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REVIEW ARTICLES

 

Communication of the clinicdeterioration: systematic literature review for a clinical protocol

 

Comunicação da deterioração clínica: revisão sistematizada da literatura para um protocolo clínico

 

 

Ana Cláudia Cardoso dos Santos Araújo1, Isabel Cristina Fonseca da Cruz1

1Universidade Federal Fluminense

 


ABSTRACT
The objective of this study was to investigate the scientific research that adress the issue of comunication of the clinic deterioration, through a bibliographical research. It is a systematic review of the literature, which were selected 20 articles from the database Lilacs and Medline between 2010 and 2015. From the analysis of the material, it was observed that communication is still a barrier that hinders the bond between the professional and the patient. The training in order to enable the professional for this dificult task is the ideal choice, in order to provide an enviroment for sharing feelings and not only the daily activities mechanized by too much routine work in intensive care units. It was possible to create three categories: I - Perception and means of the nurse in communication to the patient with clinical deterioration in the intensive care unit, II - Strategies for good practice about patient safety in the intensive care unit and III – use of the Protocol SPIKES by nurses as an instrument in the intensive care unit. It was found that the distance of the nurse's actions with regard to communication of the deterioration of the clinical condition of the patient in the intensive care unit, good practices on patient safety, and implementation of the SPIKES protocol by nurses, create a bond and quality care. It was concluded that nurses need training regarding the communication of clinical deterioration, good practice about patient safety and use of the SPIKES protocol by nurses, but there is a need to be more research on the topic.
Keywords: Communication; Palliative Care; Nursing; Patient Safety; Clinical Worsening; Family Relationships; Terminal and health.


RESUMO
O objetivo deste estudo foi investigar através de uma revisão, as pesquisas científicas que abordam a temática no que tange a comunicação da deterioração clínica. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, de revisão sistematizada da literatura, onde foram selecionados 20 artigos da base de dados Lilacs e Medline entre 2010 e 2015. A partir da análise do material foi observado que a comunicação ainda é uma barreira que dificulta o vínculo entre o profissional e o paciente, sendo o treinamento a fim de capacitar o mesmo para está difícil tarefa, a escolha ideal a fim de propiciar um ambiente para compartilhamento de sentimentos e não só as atividades diárias mecanizadas pelo excesso de trabalho rotineiro nas unidades de terapia intensiva, foi possível criar três categorias: I – Percepção e meios de comunicação do enfermeiro frente ao paciente com deterioração clínica na unidade de terapia intensiva, II – Estratégias para boas práticas acerca de segurança do paciente na unidade de terapia intensiva e III – utilização do protocolo de SPIKES pelo Enfermeiro como instrumento na unidade de terapia intensiva. Verificou-se que o distanciamento das ações do enfermeiro no que diz respeito à comunicação da deterioração do estado clínico do paciente na unidade de terapia intensiva, boas práticas em prol da segurança do paciente, e implementação do protocolo de SPIKES nas atividades do enfermeiro, criando assim um vínculo e uma assistência de qualidade. Conclui-se então que o enfermeiro precisa de capacitação no que concerne a comunicação da deterioração clínica, boas práticas acerca de segurança do paciente e utilização do protocolo de SPIKES pelo enfermeiro, porém há a necessidade de que sejam realizadas mais pesquisas sobre o tema.
Palavras-chave: Comunicação; Cuidados Paliativos; Enfermagem; Segurança do Paciente; Relações Familiares; Terminal e Saúde.


 

INTRODUÇÃO

A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) assiste a pacientes que necessitam de cuidado de alta complexidade, o paciente sente-se debilitado por ser um local destinado a pacientes graves, possibilitando a proximidade com a morte, sentimentos como depressão, negação, raiva, ansiedade e dependência podem ser despertados. A necessidade de intervenções como o acesso venoso central, intubações, dor, sono alterado, falta de autonomia, e limitação de movimentos, acarretam a seu estresse(1). A UTI é uma unidade do hospital que é composta por várias áreas interligadas para proporcionar ótimas condições de trabalho para que a assistência seja realizada eficazmente. Por ser considerada uma das áreas mais complexas do hospital, pela sua especificidade, é um ambiente em constante estresse devido às possibilidades de risco de morte a que estão sujeitos os pacientes submetidos aos mais diversos métodos de intervenções(2).

Na UTI, a comunicação ainda é uma realidade distante, dos cuidados dispensados pela equipe de enfermagem na assistência ao paciente crítico, no que se refere a piora do seu estado clínico. No entanto a comunicação deve ser priorizada como um processo essencial entre a equipe, a família e o paciente (3,4).

Nesse contexto, a comunicação, é uma tarefa difícil para todos os profissionais de saúde, pois comunicar uma má notícia é sempre uma tarefa difícil, que exige delicadeza. A Habilidade de comunicação deve ser desenvolvida pelo enfermeiro no cuidado centrado ao paciente na terapia intensiva, e não se limitando somente como “tradutores” de informações entre médico-paciente/família(5).

Ressalta-se que a comunicação deve ser vista como um instrumento vital na prática do enfermeiro, visando o ser humano na sua magnitude biopsicossocial, considerando a comunicação verbal e não-verbal, como uma ferramenta na assistência no binômio enfermeiro-paciente, buscando conhecer o mesmo, e suas necessidades, mostrando que a comunicação não-verbal é essencial na prática do processo do cuidar(6,7).

Deve-se considerar a escassez de material relacionado a está temática, já que a relevância da interação entre enfermagem e família na UTI, é uma prática distante, por complexidade das ações desenvolvidas e o estresse dos profissionais de saúde, fazendo então que este contato com a família seja desvalorizado de alguma forma. No entanto a construção de elo na tríade (profissional-paciente-família), possibilita uma vivência mais tranquila e enfrentamento de situações adversas(8).

Nesse entendimento, o cuidado na terapia intensiva prestado pelo enfermeiro deve ser visto de forma atenta e cautelosa, buscando conhecer a percepção deste profissional na assistência ao paciente sob este cuidado(9).

 

OBJETIVO

Identificar, as melhores evidências e práticas na comunicação da deterioração clínica na unidade de terapia intensiva e o uso de um instrumento para um protocolo clinico. Investigando através de pesquisas científicas, o papel do enfermeiro intensivista, frente á comunicação de más notícias, categorizando um protocolo clinico, garantindo a segurança do paciente na UTI, identificando estratégias de comunicação no ambiente hospitalar, na assistência a saúde, tratando cada individuo de forma singular.

 

METODOLOGIA

Foi realizada uma pesquisa bibliográfica por meio de uma revisão sistematizada da literatura computadorizada, no período de abril de 2015 a dezembro de 2015, buscando artigos científicos de periódicos de enfermagem. Foi realizado o levantamento de artigos científicos na BVS (Biblioteca Virtual de Saúde), nas bases de dados da Lilacs (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde): realizando leitura de resumos dos artigos encontrados no Scielo (Scientific Electronic Library Online) e BDENF (Base de Dados de Enfermagem), e na base Medline (Medical Literature Analysis and Retrieval System Online), utilizando como descritores: comunicação, enfermagem, má notícia, UTI, cuidados paliativos, relações familiares e segurança do paciente, com operadores boleanos “and” e “e” onde nova busca foi realizada com cruzamento das palavras encontradas. Após refinamento dos trabalhos científicos encontrados, selecionou-se 20 artigos, como critérios de inclusão os mesmos deveriam estar, em português, inglês e espanhol, práticas baseadas em evidências e gratuitos. Estes foram selecionados por meio de análise de conteúdo através de leitura sistemática e síntese.

 

Fluxograma (Recomendação PRISMA)

 

SÍNTESE DAS EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS
Diante da pesquisa apresentada, foi realizada uma análise, e consequentemente uma leitura criteriosa, buscando alcançar o objetivo proposto da pesquisa.

De acordo com a pesquisa realizada as bases que apresentaram melhores resultados: BVS (Scielo, BDENF e Lilacs), consultando periódicos entre os anos de 2010 e 2015, sendo os anos de 2012 e 2014 os que mais publicaram. Na base Medline foram encontrados 79 pesquisas, porém bloqueados e não relacionados á temática.

A seleção foi feita por meio de leitura de títulos e resumos, definindo critérios de inclusão e exclusão durante a pesquisa, período (últimos 5 anos), população alvo (adulto-idoso), cenário (terapia intensiva e segurança do paciente), intervenções, método de pesquisa, idioma e tipo de estudo. Não foram encontrados artigos com descritor: “deterioração”, que se enquadrasse no foco de pesquisa conforme o titulo já estabelecido.

Dentre eles, foram selecionados 18 artigos nacionais, 02 artigos internacionais, que trataram a comunicação da equipe de enfermagem com o paciente em estado de deterioração clinica e o processo de comunicação, como algo delicado a ser abordado, devendo ser trabalhado de forma multiprofissional, no aspecto do relacionamento interpessoal.

Considerando o grau de recomendação dos estudos: 01 A, 18 B e 01 C nível de evidência 2A (01), 1B (02), 2B (11), 3B (05), e 2C (01). Os resultados foram apresentados através da tabela de Oxford, indicando o nível de evidência, com informações resumidas sobre a análise dos 20 artigos encontrados.

 

RESULTADOS

Tabela de resultados, segundo os níveis de evidências do centro de Oxford.


Autor(es), Data e País

Objetivo da Pesquisa

Força de Evidência

Tipo de Estudo e Instrumentos

Principais Achados

Conclusões do Autor

BRITO FM, de et al. Comunicação na iminência da morte: percepções e estratégia adotada para humanizar o cuidar em enfermagem. Esc. Anna Nery  2014.

Comunicação dos enfermeiros e estratégias.

1B

Estudo de campo com abordagem qualitativa.

Valorização da comunicação na prática.

Valorização da comunicação como estratégia na prática.

ANDRADE CG, de et al. Comunicação de notícias difíceis para pacientes sem possibilidade de cura e familiares: atuação do enfermeiro. Rev.Enf.UERJ  2014.

Comunicação do enfermeiros ao paciente sem possiblidade de cura e seus familiares.

2B

Trata-se de uma pesquisa descritiva, de natureza qualitativa.

Papel essencial do enfermeiro na comunicação de más notícias.

Comunicação como estratégia, para respaldo das técnicas do enfermeiro.

SOUZA RFF, et.al Estudo exploratório das iniciativas acerca da segurança do paciente em hospitais do Rio de Janeiro
Ver. Enf. UERJ 2014.

Iniciativas para garantir a segurança do paciente.

3B

Estudo exploratório, quantitativo.

Atividades para educação continuada.

Falta de investimentos e ações voltadas a educação continuada,.

OLIVEIRA RM, et al. Estratégias para promover segurança do paciente: da identificação dos riscos às práticas baseadas em evidências. Esc. Anna Nery  2014.

Estratégias para promover a segurança do paciente.

2B

Estudo descritivo, com abordagem qualitativa.

Riscos físicos/químicos, clínicos, assistenciais e institucionais, que implicam na segurança do paciente.

Participação dos profissionais na gestão compartilhada implantação: da cultura de segurança.

PUGGINA AC, et al. Percepção da comunicação, satisfação e necessidades dos
familiares em Unidade de Terapia Intensiva Esc. Anna Nery  2014.

Relação entre enfermagem e família na uti

3B

Estudo descritivo
e transversal quantitativo

Construção de vínculos entre enfermagem e a família.

Ampliação e qualificação do profissional enfermeiro.

FERNANDES MA, et al. Percepção dos enfermeiros sobre o significado dos cuidados paliativos em pacientes com câncer terminal. Ciênc. saúde coletiva 2013.

Percepção do enfermeiro diante do paciente com câncer sob cuidados paliativos.

2B

Estudo exploratório, com abordagem qualitativa.

Qualidade de vida,alivio da dor e sofrimento.

Comunicação como elemento essencial do cuidar para paciente e família.

SILVA CF, da et al. Concepções da equipe multiprofissional sobre a implementação dos cuidados paliativos na unidade de terapia intensiva. Ciênc. saúde coletiva  2013.

Implementação de cuidados paliativos em uma UTI adulto.

2B

Exploratório descritivo abordagem qualitativa.

A criação de protocolos como guia na comunicação de más notícias.

Protocolos como guia, promovendo conforto a assistência paliativista, ao núcleo familiar e comunicação efetiva entre profissionais.

POTT FS, et.al Medidas de conforto e comunicação nas ações de cuidado de enfermagem ao paciente crítico. Rev. bras. Enferm 2013.

Analisar as ações de cuidado na UTI conforto e comunicação.

3B

Estudo descritivo, de abordagem quantitativa.

As medidas de conforto e comunicação, um discurso ideal, porém distante da realidade.

Estratégias, com o intuito de proporcionar uma prática de enfermagem mais humana.

SLATORE CG, et.al Communication by
nurses in the intensive
care unit: qualitative
analysis of domains of
patient-centered care AJCC  2012.

Comunicação do Enfermeiros.

2C

Observacional etnográfica numa uti.

Enfermeiro como tradutor de informações.

Comunicação no cuidado centrado no paciente..

SOUZA RAP, et.al a complex care: communicating bad news in oncology. Rev de Pesquisa: Cuidado é Fundamental 2012.

Comunicação de má noticia em oncologia

2A

Pesquisa bibliográfica de abordagem qualitativa.

Falta de capacitação, protocolo de SPIKES

Foco nas necessidades do paciente.

GONCALVES LA, et al. Alocação da equipe de enfermagem e ocorrência de eventos adversos/incidentes em unidade de terapia intensiva. Rev. esc. enferm. USP 2012.

Adequação da equipe de enfermagem e horas de cuidado

1B

Pesquisa observacional, descritiva e prospectiva.

Dimensionamento adequado da equipe de enfermagem para melhor assistência.

Quanto maior as horas disponíveis e requeridas de cuidado da enfermagem, menor a frequência de EA/I.

BORGES MS, et al. A Comunicação da má notícia na visão dos profissionais de saúde.Tempus Actas de Saúde Coletiva 2012.

Profissionais de saúde e a comunicação de más notícias.

2B

Pesquisa qualitativa exploratória.

Ambiente privativo, seguro e durante a comunicação.

Implantação de um protocolo para esse tipo de comunicação, buscando cuidado integral e humanizado.

BROCA PV, et.al Equipe de enfermagem e comunicação: contribuições para o cuidado de enfermagem. Rev. Bras. Enferm 2012.

Comunicação na equipe de enfermagem.

2B

Estudo qualitativo e descritivo.

Comunicação  como de entendimento entre as pessoas e um instrumento para transmitir informações.

Otimização do cuidado, interação humana; reconhecimento profissional;  entendimento do outro.

PROCHET TC,  et.al Percepção do idoso dos comportamentos afetivos expressos pela equipe de enfermagem. Esc. Anna Nery  2011.

Percepção do idoso hospitalizado.

3B

Estudo quantitativo, transversal e de campo.

Efetividade da comunicação verbal.

Comunicação verbal, demonstração de sinceridade.

PINTO MH, et al. O cuidado de enfermagem ao paciente oncológico fora de possibilidade de cura: percepção de um grupo de profissionais. Cogitare Enfermagem 2011.

Profissional de enfermagem no cuidado ao paciente oncológico.

2B

Estudo de abordagem qualitativa.

O despreparo dos profissionais para o cuidado emocional.

Despreparo profissional, não e usado como segurança do paciente.

SALES CA, et.al A música na terminalidade humana: concepções dos familiares. Rev. esc. enferm. USP 2011.

Influência das vivências musicais na saúde física e mental.

2B

Pesquisa qualitativa e utilizou a estratégia metodológica do estudo de múltiplos casos.

A utilização da música no bem-estar aos pacientes e cuidadores.

Música no bem-estar e conforto. Escolha do repertório e apreciação pessoal.

SAIOTE ,et.al. A partilha de informação com familiares em unidade de tratamento intensivo: importância atribuída por enfermeiros. Cogitare Enferm 2011.

Partilha de informações entre o enfermeiro e a família.

3B

Estudo exploratório e descritivo.

Os profissionais justificam a fuga à comunicação com o excesso de trabalho e a falta de tempo.

Os enfermeiros ignorama comunicação, predominando atividades tecnicistas valorizadas pela profissão.

QUES ÁAM, et.al  Fortalezas e ameaças em torno da segurança do paciente segundo a opinião dos profissionais de enfermagem. Rev. Latino-Am. Enfermagem 2010.

Barreiras e oportunidades que os profissionais de enfermagem detectam na prática.

2B

Estudo
qualitativa.

Falta de comunicação e segurança.

Segurança e papel do enfermeiro.

RODRIGUES MVC, et.al Comunicação da enfermeira com pacientes portadores de câncer fora de possibilidade de cura Rev. Enferm. UERJ 2010.

Comunicação com paciente fora de possibilidades de cura.

2B

Estudo qualitativo.

Comunicação e através de palavras, gestos e toques.

Segurança do paciente, e dificuldade de comunicação da enfermagem.

OLIVEIRA AC,  et.al Autonomia em cuidados paliativos: conceitos e percepções de uma equipe de saúde. Acta paul. enferm. 2010

Autonomia do paciente sem possibilidade de cura.

2B

Estudo exploratório descritivo com abordagem qualitativa.

Compreensão da autonomia e reação do profissional.

Autonomia e essencial a terapêutica destes pacientes.

 

DISCUSSÃO

O Impacto da comunicação da deterioração clínica pelo profissional enfermeiro tem sido considerado uma das práticas mais difíceis no ambiente hospitalar, com isso o instante da comunicação da piora clinica, seja por um diagnóstico de doença ou deterioração do estado clínico de saúde, pode representar, o começo de uma série de mudanças negativas na vida do paciente e de sua família(10).

A comunicação em uma unidade de terapia intensiva, seja verbal ou não-verbal torna-se um instrumento para a promoção de um cuidado humanizado, destacando-se por promover um cuidado emocional, se tornando uma habilidade, de captar o imperceptível, que exige elevado nível de sensibilidade em relação a comunicação não-verbal, indicando ao profissional enfermeiro, suas necessidades individuais, constituindo um componente vital, intrínseco e necessário(9,11). Pensando nisso, os dados encontrados na pesquisa foram divididos em três categorias: I – Percepção e meios de comunicação do enfermeiro frente ao paciente com deterioração clínica na unidade de terapia intensiva, II – Estratégias para boas práticas acerca de segurança do paciente na unidade de terapia intensiva e III – Utilização do protocolo de SPIKES pelo Enfermeiro como instrumento na unidade de terapia intensiva (10,12).

Categoria I - Percepção e meios de comunicação do enfermeiro frente ao paciente com deterioração clínica na unidade de terapia intensiva.
Na Enfermagem, para um cuidado humanizado e individualizado ao paciente em terapia intensiva, sem possibilidade de cura, é necessário utilizar mais do que conhecimentos científicos, é preciso estabelecer um vínculo no qual o enfermeiro esteja disposto a ouvir o paciente e a família e informando sobre o tratamento e estado geral de saúde, colaborando para um cuidado integral ao indivíduo e de sua família(11).

A Responsabilidade do enfermeiro em estabelecer, a comunicação verbal como plano de cuidado aos pacientes na terapia intensiva, no certame de proporcionar apoio, segurança e confiança, transmitindo desta forma, força e esperança no processo de terminalidade, mesmo quando estes pacientes se encontram inconscientes e sedados, sendo então a estratégia não-verbal, como o contato físico, evidenciado pelo toque, a expressão facial, postura corporal e aparência física adequada, meios de transmitir uma mensagem marcada no reconhecimento do aspecto emocional do indivíduo, formando assim um vínculo entre paciente, família  e profissional de saúde(11,13,22).

É importante lembrar, que o paciente tem o direito de saber seu estado clínico, a omissão de informações, podem ocorrer na pretensão de minimizar o sofrimento do paciente ou de seus familiares, porém há consequências que prejudicaram a relação profissional-paciente/, por isso é necessário conhecer o familiar, demonstrar empatia e oferecer apoio e conforto, emergindo a confiança em alguém que poderá cuidar dele. Por isso é vital o enfermeiro compreender o paciente em sua singularidade, e assim comunicar a deterioração de seu estado clínico, de forma clara e direta, com um tom de voz suave, pausado e linguagem franca (2,14).

Categoria II – Estratégias para boas práticas acerca de segurança do paciente na unidade de terapia intensiva.
No tocante deste estudo, não há como deixar de enfatizar a promoção da segurança e da qualidade na assistência a saúde, pois são crescentes as iniciativas em prol da assistência segura, acerca do paciente no ambiente hospitalar. Levando em consideração a assistência de enfermagem os erros mais comuns estão: a administração de medicamentos, transferência de pacientes, no trabalho em equipe e comunicação, troca de informações e na ocorrência de quedas e úlceras por pressão, e isso se deve frequentemente a demanda excessiva de pacientes, limitações de infra estrutura física, e solicitações de informações de pacientes e familiares carentes de informação(15,16).

Uma estratégia desenvolvida por alguns gestores está na educação permanente destes profissionais que estão por um período maior de tempo assistindo o paciente, porém é necessário monitorar os eventos adversos e gerenciamento de risco, através da implementação nas unidades de terapia intensiva do protocolo de segurança do paciente(16).

Nesse aspecto, a pesquisa reforça que o profissional enfermeiro é o principal responsável por agregar a prática segura e de indicadores de qualidade, realizando o cuidado certo, de maneira certa, para a pessoa certa, a fim de atingir melhores resultados possíveis, acerca qualidade da assistência(16,17,18).

Categoria III – Utilização do protocolo de SPIKES pelo Enfermeiro como instrumento na unidade de terapia intensiva.
Como estratégia para facilitar a comunicação de más notícias está a utilização do protocolo de SPIKES que estabelece um método para uma comunicação eficiente em seis passos: Setting Up (preparando-se para o encontro e o espaço físico para o evento), Perception (percebendo o ambiente) antes de fornecer as informações seja para o paciente ou familiar, sugere-se a utilização de perguntas amplas, que devem possibilitar um ambiente de possível nitidez de como o paciente percebe a sua situação, Invitation (convidando para o diálogo) procurar saber o quanto o paciente/família deseja saber sobre sua condição clínica, Knowledge (transmitindo as informações) avaliar a compreensão do paciente/familiar, Emotions (expressando emoções) observar emoções do paciente ao lhe revelar o plano terapêutico sem falsas expectativas(4,9,10,12).

Nessa perspectiva, tal aptidão de comunicação por parte do profissional enfermeiro deve ser treinada, pois a enfermagem está ligada diretamente com o paciente e é passível de dar más notícias, desenvolvendo habilidades e estratégias de comunicação, ressaltando que comunicar notícias difíceis não deve ser uma atribuição exclusiva dos médicos, mas também dos enfermeiros, desta maneira ao comunicar a piora clinica, o enfermeiro não deve se esquecer que estão diante de um paciente ou familiar que experimenta o impacto de saber que está com uma doença ameaçadora da vida(10,12,19).

Vale ressaltar que a espiritualidade está relacionada a um conjunto de princípios íntimos que estimula a vida, produzindo uma maneira de resistir a sentimentos de frustração, raiva e ansiedade, recuperando a qualidade de vida do paciente ou de seu familiar. A música é uma forma de minimizar o sofrimento, já que o confinamento, restrição ao leito, ruídos, monotonia, acabam aumentando a angústia de quem a vive. Nesse contexto, a enfermagem pode utilizar este recurso como método para um cuidado singular e humanizado, proporcionando bem-estar. Assim salienta-se a importância de se avançar nas pesquisas, a respeito do processo de comunicação da deterioração clínica, principalmente nos pacientes sem possibilidade de cura (20,21).

 

CONCLUSÃO

É possível constatar com a revisão deste estudo, que perdura ainda uma barreira, no desenvolvimento de habilidades comunicacionais de piora clínica, pelo enfermeiro que atua na unidade de terapia intensiva, neste contexto o profissional enfermeiro, nos cuidados de pacientes graves a comunicação seja verbal ou não-verbal é o caminho para está difícil tarefa  e algo  que precisa ser estudado  e melhorado.

A utilização do protocolo de SPIKES cria uma possibilidade tangível, favorecendo de forma estratégica a habilidade do enfermeiro em se comunicar e capacitando o mesmo, que está distante e envolvido nas práticas tecnicistas, priorizando então a relação humana.

Evidencia-se que o paciente em estado de deterioração clínica em terapia intensiva precisam de um atendimento humanizado que englobe não só o paciente bem como as suas famílias. Nesse contexto, cabe aos profissionais a introdução de boas práticas, efetivando o cuidado de enfermagem, permeando assim a cultura de segurança entre os profissionais e promovendo ações de educação permanente, adequação da estrutura física, recursos humanos e organizacional em qualidade e quantidade, incentivando o trabalho em equipe, sendo a comunicação um instrumento primordial.

Assim, verifica-se a importância da atuação do enfermeiro no tocante da comunicação para um cuidado diferenciado, humanizado, de qualidade e efetivo, fornecendo suporte diante de momentos difíceis da vida, desenvolvendo uma relação interpessoal, onde é expressado preocupação com a vida do paciente e a experiência dolorosa enfrentada pela família.

Desse modo, espera-se que este estudo possibilite a relevância da comunicação de más notícias na terapia intensiva pelo profissional enfermeiro, já que seu papel é essencial na integralidade do cuidado, sendo a comunicação de suma importância na tarefa do cuidar. Este artigo não pretende esgotar esse assunto, é necessário a realização de mais pesquisas, considerando que foram escassos os artigos relacionados a comunicação do profissional enfermeiro, já que este profissional da área de saúde e suas ações  estão focadas nas necessidades do paciente, da equipe e da família.

 

REFERÊNCIAS

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