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REVIEW ARTICLES

Evidence-based nursing interdisciplinary practice on the self-care deficit with intimate hygiene in the ICU- systematized literature review


Prática interprofissional de enfermagem baseada em evidência sobre o déficit no autocuidado com a higiene íntima em UTI- revisão sistematizada da literatura


Nicolle Silva dos Santos1, Isabel Cristina Fonseca da Cruz1

1Universidade Federal Fluminense


ABSTRACT

The patient affected by some pathology related to musculoskeletal impairment will imply the needs of self-care. Thus, coupled with the model of self-care of Orem presents the importance of nursing in developing actions regarding the stimulus to self-care of the individual, since he is unable to perform such actions. On the other hand, the nursing process is an instrument that helps the planning and organization to put into practice the nursing care. Objective: To review the evidence-basedinterprofessional guidelines that will help the intensive care nurse in the identification and treatment of the nursing care related to the self-care deficit with the intimate hygiene in the ICU, in the context of the interprofessional team. Methodology: Integral review of the literature through the search of an online, computerized and / or manual database, from 2011 to 2017. Conclusion: It is important to note that the findings can favor and contribute to the actions of nurses in clinical practice in the construction of quality care.

Keywords: Self-care. Hygiene. Nursing Diagnosis. IntensiveCareUnits


RESUMO

O paciente acometido por alguma patologia relacionada ao prejuízo muscoesquelético implicará nas necessidades do autocuidado. Sendo assim, atrelado ao modelo do autocuidado de Orem apresenta a importância da enfermagem em desenvolver ações no que tange o estímulo ao autocuidado do indivíduo, visto que o mesmo está incapaz de realizar tais ações. Por outro lado, tem-se o processo de enfermagem um instrumento o qual auxilia o planejamento e a organização para por em prática o cuidado de enfermagem. Objetivo: Revisar as diretrizes inteprofissionais com base em evidência que ajudarão à enfermeira intensivista na identificação e tratamento da conduta de cuidados de enfermagem relacionados a déficit no autocuidado com a higiene íntima em UTI, no contexto da equipe interprofissional. Metodologia: Revisão integrativa da literatura por meio da busca em base de dados online, computadorizada e/ou manual, no período de 2011 a 2017. Conclusão: Nota-se a importância do tema para que os achados possam favorecer e contribuir para as ações dos enfermeiros na prática clínica na construção do cuidado de qualidade.

Palavras-chave: Autocuidado. Higiene. Diagnóstico de Enfermagem. Unidades de Terapia Intensiva.


INTRODUÇÃO

A enfermagem é determinada por uma estrutura teórica, aplicada à prática por meio do Processo de Enfermagem, sendo um instrumento metodológico que possibilita identificar, compreender, explicar e obter respostas dos pacientes diante aos problemas de saúde ou aos processos vitais, e determinar que aspectos dessas respostas exijam uma intervenção profissional de forma humanizada(1).

O déficit do Autocuidado para higiene íntima é definido como: incapacidade de realizar tarefas associadas á eliminação vesical e intestinal de forma independente(2).

Sendo assim, pode ser entendido como um trabalho profissional específico que pressupõe uma série de ações dinâmicas e inter-relacionadas para sua realização, ou seja, indica a adoção de um determinado método ou modo de fazer (Sistematização da Assistência de Enfermagem), fundamentado em um sistema de valores e crenças morais e no conhecimento técnico-científico da área(3).

Entende-se como diagnóstico de enfermagem a avaliação clínica por parte do enfermeiro a partir das respostas do indivíduo, família ou comunidade aos problemas de saúde reais ou potenciais ou aos processos vitais. Para então, definir as condutas a serem tomadas para alcançar resultados satisfatórios no processo de saúde e doença(4).

Além disso, outro fator que é importante ressaltar é a incapacidade para desenvolver o autocuidado que resulta de fatores extrínsecos ou intrínsecos. Entre os primeiros, incluem-se a doença ou a morte de algum parente. Já fatores intrínsecos, como idade, por exemplo, afetam tanto a habilidade da pessoa se engajar no autocuidado, como o tipo e a quantidade de autocuidado requerido(5).

Surge então, a teoria do déficit do autocuidado sobretudo no concernente à sua potencialidade para influenciar ações de enfermagem, que é um modelo proposto por Orem desenvolvido na década de 1950 baseado na premissa de que os indivíduos podem cuidar de si próprios(6).

Frente a essa problemática, justifica-se a importância do estudo, pois após a revisão integrativa da literatura, foi possível constatar uma escassez de trabalhos que englobem a identificação de artigos sobre o tema para contribuir no trabalho do enfermeiro e qualificá-lo para proporcionar qualidade na assistência.

OBJETIVO

Revisar as diretrizes inteprofissionais com base em evidência que ajudarão à enfermeira intensivista na identificação e tratamento da conduta de cuidados de enfermagem relacionados a déficit no autocuidado com a higiene íntima em UTI, no contexto da equipe interprofissional.

Tabela 1- Descrição dos componentes PICO:

Tabela 1

Questão Clínica: Como otimizar o cuidado interprofissional do paciente de alta complexidade com déficit no autocuidado com a higiene íntima?

METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão Integrativa da Literatura por meio da busca em base de dados online, computadorizada e/ou manual, no período de 2011 a 2017. O levantamento de dados das publicações foi pesquisado no período de setembro a novembro de 2018, nas bases de dados da LILACS, MEDLINE E BIREME. Foram selecionados 10 artigos, a partir dos seguintes critérios: texto completo disponível, idiomas: inglês, espanhol e português.Foram utilizados os seguintes Descritores com a estratégia PICO: P (unidades de terapia intensiva); I (autocuidado); C (não se aplica); O (higiene).

RESULTADOS

Análise e classificação do nível de evidência científica dos estudos:

Tabela 2- Busca Bibliográfica de acordo com os descritores sobre o assunto, Brasil, 2018.

Tabela 2

DISCUSSÃO

Baseando-se em evidências, reuniu neste estudo os cuidados de enfermagem aos pacientes com déficit no autocuidado com a higiene íntima. Apesar de poucos achados e os artigos se concentrarem em apenas nos diagnósticos mais prevalentes, o déficit no autocuidado com a higiene íntima na maioria dos estudos ficou entre os que são mais encontrados na prática profissional, principalmente no que tange a alta hospitalar e no usuário que necessita dar continuidade nos cuidados.

Prova disso,mostra nos estudosdentre os diagnósticos mais presentes o déficit no autocuidado com a higiene, justificando o achado devido ao prejuízo neuromuscular/musculoesquelético e a evolução da doença.E assim, leva à incapacidade de chegar ao vaso sanitário ou à cadeira higiênica e realizar/fazer uma higiene íntima apropriada1(2).

Por outro lado no que se refere a perda de massa muscular acontece gradativamente como forma de deteriorização da mobilidade e capacidade funcional do indivíduo que está envelhecendo e para os autores a perda de força está relacionada também com a limitação da mobilidade e desempenho físico e assim, aumentos na incidência de acidentes sofridos pelas pessoas com fraqueza muscular(16).

Em outro estudo foi possível constatar como o segundo diagnóstico mais frequente em seus resultados. E assim, tem como definição: a capacidade prejudicada para realizar ou completar as atividades de banho/higiene por si mesmo. Justificando pacientes com problemas clínicos, cirúrgicos e críticos. Além de ser um diagnóstico tendo relação direta com a mobilidade que é um fator determinante para conservação da independência do paciente e fica impossibilitado devido a suas condições(11,13).

No artigo sobre sequelas neurológicas foi atrelado ao déficit do autocuidado para higiene intima, pois Orem define: quando os indivíduos não podem praticar atividades manutenção de sua própria vida, saúde e bem-estar. E segundo autora, o autocuidado é uma ação que tem uma consequência quando se realiza efetivamente, a contribuição para a integridade estrutural e funcionamento humano(15).

A teoria do autocuidado definida por Orem mostra como é importante a enfermagem e o processo de cuidar, pois determina que a profissão é necessária sempre que um adulto ou pai/responsável ( no caso de um dependente) é inábil ou se encontra limitado na continuidade do cuidado eficaz. E assim a teoria consegue promover o autoconhecimento, o autocontrole e a participação dos pacientes no próprio cuidado(6).

O diagnóstico do déficit no autocuidado com a higiene íntima teve como resultado no artigo 70,7% dos pacientes vítimas de múltiplos traumas e dentre os fatores relacionados: dor; prejuízo musculoesquelético e prejuízo neuromuscular. Sendo assim, sugeriu como intervenções: dar assistência no banho/higiene, melhorar a imagem corporal do paciente, auxiliar na utilização do vaso sanitário e promover a mecânica corporal(4).

As intervenções são importantes neste processo para encorajar os indivíduos a retomarem suas atividades da vida diária e promover o seu conforto. Para isso, a maioria das revisões sugeriram a promoção do conforto físico, sendo a principal intervenção e como meio de promoção o controle da dor. Além, da assistência do profissional de enfermagem no autocuidado para higiene íntima.

Portanto, as intervenções de enfermagem da NIC propõem outras intervenções não citadas nos artigossendo elas: levar em conta a cultura do paciente ao promover atividades do autocuidado,a idade do paciente, monitorar a integridade da pele do paciente e manter rituais de higiene(17.

CONCLUSÃO

A contribuição deste estudo para o estabelecimento de diretrizes da prática de enfermagem intensivista interprofissional e baseada em evidência com foco no problema déficit no autocuidado com a higiene íntima vivenciado pelo(a) paciente de alta complexidade, conclui-se a necessidade de mais estudos na área, visto que foi evidenciado a ausência de artigo sobre o tema propriamente dito, pois o achado foi apenas juntamente com outros diagnósticos relevantes.Portanto, para que o paciente possa conseguir sua independência é importante que o profissional auxilie neste processo principalmente no controle da dor. Além disso, com os resultados encontrados no presente estudo é notória a contribuição para o profissional de enfermagem, pois irá conduzir com qualidade sua assistência. Visto que, o enfermeiro precisa manter-se sempre no processo de buscar informações adequadas à sua prática, para que os problemas sejam minimizados ou até extintos. Além, de proporcionar um atendimento humanizado e holístico.


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