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REVIEW ARTICLES

 

 

Fires prevention: sistematic review of the literature

 

Prevenção de incêndios: revisão sistematizada de literatura



Pâmela Nunes de Andrade1, Isabel Cristina Fonseca da Cruz1

1Univerisadade Federal Fluminense

 


ABSTRACT
Objective: Analyze published articles that answer through research literature the following clinical question: For Fire Prevention in Health Relief Establishments.
Method: Literature review in national and international nursing journals in the scientific search period August to December 2015, articles published in 2010 to 2015. The following databases were used: Scientific Electronic Library Online (SciELO). National Agency for Sanitary Surveillance (ANVISA). Latin literature - American and Caribbean Health Sciences (LILACS).
Results: Nursing and Continuing Education in Health have an important relation because it consists in an interpersonal relationship, including realities that have been experienced by professionals, discussing the situation, and proposing a confrontation for these situations. 
Conclusion: The purpose of this study allowed us to identify key risks and patient safety in ICUs, thereby, it is understood that it is necessary to know these risks, then we, health professionals, we must inform when there is a problem in the hospital'scare processes. We must observe better the daily life of the hospital and mut report failures in these processes. These attitudes are part of the World movement of patient safety.
Keywords: Fires; Patient Care; Prevention and Protection.


RESUMO
Objetivo: Analisar artigos publicados que respondam por meio de pesquisas de literatura a pergunta clínica: para prevenção de incêndios em estabelecimentos assistenciais de saúde.
Método: Revisão bibliográfica nos periódicos de enfermagem nacionais e internacionais no período de busca científica de agosto a dezembro de 2015, em artigos publicados de 2010 a 2015. Foram utilizadas as seguintes bases de dados: Scientific Eletronic Library Online (Scielo), Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), Literatura Latino – American e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS).
Resultados: A Enfermagem e a Educação Permanente em Saúde possuem uma relação importante, pois consiste em uma relação interpessoal, incluindo realidades que já foram vividas pelos profissionais problematizando essa situação e propondo um enfrentamento para essas situações.
Conclusão: A proposta do presente estudo nos permitiu identificar os principais riscos e a segurança do paciente em UTI. Desse modo, compreende-se que é necessário conhecer riscos, tais como má utilização de aparelhos médicos e dispositivos, entre outros aparatos do ambiente hospitalar que podem acarretar incêndios. Nós, profissionais de saúde, devemos informar quando há um problema nos processos assistenciais do hospital, ou seja, devemos observar melhor as situações do dia-a-dia e notificar falhas nesses processos. Essas atitudes fazem parte do Movimento Mundial da Segurança do Paciente.
Palavras-chaves: Incêndios; Assistência ao Paciente; Prevenção e Proteção contra Incêndios.


 

INTRODUÇÃO

A unidade de tratamento intensivo (UTI) é um ambiente no qual os pacientes graves recebem cuidados que objetivam os atendimentos dos aspectos físicos/orgânicos/biológicos como controle e manutenção das funções vitais, com ênfase no uso de tecnologias e aplicação de conhecimento técnico-científico, visando à manutenção da vida(1).

No âmbito da terapia intensiva, considerando a complexidade desse setor, tendo em vista as constantes alterações hemodinâmicas e o iminente risco de morte – que exigem dos profissionais cuidados complexos, atenção ininterrupta e tomada de decisões imediatas –, o número adequado de profissionais é premissa indispensável para o cuidado seguro, sendo responsabilidade institucional prover condições favoráveis de recursos humanos nas unidades. Com base nessas premissas, a adequação quantitativa de profissionais, segundo as necessidades dos pacientes, pode possibilitar não só menor risco aos pacientes como, também, menor incidência de agravos à saúde dos trabalhadores(2).

Diante do exposto, no ambiente de UTI, o paciente fica particularmente vulnerável a complicações em razão das características e rotinas desse espaço. Dessa forma, pacientes estão sujeitos a diversos riscos como: erros médicos, erros de medicação, infecções relacionadas à assistência à saúde e possíveis agravos decorrentes a incêndios que podem vir a ocorrer por uso inapropriado de materiais médicos entre outros aspectos de dispositivos utilizados no cotidiano da UTI(3).

Nesse contexto, devido ao surgimento de estudos epidemiológicos, a conscientização sobre a segurança dos pacientes aumentou de maneira significativa nos últimos anos, e numerosos esforços têm sido realizados em um único centro ou em múltiplos centros para melhorar a segurança(4).

Alinhando-se com esse movimento, foi criada, no Brasil, a Portaria Nº 529, de 1º de abril de 2013 (DOU de 02/04/2013), que institui o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP)5. No entanto, pode-se definir a segurança do paciente conforme conceito chave: reduzir a um mínimo aceitável o risco de dano desnecessário associado ao cuidado da saúde. Estima-se que 195.000 mortes/ano são causadas por incêndios no mundo, e a grande maioria ocorre em países de baixa renda. Isso leva a grandes agravos, tais como a queimadura, que é um grande problema da saúde pública brasileira por causar elevado número de mortes todos os anos, além de provocar sequelas físicas e psicológicas que marcam suas vítimas.

Portanto, considerando os dados disponíveis no Brasil e estabelecendo-se um paralelo simplista com as estatísticas norte-americanas no tocante ao percentual de ocorrências em EAS, ou seja, 12% do total de ocorrências, pode-se considerar que os incêndios em estabelecimentos assistenciais de saúde no Brasil podem representar 3.200 ocorrências ao ano, ou cerca de 270 incêndios ao mês.

Assim, cada nova intervenção arquitetônica deve ser aproveitada para aprimorar o sistema de segurança contra incêndio existente num processo de melhoria contínua.

O objeto de estudo se dá por processo sistematizado de literatura científica que trouxe evidências sobre ações de prevenção e controle de incêndios a fim de subsidiar a construção de um protocolo clínico para cliente de alta complexidade. A seguinte pergunta clínica norteadora da pesquisa foi definida: quais são os principais riscos de incêndio ou princípios associados aos cuidados a que estão sujeitos os pacientes internados em UTI?

 

MÉTODO

Quadro 1 – Estratégia PICO, Niterói, 2015.

ACRÔNIMO / DEFINIÇÃO

DESCRIÇÃO

 

P

Paciente ou diagnóstico de Enfermagem

Pacientes internados em UTI que sofreram quaisquer lesões por meio de exposição a incêndios.

 

I

 

Prescrição

Realizar avaliação sistemática das manifestações clínicas agudas nos pacientes em UTI expostos a incêndios.

C

Controle ou comparação

Em relação à equipe de Enfermagem que recebe todas as informações por meio de educação permanente com as que não receberam treinamento adequado.

O

Resultado

Controle na prevenção de incêndios e na prestação de assistência a vítimas expostas a incêndios.

           


METODOLOGIA

O presente estudo foi realizado por meio de pesquisa bibliográfica computadorizada via internet, e consiste, principalmente, no levantamento e na análise crítica de dados, tendo por base evidências científicas encontradas nos periódicos de Enfermagem nacionais e internacionais. A pesquisa se delimita no período de outubro a dezembro de 2015. Foram utilizadas as seguintes bases: Scientific Eletronic Library Online (Scielo), Literatura Latino-American e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), utilizando os termos de busca (descritores / Keywords): Incêndios / Fires, Assistência Paciente / Patient Care, Prevenção e Proteção Contra Incêndios / Fire Prevention and Protection.

Foram utilizados os critérios de inclusão: artigos científicos publicados no período de 2010 a 2015 desde que escritos nos idiomas português e inglês em periódicos de Enfermagem e realizados por enfermeiros tendo como foco primordial artigos que abordassem informações sobre o tema Segurança do Paciente Crítico relacionado à Prevenção de Incêndios, bem como os seus efeitos colaterais decorrentes. Para a busca bibliográfica das evidências, foi utilizada uma combinação dos componentes da estratégia PICO: (P) and adulto e internado em UTI (Unidade de Terapia Intensiva) (I) and Incêndios (C) and (O) Prevenção e Proteção Contra Incêndios.

 

RESULTADOS

Foram identificados 42 artigos publicados até 2010 que investigaram a ocorrência de incêndios. Desses artigos, foram incluídos os que apresentaram evidência com ações de prevenção e controle de incêndios. Todos os vinte artigos incluídos na revisão foram indexados da base de dados MEDLINE / LILACS e SciELO. A figura 1 representa o fluxograma da seleção de estudos inclusos. Como critérios de exclusão, consideraram-se os artigos em duplicidade e os que não forneceram texto completo.

 

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Figura 1

Os resultados foram construídos a partir de vinte periódicos selecionados para análise, classificados conforme a força de evidência, seguidos como referência à escala de Oxford, e destacadas suas principais informações de acordo com o quadro 2.

 

Quadro 2 – Publicações localizadas nas bases de dados. Niterói, 2015.


Autor(es), ano e país

Objetivo da pesquisa

Força de evidência

Tipo do estudo & instrumento

Principais achados

Conclusões do autor

Lopes ACS . 2007. Brasil.¹²

Proporcionar, por meio de investigação, quais as principais atitudes para permear o aumento da adesão dos membros envolvidos na assistência para reduzir os índices de acidentes.

III B

Descritivo

Necessidade primordial de treinamento.

Manter a equipe em capacitação constante.

David de ACE . 2012. Brasil.36

Analisar os possíveis eventos adversos.

III B

Prospectivo

Conhecer os setores e possíveis intercorrências.

Manter educação permanente.

Baggio, MP. 2011. Brasil.¹

Identificar quais fatores que interferiram na perda de privacidade na UTI.

III A

Descritivo

Falta de privacidade aos clientes.

Falta de
Educação
Continuada.

Padilha EFM. 2011. Brasil.6

Analisar quais fatores estão contribuindo para a ocorrência de eventos adversos com perda de qualidade na assistência.

I A

Descritivo

Oxigenação

Ventilação

Atividade Física

Falta de
Educação
Continuada.

Gonçalves LA . 2012. Brasil.²

Analisar as bases de ocorrência de incidentes para atuar na base do problema.

II B

Descritivo e Prospectivo

Eventos adversos

Falta de
Educação
Continuada.

Gouvêa CSD. 2010. Brasil.³

Reduzir a prevalência de incêndios incidentes.

II A

Descritivo

Eventos adversos

Falta de Educação Continuada.

Camuci MB . 2014. Brasil. 7

Reduzir Incidentes principalmente os associados a causas evitáveis

III A

Descritivo

Pacientes queimados

Falta de Educação Continuada.

Franco MMC et al. 2014. Cuba.8

Analisar quais os materiais utilizados na assistência acarretaram tal complicação.

III B

Descritivo

Ventilação mecânica

Lesão térmica

Necessidade de saber atuar em determinadas situações, bem como manipular alarmes e sua usabilidade com os aparelhos intensivos.

Almeida CED. 2015. Brasil.9

Analisar a utilização correta de insumos afins utilizados no setor.

IV C

Descritivo

Eventos adversos

Falta de Educação Continuada.

Fernandes Walter. 2015. Brasil.10

Analisar a educação permanente entre as equipes do hospital.

II C

Descritivo

Eventos adversos

Falta de Educação Continuada.

Salvador RSP. 2013. Brasil.11

Avaliar a capacidade de tomada de decisão e estratégias pela equipe.

III B

Descritivo

Eventos Adversos

Jornada
excessiva
de trabalho da
Enfermagem.

Andrade FVS . 2013. Brasil.12

Avaliar a prevalência de incidentes à exposição a materiais tóxicos aos pulmões.

II C

Descritivo

Eventos adversos

Falta de
integração dos
diversos níveis
hierárquicos.

Carmo CN, 2013. Brasil. 13

Avaliar relação entre incêndios e ambiente.

II C

Descritivo

Eventos adversos

Falta de
Integração dos
diversos níveis
hierárquicos.

Coelho JF. 2012. Brasil.14

Analisar a carga horária e possível causa de eventos
adversos evitáveis.

III A

Descritivo

Eventos adversos

Jornada
excessiva
de trabalho da
Enfermagem.

Lima EP. 2013. Brasil.15

Analisar a carga horária relacionada à incidência de eventos adversos.

III B

Descritivo

Eventos adversos

Jornada
excessiva
de trabalho da
Enfermagem.

Capucho HC. 2013. Brasil.27

Reduzir
incidentes.

II B

Descritivo

Eventos adversos

Jornada
excessiva
de trabalho da
Enfermagem.

Parker EM. 2013. Reino Unido.17

Reduzir
incidentes.

III B

Descritivo

Eventos adversos

Falta de comprometimento dos níveis hierárquicos.

Duarte SCM. 2015. Brasil.33

Reduzir
incidentes.
Buscar métodos para identificar os riscos de incêndio.

III B

Descritivo

Compreensão quanto à motivação dos profissionais de Enfermagem para a notificação de eventos adversos.

A notificação dos eventos adversos é um instrumento de auxílio à gestão da assistência.

Griffiths. 2014. Reino Unido.34

Reduzir
Incidentes.
Análise junto à equipe. Quais as maiores prevalências de eventos adversos.

III B

Descritivo

Análise de causa raiz dos incidentes relacionados aos cuidados de enfermagem.

Pontos vulneráveis do sistema podem levar à ocorrência de eventos adversos e à análise de causa raiz poderá identificar esses pontos.

Mikaela R. 2013. Reino Unido.35

Reduzir
Incidentes.
Efetividade dos treinamentos aos profissionais.

III B

Descritivo

Percepção da equipe de Enfermagem frente às ocorrências vivenciadas.

Os profissionais percebem a gravidade do fato, comunicam as ocorrências à equipe e assumem as responsabilidades.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

DISCUSSÃO

No presente estudo, a busca eletrônica inicial identificou 42 artigos sobre o tema. Após a leitura dos títulos, foram selecionados trinta artigos para leitura dos resumos e, finalmente, vinte artigos foram incluídos nesta pesquisa para análise. Os artigos selecionados são apresentados no quadro 2, no qual são destacadas suas principais características.

Reconhecendo a magnitude do problema da segurança do paciente no âmbito global, o Ministério da Saúde constituiu, na portaria MS/GM Nº 529/2013, um conjunto de protocolos básicos para construir uma prática assistencial segura. São componentes obrigatórios dos planos (locais) de segurança do paciente de estabelecimentos de saúde a que se refere à RDC N° 36, de 25 de julho de 2013(5).

Na UTI, pacientes que requerem cuidados intensivos são considerados de risco em consequências de mínimas falhas que podem gerar graves consequências aos pacientes e à equipe em razão das suas características e rotinas muitas vezes rígidas e inflexíveis(6).

Para Brasil (2014), os fatores contribuintes são circunstâncias, ações ou influências que desempenham um papel na origem ou no desenvolvimento de um incidente ou no aumento do risco de incidente, os quais devem ser alvos de atenção. Os fatores podem ser:
I. Humanos – relacionados ao profissional.
II. Sistêmico – relacionados ao ambiente de trabalho.
III. Externos – relacionados a fatores fora da governabilidade do gestor.
IV. Relacionados ao paciente. Exemplo: não adesão ao tratamento(7).

Considerando a complexidade da assistência em UTI, o presente trabalho se justifica por permitir conhecer os principais riscos acometidos aos pacientes criticamente enfermos. Contudo, diversos são os fatores de risco que afetam nossos pacientes, tais como: infecções, formação de úlcera por pressão, quedas, erros de medicações, erros médicos, processos cirúrgicos podendo acarretar em incêndio hospitalar, bem como a má manipulação de equipamentos, condições de trabalho do pessoal de enfermagem(8).

É importante ressaltar que o grau de complexidade que o cuidado de saúde atingiu não deixa mais espaço para uma gestão de saúde não profissionalizada. Os descompassos entre os estabelecimentos de saúde inadequadamente geridos e a necessidade de lidar profissionalmente com organizações que operam em condições de alto risco tendem a provocar crises e riscos cada vez mais frequentes, ressalta a RDC 307, de 14 de novembro de 2002(9).

Assim, define-se incêndio como sendo o fogo disseminando-se de forma descontrolada no tempo e no espaço (ISSO 8421-1), causando danos e prejuízo à vida, ao patrimônio e ao meio ambiente.

A ANVISA ressalta que, de acordo com a Segurança contra Incêndio em Estabelecimentos Assistenciais de Saúde (2014), a transmissão de calor (ou energia) durante o incêndio se dá por condução, convecção e radiação e, assim, influencia a manutenção, o crescimento, a velocidade do fogo (tempo de queima) incêndio e a propagação do próprio(10).

Ressalta-se, também, que o preparo para resposta em situação de emergência através do efeito treinamento contínuo (simulados) do plano de intervenção de incêndio e a prática do plano de abandono de uma edificação são certamente os grandes responsáveis por minimizar o número de vítimas na eventualidade de um sinistro.

A brigada de incêndio, por exemplo, é basicamente um grupo organizado de pessoas que são especialmente capacitadas para atuar, numa área previamente estabelecida, na prevenção, abandono e combate a um princípio de incêndio, e que, também, estejam aptas a prestar os primeiros socorros às possíveis vítimas. Devem ser pessoas da própria empresa, gozar de boa saúde, boa condição física e conhecer as instalações, treinados a identificar situações de emergência, acionar alarme e corpo de bombeiros, realizar primeiros socorros, controlar pânico, guiar a saída de pessoas para abandono de área e combater princípios de incêndio.

A determinação precisa da classe do combustível envolvida determinará que técnicas de combate devem ser empregadas, bem como qual agente extintor e a forma de emprego correta a ser utilizada, conforme regulamenta a NBR 14276, de 29 de dezembro de 2006(11).

Segundo a grande maioria dos artigos, os eventos eram passíveis de previsão, em que se necessita existir uma assídua atividade de educação permanente, que é um mecanismo capaz de qualificar o profissional – representando, assim, uma mudança importante e eficaz nos aspectos relacionados à aprendizagem, trazendo às atividades cotidianas um olhar crítico, incentivando mudanças nas estratégias educativas, e colocando o profissional para atuar no próprio processo de aprendizado(12).

A Educação Permanente em Saúde (EPS) foi implantada como política nacional para formação e desenvolvimento de trabalhadores da saúde, tendo em vista a articulação entre as possibilidades de desenvolver a educação dos profissionais e a ampliação da capacidade resolutiva dos serviços de saúde, propondo que a capacitação dos trabalhadores tome como referências as necessidades e as vivências do dia-a-dia(13).

EPS é, portanto, um processo de formação no qual se cria uma inquietação com o cotidiano, estabelecendo uma problemática no ambiente de trabalho. A transformação do processo de trabalho em saúde deve ser norteada pela Educação Permanente, visando a melhoria da qualidade dos serviços, a equidade no cuidado e o acesso ao serviço de saúde. Trata-se de uma abordagem que destaca a força das relações no trabalho em saúde a partir da interação, implicação e compromisso com a produção de si e do mundo.

A educação no qual o professor era detentor do conhecimento e transmitia ao aluno, de maneira não democrática, através de um mecanismo de imposição, oprimindo através da própria educação, era um modelo no qual o país estava inserido, e que necessitava de uma reformulação não apenas na educação, mas social e cultural(15).

Existia uma manipulação elitista que, através da educação, mantinha um mecanismo de conquista social, seja ele de maneira mais rígida e repressora ou de um modo mais simples e leve, mantendo a maioria popular sobre o domínio da minoria de elite, através da manipulação, necessitando da ausência de senso crítico para realizar tal ato(16).

Para realizar uma mudança dessa cultura que estava alicerçada nos pilares da nossa sociedade era necessária uma postura capaz de romper com o tradicional, agindo de maneira a fazer com que o educando fosse apto a pensar e agir criticamente, sendo isso o que é preconizado para a Educação Permanente(12).

Freire 15 não abre mão da pessoa do educador, como forma de liderança. Mesmo que em uma visão democrática e com aspectos dialógicos, necessita-se desse individuo como um mediador que vai organizar o conhecimento, e reconstruí-lo se necessário.

Destacam-se, nesse assunto, os objetivos das Diretrizes Curriculares, quando estas descrevem a importância dos cursos de graduação da área da saúde em formar profissionais com o perfil crítico, capazes de aprender a adquirir conhecimento, aprender a utilizar esse conhecimento adquirido na prática e, assim, tornar o aluno um indivíduo autônomo e com atitude mais humanística(16).

 

RESPOSTA BASEADA EM EVIDÊNCIA CIENTÍFICA
No que diz respeito à Liderança em Enfermagem, Amestoy ressalta que esta é um instrumento importante e indispensável e que deve ser valorizado pelo profissional Enfermeiro, utilizando-a como uma ferramenta gerencial desenvolvida dentro da academia e aperfeiçoada mais ainda no ambiente de trabalho.

Sudan e Corrêa abordam sobre a importância da Educação Permanente para o SUS e para o próprio profissional, pois a sua formação deve estar em aperfeiçoamento e atualização constantes. Os autores descrevem que a formação profissional é algo que está sempre em debate, e que se deve buscar sempre uma real atualização, necessitando de uma continuidade processual para que a qualidade dos serviços de saúde aumente. Sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de graduação em Enfermagem, eles ressaltam que a Educação Permanente é algo de importância imensurável, pois é necessário ao profissional Enfermeiro manter-se em contínua aprendizagem que irá repercutir através do processo educativo de outros profissionais no campo de trabalho. A EPS deve ser, portanto, valorizada na graduação(21).

É necessário, também, entender as competências que os profissionais necessitam ter, atribuindo-lhes aspectos de liderança e de Educação Permanente – descritos, nas Diretrizes Curriculares, como um fator de caráter importante perante a equipe multiprofissional. Assim, o profissional de saúde deve estar imbuído para visar o bem-estar dos clientes, o que envolve alguns atributos diferenciados, tais como empatia, compromisso, boa comunicação e habilidades para tomada de decisão(16)

Os profissionais atuantes na área da saúde necessitam de uma aprendizagem constante, sendo uma característica atribuída ao Enfermeiro buscar a Educação Permanente e um comprometimento com o treinamento/estágio das futuras gerações de profissionais. Estes devem buscar, sempre, uma interação do meio profissional com o meio acadêmico para que haja uma relação de parceria entre ambos, tendo em vista, através desse aspecto colaborativo, como resultado, o bem-estar coletivo(16).

A Enfermagem e a EPS possuem uma relação importante, pois se trata de uma relação interpessoal, incluindo realidades que já foram vividas pelos profissionais, problematizando e propondo um enfrentamento para essas situações.

Os projetos pedagógicos dos cursos de Enfermagem direcionados à Educação Permanente em Saúde necessitam ter uma organização capaz de potencializá-la e ampliá-la, criando dispositivos pedagógicos para incentivar o “pensar, aprender e conhecer”, relacionando-os com a atuação profissional.

 

CONCLUSÃO

A proposta do presente estudo permitiu identificar os principais riscos e a segurança do paciente em UTI, compreendendo-se que é necessário conhecer tais riscos. Nós, profissionais de saúde, devemos informar quando há um problema nos processos assistenciais do hospital, ou seja, devemos observar melhor as situações do dia-a-dia, e notificar falhas nesses processos. Essas atitudes fazem parte de um movimento mundial da segurança do paciente.

As inovações tecnológicas produzidas pela inteligência humana, embora signifiquem avanços, podem também gerar riscos à saúde quando não monitoradas de maneira adequada. Por isso, a qualidade do atendimento à população está intrinsecamente relacionada à monitorização desses riscos.

O estudo revela tais esforços representam grandes desafios mundiais na gestão em saúde para assegurar a cultura de segurança do paciente, principalmente na UTI em razão da complexidade assistencial.

Pode-se observar, através desta pesquisa, que, apesar do ambiente CTI ser altamente complexo, a assistência à saúde sempre envolverá riscos.

Esses riscos, porém, podem ser reduzidos quando analisados e combatidos, evitando que sejam possíveis causas de eventos adversos, buscando sua redução a um mínimo aceitável do risco de dano desnecessário associado ao cuidado de saúde. Essa atitude de identificação compartilhada dos riscos pode ser considerada a primeira estratégia para o estabelecimento da cultura de segurança na UTI. Tais argumentos reforçam a considerável relevância de investir nos enfermeiros assistenciais para assegurar a segurança do nosso paciente crítico.

Por fim, cabe ressaltar que não basta que as instituições imponham os protocolos, é preciso que os profissionais façam uso destes, e adotem mudança de comportamento.

 

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