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REVIEW ARTICLES

Nursing evidence-based inteprofissional practice guidelines for self-care deficit dressing in ICU – systematic literature review


Prática interprofissional de enfermagem baseada em evidência sobre Déficit no autocuidado para vestir-se em UTI – revisão sistematizada da literatura


Carla Karoline dos Santos Ferreira1, Isabel Cristina Fonseca da Cruz1

1Universidade Federal Fluminense


ABSTRACT

The deficit in self-care for dressing is conditioned by the impaired ability to perform or complete dressing and self-dressing activity, ie inability to put clothing on the upper body; inability to put clothing on the lower part of the body, and pain may be a cause of this deficit. Pain has been conceptualized by the International Association for the Study of Pain (IASP) as "an unpleasant sensory and emotional experience associated with actual or potential tissue damage, or described in terms of such injuries." Objective: Review evidence-based, interprofessional guidelines that will assist the Intensivist nurse in identifying and treating nursing care behavior related to Self-Care Dressing Deficit in the context of the interprofessional team. Method: Integrative literature review through the search of an online, computerized and / or manual database in the from 2011 to 2017. Conclusion: The nursing diagnosis is the clinical evaluation by the nurse based on the responses of the individual, family or community to actual or potential health problems or vital processes.

Key-words: Self Care, Nursing Diagnosis, Critical Care, Pain.


RESUMO

O déficit no autocuidado para vestir-se está condicionado à capacidade prejudicada de realizar ou completar atividade vestir-se e arrumar-se por si mesmo, ou seja, incapacidade de colocar roupas na parte superior do corpo; incapacidade de colocar roupas na parte inferior do corpo, podendo ser a dor uma causa desse déficit. A dor foi conceituada pela Associação Internacional para Estudos da Dor (IASP) como “uma experiência sensorial e emocional desagradável associada a um dano real ou potencial dos tecidos, ou descrita em termos de tais lesões”. Objetivo: Revisar as diretrizes inteprofissionais com base em evidência que ajudarão à enfermeira intensivista na identificação e tratamento da conduta de cuidados de enfermagem relacionados à Déficit no autocuidado para vestir-se, no contexto da equipe interprofissional. Método: Revisão integrativa da literatura por meio da busca em base de dados online, computadorizada e/ou manual, no período de 2011 a 2017. Conclusão: O diagnóstico de enfermagem é a avaliação clínica por parte do enfermeiro a partir das respostas do indivíduo, família ou comunidade aos problemas de saúde reais ou potenciais ou aos processos vitais.

Palavras-chave: Autocuidado, Diagnóstico de enfermagem, cuidados críticos, Dor.


INTRODUÇÃO

O déficit no autocuidado para vestir-se está condicionado à capacidade prejudicada de realizar ou completar atividade vestir-se e arrumar-se por si mesmo, ou seja, incapacidade de colocar roupas na parte superior e inferior do corpo, podendo ser a dor uma causa desse déficit.(1,13)

A dor foi conceituada pela Associação Internacional para Estudos da Dor (IASP) como “uma experiência sensorial e emocional desagradável associada a um dano real ou potencial dos tecidos, ou descrita em termos de tais lesões”. Dor é uma experiência subjetiva e pessoal, envolve aspectos sensitivos e culturais que podem ser alterados pelas variáveis socioculturais e psíquicas do indivíduo e do meio.(2,3).

Através dos diagnósticos podemos identificar as necessidades de cuidados mais frequentes focalizados pelos enfermeiros que avaliam e prestam o cuidado inicial ao paciente em unidade de terapia intensiva.4 Além do que, as propostas de intervenções, fundamentadas pelos diagnósticos de enfermagem proporcionam a esses pacientes um cuidado individualizado, a partir de seus fatores relacionados e suas características definidoras, que são características particulares.(5)

O conhecimento teórico-cientifico juntamente com a NIC e a NANDA-I tornam-se um instrumento que possibilita ao profissional uma maior viabilidade de aplicar a assistência de enfermagem de forma mais qualificada e integral.(6,7,13)

O vestuário desempenha um papel essencial no bem-estar psicológico do indivíduo, sendo utilizado como meio adaptativo a necessidades ambientais e sociais, constituindo um valor importante para todos os indivíduos, devido à perda dos suportes habituais de ego (vigor, físico e status social). Vestir-se e despir-se exige muita coordenação, destreza, equilíbrio, amplitude de movimento e força muscular e como estas funções estão afetadas por algum motivo de dor, acarreta essa dificuldade em vestir- se e arrumar- se.(10

Como a equipe de enfermagem convive mais tempo com o paciente, estando presente em todos os momentos do cuidado, é importante que ela reconheça adequadamente os sinais de dor para intervir corretamente em seu alívio, tornando-se responsável pelo desencadeamento das ações que vão solucionar o problema.(11)

Assim definiu-se como objetivo: Revisar as diretrizes inteprofissionais com base em evidência que ajudarão à enfermeira intensivista na identificação e tratamento da conduta de cuidados de enfermagem relacionados à Déficit no autocuidado para vestir-se, no contexto da equipe interprofissional.

Questão prática

Como otimizar o cuidado interprofissional do paciente de alta complexidade com Déficit no autocuidado para vestir- se por meio da prática de enfermagem baseada em evidências?

Quadro 1: Descrição dos componentes da estratégia PICO (Niterói, 2018).

Quadro1

MÉTODO

Revisão integrativa da literatura por meio da busca em base de dados online, computadorizada e/ou manual, no período de 2011 a 2017. Os dados foram coletados na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) nas seguintes bases de dados: Scientific Electronic Library Online (Scielo), Literatura Latino - American e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Base de dados de Enfermagem (BDENF) e Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE). O período de coleta dos artigos foi de Março de 2018 à Dezembro 2018, sendo utilizados os descritores: “Autocuidado”, “diagnóstico de enfermagem”, “cuidados críticos” e “ Dor”. Esses termos foram utilizados de forma conjunta e isolados. As obras idênticas, repetidas em bases virtuais diferentes, foram eliminadas, considerou-se seu primeiro registro. Para a busca bibliográfica das evidências foi utilizada uma combinação dos componentes da estratégia PICO: (P) Paciente adulto/idoso internado em unidade de terapia intensiva apresentando déficit no autocuidado para vestir- se/Arrumar-se. AND (I) Realizar ou ajudar a atender as necessidades do cliente quando ele não é capaz de atender as próprias necessidades AND (C) Controle ou comparação AND (O) Realizará as atividades de autocuidado dentro da sua capacidade.

A pesquisa estabeleceu como critério de inclusão: 1- estudos a respeito da temática, 2- estudos no idioma inglês, português, 3- período de publicação entre 2011 a 2017 e 4- texto completo. E como critérios de exclusão foram estabelecidos: 1- estudos duplicados, incompletos e 2- aqueles que fugissem da temática.

Foram selecionados para este estudo somente artigos que, na leitura demonstrasse semelhanças, com Déficit do autocuidado para vestir-se em pacientes adultos e idosos críticos relacionados com a dor, utilizando como fonte de dados, periódicos da área de enfermagem publicados no Brasil e demais países, que estavam disponíveis nos locais selecionados para a coleta, descritos. Primeiramente, a seleção ocorreu pela leitura do título e resumo disponível online, para que em seguida fossem selecionadas e armazenadas as obras relacionadas ao tema. No segundo momento foi realizada a leitura completa e nessa fase, buscou-se a relação entre o conteúdo, título, resumo, e se atendiam ao objeto do presente estudo.

RESULTADO

Desta forma, com o uso dos descritores definidos, houve um total de 134 estudos encontrados na BVS, os quais, utilizando-se dos filtros pesquisas: texto completo, base de dados, idioma e ano de publicação, reduziu-se a 11 artigos sobre o tema.

A distribuição dos artigos nos periódicos estudados no período delimitado pode ser analisada conforme destacado no quadro 2.

O nível de evidência baseia-se no proposto pelo Centro de Medicina baseada em evidência de Oxford.

Quadro 2- Análise e classificação do nível de evidência

Quadro1

Fonte: própria

DISCUSSÕES

No estudo realizado com 20 adultos (com idades entre 21 e 49 anos) internados, e 20 idosos (acima de 65 anos) de cinco a sete dias internados, observou-se que os diagnósticos de enfermagem mais expressivos nos idosos são: dentição prejudicada (75%); constipação (75%); e déficit no autocuidado para vestir-se e arrumar-se (70%). A investigação dos diagnósticos requer atenção especial tanto em adultos como idosos. Ao deixar de adotar comportamentos saudáveis ou não aderir ao regime terapêutico, essa clientela se expõe à possibilidade de comprometimentos clínicos futuros, agravados pelo seu processo de envelhecimento e, consequentemente, hospitalizações.(1)

Em outro estudo, realizado com 41 pacientes encaminhados por serviços de atendimento pré-hospitalar, maiores de 18 anos, de ambos os sexos e não gestantes utilizando como referencial teórico a Taxonomia II da NANDA Internacional e a Nursing Interventions Classification.13 Foram identificados 25 diagnósticos. Os mais prevalentes foram: dor aguda; mobilidade física prejudicada; deambulação prejudicada; déficit no autocuidado para banho; déficit no autocuidado para vestir-se; déficit no autocuidado para higiene íntima; mobilidade no leito prejudicada; capacidade de transferência prejudicada; integridade da pele prejudicada; integridade tissular prejudicada; déficit no autocuidado para alimentação; padrão respiratório ineficaz. Após, foram propostas 82 intervenções de enfermagem que pudessem propiciar uma redução de danos a esses pacientes. As intervenções propostas para o diagnóstico Déficit no autocuidado para vestir-se foram: Oferecer a roupa de modo que o paciente tenha acesso a elas; Estar disponível para ajudar a vestir o paciente, se necessário; Manter a privacidade enquanto o paciente se veste; Reforçar as tentativas de vestir-se sozinho. Entre algumas intervenções para minimizar a dor estão também: Observar a ocorrência de indicadores não verbais de desconforto, em especial nos pacientes incapazes de se comunicar com eficiência; Investigar os fatores que aliviam/ pioram a dor; Avaliar com o paciente e a equipe cuidados de saúde e eficácia de medidas passadas utilizadas para controlar a dor.(2)

No estudo realizado com 113 profissionais da enfermagem notamos que a equipe de enfermagem da UTI pode não reconhecer os aspectos essenciais do manejo de dor em pacientes que recebem sedação ou com barreiras de comunicação. Associado a esse fato, as anotações muitas vezes são incompletas e sugerem que a equipe não sabe identificar sedação de analgesia. Entretanto há varias formas de se avaliar a dor, a equipe tem que saber diferenciar para poder conseguir minimizar o efeito da mesma.(3)

A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) configurasse como uma metodologia para organizar e sistematizar o cuidado, com base nos princípios do método científico. Tem como objetivos identificar as situações de saúde-doença e as necessidades de cuidados de enfermagem, bem como subsidiar as intervenções de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde do indivíduo, família e comunidade.(4)

Outro estudo apontou que a fase do diagnóstico de enfermagem vem sendo introduzida no processo de enfermagem (PE) em vários serviços de enfermagem no Brasil. A inserção do diagnóstico de enfermagem requer que os enfermeiros tenham uma linguagem comum que favoreça o entendimento entre os seus pares sobre os fenômenos clínicos de interesse, norteando as decisões sobre o que fazer por eles. O PE pode ter efeitos positivos na definição dos fenômenos, na proposição de intervenções de enfermagem e avaliação.(10)

Nesse sentido, o processo de enfermagem (PE) direciona um estilo de pensamento, para tomada de decisões apropriadas sobre quais as necessidades de cuidados dos pacientes (diagnósticos), sobre quais os resultados que se quer alcançar (resultados) e sobre quais os melhores cuidados para atender àquelas necessidades relacionadas a esses resultados desejáveis (intervenções).(8)

O próximo estudo relata que à capacidade para o autocuidado, verificou-se a existência de uma relação direta entre o tempo de internação e a dependência funcional, pois os pacientes que apresentaram maior grau de dependência eram os que permaneceram internados por um período igual ou superior a 15 dias. A dependência para o autocuidado influi diretamente no aumento do número de intervenções do enfermeiro e da equipe de saúde.(11)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O diagnóstico de enfermagem é a avaliação clínica por parte do enfermeiro a partir das respostas do indivíduo, família ou comunidade aos problemas de saúde reais ou potenciais ou aos processos vitais.(2) Nesse sentido, a enfermagem, como profissão que está em contato direto e frequente com o paciente, possui papel fundamental para observar, identificar, prevenir, tratar e manter a saúde desses.(8)

Observa-se que há pouca produção científica no âmbito da enfermagem acerca do diagnóstico Déficit no autocuidado em vestir- se, mesmo sendo um diagnóstico muito evidenciado em idosos que necessitam de cuidados críticos.

Neste estudo nota-se que as principais recomendações voltadas para a prevenção Déficit do autocuidado em vestir se são: Oferecer a roupa de modo que o paciente tenha acesso a elas (p.ex., junto ao leito); Estar disponível para ajudar a vestir o paciente, se necessário; Manter a privacidade enquanto o paciente se veste; Reforçar as tentativas de vestir-se sozinho e também usamos estratégias para minimizar a dor, pois elas aumentam em 100% a capacidade do auto-cuidar.1 Com isso tentamos minimizar a angústia do paciente em ter suas capacidades do autocuidado diminuída.

Sabemos que o enfermeiro é o profissional que tem mais proximidade com paciente, dando a ele um papel de destaque na prevenção da ocorrência de erros, sendo assim necessário o conhecimento técnico e cientifico. Neste contexto torna se fundamental a educação continuada, atualizações e capacitações para equipe de saúde, gerenciamento e supervisão adequada.

Concluímos que a satisfação do profissional, o diálogo e o suporte à equipe são essenciais para a garantia de uma boa sistematização de enfermagem. Conhecer a percepção dos profissionais de enfermagem sobre o diagnóstico do paciente contribui para a melhoria do cuidado em saúde e para a redução dos riscos ao paciente.

REFERÊNCIAS

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