Risk of infection- sistematic literature review
Risco de infecção - revisão sistematizada da literatura
Ana Cristina da Paixão Silva1, Isabel Cristina Fonseca da Cruz1
1Universidade Federal Fluminense
ABSTRACT
Objective: to identify from the literature, scientific evidences regarding the nursing intervention to prevent the risk of infection in patients hospitalized of the Intensive Care Units. Method: bibliographic research, using the VHL (Virtual Health Library) portal with the databases: MEDLINE (Literature Analysis and Retrieval System Online), LILACS (Latin American and Caribbean Literature in Health Sciences) and BDENF Nursing data), from the descriptors: Hospital Infection; Nursing Care, Risk Factors, in order to answer the clinical question: "For the high complexity client with the Risk of Infection diagnosis, what is the most effective nursing intervention (or protocol) for its resolution? . Results: Studies have demonstrated the importance of education for the health worker, patient and their family members to support patient safety and minimize the risk of infection. Conclusion: The study showed low production highlighting the need for more research on the nursing diagnosis risk of infection, as to specific interventions to minimize the risk of infection.
Key-words: Cross-Infection; Nursing Care; Risk Factors
RESUMO
Objetivo: Identificar a partir da literatura, evidências científicas no que diz respeito à intervenção de enfermagem para prevenção do risco de infecção em pacientes internados das Unidades de Terapia Intensiva. Método: pesquisa bibliográfica, utilizando o portal BVS (Biblioteca Virtual de Saúde) com as bases de dados: MEDLINE (Literature Analysis and Retrieval System Online), LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde) e BDENF (Base de dados de enfermagem), a partir dos descritores: Infecção Hospitalar; Cuidados de Enfermagem , Fatores de Risco, no intuito de responder a Pergunta clínica: “Para o cliente de alta complexidade com o diagnóstico Risco de Infecção, qual a intervenção (ou protocolo) de enfermagem mais eficaz para sua resolução? “. Resultados: Os estudos demonstraram a importância da educação em saúde para o profissional, paciente e seus familiares para apoiar a segurança do paciente e minimizar o risco de infecção. Conclusão: O estudo revelou a baixa produção destacando a necessidade de haver maior número de pesquisas sobre o diagnóstico de enfermagem risco de infeção, quanto às intervenções específicas para minimizar o risco de infecção.
Palavras-chave: Infecção Hospitalar; Cuidados de Enfermagem , Fatores de Risco.
INTRODUÇÃO
A Infecção Hospitalar é um problema em escala mundial e representa uma expressiva causa de morte em pacientes hospitalizados. No Brasil, a taxa média de infecção hospitalar é 5% maior que nos EUA e na Europa. Variando significativamente, o índice de acordo com o nível de atendimento e complexidade de cada hospita<sup(l.1)</sup
A incidência das infecções hospitalares diferencia-se de acordo com o aspecto de cada unidade hospitalar, (infra-estrutura, tipo de patologia atendidas, educação continuada e recursos humanos), bem como pelos micro-organismos envolvidos na infecção. Os pacientes gravemente enfermos internados nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI), submetidos constantemente a procedimentos invasivos, são os principais alvos das infecções <sup(2-3)</sup.
Neste contexto, o diagnóstico de enfermagem: Risco de infecção, definido como “risco de ser invadido por microrganismos patogênicos”, configura-se uma importante ferramenta para as intervenções dos profissionais de maneira eficaz, ao passo que, identificado esse diagnóstico específico, pode- se traçar um plano de intervenções mais preciso, direcionando, portanto, o tratamento para atender melhor as necessidades dos pacientes.<sup(4)</sup
Isto posto, este estudo tem como objetivo identificar a partir da literatura, evidências científicas no que diz respeito à intervenção de enfermagem para prevenção do risco de infecção em pacientes internados das Unidades de Terapia Intensiva.
Assim, esse estudo se justifica por propor revisões bibliográficas como ferramentas importantes no fornecimento de evidências para tomada de decisão na prática da Terapia Intensiva a proporção que, a vigilância das infecções associadas aos cuidados de saúde é fundamental para a epidemiologia de saúde e programas de controle de infecção e um fator crítico na prevenção destas infecções.
Pergunta Clínica: Para o cliente de alta complexidade com o diagnóstico Risco de Infecção, qual a intervenção (ou protocolo) de enfermagem mais eficaz para sua resolução?
Quadro 1: Estratégia PICO
METODOLOGIA
Pesquisa bibliográfica computadorizada, tendo como período da coleta de dados maio de 2016 a outubro de 2016, utilizando o portal BVS (Biblioteca Virtual de Saúde) com as bases de dados: MEDLINE (Literature Analysis and Retrieval System Online), LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde) e BDENF (Base de dados de enfermagem), utilizando: termos de busca controlados extraídos do Mesh (Cross-Infection; Nursing Care; Risk Factors) e do Decs (Infecção Hospitalar; Cuidados de Enfermagem , Fatores de Risco), utilizando operadores booleanos (AND) para a combinação dos componentes da estratégia PICO: (P) AND (I) AND (O).
Os critérios de inclusão utilizados foram os seguintes: apresentar o texto na íntegra disponível online, nos idiomas português, inglês ou espanhol, com o ano de publicação entre 2010 e 2016, devendo contemplar a temática do estudo.
No cruzamento dos três termos (“Infecção Hospitalar”; “Cuidados de Enfermagem”, “Fatores de Risco”), obtiveram-se 557 publicações, 133 apresentavam artigos na íntegra online. Destas, 129 estavam em português, inglês ou espanhol, das quais 68 foram publicados entre 2010 a 2016. Dentre esses 68, 10 foram selecionados para compor a análise proposta neste trabalho. Sendo assim, 58 estudos foram avaliados e excluídos porque não apresentam uma temática condizente com a abordada neste estudo. Sendo 2 artigos da Medline , 3 artigos da BDENF e 5 artigos do LILACS. Após uma leitura interpretativa de cada artigo, reforçando a ideia de selecionar aqueles que correspondiam aos propósitos da pesquisa, ocorreu a classificação conforme a escala de relevância, bem como a classificação do nível de evidência científica por tipo de estudo, de acordo com a escala “Oxford Centre for Evidence- based Medicine”5. Configurando-se as avaliações das publicações, para discussão desse estudo, na Tabela 1.
Tabela 1 : Publicações localizadas nas bases de dados utilizadas, Niterói, 2016.
DISCUSSÃO: aplicação à prática da(o) enfermeira(o)
Um estudo de coorte retrospectivo6 realizado em nove UTI, pacientes admitidos para tratamento clínico nas diferentes UTI do estudo, identificou-se que o tempo de permanência na UTI aumenta o risco de infecção bem como a influência que a infecção e a gravidade dos pacientes exercem sobre o risco de morte. A ocorrência destas infecções está associada à complexidade dos pacientes nas UTI, aliados à presença, tipo e duração de muitos procedimentos invasivos como a cateterização vesical e venosa, a intubação orotraqueal para ventilação mecânica ou, ainda, às falhas relacionadas ao emprego de antimicrobianos.
A pesquisa7 apontou que a causa mais comum das readmissões precoces, é devido à infecção, sendo a 2ª maior causa (76%) das revisões cirúrgicas, elevando os custos em função de infecções. A pesquisa ainda evidencia o enfermeiro como um dos profissionais de saúde com papel de destaque no controle e na prevenção de infecções.
O enfermeiro destaca-se na prevenção de infecções à medida que põe em prática processo de Sistematização da Enfermagem (SAE) que possibilita a desde a identificação das necessidades do paciente para que de acordo com problemas de saúde, elabore o plano de cuidados. Conforme a equipe de enfermagem sistematiza sua assistência, favorece ou não o controle de infecções8. O estudo8, em que os autores realizaram uma observação direta da realidade em uma unidade de terapia intensiva, aponta que a UTI pesquisada não foi identificada a elaboração dos diagnósticos de enfermagem, negligenciando, portanto os riscos para a ocorrência de infecções. O artigo9 de pesquisa observacional direta destaca a importância das mãos na cadeia de transmissão de microrganismos e como essa medida contribuiu para a segurança do paciente e do trabalhador. O estudo permitiu identificar que os profissionais reconhecem essa ação de higienização das mãos como uma estratégia para a prevenção de IRAS; mas superestimam a própria adesão concomitantemente referem não haver fatores que impeçam ou desestimulem essa prática de cuidado.
Em um estudo de coorte prospectivo 10, revelou que a internação na UTI e a transferências de outros hospitais, são fatores determinantes para o aumento de infecções. Por esse motivo, a implantação precoce da precaução de contato é de suma importância para a limitação da disseminação dos micro-organismos resistentes nos ambientes de assistência à saúde.
Os artigos 11, 12, 13 indicaram que a educação da equipe multiprofissional de saúde pode ser a medida mais importante dentro programas de prevenção e controle infecções associadas ao cuidado saúde de modo a assegurar: o manuseio asséptico nos procedimentos invasivos, higienização das mãos antes e após cada procedimento, monitorização dos sinais e sintomas sistêmicos nos locais de inserção de cateteres, troca dos dispositivos invasivos sempre que necessário, aplicação do curativo ocluso quando necessário.
Vale destacar que o profissional de saúde conscientizado sobre a importância do controle de infecção é um ponto diferencial para alcançar o objetivo: diminuição do risco de infecção. O artigo14 através de um estudo de coorte prospectivo analisou a excessiva carga de trabalho de enfermagem e relacionou-a como principal fator de risco para infecção quando avaliados em conjuntos com outros dispositivos invasivos. No entanto o artigo6 um estudo com a mesma linha de raciocínio, utilizando o mesmo instrumento de estudo, concluiu que a carga de trabalho de enfermagem não exerceu influência na ocorrência de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde (IRAS) nos pacientes o estudo.
Pode-se inferir que a diminuição do risco de infecção envolve a aplicação de processos que são difíceis de definir e muitas vezes são feitas de forma subjetiva. Em pesquisa15 que avaliava a várias configurações de cuidados de saúde, indicaram ser importante para o trabalhador de saúde, paciente e seus familiares a educação para apoiar a segurança do paciente e minimizar o risco de infecção. Além de programas de controle de infecção individualizada que devem abordar a vigilância de infecções e da resistência antimicrobiana, investigação de surtos e plano de controle, precauções de isolamento, a higiene das mãos, a educação constante e programas de saúde.
CONCLUSÃO
Devido à diversidade dos 10 artigos encontrados, não foi possível uma exposição consistente de todas as respostas às intervenções eficazes para prevenção do risco de infecção em pacientes internados das Unidades de Terapia Intensiva.
Os desfechos mais abordados foram: higienização das mãos, manuseio asséptico nos procedimentos invasivos e educação dos profissionais e dos pacientes e familiares.
Este artigo destaca a necessidade de haver maior número de pesquisas sobre o diagnóstico de enfermagem risco de infeção, quanto às intervenções específicas para minimizar o risco de infecção, assim como, a realização da prevenção de infecções, por meio de vigilância da ocorrência desses eventos para fornecer dados de qualidade que pode ser usado em um acompanhamento eficaz e sistema de alerta e reduzir a incidência de infecções evitáveis associadas aos cuidados de saúde.
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