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REVIEW ARTICLES

Care nursing front of the nursing diagnosis ineffective breathing pattern in intensive care center - sistematic literature review


Assistência de enfermagem frente ao diagnóstico de enfermagem padrão respiratório ineficaz em centro de tratamento intensivo - revisão sistematizada da literatura


Juliana Vannucci da Silva1, Isabel Cristina Fonseca da Cruz1

1Universidade Federal Fluminense

ABSTRACT

The objective of this study was to obtain the best evidence of care in the literature, using the PICO strategy to determine the best nursing intervention available for the care of the client / family with the nursing diagnosis ineffective breathing pattern. Through the analysis of the articles it was found that the nurses are not using and evaluating the interventions of the NIC in their professional practice.

Key-words: Nursing Care; Nursing Diagnosis; Ineffective Breathing Pattern; Intensive Care Units


RESUMO

Objetivou-se levantar na literatura a melhor evidência de cuidado, utilizando a estratégia PICO para determinar a melhor intervenção de enfermagem disponível para o cuidado do cliente/família com padrão respiratório ineficaz. Através da análise dos artigos verificou-se que falta durante a prática profissional do enfermeiro a aplicação das intervenções propostas pela NIC e avaliação das mesmas.

Palavras-chave: Assistência de Enfermagem; Diagnóstico de Enfermagem; Padrão Respiratório Ineficaz; Unidade de Terapia Intensiva


INTRODUÇÃO

Os distúrbios do sistema respiratório são comuns, sendo encontrados por enfermeiras em todos os ambientes, desde a comunidade até a unidade de terapia intensiva(1).

Diante do exposto é necessário que a enfermeira desenvolva habilidades específicas de avaliação, que são usadas para fornecer a melhor assistência a pacientes com problemas respiratórios agudos e crônicos.(1)

A avaliação pulmonar completa possibilita que a enfermeira determine a condição inicial do cliente e forneça um referencial para detectar rapidamente alterações nessa condição.2

Após a avaliação do sistema respiratório, onde a enfermeira em geral deve investigar sintomas de dispneia, dor torácica, produção de escarro e tosse (2), o cliente pode vir a receber o diagnóstico de enfermagem padrão respiratório ineficaz de acordo com seu quadro clínico.

O referido diagnóstico é definido pela North American Nursing Diagnosis Association (NANDA) como inspiração e/ou expiração que não proporciona ventilação adequada. Possuindo como características definidoras batimento de asa de nariz; bradipneia; capacidade vital diminuída; diâmetro anteroposterior do tórax aumentado; dispneia; excursão torácica alterada; fase de expiração prolongada; ortopneia; alteração na frequência, ritmo e profundidade das incursões respiratórias; pressão expiratória ou inspiratória diminuída; respiração com os lábios franzidos e uso da musculatura acessória para respirar. Os fatores relacionados são: ansiedade; dano neurológico; deformidade da parede do tórax e/ou óssea; dor; fadiga; fadiga da musculatura ventilatória; hiperventilação; imaturação neurológica; lesão da medula espinhal; obesidade; posição do corpo que inibe expansão pulmonar; prejuízo musculoesquelético e/ou neuromuscular e síndrome da hipoventilação.(3)()

Como todo processo de adoecimento, o padrão respiratório ineficaz afeta não somente o indivíduo que padece, mas também sua família.

A presente pesquisa possui como objetivo levantar na literatura a melhor evidência de cuidado, utilizando a estratégia PICO para determinar a melhor intervenção de enfermagem disponível para o cuidado do cliente/família com padrão respiratório ineficaz.

SITUAÇÃO PROBLEMA

Como o diagnóstico de enfermagem padrão respiratório ineficaz constitui-se um problema frequente nas unidades de cuidados intensivos, justifica-se a presente pesquisa pela necessidade de buscar as melhores evidências para a atuação da equipe de enfermagem diante do referido diagnóstico. Sendo de relevância para a assistência ao paciente a escolha das intervenções mais apropriadas com foco na recuperação da saúde do mesmo. Questão prática: Para o cliente de alta complexidade com o diagnóstico padrão respiratório ineficaz, qual a intervenção de enfermagem mais eficaz para sua resolução?

Estratégia PICO

Quadro 1

METODOLOGIA

Pesquisa bibliográfica manual e computadorizada realizada no período de junho a novembro de 2016, nas bases de dados LILACS e MEDLINE via portal da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), utilizando as palavras-chave: Assistência de Enfermagem; Diagnóstico de Enfermagem; Padrão Respiratório Ineficaz; Unidade de Terapia Intensiva.

Foram utilizados como critérios de inclusão: artigos publicados no período de 2011 a 2015, que atendiam a temática e nos idiomas inglês e português.

Os artigos selecionados foram classificados de acordo com seus Níveis de Evidência Científica segundo a Classificação de Oxford Centre for Evidence-Based Medicine e síntese das evidências científicas, utilizando a escala de avaliação dos artigos quanto à relevância clínica conforme tabela abaixo:

Nível de relevância Descrição

Quadro 2

Bibliografia potencial

Quadro 3

ANÁLISE E DISCUSSÃO DE DADOS

O conhecimento do perfil de diagnósticos de enfermagem apresentados pelas pessoas com distúrbios respiratórios é importante, pois faz parte do processo de enfermagem e os enfermeiros que cuidam deste tipo de pacientes devem exercê-lo em sua prática assistencial. O conhecimento dos principais diagnósticos de enfermagem apresentados por pacientes com distúrbios respiratórios são importantes para a prática dos enfermeiros que cuidam destes pacientes, pois permite a escolha de ações direcionadas aos problemas de sua clientela.(12)

Em estudo realizado em um hospital terciário no município de São Paulo, com o objetivo de identificar e analisar diagnósticos de enfermagem que constituem fatores de risco para óbito em vítimas de trauma nas primeiras 6 horas após o evento obteve-se um total de amostra de 406 vítimas de traumas, onde a frequência do diagnóstico padrão respiratório ineficaz foi de 82,8% e nos casos que evoluíram para o óbito a incidência do diagnóstico foi de 100%.

Esse achado revela a importância das medidas de suporte ventilatório, treinamentos, educação permanente das equipes de saúde nos cenários de intra e extrahospitalar e na busca de ótimas práticas relacionadas.(5)

No entanto em outro estudo realizado em um hospital escola do estado de Goiás, com o objetivo de identificar as atividades prioritárias da NIC para o diagnóstico de enfermagem Padrão Respiratório Ineficaz que não são realizadas pela equipe de enfermagem no cuidado à pacientes idosos e analisar os motivos para a não realização. Foi constatado que o enfermeiro não realiza as intervenções prioritárias alegando falta de tempo, a grande demanda de pacientes na instituição em relação ao pequeno número de funcionários disponíveis, fazendo com que o mesmo se limite apenas à realização de atividades indispensáveis para o andamento do serviço e deixando as intervenções a cargo de outros profissionais.(4)

Outro estudo realizado em 2013 com pacientes atendidos em um pronto-socorro de Minas Gerais considerou como limitação da pesquisa a identificação dos diagnósticos de enfermagem a partir de registros realizados pelos enfermeiros no momento da classificação de risco e não por meio da avaliação do paciente em tempo real, o que poderia implicar a identificação de outros títulos de diagnósticos, além dos encontrados. Nesse estudo a incidência para o diagnóstico padrão respiratório ineficaz foi de 45% no nível I de prioridade.(9)

Através de estudo retrospectivo em um Hospital Universitário de Campina Grande foi constatado que apenas 59,1% registraram as ações implementadas, 99,1% não apresentaram respostas do paciente após o cuidado prestado e 61,7% fizeram modificações dos planos de cuidados quando necessário.(10)

No ano de 2012 em Santa Catarina, foi realizado um estudo com vítimas de múltiplos traumas atendidas em um hospital público. Apesar de possuir como um dos seus objetivos intervenções de enfermagem para os diagnósticos de enfermagem identificados, os pesquisadores listaram as intervenções propostas pelo Nursing Intervention Classification (NIC), 2010 frente ao diagnóstico padrão respiratório ineficaz, que representava 51,2% dos casos assistidos de um total de 41 pacientes. No entanto as intervenções listadas não foram implementadas e sua eficiência não foi avaliada na prática.(6)

Já em um estudo realizado na clínica médica de um HU no munícipio de Goiânia, visando identificar os cuidados relatados pela equipe de enfermagem para pacientes idosos portadores de padrão respiratório ineficaz relacionado à fadiga e mapear esses cuidados de acordo com as intervenções propostas pela Classificação de Intervenções de Enfermagem, a equipe de enfermagem referiu 125 atividades para o diagnóstico padrão respiratório ineficaz relacionado à fadiga. Estas atividades foram mapeadas em 16 intervenções da NIC, sendo as mais relatadas: posicionamento, oxigenoterapia, controle de energia, monitoração dos sinais vitais, controle da asma e administração de medicamentos. Das atividades relatadas pela equipe de enfermagem, as prevalentes foram: elevar a cabeceira do leito (18,4%), administrar oxigenoterapia (15,2%), observar sinais vitais (8,8%), comunicar médico ou enfermeiro (8,8%) e administrar medicamento (8,8%).(7)

De acordo com estudo realizado com o objetivo de avaliar o efeito da posição corporal nas variações cardiorrespiratórias em idosos a posição ereta favorece a máxima expansão pulmonar, promove a inspiração máxima e melhora a oxigenação alveolar. Realizar mudanças de posição frequentemente pode promover a expectoração por mobilizar as secreções pulmonares que ficam retidas nos alvéolos. O débito cardíaco e a saturação arterial apresentam valores mais elevados na posição sentada, seguido do decúbito dorsal.(8)

Em outro estudo onde se avaliou os resultados esperados, para o diagnóstico de enfermagem Padrão Respiratório Ineficaz, dos 26 resultados propostos pela NOC, cinco foram considerados prioritários, sendo eles: permeabilidade de vias aéreas, ventilação, sinais vitais, troca gasosa, resposta à ventilação mecânica – adulto e resposta alérgica – sistêmica. 17 secundários e quatro descartados na avaliação dos peritos.11

Em um estudo realizado no hospital público do Sul do Brasil, foi proposta a seguinte prescrição de enfermagem frente ao diagnóstico padrão respiratório ineficaz: avaliar e registrar as condições respiratórias de 4/4h, detectando sinais precoces de disfunção; auscultar sons respiratórios investigando ruídos adventícios; avaliar níveis de gasometria arterial, monitorando oxigenação e estado ventilatório; auxiliar o idoso a adotar uma posição confortável que permita a expansão torácica; se prescrito, realizar exercícios respiratórios —percussão, vibração, drenagem postural—, ajudando na mobilização e na eliminação de secreções.(13)

CONSIDERAÇÕES

Através da análise dos artigos verificou-se que falta durante a prática profissional do enfermeiro a aplicação das intervenções propostas pela NIC e avaliação das mesmas. Os profissionais possuem conhecimento do processo de enfermagem e de como fazê-lo, porém por vezes a assistência é realizada de forma precária devido ao excesso de atividades direcionadas ao profissional de enfermagem, falta quantitativa de profissionais atuando no setor e grande demanda de pacientes. Destaca-se também a falta de registros do processo de enfermagem pelo enfermeiro. O mesmo durante a sua prática implementa algumas ações, no entanto não as descreve e não as avalia, ocorrendo assim o viés de pesquisa.

Diante do exposto verifica-se a necessidade de uma mudança urgente na prática profissional. A burocracia não deve prevalecer sobre a assistência. É necessário que o enfermeiro coloque acima das suas demais atribuições o processo de enfermagem por inteiro. Desta forma nas próximas pesquisas teremos de fato a comprovação das melhores intervenções frente ao diagnóstico de enfermagem padrão respiratório ineficaz e demais diagnósticos de enfermagem.

No momento através da busca bibliográfica a intervenção eficaz comprovada por meio de estudo foi quanto ao posicionamento do paciente, onde a mudança de decúbito frequente pode promover a expectoração por mobilizar as secreções pulmonares que ficam retidas nos alvéolos, proporcionando uma melhora no padrão respiratório.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  1. Brunner & Suddarth, tratado de enfermagem médico-cirúrgica/[editores] Suzanne C. Smeltzer... [et al.]; [revisão técnica Isabel Cristina Fonseca da Cruz, Ivone Evangelista Cabral; tradução Antonio Francisco Dieb Paulo, José Eduardo Ferreira de Figueiredo, Patricia Lydie Voeux]. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.

  2. Morton, Patricia Gonce. Fundamentos dos cuidados críticos em enfermagem: uma abordagem holística. Tradução: Maiza Ritomy Ide. – 1. Ed. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.

  3. North American Nursing Diagnosis Association. Diagnósticos de enfermagem da NANDA: definições e classificação: 2015-2017. Porto Alegre: Artmed; 2015

  4. Cavalcante AMRZ, Nakatani AYK, Bachion MM, Garcia TR, Nunes DP, Nunes OS. Análise de atividades não realizadas pela equipe de enfermagem para o diagnóstico padrão respiratório ineficaz em idosos. Rev Esc Enferm USP 2012; 46(3):604-1

  5. Sallum AMC, Santos JLF, Lima FD. Diagnósticos de enfermagem em vítimas fatais decorrentes de trauma no cenário da emergência. Rev. Latino-Am. Enfermagem [Internet]. jan.-fev. 2012

  6. Bertoncello KCG, Cavalcanti CDK, Ilha P. Diagnósticos reais e proposta de intervenções de enfermagem para os pacientes vítimas de múltiplos traumas Rev. Eletr. Enf. [Internet]. 2013 out/dez;15(4):905-14

  7. Nunes DP et al. Intervenções de enfermagem para o diagnóstico padrão respiratório ineficaz em idosos. Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2013 dez; 21(esp.2):754-9

  8. Gordon S, Sealey R, Buettner P. Body position and cardiorespiratory variables in older people. Archives of Gerontology and Geriatrics. 2011; 52:23-7

  9. Souza CC, Mata LRF, Carvalho EC, Chianca TCM. Diagnósticos de enfermagem em pacientes classificados nos níveis I e II de prioridade do Protocolo Manchester. Rev Esc Enferm USP 2013; 47(6):1318-24

  10. Vieira GACM, Costa MML, Santos MAS et al. Avaliação do Processo de Enfermagem em um Hospital Universitário em Campina Grande. J.res.: fundam. care. Online 2014. Out/dez. 6(4): 15581570

  11. Canto DF, Almeida MA. Resultados de enfermagem para padrão respiratório ineficaz e ventilação espontânea prejudicada em terapia intensiva. Rev Gaúcha Enferm. 2013;34(4):137-145

  12. Santos NA, Cavalcante TF, Lopes MVO, Gomes EB, Oliveira CJ. Profile of nursing diagnoses in patients with respiratory disorders. Invest Educ Enferm. 2015; 33(1): 112-118

  13. Lira ln et al. Diagnósticos e prescrições de enfermagem para idosos em situação hospitalar. Av Enferm. 2015;33(2):251-260





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