Nursing evidence-based practice guidelines for Incontinence Associated Dermatitis (IAD) in High-Complexity patients – Systematized Literature Review

 

Prática de enfermagem baseada em evidência sobre Dermatite Associada à Incontinência (DAI) em pacientes de alta complexidade – Revisão Sistematizada da Literatura

Carla Gomes da Silva. Enfermeira. Aluna do Curso de Especialização em Enfermagem em Cuidados Intensivos Adulto e Idoso / Universidade Federal Fluminense (UFF). carlago12@gmail.com

Profa. Dra. Isabel Cruz. Titular da UFF. isabelcruz@id.uff.br

 

Abstract: Incontinence-associated dermatitis (IAD) is a potentially serious skin lesion that affects most highly complex patients. The present article is an integrative review whose objective is to analyze the scientific productions that addresses the theme and to review how evidence-based nursing guidelines helps to identify nursing care diagnoses and prescriptions. An electronic bibliographic survey of 10 scientific articles published between 2011 and 2018 in the LILACS, PubMed and SciElo databases, that met the eligibility criteria, was conducted. The results pointed to ways to optimize prevention, diagnosis and treatment. Pointing as main risk factors, comorbidities, nutrition, oxygenation, fecal and / or urinary incontinence and cognitive ability.  Emphasizing the importance of physical examination of the skin and early identification of damage to maintain the patient's well-being. Furthermore, there is still a shortage in applications that can be used to observe individualized and thorough monitoring with records used, creating an institutionalized protocol for DAI.

Key-words: Dermatitis; Fecal/Urinary Incontinence; Intensive Care Units; Nursing.

Resumo: A dermatite associada à incontinência (DAI) é uma lesão cutânea potencialmente grave que acomete grande parte dos pacientes de alta complexidade. O presente artigo trata-se de uma revisão integrativa cujo objetivo é analisar produções científicas que abordam o tema e revisar as diretrizes de enfermagem com base em evidência que ajudarão na identificação de diagnósticos e prescrições de cuidados de enfermagem. Foi realizada um levantamento bibliográfico eletrônico de 10 artigos científicos publicados entre os anos 2011 a 2018 nas bases de dados LILACS, PubMed e SciElo, que atendiam os critérios de elegibilidade. Os resultados apontaram maneiras de otimizar prevenção, diagnóstico e tratamento. Apontando como principais fatores de risco idade, comorbidades, nutrição, oxigenação, incontinência fecal e/ou urinária e capacidade cognitiva. Ressalta-se a importância do exame físico da pele e a identificação precoce de danos para manutenção do bem-estar do paciente. Conclui-se que ainda há uma carência em recomendações baseadas em evidências que visem um acompanhamento individualizado e minucioso com registros adequados, fazendo necessário a criação de um protocolo institucionalizado para DAI.

Palavras-chave: Dermatite; Incontinência Fecal/Urinária; Unidades de Terapia Intensiva; Enfermagem.

Introdução

De acordo com o Ministério da Saúde, as Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) são caracterizadas por ser um ambiente crítico de internação para pacientes de alta complexidade que necessitam acompanhamento contínuo. Essas unidades possuem diferentes classificações, sendo a UTI – Adulto responsável por dar assistência a pacientes maiores de 18 anos e em casos especiais pode admitir jovens de 15 a 17 anos.¹

Pacientes de alta complexidade são aqueles que apresentam estado crítico e necessitam atenção especializada, como pacientes graves, com comprometimento de um ou mais dos principais sistemas fisiológicos. As intervenções assistenciais são em nível qualiquantitativo alto, devido à dependência total para o atendimento de suas necessidades.²

Na UTI as chances de contrair uma infecção aumentam devido debilitação do sistema imune e a exposição a microrganismos patogênicos. A candidíase oral é uma das infecções mais comuns causada por um fungo oportunista. Ela pode ser prevenida por uma higiene bucal adequada e tratada por antifúngicos como o fluconazol.³. Outro diagnóstico recorrente na unidade de terapia intensiva é a dermatite associada à incontinência (DAI).

           A DAI é uma manifestação clínica de lesões na pele relacionadas à umidade, frequente em pacientes com incontinência fecal e/ou urinária, que acomete mais de 80% da população internada na UTI. Ela é caracterizada por erosão da epiderme, erupção cutânea e aparência macerada. A lesão causa incômodo e dor similar à de queimaduras, e acomete principalmente a região do períneo, genitália, coxas e glúteo.4  

            Um dos papéis da equipe de enfermagem no cuidado a pacientes de alta complexidade é identificar, avaliar e impedir as complicações relacionadas a integridade da pele. Prevenindo assim quadros como a dermatite associada à incontinência, que é o dano da pele mais comum associado à umidade.5

             A resolução do Cofen-272/2002 determinou que a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é incumbência privativa do enfermeiro e subsidia ações de assistência que contribuem para “promoção, prevenção, recuperação e reabilitação em saúde”. Ressaltando que é obrigatória a sua implementação em todas as instituições de saúde, sejam elas públicas ou privadas.6

              A SAE fornece uma metodologia completa para o profissional de enfermagem, a qual compreende o histórico de enfermagem, o exame físico, o diagnóstico, prescrição e evolução da assistência, e relatório de enfermagem.6 Sendo o diagnóstico essencial pois viabiliza parâmetros importantes para avaliação da assistência prestada, dando suporte e orientação ao cuidado, facilitando a pesquisa e o ensino, delimitando as funções independentes da enfermagem, estimulando o cliente a participar de seu tratamento e do plano terapêutico e contribuindo para propagação do corpo de conhecimentos próprios para enfermagem.7

Situação-problema: escassez de informação sobre a prática com base e evidências científicas e suas diretrizes para o alcance do resultado de enfermagem no diagnóstico de Dermatite Associada à Incontinência para o(a) paciente de alta complexidade sob cuidados intensivos em, no máximo 7 dias de internação.

Objetivo: Revisar as diretrizes de enfermagem com base em evidência que ajudarão à(ao) enfermeira(o) intensivista, na identificação de diagnósticos e prescrições de cuidados de enfermagem relacionados ao paciente com Dermatite Associada à Incontinência.

 

QUESTÃO PRÁTICA:

Como otimizar o cuidado ao paciente alta complexidade com dermatite associada à incontinência (DAI) por meio da prática de enfermagem baseada em evidência, num período de sete dias de internação?

 

Quadro1 - Descrição dos componentes da estratégia PICO8. Rio de Janeiro, 2019

Acrônimo

Descrição

Componente da Questão Prática

P

Paciente de alta complexidade & adulto/idoso com diagnóstico de dermatite associada à incontinência (DAI)

Pacientes adultos e idosos internados em Unidade de Terapia Intensiva

I

Intervenção: Diagnóstico e Prescrição/Protocolo de enfermagem para DAI (NANDA-NIC)

Aplicação de pomadas, troca de fraldas regulares e tratar suavemente a pele, conforme a classificação da DAI

C

Controle ou Comparação ou integração com o tratamemnto de outros profissionais da sáude

Não se aplica

 

O

(desfecho/outcomes)

Resultado de enfermagem (NOC)

Reestabelecimento da integridade da pele com tratamento correto e eficaz da enfermagem

T (tempo)

Máximo de 7 dias de internação em UTI ou Unidade de Alta Complexidade

Percurso crítico: 7 dias

 

Metodologia

Foi utilizado como método a revisão integrativa da literatura, a qual é caracterizada por sintetizar dados obtidos em pesquisa sobre um tema específico.9 Essa síntese é obtida através de uma sequência metodológica de seis passos: identificação do tema e formulação da pergunta norteadora; estabelecimento de critérios de inclusão e exclusão de estudos; categorização dos estudos; avaliação dos estudos incluídos; discussão e interpretação dos resultados e apresentação da revisão/síntese do conhecimento objetivando uma melhor compreensão da temática em questão.10

Com base na questão norteadora, a busca dos artigos foi realizada nos meses de setembro e outubro de 2019, nas bases virtuais de Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e na Scientific Electronic Library Online (SciELO) utilizando de forma não-controlada os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): dermatite associada à incontinência. Enquanto na National Library of Medicine National Institutes of Health (PubMed) foram empregados de forma controlada os descritores Medical Subject Headings (MeSH): dermatitis, urinary incontinence, fecal incontinence, Intensive Care Units. A interação desses descritores foi realizada pelo operador booleano OR para fecal e urinary e AND para interação destes com os demais descritores. Foi utilizada também a restrição para os últimos dez anos e textos completos disponíveis. Tendo como critério de inclusão: artigos relacionados com a temática proposta, tendo adulto/idoso como público alvo e evidenciando a prática de enfermagem; e exclusão: artigos que se distanciavam do tema proposto, da prática de enfermagem e/ou com foco em saúde pediátrica.

Dos resultados obtidos foram selecionados dez artigos, que foram catalogados no Quadro 2 no qual são relatados: autores, data, país, objetivo da pesquisa, população/amostra, tipo de estudo, principais recomendações e nível de evidência. Para a montagem da tabela 1 e classificação do nível de evidência foi utilizada como referência a escala de Oxford Centre for Evidence-based Medicine.11

Tabela 1 – Nível de evidência por tipo de estudo. Rio de Janeiro, 2019

NE*

Tipos de estudo

1a

Revisões sistemáticas e metanálises de ensaios clínicos comparáveis. Estudos controlados randomizados bem delineados com desfecho clínico relevante.

1b

Estudos controlados randomizados com estreito intervalo de confiança. Estudo de coorte prospectivo com bom acompanhamento.

1c

Resultados do tipo “tudo ou nada”. Estudo de série de casos controlados.

2a

Revisão sistemática homogênea de estudos de coorte retrospectivo (com grupos de comparação e controle de variáveis).

2b

Estudo de coorte com pobre qualidade de randomização, controle ou sem acompanhamento longo. Estudo de coorte transversal.

2c

Resultados de pesquisas (observação de resultados terapêuticos ou evolução clínica). Estudo ecológico.

3a

Revisão sistemática homogênea de estudos de caso com grupo-controle.

3b

Estudos de caso com grupo-controle.

4

Relatos de caso em série sem definição de caso-controle.

5

Opinião de autoridades respeitadas ou especialistas. Revisão da literatura não-sistemática.

Fonte: Oxford Centre Evidence-Based Medicine11

*NE - Nível de Evidência

Resultados

A amostra desta revisão foi composta por 10 artigos, os quais foram analisados no Quadro 2, expondo as características dos estudos segundo autores, data, país, objetivo da pesquisa, população/amostra, tipo de estudo, principais recomendações e nível de evidência.

Esses estudos trouxeram questões relacionadas a assistência de enfermagem, apontando suas principais intervenções para o diagnóstico de dermatite associada à incontinência fecal/urinária em pacientes de alta complexidade. Pontuado assim medidas relevantes de prevenção e cuidados ao paciente comprometido.

 

Quadro 2 – Análise e classificação do nível de evidência científica dos estudos. Rio de Janeiro, 2018.

Autor(es), Data & País

Objetivo da Pesquisa

População/amostra

Tipo do estudo

Principais recomendações

NE

Baessa CEB, Meireles VC, Balan MAJ, 2014. Brasil

Caracterizar a prevalência de ocorrência Dermatite Associada à Incontinência (DAI) em pacientes internados em uma UTI de um hospital privado localizado na região noroeste do Paraná.

72 pacientes, sendo que 11 fizeram parte da população estudada.

Estudo prospectivo descritivo exploratório de abordagem quantitativa, realizado no período de novembro de 2011 a janeiro de 2012.

Enfermeiros que trabalham com pacientes com esse diagnóstico necessitam conhecimento especializado sobre estes tipos de lesões a fim de prevenir e tratar de forma eficaz. Ainda é necessário o desenvolvimento de estudos e pesquisas, para elaboração de trabalhos e protocolos a fim de melhorar a assistência e saúde.

1b

Nascimento DC, Cunha CV, Penna LHG, Souza NVDO, Marques GS, 2016. Brasil

Analisar produções científicas que abordam lesão DAI, considerando seus conceitos e medidas de prevenção e tratamentos propostos.

15 artigos publicados em texto completo no período de 2006 a 2015.

Revisão integrativa da literatura.

Acompanhamento individualizado e minucioso com registros adequados de forma a facilitar a identificação, a diferenciação e o manejo da DAI. Faz-se necessário a criação de um protocolo individualizado de cuidados com a pele visando à diminuição da DAI. Higienização e manutenção da pele sem resíduos de fezes e urina. Uso de hidratantes e protetores visando criar uma barreira protetora da pele. Utilização de dispositivos para contenção de fezes

e urina.

1a

Chianca TCM, Gonçales PC, Salgado PO, Machado BO, Amorim GL, Alcoforado CLGC, 2016. Brasil

Estimar incidência, determinar fatores de risco e propor modelo de predição de risco para desenvolvimento de dermatite associada a incontinência em pacientes adultos críticos.

Dados coletados diariamente de 157 pacientes críticos entre fevereiro e julho de 2015 em hospital público e de ensino de Belo Horizonte, MG.

Estudo de coorte concorrente, realizado em duas UTIs.

Formulação de um protocolo de cuidados para pacientes incontinentes a fim de mini-

mizar a incidência de DAI encontrada. O qual deve apresentar a descrição da correta higiene da pele, com produtos que não alterem o pH, secagem da pele, padronização da fralda com maior capacidade de absorção e utilização de produtos de barreira para minimizar o contato da pele

com urina e fezes.

Considera-se também que devem ser realizados estudos clínicos com o intuito de testar os cuidados de enfermagem com pacientes que sofrem de incontinência urinária e/ou fecal.

1b

Valls-Matarín J, del Cotillo-Fuente M, Ribal-Prior R, Pujol-Vila M, Sandalinas-Mulero I, 2017. Espanha

Determinar a incidência de lesões cutâneas associadas a humidade (LESCAH) na área da fralda, identificar os fatores predisponentes e conhecer as medidas preventivas e registros realizados.

Pacientes com permanência maior que 48h e sem lesões cutâneas. Avaliando diariamente a pele até a aparição de LESCAH, com alta em no máximo 14 dias.

Estudo descritivo longitudinal (junho de 2014 a abril de 2015) em una UTI polivalente.

Obesidade e menor pontuação na escala de Braden são fatores predisponente para LESCAH. A incontinência apesar de ser a causa principal não é a única. Por isso, deve-se estar atento também ao nível de sudorese do paciente.

1b

Coyer F, Gardner A, Doubrovsky A, 2017. Austrália

Testar a efetividade de um pacote combinando as melhores evidências disponíveis para reduzir a incidência de DAI em pacientes críticos.

 

Pacientes adultos da UTI de um hospital de referência da Austrália.

Estudo comparativo de antes e depois

Uso de um conjunto de intervenções, incluindo medidas profiláticas, para prevenir essa condição adquirida em pacientes críticos.  A avaliação continua da DAI é imprescindível para evitar erros de diagnóstico e garantir que os tratamentos e alvos corretos foram determinados.

2b

Avşar P, Karadağ A, 2017. Turquia

Determinar o custo-efetividade e eficácia de intervenções de enfermagem baseada em evidência sobre o aumento da tolerância tissular mantendo a integridade do tecido

 

154 pacientes em duas UTIs (77 pacientes no grupo-controle e 77 pacientes no grupo-intervenção).

Estudo de caso baseado em evidência utilizando grupo controle

A prevalência da deterioração da integridade tissular é reduzida com iniciativas de enfermagem baseada em evidência (EBE).

Tratar e aconselhar às enfermerias contrubuem a sua abilidade de colocar em prática essas iniciativas.

Em UTIs, políticas e procedimentos que contem iniciativas de EBE que aumentam a tolerância tissular devem ser desenvolvidas, pois elas reduzem a duração do tempo de cuidado com a pele diminduindo assim a carga de trabalho dos enfermeiros.

3b

 

Strehlow BR, Fortes VLF, Amarante MV, 2018. Brasil

Identificar o conhecimento autorreferido dos enfermeiros em relação a prevenção, diagnóstico e tratamento da dermatite associada à incontinência (DAI) em idosos hospitalizados e propor a construção de um protocolo de cuidados de enfermagem a partir de fluxograma.

Foram entrevistados quatorze enfermeiros, em que

71,4% eram mulheres. Em relação ao tempo de formação dos respondentes, a maioria tem seis anos. Dos entrevis-

tados, 57% trabalham em unidade fechada e a maioria trabalha na unidade ou na instituição há mais de quatro anos.

Pesquisa exploratória descritiva, qualitativa, através de entrevista

Semiestrutu-rada com enfermeiros de unidades de um hospital, no segundo semestre de 2016.

A realização da SAE consiste no momento ímpar de visualizar as condições da pele do paciente idoso.

O empenho dos profissionais contra os fatores causais deve ser o foco, além dos cuidados higiênicos, a utilização do creme de barreira e o spray a base de terpolímero de acrilato, consiste em uma maneira eficaz de proteção contra a DAI. Na lesão avançada o tratamento acaba por incluir, além do spray protetor cutâneo, a indicação racional da sonda vesical para mulheres e o dispositivo urinário para homens.

5

Alcoforado CLGC, Machado BO, Campos CC, Gonçales PC, Ercole FF, Chianca TCM, 2018. Brasil

Identificar, na literatura, as melhores evidências sobre os fatores de risco para o desenvolvimento da Dermatite

Associada à Incontinência (DAI).

14 artigos publicados até o ano de 2016.

Revisão integrativa da literatura.

É necessária a identificação precoce de fatores de risco para evitar danos ao paciente, prevenção de agravos, favorecer o conforto, bem-estar, diminuir tempo de internação e custos hospitalares e aumentar a qualidade da assistência.

1a

Wang X, Zhang Y, Zhang X, Zhao X, Xian H, 2018. China

Investigar a incidência de DAI em pacientes na UTI e identificar fatores de risco pontenciais para estabelecer uma referência para o trabalho de enfermagem clínica.

109 pacientes em 9 UTIs de hospitais de Pequim. Em novembro de 2016 a novembro de 2017.

Estudo prospectivo de coorte

A equipe médica pode usar a pesquisa baseada em evidencia para identificar pacientes de UTI com risco de DAI para reduzir morbidade e melhorar resultados de saúde.

1b

Van Damme N, Clays E, Verhaeghe S, Van Hecke A, Beeckman D, 2018. Reino Unido

Identificar fatores de risco independentes para o desenvolvimento de DAI categoria 2 (perda de pele) em pacientes críticos com incontinência fecal.

48 UTIs de 27 hospitais belgas com pacientes maiores de 18 anos com incontinência fecal no momento da coleta de dados.

Excluindo pacientes com DAI categoria 1.

Estudo observacional transversal.

 

Atenção especial a pacientes diarreicos, diabéticos, idosos, fumantes, febris, baixa saturação de oxigênio. Pois, esses são fatores que elevam o risco de DAI.

Uso de protocolo de cuidado a pele, incluindo limpeza suave da pele e aplicação de produtos para manter ou restaurar barreira cutânea.

2b

 

Com relação ao tipo de estudo, quatro (40%) são estudos de coorte prospectivo, dois (20%) estudos de coorte transversal, duas (20%) revisões integrativas, um (10%) estudo de caso com grupo-controle e um (10%) artigo expondo relatos de enfermeiros experientes.

Dos artigos selecionados, metade são de periódicos brasileiros selecionados através da plataforma LILACS e SciElo. O restante é de países como, Espanha, Turquia, Reino Unido, China e Austrália, e foram obtidos pela plataforma do PubMed. Todos correspondem ao intervalo de tempo de 2011 a 2018.

Os temas mais abordados nos estudos são: fatores de risco; propostas de intervenção; e prevenção, diagnóstico e tratamento da DAI. Sendo o primeiro discutido amplamente em metade dos artigos, o segundo em 40% e o terceiro em 20%, no entanto todos perpassam por esses assuntos.   

Discussão

A manutenção da integridade tissular é um objetivo de longo prazo a nível internacional. Por esse motivo apresentar questões e sugestões de diferentes países foi um dos objetivos dessa revisão. Em setembro de 2014, ocorreu um fórum internacional de especialistas em Londres. Neste momento foram discutidos problemas atuais, dentre eles a DAI e as maneiras de estabelecer melhores práticas para seu diagnóstico e tratamento.19

O diagnóstico da DAI é feito pela equipe de enfermagem, mediante um exame físico apurado. Neste, deve-se analisa o aspecto da pele. É importante ressaltar a diferença entre DAI e lesões por pressão. A DAI é caracterizada por bordas pouco definidas e hiperemia brilhante, diferentemente da lesão por pressão, na qual a coloração é mais opaca, além de sua característica principal que é se desenvolver em áreas de proeminências ósseas.4,12,17

Uma informação pouco conhecida pelos enfermeiros é que a DAI pode ser classificada em duas categorias. A categoria 1 engloba a pele avermelhada, intacta, com sinais de edema e eritema. Já na categoria 2 nota-se os sinais anteriores somados a presença de vesículas, bolhas, erosão, desnudamento da pele, que podem estar associadas ou não a infecção. Definir a classificação das lesões otimiza o tratamento, já que em casos de dermatite da categoria 1 ainda é possível utilizar o creme de barreira. Enquanto que dermatite categoria 2, por haver um agravamento do quadro é recomendado usar a película barreira a base de terpolímero de acrilato e produtos contendo dimeticona, óxido de zinco, petrolatum, aloe vera e gel hidrocoloide. E em casos mais graves metronidazol 400mg via oral.12,15,16,17

De acordos com os estudos aqui analisados, alguns fatores podem aumentar o risco da dermatite associada à umidade. Dentre eles pode-se destacar uso de cigarros, idade avançada, obesidade, tabagismo, desnutrição, doenças graves e capacidade cognitiva diminuida.14,18 A idade é considerada um fator importante porque o envelhecimento da pele torna mais propício o aparecimento de lesões. Devido a sua pouca espessura, e a ser mais seca e menos elástica, já que ocorre uma redução de colágeno e elastina com o avançar da idade. Além disso, com a menor acidez do estrato córneo, ocorre uma síntese diminuída de lipídios epidérmicos.5,12,18

Pacientes fumantes possuem maior probabilidade de DAI nível 2, devido à má oxigenação e circulação de nutrientes, pois a nicotina aumenta a vasoconstrição dos vasos sanguíneos dérmicos que conduzem a hipoperfusão da pele.20 Em doenças graves como danos no aparelho respiratório, o quadro clínico geralmente leva o paciente a receber ventilação mecânica e sedação. Isso o torna dependente e acamado, com distúrbios de incontinência e utilização de fraldas.12 A consciência cognitiva reduzida diminui a percepção sensorial e mobilidade do paciente, aumentado assim a probabilidade de DAI e lesões por pressão.18

Um dos métodos para determinar a probabilidade de lesões por pressão é a escala de Braden. Na ausência de uma escala específica para DAI, a escala de Braden pode ser um bom indicador da probabilidade de dermatite.19 Alguns escritores citam a necessidade da aplicação de iniciativas de enfermagem baseada em evidências, pois essas práticas podem ser utilizadas para a melhoria da integridade da pele. Isso pode ser aplicado através da formação e aconselhamento dos profissionais de enfermagem e do desenvolvimento de protocolos específicos para DAI. Esses protocolos além de contribuir para melhor prevenção e cuidado das dermatites, também diminuiria a carga de trabalho das enfermeiras, devido a otimização do tempo utilizado para a atenção ao paciente.13,16

A proposta desse protocolo envolveria o diagnóstico e prescrição de enfermagem. Tabelando informações sobre NANDA-NIC e NOC. Destacando por exemplo, a importância da avaliação, observação e documentação dos fatores de risco e o nível de reação aos produtos e dispositivos utilizados em cada paciente individualmente.13 Uma das estratégias de intervenção seria a promoção da continência, através de dietas apropriadas e exercícios do assoalho pélvico. Outra recomendação é o uso de fraldas bem ajustadas e de materiais respiráveis. Além de materiais de limpeza da pele que não altere o pH e que não promovam atrito.13,18

Os enfermeiros devem orientar aos técnicos de enfermagem a fazer a troca constante de fraldas, principalmente em pacientes incontinentes fecais e que fazem uso de laxantes, pois estudos mostraram que fezes líquidas indicam cinco vezes mais chances de desenvolver DAI de categoria 2. Além da higienização e análise da integridade da pele, conforme exposto anteriormente. 5,20

Verificou-se que pacientes adultos internados em UTI levaram uma média de quatro dias (variando de um a seis dias) para o desenvolvimento de DAI. No entanto, há uma deficiência entre a relação do tempo de exposição à umidade e o surgimento dos sintomas.14,20 Sendo assim, é possível concluir que o desenvolvimento da dermatite é rápido, e que em sete dias já é possível um desenvolvimento grande da lesão. Isso demanda uma atenção extra para prevenção e diagnóstico precoce da lesão, promovendo seu tratamento eficaz.19,20

Conclusão

Os estudos analisados na presente revisão mostram que os profissionais de enfermagem por serem os principais prestadores de cuidados ao paciente internado na UTI, possuem um papel muito importante na identificação e tratamento da DAI. Por isso, é necessário que os fatores de risco sejam identificados por eles de maneira precoce. Dentre as causas predisponentes a esse tipo de dermatite, se destacam idade, morbidades, nutrição, incontinências fecal e urinária e capacidade cognitiva.

Estratégias de iniciativas baseadas em evidência são relevantes para prevenção, diagnóstico e tratamento da injúria. Um dos métodos promissores é o desenvolvimento de um protocolo específico para DAI, o qual padronizaria os cuidados conforme higienização adequada, utilização de produtos de barreira e hidratação adequados, tal como a seleção de fralda compatível com a necessidade do paciente. Somado a isso, é necessário também, o desenvolvimento de estudos e pesquisas que aprofundem a compreensão sobre DAI

Referências

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