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REVIEW ARTICLES

 

Shift changes the bedside (health staff and family): sistematic literature review for a clinical protocol

 

Passagem de plantão beira do leito (equipe multiprofissional e família): revisão sistematizada da literatura para um protocolo clinico

 


Darcilena Farias da Silva1, Isabel Cristina Fonseca da Cruz1

1Universidade Federal Fluminense

 


ABSTRACT
This article aimed to answer the clinical question narrowed by reviewing articles contained in the scientific bases. For this we used an electronic and systematic literature search. Data collection was preceded in virtual context of the VHL bases (LILACS, MEDLINE) and PubMed from May to November 2015 were listed 20 literatures that were presented in a systematic way. All the studies analyzed in this review reinforce the need to establish a communication link in the shift change, both verbal and written, to provide continuity of patient care consistently in order to effectively continue the procedures of the previous team. In conclusion, in the care of critically ill patients in the Icu, it is important to consider the development of more extensive work, involving all professionals who seek to understand, from the patient’s perspective, the experience of experiencing a UTI in hospital.
Keywords: Communication; Intensive Care Unit; Patient Safety.


RESUMO
O presente artigo objetivou responder a pergunta clinica estreitada através da revisão de artigos contidos nas bases cientificas. Para tanto, utilizou-se de uma pesquisa bibliográfica eletrônica e sistematizada. A coleta dos dados foi procedida em âmbito virtual das bases da BVS (LILACS, MEDLINE) e PubMed nos meses de maio a novembro de 2015. Foram elencadas vinte literaturas que estão apresentadas de forma sistematizada. Todos os estudos analisados, nesta revisão, reforçam a necessidade de se estabelecer um vínculo de comunicação na passagem de plantão, tanto verbal quanto escrita, para que haja continuidade do cuidado ao paciente com coerência, de maneira a dar efetivamente continuidade aos procedimentos da equipe anterior. Conclui-se que, no cuidado a pacientes críticos internados em UTI, é importante considerar o desenvolvimento de trabalhos mais amplos, envolvendo todos os profissionais que visam compreender, a partir da perspectiva do paciente, a experiência de se vivenciar uma internação em UTI.
Palavras-chaves: Comunicação; Unidade de Terapia Intensiva; Segurança do Paciente.


 

INTRODUÇÃO

A passagem de plantão é uma prática utilizada pela enfermagem para assegurar a continuidade dos cuidados desenvolvidos, tornando eficaz a comunicação entre a equipe multiprofissional. Nela, podem ser utilizadas formas de comunicação oral e/ou escrita a fim de se assegurar a sequência na assistência prestada aos clientes(1).

A comunicação nos proporciona o fluxo no processo do cuidar, pois, durante a passagem de plantão, as informações fornecidas identificam os problemas de cada paciente. É através dessa comunicação que planejamos e executamos os cuidados a serem realizados pela equipe que assiste ao doente(2).

Dessa forma, “passar o plantão” é um acontecimento que possibilita transmitir as informações com clareza, na certeza de que estas sejam passadas de forma rápida e objetiva para a equipe que recebe o plantão, dando continuidade e bom fluxo ao atendimento da assistência(3).

A passagem de plantão atribui as informações sobre o cliente propriamente dito e/ou ocorrência registrada durante o plantão. Cabe à equipe de saúde e ao atendimento humanizado a contribuição para amenizar os sentimentos de angústia do paciente em estado crítico, oferecendo apoio e suporte emocional necessário ao enfrentamento do processo vivido(4).

A essência da enfermagem em cuidados intensivos não está no ambiente ou nos equipamentos especiais, mas no processo de tomada de decisão baseada na compreensão das condições fisiológicas e psicológicas do paciente, com ênfase em uma assistência segura(5).

No Brasil, o reconhecimento da segurança do paciente, como necessidade e garantia de qualidade do atendimento, teve um impulso na década de 90, juntamente com o lançamento do Manual Brasileiro de Acreditação Hospitalar e com a criação da Organização Nacional de Acreditação – o que fortaleceu trabalhos na área(6).

A realização da presente pesquisa justifica-se na medida em que visa contribuir para a conscientização do enfermeiro sobre a relevância de sua participação no planejamento e ações de enfermagem, visando à segurança do paciente junto à equipe multiprofissional na unidade de terapia intensiva (UTI).

A constituição da pergunta clínica foi possível através da estratégia de PICO – no intuito de propor uma melhor evidência disponível nas bases científicas sobre os eixos temáticos: segurança do paciente crítico, atendimento da equipe multiprofissional na unidade de UTI e ações de enfermagem, que devem ser planejadas e realizadas a fim de se evitar eventos adversos e melhorar a qualidade do cuidado. Através do auxílio dessa estratégia, adveio a seguinte pergunta clínica: Qual a importância da equipe multiprofissional manter uma comunicação efetiva na prevenção de danos que levem a eventos adversos? O quadro 1 exemplifica os passos da estratégia de PICO no auxilio da formulação da pergunta clinica. O presente artigo objetivou responder a pergunta clinica estreitada através da revisão de artigos contidos nas bases cientificas.

 

Quadro 1 – Estratégia PICO.

ACRÔNIMO

DEFINIÇÃO

DESCRIÇÃO

P

Paciente ou diagnóstico de enfermagem de alta complexidade

Paciente adulto / idoso internado em UTI.

I

Prescrição de enfermagem

Realizar/ monitorar diariamente a segurança da integridade física de pacientes internados em UTI.

C

Controle ou comparação

Não se aplica.

O

Resultado

Manter supervisão das ações segura da integridade física dos pacientes.

 

METODOLOGIA

O presente estudo foi realizado por meio de pesquisa bibliográfica computadorizada via internet, principalmente no levantamento em análise crítica de dados.

A pesquisa considera as evidências científicas encontradas nos periódicos de enfermagem nacionais e internacionais no período de maio a novembro de 2015. Ela foi desenvolvida ao longo de etapas, que incluíram a escolha do tema, o levantamento do material da pesquisa, análise, interpretação e desenvolvimento do texto. Como base de dados, foram utilizados o LILACS e o PubMed via MEDLINE, considerando os seguintes descritores: Comunicação, Unidade de Terapia Intensiva, Segurança do Paciente (Communication, Intensive Care Unit, Patient Safety).

Os critérios de inclusão definidos para a seleção dos artigos foram i. publicados no período de 2010 a 2015; ii. nos idiomas português, inglês e espanhol; iii. que abordassem a temática.

Foram selecionados vinte artigos para análise e, posterior, discussão dos dados obtidos, escolhidos por atender aos critérios de inclusão desta pesquisa, e por apresentar relevância com o tema proposto.

Os critérios de exclusão foram artigos de enfermagem que não se caracterizassem como: revisões integrativas; editoriais; entrevistas; livros; dissertações; teses; e periódicos com temática envolvendo o cuidado de crianças, adolescentes e recém-nascidos.

Os artigos levantados foram dispostos em uma planilha (quadro 2), categorizados em níveis de evidências de acordo com o Centro Oxford para a base Medicina. Ao final, a síntese dos achados se constituiu por bases textuais.

 

Síntese das evidências científicas
Os levantamentos dos artigos seguiram o fluxo representado pela figura 1. Foram identificados 258 artigos, sendo 132 duplicados e 126 artigos rastreados. Após a leitura dos resumos, foram selecionados 84 artigos completos e, após a leitura dos artigos, 42 foram excluídos. Seguindo os critérios de inclusão, restaram 20 artigos para a análise na íntegra. Os 20 textos selecionados são apresentados no quadro 2, no qual são destacadas as suas principais características.

 

Figura 1 – Ilustração esquemática do percurso de seleção dos artigos nas bases científicas.

 

RESULTADOS

Quadro 2 – Publicações localizadas nas bases de dados virtuais.

Autor(es), Data e País

Objetivo da pesquisa

Força da evidência

Tipo do estudo e instrumentos

Principais achados

Conclusões do(s) autor(es)

Pelazza BB, Simoni RCM, Freitas EGB, Silva BR, Silva MJP, 2015. Brasil1.

Conhecer as dúvidas dos familiares de pacientes internados na unidade de terapia intensiva há mais de 24 horas manifestadas durante as visitas de enfermagem.

2C

Estudo transversal prospectivo.

O enfermeiro foi um dos primeiros integrantes da equipe multiprofissional a se relacionar com os familiares.

As dúvidas manifestadas por familiares foram sobre o estado de saúde, condições clínicas e sobre o cuidado realizado. O número médio de dúvidas foi menor na terceira visita de enfermagem.

Barbosa TP, Oliveira GAA, Lopes MNA, Poletti NAA, Beccaria LM, 2014, Brasil2.

Verificar as boas práticas assistenciais de enfermagem para segurança do paciente em UTI.

2C

Pesquisa descritiva.

Em conjunto, as boas práticas estão sendo realizadas com índice acima de 90%, com exceção da mudança de decúbito, restrições de membros limpos e circuito do ventilador.

As boas práticas assistenciais de enfermagem para a segurança do paciente foram realizadas com diversidade conforme o turno de trabalho.

Thofehrn MB, Montesinos MJL, Arrieira IC, Ávila VC, Vasques TCS, Farias ID, 2014, Espanha3.

Conhecer o processo de trabalho dos enfermeiros de um Hospital Universitário de Múrcia – Espanha.

2C

Abordagem qualitativa, descritiva e exploratória.

Os enfermeiros também dedicam seu tempo às atividades educativas referentes ao sistema de informação que são relevantes para a sistematização da assistência e funcionamento do serviço13.

Evidenciou-se que o enfermeiro atua como pilar no processo de trabalho, assumindo responsabilidades em busca de tecnologias para executar o cuidado.

Paese F, Sasso GTMD. 2013. Brasil4.

Analisar as atitudes que evidenciam a cultura da segurança do paciente pelos profissionais das equipes da Estratégia de Saúde da Família e do Programa de Agentes Comunitários de Saúde.

2C

Trata-se de um estudo transversal prospectivo de natureza quantitativa.

As atitudes Cultura do Trabalho em Equipe, Condições de Trabalho, Comunicação e Gerência do Centro de Saúde tiveram p-Valor <0, 05, evidenciando-se como atitudes significativas da cultura da segurança do paciente.

Os resultados revelam que as atitudes de segurança Condições de Trabalho, Cultura da Segurança do Paciente, Comunicação e Gerência do Centro de Saúde foram as que se evidenciaram para a Cultura de Segurança do Paciente na Atenção Primária à Saúde.

Souza RCS, Garcia DM, Sanches MB, Gallo AMA, Martins CPB, Siqueira ILCP. 2013. Brasil5.

Descrever o conhecimento da equipe de enfermagem sobre uma avaliação comportamental de dor.

1B

Estudo transversal prospectivo.

Os profissionais que se consideraram muito experientes optaram em cerca de 90% pelas alternativas A e B em todas as questões.

Este conhecimento foi considerado satisfatório, mas pode ser aprimorado.

Belela-Anacleto ASC, Sousa BEC, Yoshikawa JM, Avelar AFM, Pedreira MLG. 2013. Brasil6.

Identificar a perspectiva de docentes e universitários da área da saúde sobre aspectos relacionados à higienização das mãos e infecções relacionadas à assistência à saúde no cotidiano de sua prática.

2B

Pesquisa exploratória, de abordagem quantitativa.

Observou-se discordância significativa entre os grupos quanto à afirmativa de que os locais de estágio dispõem de suprimentos em pontos que favoreçam a higienização das mãos (p=0,02), e concordância significante (p<0,01) quanto à indisponibilidade de álcool gel para higienização das mãos.

As atividades práticas desenvolvidas pelos docentes e universitários ocorrem em locais nos quais não há adequada infraestrutura para práticas preconizadas de higienização das mãos, fato que pode contribuir para a ocorrência de falhas no processo de cuidar e compromete a segurança do paciente.

Mello JF, Barbosa SFF. 2013. Brasil7.

Sistematizar as recomendações dos profissionais de enfermagem a partir das respostas a esta questão.

2B

Estudo quantitativo, tipo survey, transversal e comparativo.

A prática profissional de enfermagem é permeada pela vivência e percepção diária de situações de risco, que podem subsidiar o gerenciamento do cuidado em relação à segurança do paciente.

Destacadas por outros estudos, estas recomendações são essenciais para a promoção da segurança do paciente nas UTI estudadas.

Inoue KC, Versa GLGS, Murassaki ACY, Melo WA, Matsuda LM. 2013. Brasil8.

Identificar o nível de estresse apontado por enfermeiros intensivistas que prestam cuidados diretos aos pacientes críticos.

3B

Pesquisa descritivo-exploratória

Desse modo, cada uma das atividades que compõem a Assistência prestada ao paciente parece ser o principal motivo que define o nível de estresse dos enfermeiros em UTI.

É preciso adotar estratégias para a prevenção / redução de estresse, porque os principais estressores apontados relacionam-se a atribuições específicas dos enfermeiros.

Carmona-Monge FJ, Jara-Pérez A, Quirós-Herranz C, Rollán-Rodríguez G, Cerrillo-González I, García-Gómez S et al. 2013. Espanha9.

Avaliar a carregar o trabalho, na admissão e alta hospitalar, de dois pacientes em três grupos (síndrome coronário agudo, insuficiência respiratória e sepse) em cuidados intensivos.

1B

Um estudo descritivo prospectivo.

Uma pontuação total de 100% indica a quantidade de trabalho que pode fazer uma enfermeira durante um período de 24 horas. A soma dos 23 itens da escala pode variar de 0 a 177% 9.

Para o pessoal adequado, é essencial dispor de instrumentos para medir as necessidades de cuidados de nossos pacientes e atender a carga de trabalho que os diferentes grupos de pacientes com maior frequência de internação nessas unidades.

Cardoso DH, Muniz RM, Schwartz EAICO a. 2013. Brasil10.

Conhecer a vivência de uma equipe multiprofissional no cuidado paliativo no contexto hospitalar.

2C

Trata-se de um estudo qualitativo, exploratório e descritivo.

A experiência fez com que encontrassem novos significados para o cuidado prestado, passando a entender a morte como evento natural da vida e a importância de garantir qualidade de vida e conforto ao paciente.

A atenção hospitalar deve atender necessidades do paciente em cuidados paliativos e em família, articulando e promovendo ações que garantam o alívio dos sofrimentos e uma sobrevida digna.

Toffoletto MC, Ruiz XR. 2013. Chile11.

Analisar os incidentes relacionados com os cuidados de enfermagem, utilizando a metodologia Protocolo de Londres para divulgar os benefícios de utilizar causa raiz como uma ferramenta para melhorar a segurança do paciente.

2B

Trata-se de um estudo quantitativo transversal.

Um erro, nesta fase, inicia uma cadeia de erros que alteram o processo, conduzindo a riscos para a segurança do paciente.

Conclui-se que uma análise de causa raiz permite a identificação desses pontos vulneráveis ​​e, por meio de estratégias e recomendações, facilita a gestão pró-ativa para a prevenção de erros do sistema.

Maestri E, Nascimento ERP, Bertoncello KCG, Martins JJ. 2012. Brasil12.

Avaliar as estratégias de acolhimento implementadas. Participaram 13 pacientes e 23 familiares.

2B

Trata-se de uma pesquisa qualitativa.

Ao incluir a família no cuidado como cliente da enfermagem, os familiares sentiram-se seguros e confiantes.

A avaliação realizada pelos pacientes e familiares que vivenciaram o internamento na UTI e a prática assistencial no período da investigação apontaram que as estratégias de acolhimento implementadas foram percebidas de forma positiva.

Araújo MMT, Silva MJP. 2012. Brasil13.

Avaliar as estratégias de acolhimento implementadas. Participaram 13 pacientes e 23 familiares.

1B

Estudo quantitativo multicêntrico.

Com relação ao conhecimento/utilização de estratégias de comunicação verbal no contexto da terminalidade, a maior parte dos profissionais evidenciou desconhecer estratégias de comunicação verbal.

Embora os profissionais tenham atribuído alto grau de relevância para a comunicação em cuidados paliativos, evidenciaram escasso conhecimento de estratégias de comunicação.

Freitas KS, Mussi FC, Menezes IG. 2012. Brasil14.

Conhecer os desconfortos vividos no cotidiano de familiares de pessoas internadas na UTI.

2C

Estudo exploratório de natureza qualitativa.

Defende, como estratégias para a inclusão das famílias e promoção do conforto, espaços de conversa entre profissionais e famílias para se obter relações solidárias e atitudes de cooperação, assim como a ampliação do horário de visita7.

Tais desconfortos podem ser minimizados com abordagem multiprofissional sensível às demandas das famílias e apoio de sua rede social.

Gonçalves LA, Andolhe R, Oliveira EM, Barbosa RL, Faro ACM, Gallotti RMD et al. 2012. Brasil15.

Verificar a adequação entre a alocação da equipe de enfermagem e as horas de cuidado requeridas pelos pacientes, bem como identificar a relação entre essa alocação com eventos adversos /incidentes (EA/I).

1B

Trata-se de pesquisa observacional, descritiva e prospectiva.

A finalidade do processo de trabalho de enfermagem, além de atender às necessidades de saúde dos usuários, é articular, integrar e coordenar a equipe, buscando uma organização do trabalho que favoreça a qualidade da assistência e minimização de riscos.

Concluiu-se que, quanto maior a diferença entre as horas disponíveis e requeridas de cuidado nas alocações de enfermagem, menor a frequência de EA/I.

Broca PV, Ferreira MA. 2012. Brasil16.

Identificar os elementos que compõem o processo de comunicação da equipe de enfermagem, analisar as estratégias de comunicação utilizadas pela equipe e discutir suas influências no cuidado de enfermagem.

2C

A pesquisa é qualitativa e descritiva.

A comunicação pode ser considerada, também, como um produto do encontro social, como ocorre na equipe de enfermagem.

Pode-se identificar que o processo de comunicação da equipe de enfermagem evidenciou-se como sendo todas as formas de se expressar com o outro, sendo compreendido como algo muito mais que simplesmente falar - algo complexo e imprescindível.

Frizon G, Nascimento ERP, Bertoncello KCG, Martins JJ. 2011, Brasil17.

Conhecer quais os sentimentos dos familiares de pacientes internados na UTI antes da visita.

2B

Trata-se de uma pesquisa qualitativa, exploratória e descritiva.

Abordam a necessidade de assistência e acolhimento às famílias dos pacientes internados na UTI, que permanecem nas salas de espera.

Espera-se que esses resultados possam auxiliar na capacitação dos profissionais para o acolhimento à família e para a inserção desta no ambiente da UTI como elemento a ser integrado no cuidado.

Proença MO, Agnolo CMD. 2011. Brasil18.

Compreender, a partir da perspectiva do paciente adulto, a experiência de se vivenciar uma internação em UTI, de modo a contribuir para melhoria na qualidade da assistência e facilitar a adaptação em um ambiente tão estigmatizado.

2B

Trata-se de um estudo com abordagem qualitativa.

Perceberam esse setor como um ambiente de vida e recuperação, reconhecendo o trabalho da equipe e a importância dos equipamentos na preservação da vida.

É importante considerar o desenvolvimento de trabalhos mais amplos, envolvendo maior número de pessoas, que visem compreender, a partir da perspectiva do paciente, a experiência de se vivenciar uma internação em UTI.

Penaforte, Martins MMFPS. 2011. Brasil19.

Compreender a visibilidade dos cuidados de higiene na informação da passagem de plantão inerentes à pessoa internada com o autocuidado comprometido.

2B

Trata-se de um estudo com abordagem qualitativa.

A perspectiva de desenvolvimento, associada à passagem de plantão.

A informação proporciona orientações para determinar o tipo de ajuda a sua continuação e a muitos outros cuidados, atividades e ritmo do turno seguinte.

Matos E, Pires DEP, Sousa. 2010, Brasil20.

Pensar as relações de trabalho ao analisar a contribuição destas experiências para constituição de novas formas de organização do trabalho (NFOT) em saúde.

2B

Estudo de natureza qualitativa.

O trabalho interdisciplinar pressupõe novas formas de relacionamento, tanto no que diz respeito à hierarquia institucional, à gestão, à divisão e à organização do trabalho, quanto no que diz respeito às relações que os/as trabalhadores/as estabelecem entre si e com os usuários do serviço.

Conclui que a prática interdisciplinar aproxima-se de NFOT favorecendo o vínculo, o acolhimento o acesso e contribuindo para a efetivação do SUS.

 

DISCUSSÃO

Todos os estudos analisados, nesta revisão, reforçam a necessidade de se estabelecer um vínculo de comunicação na passagem de plantão, tanto verbal quanto escrita, para que haja continuidade do cuidado ao paciente com coerência, de maneira a dar, efetivamente, continuidade aos procedimentos da equipe anterior (6, 12,17).

Dessa maneira, a passagem de plantão se torna um procedimento primordial no trabalho de um enfermeiro, independentemente do local, país, cultura ou setor em que exerce suas funções. Ainda é compreendido como o momento de conhecimento do paciente, seu diagnóstico, intercorrências clínicas e de enfermagem (1, 4, 15).

A comunicação, uma das atitudes que evidenciam a cultura da segurança do paciente, é uma causa e um recurso para impedir ameaças. Os relatórios de eventos adversos relatam que, na Alemanha, 15% de todos os eventos foram relacionados diretamente aos problemas de comunicação entre os cuidadores e pacientes ou dentro da equipe, e que, em mais de 50%, a comunicação foi um fator contribuinte. Na Austrália, os problemas de comunicação foram uma das quatro categorias principais associadas a eventos adversos (4, 4, 17).

Para este estudo, a passagem de plantão se evidencia como o primeiro passo no desenvolvimento de uma tecnologia para o cuidado. A satisfação dos familiares dos pacientes é um aspecto importante na avaliação da qualidade do cuidado oferecido nas instituições de saúde, sendo parte essencial das responsabilidades dos profissionais de saúde que atuam em unidade de terapia intensiva (1, 12, 16).

Nesse foco, a enfermagem, por meio do planejamento, tem condições de mobilizar a equipe efetivando o processo do cuidar inserindo a comunicação. Em suma, a passagem de plantão deve ser vista como um momento que transcende uma simples troca de informação, e que pode servir como momento de reflexão e avaliação do trabalho interdisciplinar, objetivando o crescimento mútuo e o melhor desempenho do trabalho em saúde dentro da UTI (6, 7, 13).

Garantir a segurança dos pacientes críticos tem sido um dos maiores desafios para os profissionais que atuam em UTI, pois os pacientes são submetidos a muitos procedimentos por dia – mesmo que, em algumas dessas atividades, ocorram erros com potencial para causar danos (2, 4, 10).

Determinar, o quanto possível, as necessidades dos enfermeiros, em serviços altamente especializados, garante a qualidade do cuidado de enfermagem, e evita, dessa forma, a ocorrência de eventos adversos relacionados aos cuidados de saúde. Portanto, uma pontuação total de 100% indica a quantidade de trabalho que pode fazer uma enfermeira durante um período de 24 horas. A soma dos 23 itens da escala pode variar de 0 a 177% (8, 18, 19).

Ainda que a equipe busque uma direção assertiva nas relações profissionais / doentes / familiares as situações de influência negativa que interferem na assistência, isso reflete no atendimento da equipe. Contudo, a sistematização da comunicação nesta atividade é uma estratégia de melhoramento nas relações interpessoais no ambiente de trabalho (7, 11,20).

 

CONCLUSÕES

O presente trabalho descreve as características da comunicação da equipe multiprofissional na passagem de plantão, focando a família e a segurança do paciente. Evidencia-se a importância da detecção da comunicação entre os profissionais diminuindo os riscos de intercorrências para agravo dos pacientes durante a internação.

A comunicação em equipe tem a finalidade de identificar e atender as necessidades de saúde do paciente e contribuir para melhorar a prática profissional. Além disso, o vínculo e a relação de confiança são necessários para o paciente diminuir o medo, a ansiedade e permitir à pessoa fragilizada pela doença lutar pela sua recuperação.

À medida que a literatura demonstra que habilidades de comunicação não são adquiridas com o tempo, mas sim com adequada capacitação, é mais do que urgente a educação destes profissionais no que tange à utilização de estratégias de comunicação para a interação e inter-relação com os pacientes no contexto da recuperação.

Quanto ao processo de um protocolo clínico, deve-se manter as informações atualizadas no prontuário do doente com todo o planejamento de assistência executada pelos profissionais diariamente, registrando para aos demais que irão assumir o próximo plantão os cuidados feitos.

Realizar a avaliação da passagem de plantão utilizando a comunicação entre os profissionais é uma forma de reduzir danos aos pacientes / familiares dentro da UTI. Configura, também, uma comunicação efetiva, capaz de transmitir as informações do estado clínico do paciente aos demais profissionais que assumirão o próximo turno.

Conclui-se que, no cuidado a pacientes críticos internados em UTI, é importante considerar o desenvolvimento de trabalhos mais amplos, envolvendo todos os profissionais que visam compreender, a partir da perspectiva do paciente, a experiência de se vivenciar uma internação em Unidade de Tratamento Intensivo.

 

REFERÊNCIAS

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