Evidence-based nursing practice on recovery after cardiac surgery in ICU - Systematized Literature Review

 

Prática de enfermagem baseada em evidências sobre recuperação pós-procedimento cirúrgico cardíaco em UTI - Revisão Sistematizada da Literatura

 

Isabella Almeida d’ Acampora. Enfermeira. Aluna do Curso de Especialização em Enfermagem em Cuidados Intensivos / Universidade Federal Fluminense (UFF). isa.dacampora@gmail.com

Profa. Dra. Isabel Cruz. Titular da UFF. isabelcruz@id.uff.br

 

Abstract:

Patients undergoing cardiac surgeries after the postoperative observation period go to the ICU to restore their physical, mental and vital capacities. In addition to performing direct care, the nurse must create effective communication mechanisms with the patient and his family. The aim of this study is to review evidence-based nursing guidelines that will assist the intensive care nurse in identifying nursing care diagnoses and prescriptions to achieve the outcome of recovery after cardiac surgery over time. 7 days. The methodology used was exploratory and descriptive based on Systematic Literature Review. Data were collected from March to August 2019 in the SciELO library and in the LILACS and BDENF databases, using the Boolean operator AND in the double and triple association. of the descriptors. The results found 10 articles pertinent to the subject and organized according to the citations throughout the study. In the discussions it was evidenced that the nurse needs to have as much information as possible about the patient who will admit and elaborate the real and risk diagnoses developing prescriptions and nursing interventions for such diagnoses. It is concluded that all conduct, not only of nursing, but of the entire multidisciplinary team, helps to reduce the length of stay and humanized care promotes the safety and comfort of both patients and their families.

 

Keywords: Intensive Care Units; Nursing; Cardiac Surgery.

 

Resumo:

Os pacientes submetidos às cirurgias cardíacas, após o período de observação no pós-operatório, seguem para a UTI a fim de restabelecer suas capacidades físicas, mentais e vitais. O enfermeiro além de executar a assistência direta, deve criar mecanismos de comunicação eficazes com o paciente e sua família. O objetivo desse estudo é revisar as diretrizes de enfermagem com base em evidência que ajudarão à(ao) enfermeira(o) intensivista na identificação de diagnósticos e prescrições de cuidados de enfermagem para o alcance do resultado sobre recuperação pós-procedimento cirúrgico cardíaco, no tempo de 7 dias. A metodologia utilizada foi exploratória e descritiva sedimentado em Revisão Sistematizada da Literatura, o levantamento de dados foi realizado entre março a agosto de 2019 na biblioteca da SciELO e nas bases de dados da LILACS e BDENF, utilizando o operador booleano AND na associação dupla e tripla dos descritores. Nos resultados foram encontrados 10 artigos pertinentes ao assunto e organizados de acordo com as citações ao longo do estudo. Nas discussões foi evidenciado que o enfermeiro precisa ter o maior número de informações possíveis sobre o paciente que vai admitir e elaborar os diagnósticos reais e de riscos desenvolvendo prescrições e intervenções de enfermagem para tais diagnósticos. Conclui-se que todas as condutas, não apenas da enfermagem, mas de toda a equipe multidisciplinar, ajude a diminuir o tempo de internação e o cuidado humanizado promove a segurança e o conforto tanto do paciente quanto de seus familiares.

 

Palavras-chave: Unidades de Terapia Intensiva; Enfermagem; Cirurgia Cardíaca.

 

Introdução

O paciente que passa por uma cirúrgica cardíaca, após os cuidados pós-operatórios, necessita ser encaminhado a uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Nesta, o mesmo receberá os cuidados complexos e integrais, restabelecendo assim suas capacidades físicas, mentais e vitais. A UTI é um ambiente que promove fatores estressantes, tendo em vista isto, o profissional de enfermagem deve saber lidar com os efeitos que esses fatores possam desencadear em seu paciente e seus familiares. (1)

Em conformidade com Aguiar, et. al (2), é importante que o enfermeiro consiga desenvolver planos de cuidados que abrangem não apenas às necessidades imediatas do paciente, mas também planos para possíveis intercorrências e a atenção ao familiar, isto envolve saber qual a gravidade do paciente, reuniões com a equipe multidisciplinar, materiais e medicações de emergência para utilizá-los em ocasiões precisas e tentar, ao máximo, sanar as dúvidas que os familiares e/ou acompanhantes possam ter nesse processo de recuperação.

O trabalho desempenhado pelo enfermeiro deve ser baseado na ética profissional, sem ferir os princípios e diretrizes da profissão e nem lesionar de forma física, mental, moral e social o paciente e sua família, para tal, o enfermeiro deve liderar sua equipe de modo que compreenda quais são os diagnósticos do paciente para que assim desenvolva um planejamento de cuidados e possa aplica-lo com a finalidade de promover o melhor resultado possível para este cliente de alta complexidade.(3)

De acordo com teoria do relacionamento interpessoal de Hildegard Peplau, a interação entre enfermeiro e paciente pode ajudar no processo de recuperação, desenvolvendo uma assistência humanizada e tornando a UTI um ambiente acolhedor e desenvolvendo um cuidado holístico, dando segurança ao paciente e família. (1)

Situação– problema: escassez de informação sobre a prática com base em evidências científicas e suas diretrizes para o alcance do resultado de enfermagem sobre recuperação pós-procedimento cirúrgico cardíaco para o(a) paciente de alta complexidade sob cuidados intensivos em, no máximo, 7 dias de internação.

Objetivo: Revisar as diretrizes de enfermagem com base em evidência que ajudarão à(ao) enfermeira(o) intensivista na identificação de diagnósticos e prescrições de cuidados de enfermagem para o alcance do resultado sobre recuperação pós-procedimento cirúrgico cardíaco, no tempo de 7 dias.

Questão Prática: Com base em evidência, como otimizar o cuidado da(o) enfermeira(o) para que o(a) paciente de alta complexidade alcance o resultado da recuperação pós-procedimento cirúrgico cardíaco em, no máximo, 7 dias de internação?

 

Quadro 1: Estratégia PICOT

Acrônimo

Descrição

Componente da questão prática

P

Paciente de alta complexidade adulto/idoso

Pós-operatório de cirurgia cardíaca.

I

Prescrições e intervenções de enfermagem

Promover a segurança e o conforto. Manter padrões hemodinâmicos. Elaborar diagnósticos reais e de riscos. Estabelecer comunicação entre paciente e familiares.

C

Controle ou comparação ou INTEGRAÇÃO com a equipe multidisciplinar

Desenvolver cuidado humanizado com visão holística.

O

Resultado de Enfermagem

Diminuição da ansiedade e do medo. Redução das complicações desencadeadas do pós-operatório e de possíveis comorbidades. Restabelecer comunicação com o paciente e com a família.

T

Máximo 7 dias de internação em UTI ou Unidade de Alta Complexidade

Percurso crítico: 7 dias

 

Metodologia

Trata-se de um estudo exploratório e descritivo, sedimentado em Revisão Sistematizada da Literatura, realizada por meio de revisão bibliográfica e baseadas em obras secundárias que abordam o tema discutido, publicados entre os anos de 2011 a 2018. A busca de materiais para a realização do estudo se deu entre março de 2019 a agosto de 2019. Os dados sobre o tema foram levantados na biblioteca da Scientific Electronic Library Online (SciELO), e nas bases de dados Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), e Base de Dados de Enfermagem (BDENF). A busca dos artigos publicados deu-se por meio da associação em dupla e em trio dos descritores, conforme sugerido pelo Portal de Descritores das Ciências da Saúde, com o uso do operador booleano AND. Houve o estabelecimento dos critérios de inclusão e de exclusão dos estudos identificados e a busca na literatura propriamente dita. Após a escolha do tema foram considerados os seguintes critérios de inclusão: a) artigos publicados em português com os descritos “unidades de terapia intensiva”, “enfermagem” e “cirurgia cardíaca”; b) recorte temporal de oito anos (2011 - 2018). Como critérios de exclusão, optou-se pela eliminação dos artigos que não estavam em conformidade com o objetivo do estudo e aqueles duplicados, ou seja, identificados em mais de uma base de dados. Também foram eliminadas teses e dissertações. Realizado combinação dos componentes com a estratégia PICO: (P) AND (I) AND (C) AND (O) AND (T).

 

Resultados

Tabela 1- Publicações localizadas nas bases de dados virtuais.

Autor(es), data & país

Objetivo da pesquisa

População / amostra

Tipo de estudo

Principal(is) recomendação(ões)

Nível de evidência

Milani P; Lanfardini IZ; Alves VB. 2018. Brasil (1)

Ana­lisar a percepção dos cuidadores de pacientes submetidos à cirurgia cardíaca frente à humanização da assistên­cia, em uma Unidade de Terapia Intensiva

5 cuidadoras, todas do sexo feminino, sendo três esposas, uma irmã e uma filha.

Estudo de coorte

Desenvolver o cuidado da esquipe multidisciplinar da UTI com o paciente e seu familiar, ajudando-os a lidar com fatores de estresse e sentimentos vivenciados no ambiente.

2B

Aguiar ASC; Mariano MR; Almeida LS; Cardoso MVLML; Pagliuca LMF; Rebouças CBA. 2012. Brasil. (2)

Relatar a percepção dos enfermeiros

sobre o significado de promoção da saúde; descrever as

ações de promoção da saúde realizadas por enfermeiros

no cuidado ao paciente tratado em unidade de terapia intensiva;

e identificar as dificuldades apontadas por enfermeiros

na realização de atividades de promoção da saúde

na unidade de terapia intensiva.

31 enfermeiros, sendo que 17 trabalhavam na UTI adulta e 14 na UTI neonatal

Estudo de coorte

Atentar aos profissionais de enfermagem a promover um cuidado holístico, com visão assistencial individual. Atenção quanto as infecções hospitalares, tratamento e reabilitação. Promoção da saúde na UTI e apoio emocional aos pacientes e familiares.

2B

Silva RC; Ferreira MA; Apostolidis T; Sauthier M. 2016. Brasil (3)

Identificar e analisar as práticas de cuidar da enfermagem que comprometam os valores ético-profissionais na terapia intensiva.

21 enfermeiros que atuam em UTI, sendo 17 mulheres e 4 homens.

Estudo do coorte

Aplicar os valores éticos e profissionais na assistência ao paciente e respeito às individualidades do mesmo.

2B

Nunes FC; Matos SS; De Mattia AL. 2014. Brasil (4)

Analisar as complicações do paciente em período de recuperação anestésica.

42 adultos submetidos à cirurgia eletiva, com anestesia geral.

Estudo do coorte

Cuidados de enfermagem e prevenção de intercorrências no período de recuperação pós-anestésica.

2B

Neto JMR; Fontes WD; Nóbrega MML. 2013. Brasil. (5)

Construir um instrumento de coleta de dados de enfermagem para clientes de uma UTI Geral, fundamentado em Horta.

10 enfermeiros que atuavam na UTI adulta.

Estudo de coorte

Implementar a Sistematização da Assistência de Enfermagem na UTI. Colher o maior número de dados sobre o paciente para elaborar uma assistência individualizada.

2B

Silva SG; Nascimento ERP; Hermida PMV; Sena AC; Klein TCR; Pinho FM. 2016. Brasil. (6)

Conhecer a percepção dos

profissionais de Enfermagem sobre a passagem de plantão e

construir, a partir de seus discursos, um checklist para passagem de

plantão de pacientes em POI admitidos na UTI.

55 participantes, dos quais 43 eram do sexo feminino e 12 do sexo masculino. Do total 10 eram enfermeiros e 45 são técnicos em enfermagem.

Estudo de coorte

Ao realizar a passagem de plantão é importante que seja comentado todo o histórico médico do paciente e as intercorrências do mesmo, nisto incluí saber sobre: medicações utilizadas, tipos de acessos, uso de cateteres, uso de drenos, nível de consciência, entre outros.

2B

Matos SS, et. al. 2015. Brasil. (7)

Identificar o perfil dos diagnósticos de Enfermagem nos pacientes transplantados cardíacos em pós‑operatório mediato, a partir da Taxonomia II da North‑American Nursing Diagnosis Association, e discuti‑los à luz dos pressupostos de Horta e da literatura científica

20 enfermeiros especializados. 60 prontuários de pacientes em pós-operatório de cirurgia cardíaca.

Estudo de coorte

Avaliar as principais complicações no pós-operatório de cirurgia cardíaca na UTI. Realização dos diagnósticos de enfermagem e correlaciona-los com a teoria das necessidades humanas básicas de Wanda Horta.

2A

Barbosa AS; Studart RMB. 2017. Brasil. (8)

Identificar os diagnósticos de enfermagem em pacientes adultos, internados em uma unidade de pós-operatório complexa.

51 prontuários de pacientes internados em uma unidade de pós-operatório complexa.

Estudo de coorte

Observar os principais diagnósticos de enfermagem em pacientes em pós-operatório e a assistência de enfermagem de acordo com os diagnósticos encontrados.

2B

Dessotte CAM; Furuya RK; Rodrigues HF; Rossi LA; Dantas RAS. 2018. Brasil. (9)

Avaliar a relação entre os estressores percebidos na Unidade de Terapia Intensiva e a instabilidade hemodinâmica no pós-operatório

de pacientes submetidos à primeira cirurgia cardíaca

150 pacientes submetidos à cirurgia cardíaca.

Estudo de coorte

Explicar como influência dos estressores afeta a recuperação dos pacientes em pós-operatório. Demonstrar a importância em manter a estabilização hemodinâmica do paciente a fim de evitar futuras complicações relacionadas à cirurgia.

2B

Beccaria LM; Paleuco IC; Barbosa TP; Faria JIL; Jacon JC. 2018. Brasil. (10)

Verificar a percepção do paciente e seu familiar quanto à experiência de internação em unidade coronária após cirurgia cardíaca.

140 pessoas. 70 pacientes e 70 familiares.

Estudo de coorte

Desenvolver cuidados focado nas principais queixas de pacientes em unidade coronariana. Atender as dúvidas e necessidades dos familiares.

2B

 

Discussões

O paciente, assim que sai da cirurgia cardíaca, segue para a Sala de Recuperação Anestésica (SRPA), área anexada ao Centro Cirúrgico (CC), onde ele receberá os cuidados do Pós-Operatório Imediato (POI). Nesta etapa o trabalho da equipe de enfermagem é crucial na observação da evolução e assistência ao mesmo. As primeiras 24h são consideradas as mais importantes para o acompanhamento da progressão do paciente em POI, visto que, necessita-se manter, na medida do possível, sua hemodinâmica estável e atentar-se a possíveis efeitos colaterais que uma anestesia geral pode causar, como por exemplo: hipotermia, depressão respiratória, náuseas, vômitos, entre outros. (4)

Após os cuidados do POI, o paciente é encaminhado à UTI. Neste momento de transferência entre o CC e a UTI, deve-se contar com a mais alta atenção da equipe de enfermagem destes dois setores, pois a enfermeira do CC precisa passar todo o histórico do paciente à enfermeira da UTI. Caso as informações não sejam passadas de forma clara, objetiva e sistematizada, a enfermeira responsável pela UTI deve indagar para saber todo o contexto do paciente que está prestes a admitir. (5)

Quando ocorre a passagem de plantão do CC a UTI, o checklist precisa conter informações primárias, como, “nome do paciente, idade, estado de saúde, história de doenças previas, tipo de cirurgia, tipo de anestesia, nível de consciência, se houve intercorrências como sangramento e se precisou de hemotransfusão”.(6) Estas são consideradas informações fundamentais para que a equipe de enfermagem possa receber o paciente e traçar os planos de cuidados. Também é imprescindível informações complementares como por exemplo, identificar o tipo de ventilação, acessos profundos, acessos periféricos, drenos, sondas, entre outros. Quanto mais as informações forem sistematizadas, melhor para a equipe preparar o ambiente com os equipamentos necessários para a admissão do paciente. (5-6).

A maioria dos pacientes que passam por cirurgias cardíacas são do sexo masculino maiores de 40 anos e com índice de escolaridade baixa, sendo assim, aumentam as chances de uma possível rejeição à algumas condutas terapêuticas, tendo que o enfermeiro fazer um papel de educador para tentar conquistar o paciente e fazê-lo aceitar as condutas que são necessárias para sua recuperação. O enfermeiro, ao se deparar com tal situação, deve-se utilizar-se do seu embasamento teórico-científico com a finalidade de estabelecer uma linguagem de fácil entendimento e explicar ao paciente (caso o mesmo esteja consciente) todos os procedimentos que ele será submetido, isso é uma forma de deixar o paciente seguro e confortável no ambiente e com a equipe que irá prosseguir com os cuidados. (7)

Durante a permanência do paciente na UTI, o enfermeiro deve atentar-se aos diagnósticos de enfermagem reais e aos diagnósticos de enfermagem de risco. Tratando-se de um paciente em pós-operatório (PO) cardíaco, podemos destacar os seguintes diagnósticos reais e de risco (7), observado no quadro abaixo:

 

Quadro 2: diagnósticos de enfermagem de acordo com seus fatores relacionados e características definidoras em conformidade com o paciente em PO cardíaco:

Diagnóstico de Enfermagem

Fator relacionado ou de risco

Característica Definidora

Mobilidade no leito prejudicada

Cirurgia de grande porte

 

Deficiência na imunidade; prejuízo na cicatrização

Deambulação prejudicada

Pós‑operatório mediato para cirurgia de grande porte (2 a 10 dias)

Capacidade prejudicada de andar

Integridade da pele prejudicada

Procedimento cirúrgico

Invasão de estruturas do corpo (rompimento da derme e epiderme)

Débito cardíaco diminuído

Frequência cardíaca alterada

Fadiga, oligúria, edema, arritmias

Dor aguda

Procedimento cirúrgico de grande porte, invasivo

Relato verbal ou codificado; evidência observada pela expressão facial; mudanças no apetite e na alimentação; posição para evitar dor

Troca de gases prejudicada

Desequilíbrio ventilação-perfusão

Agitação, sonolência, dispneia, confusão ou irritabilidade

Padrão respiratório ineficaz

Posição do corpo, fadiga, ansiedade, energia diminuída ou dor

Batimento da asa do nariz; dispneia; uso de musculatura acessória para respirar e desequilíbrio da ventilação-perfusão

Eliminação urinária prejudicada

Ato anestésico cirúrgico, infecção no trato urinário

Retenção urinária ou disúria

Risco para infecção

Procedimentos invasivos, desnutrição, imunossupressão, doença crônica, exposição ambiental aumentada a patógeno

-

Risco de constipação

Imobilização no leito

-

Fonte: Matos et. al (2015, p. 231).

 

O enfermeiro ao elaborar os diagnósticos de enfermagem reais e de risco, não deve apenas se preocupar com os diagnósticos considerados os mais comuns, ele deve pensar e observar o paciente de forma holística de modo que todas as possíveis necessidades possam ser supridas, isto incluí pensar na segurança, conforto, nutrição, comunicação/relacionamento, trocas e eliminações. Todos os diagnósticos, sem distinção, devem ser tratados com atenção pelo enfermeiro, oferecendo ao paciente toda a assistência. (7-8).

Observa-se que pacientes que possuem alguma patologia cardíaca e posteriormente venha a necessitar de uma intervenção cirúrgica, em sua grande maioria, apresenta algum tipo de comorbidade, no qual podemos destacar as seguintes: hipertensão arterial sistêmica, obesidade, tabagismo e diabetes mellitus (8). Estes fatores podem ser decisivos para determinar o prognóstico do paciente, logo, afetam diretamente em uma recuperação mais rápida e pode abalar a estabilização hemodinâmica do mesmo, tendo que o enfermeiro atuar diretamente no controle destas comorbidades no ambiente de alta complexidade. (8-9)

Na UTI os pacientes, por vezes, têm restrições de ingestão de líquidos e alimentos e podem passar por situações estressantes, no qual podem desencadear ansiedade, agitação e medo, como por exemplo, o medo de morrer, de sentir sede, fome, dor, falta da família, não conseguir dormir, não saber quanto tempo ficará internado, ficar com tubos e sondas, entre outros. Todos os fatores podem desiquilibrar os padrões hemodinâmicos (9).

Tendo em vista essas adversidades, o profissional de enfermagem deve promover um cuidado humanizado, de visão holística, e desenvolver uma linguagem que o paciente compreenda e seus familiares também. Fazer reuniões com a equipe multidisciplinar orientando-os a realizar a humanização em suas condutas e intervenções. Toda essa manifestação da equipe que trabalha na UTI ajudará o paciente a recupera-se quanto antes. (1-9)

As cirurgias cardíacas como são consideradas de grande porte, e dependendo da resposta do paciente no seu PO, pode requerer um tempo maior de internação, contudo, quanto mais tempo o paciente fica internado em uma UTI, mais riscos ele fica exposto, principalmente ao de contrair infecções (7). Portanto é importante que a equipe multidisciplinar crie condutas terapêuticas a fim de diminuir o tempo de internação, estabelecendo como meta uma internação abaixo de 7 dias, para isso, todas as intervenções que cada profissional for realizar no paciente é necessário que estejam devidamente paramentados, ter realizado a higienização das mãos, aplicando técnicas assépticas e seguindo com todas as prescrições da equipe sejam feitas no horário e tempo determinado. (10)

Todo o processo que envolve o período da pré-cirurgia até a pós-cirurgia pode abalar de forma intensa ao paciente e sua família, então, todas as condutas a fim de promover uma recuperação rápida e eficaz do pós-operado cardíaco devem ser aplicadas em uma assistência de qualidade por parte da enfermagem e de todos os profissionais atuantes na UTI. (9-10)

 

Conclusões

O estudo nos mostra que é preciso um conjunto de fatores para ofertar uma assistência de enfermagem eficiente ao receber um paciente em pós-cirurgia cardíaca no ambiente de alta complexidade. O enfermeiro responsável pela UTI tem que possuir todos os dados possíveis do paciente, a fim de preparar o leito com todos os equipamentos necessários.

No ato da admissão os cuidados já serão executados e o profissional de enfermagem deverá realizar os diagnósticos de enfermagem reais e os de risco, para em seguida desenvolver as devidas prescrições e assim suas intervenções. O conjunto dessas ações vai orientar a equipe de enfermagem na hora de aplicar as condutas.

O enfermeiro na UTI também desenvolve um trabalho educacional, ou seja, ele é o responsável por explicar ao paciente todas as intervenções que serão feitas nele e atender a família. Este trabalho educacional exige do profissional que elabore uma linguagem na qual tanto paciente quanto a família entenda tudo que se passa na UTI e promova a segurança sobre a terapêutica em ambos.

A UTI por muitas vezes torna-se um ambiente estressante para aquele que está internado, por questões ambientais como, ruídos, odores e iluminação, quanto por uso de equipamentos como sondas, cateteres, drenos, máscara pra ventilação, entre outros. Tudo isso pode desencadear ansiedade e medo, provocando o desiquilíbrio dos padrões hemodinâmicos, tendo a equipe de enfermagem estar preparada para intervir às descompensações que o paciente pode apresentar e tratar os problemas do estresse, ansiedade e medo. Na maioria dos casos, a assistência humanizada, não só da enfermagem, mas de toda equipe multidisciplinar, proporcionar o conforto que o paciente necessita fazendo o mesmo sentir-se seguro da assistência que está recebendo.

A equipe atuante na UTI deve reunir-se para traçar condutas que promovam a menor permanência de internação do paciente, pois quanto mais tempo de internação, maior exposição à riscos, logo, a equipe multidisciplinar deve empenhar-se em seguir os protocolos de segurança no momento de manipulação do paciente e/ou ao entrar no leito. Todas as medidas são de suma importância para ofertar uma assistência de qualidade tanto ao paciente quanto à sua família.

 

Referências Bibliográficas

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