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REVIEW ARTICLES

Ineffective renal perfusion risk – systematic literature review


Risco de perfusão renal ineficaz - revisão sistematizada da literatura


Adalto de Andrade Ferreira1, Isabel Cristina Fonseca da Cruz1

1Universidade Federal Fluminense

ABSTRACT

Objectives: To identify in the national and international literature what is the best nursing intervention for the client of high complexity with the nursing diagnosis risk of ineffective renal perfusion. Methodology: This was a systematic review in the period from 2010 to 2016. The databases used were BVS and PUBMED. Discussion: More studies related to nursing interventions are required for the patient with risk of ineffective renal perfusion associated with their various risk factors. Results: The nurse must be able to act in the care of patients of high complexity, identifying the signs of risk of ineffective renal perfusion and acting with effective nursing interventions. Keywords: adult, critical care, perfusion, renal circulation, nursing care, nursing prescription, nursing process, nursing diagnosis.


RESUMO

Objetivos: Identificar na literatura nacional e internacional qual a melhor intervenção de enfermagem para o cliente de alta complexidade com o diagnóstico de enfermagem risco de perfusão renal ineficaz. Metodologia: Tratou-se de uma revisão sistematizada no período de 2010 a 2016. As bases de dados utilizadas foram portal BVS e PUBMED. Discussão: São necessários mais estudos relacionados às intervenções de enfermagem para o paciente com risco de perfusão renal ineficaz associado aos seus diversos fatores de risco. Resultados: O enfermeiro deve estar capacitado para atuar nos cuidados aos pacientes de alta complexidade, identificando os sinais do risco de perfusão renal ineficaz e atuando com intervenções de enfermagem eficazes.

Palavras-chave: adulto, cuidados críticos, perfusão, circulação renal, cuidados de enfermagem, prescrição de enfermagem, processos de enfermagem, diagnóstico de enfermagem.


INTRODUÇÃO

Os estudos de caso evidenciam que todo o trabalho da enfermagem na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é bastante complexo e, como tal, comporta inúmeras necessidades para o desenvolvimento dos cuidados indispensáveis para atender os diferentes tipos de situações que surgem a todo o momento. Sendo assim, a utilização de inúmeras novas tecnologias, além de toda a dinâmica estabelecida entre os profissionais e as condições críticas dos pacientes demandam da enfermagem conhecimentos diversificados. Neste sentido,a potencialização e a assistência prestada devem interferir diretamente na maximização dos processos efetivos de trabalho e cuidado.Situando-se a UTI no nível mais complexo da hierarquia dos serviços hospitalares, apresenta a necessidade de organização e estruturação da assistência de enfermagem, de maneira a contribuir positivamente para a qualidade das ações e segurança do paciente e da equipe multiprofissional. (1)

A Resolução do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) nº 358/20093, que versa sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem e sua implementação, definiu que o Processo de Enfermagem (PE) deve ser dividido em cinco etapas: Histórico de enfermagem, Diagnóstico de enfermagem, Planejamento de enfermagem, Implementação e Avaliação de enfermagem. Essas etapas, inter-relacionadas e não sequenciais, oportunizam a organização das ações de enfermagem, na medida em que geram registros e possibilidades de acompanhamento contínuo por parte de todos os profissionais acerca dos sinais e sintomas do paciente, sua evolução e prognóstico. (2)

A descrição das ações de enfermagem prescritas na UTI fornece um perfil das necessidades de cuidados dos pacientes, favorece a organização do conhecimento sobre estes cuidados, além de permitir comparações entre populações com demandas específicas (3). Pelo fato de estas unidades abrigarem pacientes críticos ou de alto risco que necessitam de cuidados diretos e contínuos, visto que o quadro de saúde pode facilmente evoluir para a morte, é fundamental que a equipe seja devidamente treinada e esteja disposta em número suficiente para que se estabeleçam adequados tratamento e cuidado (4). Diante deste contexto, entendemos a importância de implantar e seguir fielmente o Processo de Enfermagem, ondeuma das fases é o Diagnóstico de enfermagem,que é o foco deste trabalho, mais especificamente o diagnóstico de enfermagem (D.E.) risco de perfusão renal ineficaz.

O D.E risco de perfusão renal ineficaz tem por definição o risco de redução na circulação sanguínea para os rins, que pode comprometera saúde. Seus principais fatores de risco são: abuso de drogas, acidose metabólica, bypass cardiopulmonar, cirurgia cardíaca, diabetes mellitus, doença renal (rim policístico), efeitos secundários relacionados ao tratamento (p. ex., medicamentos, cirurgias), embolia vascular, estenose da artéria renal, exposição a nefrotóxicos, gênero feminino, glomerulonefrite, hiperlipidemia, hipertensão, hipertensão maligna, hipovolemia, hipoxemia, hipoxia, idade avançada, infecção (p. ex., sepse, infecçãolocalizada), malignidade, necrose cortical bilateral, nefrite intersticial, politrauma, polinefrite, queimaduras, síndrome compartimental abdominal, síndrome da resposta inflamatória sistêmica, tabagismo e vasculite5. Alguns estudos realizados mostram a prevalência deste diagnóstico, como, por exemplo, um estudo realizado com objetivo de descrever o perfil dos diagnósticos de enfermagem de 31 pacientes em início de tratamento hemodialítico em uma clínica de hemodiálise na Zona Sul de São Paulo, onde o diagnóstico de perfusão tissular renal ineficaz foi encontrado em 100% dos pacientes.6 Daí entendemos a importância das intervenções do diagnóstico para não evolução para o diagnóstico real.

A identificação e manejo da perfusão renal apresenta-se como uma tarefa árdua para os profissionais envolvidos neste contexto, e suas consequências trazem, em muitos casos, prejuízos irreversíveis para o paciente, uma vez que a evolução para a perfusão renal ineficaz pode levar, inclusive, ao óbito7. Este estudo tem como principal objetivo encontrar na literatura as principais intervenções de enfermagem para o paciente com D.E. risco de perfusão renal ineficaz.

Questão prática: Para o paciente de alta complexidade com D.E. risco de perfusão renal ineficaz, quais as intervenções (ou protocolos) mais eficazes para a estabilização da função renal?

Quadro 1: Estratégia PICO

Quadro1

METODOLOGIA

A pesquisa de natureza descritiva foi realizada através de revisão bibliográfica sistematizada e baseada em obras publicadas no período de 2010 a 2016. A coleta do material para a pesquisa foi realizada no período de maio a novembro de 2016.

O levantamento foi realizado em ambiente virtual na Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) e Pub Med, em uma busca livre de textos completos atendendo aos critérios do Qualis Capes, incluídos, nos resultados com os seguintes termos de busca na BVS: adulto, cuidados críticos, perfusão, circulação renal, perfusão renal, cuidados de enfermagem, prescrição de enfermagem, intervenção de enfermagem, processos de enfermagem e diagnóstico de enfermagem.

E no Pub Med: adult, critical care, perfusion, renal circulation, nursing care, nursing prescription, nursing process and nursing diagnosis.

Foram utilizados os operadores boolenanos AND e OR, foram realizadas combinações com os elementos do componente (P) e (I), (C) e (O).

Foram selecionados para este estudo somente artigos que, na leitura demonstrasse semelhanças, com o tema diagnóstico de enfermagem risco de perfusão renal ineficaz, forma integral e singular a parturiente, utilizando como fonte de dados, periódicos da área de enfermagem publicados no Brasil, que estavam disponíveis nos locais selecionados para a coleta, descritos na tabela 1. Primeiramente, as obras foram armazenadas em computador, para que em seguida fosse realizada uma pré-seleção de acordo com a leitura dos resumos. Nesta fase, buscou-se a relação entre o conteúdo, título, resumo, e se atendiam ao objeto do presente estudo.

Na fase de seleção, as obras foram lidas na íntegra, com atenção especial para os resultados e conclusão das obras, os trabalhos que não apresentavam qualquer relação com diagnóstico de enfermagem risco de perfusão renal ineficaz foram excluídos. Realizada a triagem das obras foram obtidos 10 artigos, 1 livro para embasamento teórico e uma dissetação de mestrado.

Ao utilizar os descritores iniciais, “adulto, cuidados críticos, perfusão, circulação renal, perfusão renal, cuidados de enfermagem, prescrição de enfermagem, intervenção de enfermagem, processos de enfermagem e diagnóstico de enfermagem.” 3.809 resultados foram levantados inicialmente na BVS, mas apenas 8 artigos e 1 tese atendiam aos critérios do estudo. Tendo em vista que o objeto da pesquisa era diagnóstico de enfermagem risco de perfusão renal ineficaz.

Ao utilizar os descritores no Pub Med “adult, critical care, perfusion, renal circulation, nursing care, nursing prescription, nursing process and nursing diagnosis” foram encontrados 80 artigos, 2 se adequavam aos parâmetros estabelecidos, foram descartados 78 artigos, por não caracterizarem os sujeitos estudados de acordo com o objetivo deste estudo. Em uma busca livre de textos completos atendendo aos critérios do Qualis Capes, foram selecionados 3 artigos em concordância com a relevância do tema abordado.

Após a construção das fases da elaboração do estudo, percebeu-se que somente as obras encontradas em meio virtual não respondiam de forma objetiva a pergunta clínica, visto que o tema era abordado em conjunto com fatores de rico associados.

Figura 1. Identificação e seleção dos artigos para revisão sistemática:

Figura 1

Quadro 2 – Síntese das Evidências Científicas, utilizando a escala de avaliação dos artigos quanto à relevância clínica.

Quadro 2

DISCUSSÃO

Durante a pesquisa observamos o quanto é comum pacientes com diagnósticos de enfermagem risco de perfusão renal ineficaz ou perfusão tissular ineficaz renal. Em estudo realizado com vítimas de causas externas atendidas nas primeiras 6 horas após o evento traumático, com a amostra de 407 pacientes, identificou-se este diagnóstico em 32 pacientes, correspondendo a 7,9% da amostra8. Em outro estudo, cujo objetivo estava em identificar e analisar diagnósticos de enfermagem que constituem fatores de risco para óbito em vítimas de trauma nas primeiras 6 horas após o evento, constatou-se que, da amostra total de 406 pacientes, 44 evoluíram para o óbito e 14 deles possuíam D.E. risco de perfusão renal ineficaz, que correspondia a 31,8% da amostra9. Durante um terceiro estudo, com o objetivo de identificar nos registros de prontuários de pacientes numa UTI adulta os diagnósticos de enfermagem, foi identificado o D.E perfusão renal ineficaz em 2% da amostra10. Em outro estudo, realizado com pacientes em pós-operatório imediato de cirurgia bariátrica, o qual buscava analisar os diagnósticos de enfermagem da classe respostas cardiovasculares/pulmonares em pacientes submetidos à cirurgia bariátrica, identificou-se o D.E de risco de perfusão renal ineficaz em 43,1% dos casos, em uma amostra de 57 pacientes (11).

Não foi encontrado nas fontes de pesquisa um artigo contendo especificamente as intervenções de enfermagem para o paciente com o D.E. risco de perfusão renal ineficaz, porém foi encontrada a descrição do D.E. e intervenções para pacientes em pós-operatório de cirurgia bariátrica, onde foi observado que as intervenções podem ser aplicadas ao diagnóstico em discussão.

As principais intervenções, de acordo com a ligação entre NANDA I, NIC e NOC presentes em pacientes em pós-operatórios de cirurgia bariátrica, associados aos fatores de risco hipóxia, hipertensão, hiperlipidemia e diabetes mellitus, que são relacionados ao diagnóstico de perfusão renal ineficaz, foram as seguintes: interpretação de dados laboratoriais (monitorar níveis séricos de ureia, creatinina e eletrólitos); averiguar níveis de colesterol total, frações e glicemia; controle de líquidos/eletrólitos (monitorar níveis de eletrólitos séricos e aqueles relevantes à retenção de líquidos); observar sinais e sintomas de desequilíbrio hidro eletrolítico (cãibras, arritmias, alterações neurológicas, edema etc.); manter registro minucioso da eliminação e ingestão; monitorar sintomas de insuficiência renal (edema, alterações neurológicas, alterações na pressão arterial, etc.).Encontrou-se como resultado a estabilização da função renal, sinais vitais e perfusão tissular dos órgãos abdominais. Cabe ao enfermeiro o julgamento clínico referente ao diagnóstico e cada fator de risco associado, visando a melhor intervenção a ser aplicada(12).

Em um estudo realizado numa unidade de terapia intensiva onde se buscava encontrar os títulos diagnósticos e as ações de enfermagem prescritas por enfermeiros nos prontuários de pacientes internados em uma unidade de terapia intensiva de adultos, foi encontrado em 2% da população estudada o DE perfusão tissular renal ineficaz. Entre as ações de enfermagem prescritas, foram citadass as com frequência maior que 50% e dais quais duas dela se aplicam merecem atenção para este DE que são elas: Mesurar diurese de 2/2h e Aferir e anotar pressão arterial de 2/2h.13

CONCLUSÃO

A partir dos estudos de casos e dos dados obtidos durante o estudo proposto, pode-se afirmar que há um alto nível de prevalência do diagnóstico de enfermagem risco de perfusão renal ineficaz. Fica evidenciado que este diagnóstico é bastante frequente, chegando em um dos estudos, a um número percentual de 72,9% dos pacientes da amostra. Sendo assim, entende-se a complexidade deste D.E e suas consequências em caso de evolução para perfusão renal ineficaz, que pode levar o paciente a óbito. Pois é visto que a não identificação prévia e intervenções de enfermagem eficazes para seu controle e minimização dos riscos pode ser extremamente prejudicial ao paciente. A correta intervenção é a forma mais segura de promover a recuperação e saúde dos indivíduos, principalmente para os pacientes que se encontram sob cuidados intensivos.

Este estudo irá contribuir para a prática da enfermagem em pacientes com risco de perfusão renal ineficaz associado aos fatores de risco hipóxia, hipertensão, hiperlipidemia e diabetes mellitus, sendo que este diagnóstico possui, ainda, outros 26 fatores de risco associados. Desta forma, fica claro que o diagnóstico correto e a melhor intervenção auxiliam na prevenção de futuros danos aos pacientes portadores deste tipo de patologia.

Sugerimos que sejam feitos mais estudos relacionados ao risco de perfusão renal ineficaz e suas intervenções. Pois fica há uma grande quantidade de fatores de risco associados a este diagnóstico e a necessidade de cuidados específicos. Desta forma, de acordo com a situação clínica de cada paciente, como, por exemplo, pacientes: submetidos à cirurgia cardíaca, politraumas, acidose metabólica, embolia vascular, queimaduras, entre outros, que necessitam de cuidados intensivos, e estão sob risco de perfusão renal ineficaz devido à patologia de base. Decorrente disto, ainda é possível perceber que, outros estudos envolvendo intervenções de enfermagem direcionadas à prevenção da perfusão renal ineficaz de forma geral também são necessários.

Como conclusão preliminar da pesquisa realizada pode-se esperar, que este estudo, de alguma forma possa despertar nos enfermeiros a conscientização da importância da identificação deste diagnóstico e seus riscos. A partir do que foi proposto no trabalho, entende-se que o melhor cuidado pode ser realizado em um determinado tempo efetivo visando medidas preventivas através de vigilância (observação da clínica do paciente) sinais e sintomas de lesão renal aguda, visto que se trata de um diagnóstico de risco. Desta forma, tem-se como objetivo; reduzir o número de pacientes acometidos por perfusão renal ineficaz. Pode-se afirmar que o trabalho de pesquisa é uma contribuição inicial para os demais estudos de casos, pois somente com a construção efetiva de uma literatura especializada, os futuros trabalhos terão uma base teórica e metodológica mais eficaz.


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