diversidade & equidade pela clientela e pel@s graduandos que apresentam para
nós, docentes, o desafio de construir experiências de ensino-aprendizagem teórico-práticas
que promovam a competência para o encontro clínico terapêutico.
Sites
Recomendados
-
Curso Política Nacional de Saúde Integral Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT), ofertado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UNA-SUS/UERJhttp://www.unasus.gov.br/politica-de-saude-lgbt
-
O curso “Saúde da População Negra” é uma iniciativa do Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES) e da Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa (SGEP) e será oferecido pela Secretaria Executiva da UNA-SUS. http://www.unasus.gov.br/populacaonegra
-
O curso Saúde das Populações do Campo, da Floresta e das Águas é ofertado pela Universidade Federal do Ceará (UFC), integrante da Rede UNA-SUS. http://www.unasus.gov.br/cursos/campo_floresta_aguas
-
Curso Equidade no SUS http://www.fdr.com.br/equidadenosus/
Notas
[1]
Tais como: étnicas, religiosas,
regionais/ambientais, educativas, de gênero, de idade e de classes sociais,
entre outras.
[2]
Framework
for action on interprofessional education and collaborative practice
Referências
[1]
Medeiros, Cristina Maria de. Uma
análise da cultura cigana e sua influência no processo de saúde e
adoecimento: contribuições para a estratégia saúde da família.
Belo Horizonte, 42f., 2011. Monografia (Especialização em Atenção Básica
em Saúde da Família). Disponível em https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/2736.pdf
[2]
Soares
Filho Adauto Martins. Vitimização por homicídios segundo características
de raça no Brasil. Rev. Saúde Pública [Internet]. 2011 Aug [cited
2015 Sep 15] ; 45( 4 ): 745-755. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102011000400015&lng=en. Epub July 01,
2011. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102011005000045.
[3][3]
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e
Participativa. Departamento de Apoio à Gestão Participativa. Políticas de
promoção da equidade em saúde / Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão
Estratégica e Participativa. Departamento de Apoio à Gestão
Participativa. – 1. ed., 1. reimpr. – Brasília : Ministério da Saúde,
2013. 14p. : il.
[4]
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de
Gestão Estratégica e Participativa. Departamento de Apoio à Gestão
Participativa. Política Nacional de Saúde Integral da População Negra:
uma política do SUS / Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão Estratégica
e Participativa, Departamento de Apoio à Gestão Participativa. – Brasília:
Editora do Ministério da Saúde, 2010.
[5]
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de
Gestão Estratégica e Participativa. Departamento de Apoio à Gestão
Participativa. Política Nacional de Saúde Integral da População do Campo
e da floresta – Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão Estratégica
e Participativa, Departamento de Apoio à Gestão Participativa. – Brasília:
Editora do Ministério da Saúde, 2011.
[6]
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de
Gestão Estratégica e Participativa. Departamento de Apoio à Gestão
Participativa. Política Nacional de Saúde Integral da População LGBT:
uma política do SUS / Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão Estratégica
e Participativa, Departamento de Apoio à Gestão Participativa. – Brasília:
Editora do Ministério da Saúde, 2010.
[7]
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de
Gestão Estratégica e Participativa. Departamento de Apoio à Gestão
Participativa. Plano Operativo Saúde da População em Situação de rua /
Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa,
Departamento de Apoio à Gestão Participativa. – Brasília: Editora do
Ministério da Saúde, 2012.
[8]
Monteiro,
S. O Brasil Cigano & o SUS , 2010. Disponível
em http://www.redehumanizasus.net/9092-o-brasil-cigano-o-sus
[9]
MEC- RESOLUÇÃO Nº 3, DE 20 DE JUNHO DE 2014. Disponível em http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=15874-rces003-14&category_slug=junho-2014-pdf&Itemid=30192
JSNCARE