Nursing evidence-based practice guidelines for the patient at risk of ineffective cerebral tissue perfusion in the intracranial aneurysm in ICU - Systematized Literature Review
Prática de enfermagem baseada em evidência sobre o paciente com risco de perfusão tissular cerebral ineficaz no aneurisma intracraniano em UTI: Revisão Sistematizada da Literatura
Arthur da Rocha Ferreira. Enfermeiro. Aluno do Curso de Especialização em Enfermagem em Cuidados Intensivos/Adulto-Idoso/Universidade Federal Fluminense (UFF). arthur.rochaferreira@hotmail.com
Profa. Dra. Isabel Cruz. Titular da UFF. isabelcruz@id.uff.br
Abstract:
Situation - problem: lack of information about the practice based on clinical studies and its guidelines for detecting patients at risk of perfusion of ineffective brain tissue without intracranial aneurysm for the highly complex patient under intensive care. Objective: To identify in the national and international literature what is the best nursing intervention for the high complexity client with the nursing diagnosis risk of ineffective cerebral tissue perfusion in the cerebral aneurysm. Method: Integrative literature review by searching online computerized database, from 2011 to 2019, in Virtual Health Library (VHL), Scientific Electronic Library Online (Scielo), Nursing database (BDENF), Latin American and Caribbean Health Sciences Literature (Lilacs), Online Medical Literature Search and Analysis System (MEDLINE) and Researchgate. Conclusion: Through this study, nurses are aware of the importance of identifying this diagnosis and its risks, some situations may put neurological patients at risk of ineffective cerebral tissue perfusion. There is still a need for more work that validates the activities discussed in these studies with scientific value to be included in the activities of nursing intervention.
Key-words: Intracranial aneurysms, Brain aneurysm, nursing practice
Resumo:
Situação– problema: escassez de informação sobre a prática com base evidências científicas e suas diretrizes para evidência sobre o paciente com risco de perfusão tissular cerebral ineficaz no aneurisma intracraniano para o(a) paciente de alta complexidade sob cuidados intensivos.
Objetivo: Identificar na literatura nacional e internacional qual a melhor intervenção de enfermagem para o cliente de alta complexidade com o diagnóstico de enfermagem risco de perfusão tissular cerebral ineficaz no Aneurisma cerebral. Método: Revisão integrativa da literatura por meio da busca em base de dados online, computadorizada, no período de 2011 a 2019, nas bases de dados Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Scientific Electronic Library Online (Scielo), Base de dados de enfermagem (BDENF), Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs), Sistema Online de Busca e Análise de Literatura Médica (MEDLINE) e Researchgate. Conclusão: Através deste estudo, os enfermeiros tenham a conscientização da importância da identificação deste diagnóstico e seus riscos, algumas situações podem colocar os pacientes neurológicos em risco de perfusão tissular cerebral ineficaz. Ainda há a necessidade de mais trabalhos que validem as atividades discutidas nestes estudos com valor científico para que sejam incluídas nas atividades da intervenção de enfermagem.
Palavra chaves: Aneurisma cerebral, Aneurisma intracranianos, Diagnósticos de enfermagem, Cuidado de enfermagem
Introdução
Os aneurismas intracranianos são dilatações dos vasos sanguíneos cerebrais que possuem um risco potencial de ruptura, o que leva à hemorragia subaracnóidea (HSA). No Brasil cerca de 12% dos pacientes acometidos por aneurismas intracranianos morrem antes de obter atendimento médico e cerca de 40% morrem em até 1 mês após o incidente. Trata-se de uma condição potencialmente fatal, muitos pacientes que sobrevivem à ruptura de um aneurisma ficam com sequelas, o que resulta em problemas de adaptação ambiental e social, bem como na queda da qualidade de vida1.
O surgimento de um aneurisma intracraniano é um evento multifatorial que conta com componentes genéticos e ambientais. Diversas alterações de cunho genético têm sido relacionadas com o desenvolvimento de aneurismas, sendo que a maioria delas resulta em defeitos nos componentes da matriz extracelular, como alterações no colágeno e nas fibras elásticas, aumento dos níveis de metaloproteínases, defeitos na angiogênese e alterações nas enzimas relacionadas às lipoproteínas. Essas alterações tornam o tecido conjuntivo ao redor dos vasos e sua parede (em especial a túnica média) mais frágeis e predispõem o indivíduo à formação de um aneurisma2.
Os planos de cuidados que favoreçam a assistência e a segurança dos pacientes, e que demonstrem a contribuição da enfermagem nos resultados obtidos é fundamental para sistematizar a prática dos enfermeiros nos diferentes âmbitos da assistência em saúde1. Nas unidades de alta complexidade, como é o caso dos serviços de emergência e de terapia intensiva, cuidados diretos, tomadas de decisões rápidas e seguras são frequentes. O Diagnóstico de Enfermagem (DE) (00201) Risco de Perfusão Tissular Cerebral Ineficaz, definido como ''Risco de redução na circulação do tecido cerebral que pode comprometer a saúde'', está presente na realidade brasileira, tendo em vista o aumento de internações hospitalares pelas doenças cerebrovasculares no Brasil. Diferentes situações clínicas colocam pacientes neurológicos em Risco de Perfusão Tissular Cerebral Ineficaz. Esse DE possui como fatores de risco presença de aneurisma cerebral, aterosclerose aórtica, cardiomiopatia dilatada, trauma encefálico, tumor cerebral, terapia trombolítica, hipertensão arterial, entre outros3.
Dessa forma, o objetivo deste estudo foi buscar a melhor evidência sobre a intervenção de enfermagem no risco de perfusão tissular cerebral ineficaz no aneurisma intracraniano em UTI e contribuir para a prática clínica baseada em evidências para o alcance do resultado no menor tempo possível de internação
Questão prática:
Como otimizar o cuidado da (o) enfermeiro para que o (a) paciente de alta complexidade com diagnostico de aneurisma intracraniano em risco de perfusão tissular cerebral ineficaz alcance a melhora do resultado em, no máximo 7 dias de internação
Quadro 1 - Estratégia da pergunta PICO, Niterói 2019.
Acrônimo |
Descrição
|
Componete da Questão Prática |
p |
Paciente de alta complexidade adulto/idoso com o diagnóstico ou condição clinica de aneurisma intracraniano |
Pacientes adultos e idosos internados em Unidade de alta complexidade com aneurisma intracraniano |
I |
Diagnóstico (s) e Prescrição (ções)/ Protocolo de enfermagem “X” (NANDA -NIC) |
Melhora da perfusão tissular cerebral, monitoramento e manejo das complicações potencias |
C |
Controle ou comparação ou INTEGRAÇÃO com o tratamento do (a) médico (a), fisioterapeuta, fonoaudiólogo (a), assistente social, etc. |
Linha de cuidado e/ou diretrizes e/ou protocolos interprofissionais |
O |
Resultado de enfermagem (NOC) Risco de de perfusão tissular cerebral ineficaz |
Adequação do fluxo de sangue através da vasculatura cerebral para manter a função cerebral. |
T |
Máximo 7dias de internação em UTI ou Unidade de Alta Complexidade |
Percurso critico: 7 dias |
Metodologia
Revisão integrativa da literatura por meio da busca em base de dados online, computadorizada, no período de 2011 a 2019. A pesquisa foi realizada de junho a novembro de 2019, nas bases de dados Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Scientific Electronic Library Online (Scielo), Base de dados de enfermagem (BDENF), Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs), Sistema Online de Busca e Análise de Literatura Médica (MEDLINE) e Researchgate.
Foram utilizados os operadores boolenanos AND e OR, foram realizadas combinações com os elementos do componente (PICOT). - (P) pacientes de alta complexidade adulto e/ou idoso, (I) diagnósticos e prescrições, (C) cuidados interprofissionais, (O)resultado ou desfecho e (T) tempo.
Foi utilizado os descritores do DeCS Aneurisma Intracranianos, Diagnostico de enfermagem e Cuidados de enfermagem.
Foram encontrados 54 artigos após o uso dos seguintes filtros, limite adulto/idoso, artigos, idioma, ano e texto disponível após essa filtragem foram escolhidos 12 artigos que atenderam os critérios do estudo.
Foram selecionados dez artigos, no Quadro 2 no qual são relatados: autores, data, país, objetivo da pesquisa, população/amostra, tipo de estudo, principais recomendações e nível de evidência de acordo com a classificação do nível de evidência foi utilizada como referência a escala de Oxford Centre for Evidence-based Medicine.
Quadro 2 – Análise e classificação do nível de evidência científica dos estudos.
Autores, data e país |
Objetivo da pesquisa |
População/ amostra |
Tipo de estudo |
Principais recomendações |
Nível de evidência |
Araújo OF, Sousa CLM, Muniz MV, Oliveira AB, Freire Neto NG, Sousa EPD, 2014, Brasil. |
Identificar os diagnósticos de enfermagem e relacionar as intervenções de enfermagem a partir dos diagnósticos encontrados em pacientes com aneurisma cerebral internados na Clínica de Neurocirurgia do Hospital de Base- HBDF. |
Foram analisados 26 prontuários dos pacientes estiveram internados durante os meses de outubro de 2012 a fevereiro de 2013. |
Estudo retrospectivo. |
Prevenir o aparecimento de complicações. Para tanto, o enfermeiro deve ter conhecimento científico acerca desta patologia, saber realizar o exame neurológico para identificar suas principais complicações e atuar de forma adequada. |
2b |
Júnior LC, Barros B, Holanda MF, 2018, Brasil. |
Averiguar a influência de fatores de risco sobre a mortalidade no tratamento de aneurismas. |
Foram coletados dados relativos a 123 pacientes com 158 aneurismas atendidos no Hospital Ophir Loyola no período do estudo. |
Estudo retrospectivo, transversal e quantitativo. |
Sugere-se a necessidade de elaboração de estudos que avaliem a eficácia da triagem em pacientes com risco, visando detectar os aneurismas antes de sua ruptura e tentar modificar a história natural desta doença. |
2b |
Almeida MA, Silva MB, Pacato BP, Siqueira APO, Silva MP, Engelman B, Severo IM, Nomura ATG, 2015 Brasil. |
Selecionar e validar os indicadores clínicos, para monitorar pacientes em Risco de perfusão tissular cerebral ineficaz, segundo a Classificação dos Resultados de Enfermagem (NOC) |
A amostra de conveniência foi constituída por 17 enfermeiros assistenciais do Serviço de Emergência e de Terapia Intensiva. |
Estudo de validação de conteúdo |
A metodologia aqui empregada mostrou-se adequada |
4 |
Isaias LCS, Shimizu IS, L TBSL, Cunha GSD, 2018, Brasil. |
analisar a evolução clínica de pacientes com aneurisma cerebral internados aguardando neurocirurgia de embolização |
Amostra composta por 51 pacientes |
Estudo longitudinal, descritivo e prospectivo |
Aumento dos leitos das UTI. |
1b |
Ribeiro LRT, Menezes RTM, Madeira K, Moreira CFS, 2019, Brasil. |
Analisar o perfil e o desfecho clínico de pacientes submetidos à abordagem microcirúrgica de aneurisma cerebral na cidade de Criciúma/Santa Catarina/Brasila analisar o perfil e o desfecho clínico de pacientes submetidos à abordagem microcirúrgica de aneurisma cerebral na cidade de Criciúma/Santa Catarina/Brasil |
Foram analisados 47 prontuários de pacientes submetidos à microcirurgia de aneurisma cerebral. |
Estudo observacional retrospectivo |
Pacientes com idade mais avançada possui maior chance de desenvolver a doença, talvez em função das comorbidades e tempo de evolução destas, como: hipertensão e tabagismo |
2b |
Franco B, Busin L, Chianca TCM, Moraes VM, Pires AUB, Lucena AF, 2018, Brasil. |
Analisar associações entre discriminadores do Sistema de Triagem de Manchester e Diagnósticos de Enfermagem em pacientes adultos, classificados com prioridade clínica I (emergência) e II (muito urgente). |
Amostra de 219 pacientes. Os dados foram coletados no prontuário online e analisados estatisticamente |
Estudo transversal |
Ressalta-se a necessidade de outros estudos sobre os discriminadores do STM e os DEs em outros contextos assistenciais, a fim de buscar novas possibilidades de associações e fortalecer os resultados apresentados. |
2b |
Menezes MGV, Ribeiro CJN, Nascimento FS, Alves JAB, Lima AGCF, Ribeiro COM, 2017, Brasil |
Avaliar a dor pós-operatória de pacientes neurocirúrgicos submetidos a pinçamento de aneurisma não roto. |
A casuística foi constituída por 28 pacientes submetidos a craniotomia eletiva para tratamento de aneurisma cerebral não roto por meio de pinçamento. |
Estudo prospectivo e descritivo |
A avaliacão do fenômeno doloroso de forma sistemática deve fazer parte da assistência multiprofissional, conforme as recomendacões de instituicões nacionais e internacionais da dor. |
1b |
Barcelos DG, Santos CM, Manhães LSP, Azevedo AS, 2016, Brasil. |
analisar a assistência de enfermagem prestada pelos enfermeiros aos pacientes vítimas do acidente vascular encefálico hemorrágico (AVEH) em unidade de terapia intensiva (UTI) |
entrevistas com 9 enfermeiros da unidade em estudo, os critérios de inclusão, foram aqueles enfermeiros que atuassem na unidade de terapia intensiva(UTI) |
Estudo qualitativo do tipo descritivo |
Uma vigilância adequada e precisa, associada à aplicação de planos de cuidados e a interação da equipe, |
2b |
Carvalho PR, Silva MN, Rodrigues Júnior JC; Barbosa, BA, Oliveira EM, Nery B; Barbosa BNR, Araújo RML, 2016, Brasil. |
Apresentar pacientes com aneurismas tratados cirurgicamente em uma única cirurgia em um serviço de neurocirurgia da secretaria estadual de saúde de São Paulo. |
Amostra de 23 pacientes com 52 aneurismas tratados entre os anos de 2009 e 2011. |
Análise retrospectiva |
Preconizar abordagem microneurocirúrgica para a maioria dos casos de aneurismas intracranianos múltiplos, buscando a clipagem microcirúrgica de todos os aneurismas intracranianos, se viável, em um único estágio e uma única craniotomia |
2b |
Creôncio SCE, Moura JC, Rangel BLR, Coelho MFB, Santos TBS, Freitas MAL, 2015, Brasil |
Avaliar o perfil epidemiológico, os resultados cirúrgicos e os casos de hemorragia subaracnóidea aneurismática ocorridos no Hospital de Ensino da Univasf |
Amostra 55 prontuários de pacientes diagnosticados com hemorragia subaracnóidea aneurismática. |
Estudo descritivo e analítico, com abordagem quantitativa |
A microcirurgia permanece como primeira opção para: pacientes jovens, a maioria dos aneurismas da cerebral média e os de colos largos |
1b |
Brunner & Suddarth, 2015, Brasil |
O objetivo é disporem de um texto com a mesma qualidade e confiabilidade do livro-mãe, mas que possa ser levado com facilidade para plantões e estágios. Ou seja, um guia de consulta rápida, portátil. |
Adulto e Idosos |
Livro descritivo |
As metas para o cliente consistem em melhora da perfusão tissular cerebral, alívio da ansiedade e ausência de complicações |
2b |
Discussão
Foram pesquisados na biblioteca virtual da saúde (BVS) estudos relacionados a aneurisma intracranianos que podem estar associados ao risco de perfusão tissular cerebral ineficaz. As bases de dados que forneceram os melhores resultados e maiores quantidades de estudos foram SCIELO, sendo todos os artigos brasileiros, para a realização deste estudo. Dos 54 trabalhos obtidos após filtragem, 12 artigos foram escolhidos e avaliados detalhadamente para inclusão nesta revisão e mostraram que a maioria dos pacientes acometidos pelo aneurisma são do sexo feminino com idade média de 41 anos4. Tal fato vai ao encontro dos resultados obtidos pelo presente estudo. Isto pode ser explicado pela relação da fisiopatologia da formação aneurismática e hormônios femininos, os quais estão intimamente ligados com o estresse hemodinâmico e o remodelamento vascular induzidos pelo declínio do estrogênio.5
A NOC fornece uma linguagem profissional que pode ser utilizada por enfermeiros para identificar e avaliar os efeitos das intervenções de enfermagem nos diferentes ambientes de cuidado. A validação destes elementos, segundo a expertise de enfermeiros da prática clínica, pode favorecer a sua aplicabilidade, uma vez que auxilia na escolha dos indicadores clínicos mais relevantes, e facilitar a rápida avaliação dos estados de Risco de perfusão tissular cerebral ineficaz. O consenso dos enfermeiros juízes quanto ao diagnóstico de enfermagem e Perfusão Tissular: Cerebral, definido como Adequação do fluxo de sangue através da vasculatura cerebral para manter a função cerebral3.
Para atribuir a prioridade clínica, o enfermeiro identifica junto ao paciente e/ou familiar o motivo que o trouxe ao atendimento e realiza a avaliação do estado de saúde do mesmo, com coleta de dados e exame físico focado na história clínica, de modo a selecionar o fluxograma e o discriminador do Sistema de Triagem de Manchester6 .O mesmo exercer o seu papel no controle dá dor por meio da avaliação e orientação à sua equipe sobre aspectos importantes do manuseio adequado, além de discutir com a equipe multidisciplinar quando o tratamento analgésico não estiver fundamentado na avaliação do paciente e em diretrizes nacionais e internacionais 7.
As manifestações clínicas podem apresentar uma ampla variedade de déficit neurológico, dependendo da localização da lesão. O cliente pode apresentar: parestesia principalmente de um lado do corpo, confusão ou alteração no estado mental, distúrbios visuais, afasia, dificuldade em caminhar, vertigem e cefaleia intensa súbita. Neste mesmo contexto, os principais sinais e sintomas são: emêse, paresia, plegia de um ou mais segmentos ou fascial, ausência de coordenação, crise convulsiva, desvio de comissura labial, disartria, diplopia, disfagia e cefaleia intensa. Em relação a este aspecto destaca-se a fala de alguns sujeitos 8.
Para isso, utilizam-se métodos clínicos e de imagem para evidenciar tamanho e local da lesão e sua probabilidade de benefício do tratamento cirúrgico5. A tomografia computadorizada (TC) sem contraste é um bom exame de imagem para a avaliação inicial de um paciente com suspeita de hemorragia subaracnóidea (HSA). Possui uma taxa de detecção perto de 100% nos três primeiros dias após o início dos sintomas, porém caindo para 50% entre 5 a 7 dias após. A angiografia cerebral (DSA) é o exame considerado padrão ouro para o diagnóstico de aneurisma cerebral, pois com esse exame podemos aumentar a taxa de detecção dos aneurismas menores que 3mm, em que a TC e a ressonância nuclear magnética (RNM) não são precisos em avaliar. A DSA é indicada em pacientes com alta suspeita de HSA em que um aneurisma não foi evidenciado pelos métodos tradicionais5. Assim como à discussão do caso pela equipe constituída de neurocirurgiões e neurorradiologista, posteriormente selecionando a modalidade de tratamento (cirúrgica, endovascular, combinada ou conservadora)9.
Dentre as técnicas atuais no tratamento do aneurisma cerebral as possibilidades são clipagem procedimento de cirurgia aberta por meio de uma craniotomia e a embolização tecnologia de microcirurgia endovascular, menos invasiva e de primeira escolha principalmente para aneurismas rompidos, além de possibilitar uma recuperação mais precoce4.
A abordagem microcirúrgica é confirmada como uma boa opção de tratamento. Após alguns estudos, houve uma tendência mundial para o tratamento endovascular, e este tratamento favoreceu a condução terapêutica nos aneurismas10.
A enfermagem tem um papel importante quando o assunto é assistência ao paciente neurocrítico, pois necessita permanecer atenta ao paciente durante todo o processo de tratamento e reabilitação, prevenindo ou detectando precocemente as complicações As ações de enfermagem devem ser baseadas na promoção adequada da perfusão e oxigenação cerebral, controle hemodinâmico e detecção precoce dos sinais e sintomas decorrentes da elevação ou descompensação da pressão intracraniana, prevenindo o agravamento das lesões encefálicas secundárias.
Ao enfermeiro que atua em unidade de terapia intensiva exige-se alta vigilância ao paciente, pois tal patologia apresenta sinais e sintomas de instabilidade hemodinâmica, logo cabe aos profissionais responsáveis dominarem com perspicácia o conhecimento, para que consigam reconhecer a gravidade do caso e prestar cuidados de forma resolutiva 8.
Listamos algumas intervenções para obter a melhora perfusão tissular cerebral.
• Monitorar rigorosamente a deterioração neurológica e manter um fluxograma neurológico
• Verificar a cada hora a pressão arterial, o pulso, o nível de consciência, as respostas pupilares e a função motora; monitorar o estado respiratório e relatar imediatamente quaisquer alterações
• Implementar as precauções do aneurisma (repouso absoluto no leito em um ambiente tranquilo e não estressante; restringir as visitas, exceto a família)
• Elevar a cabeceira do leito em 15 a 30° ou conforme solicitado
• Evitar qualquer atividade que aumente subitamente a pressão arterial ou que cause obstrução do retorno venoso (p. ex., manobra de Valsalva, esforço para defecar), instruir o cliente a expirar durante a micção ou defecação para diminuir o esforço, eliminar o consumo de cafeína, administrar todo o cuidado pessoal e minimizar os estímulos externos
• Colocar meias compressivas ou dispositivos de compressão sequencial no cliente. Observar as pernas do cliente, à procura de sinais e sintomas de trombose venosa profunda, tais como hipersensibilidade, hiperemia, tumefação, calor e edema.
• Avaliar e relatar imediatamente o aparecimento de sinais de possível vasospasmo, que podem ocorrer vários dias após a cirurgia ou no início do tratamento (intensificação das cefaleias, nível diminuído de responsividade ou evidências de afasia ou paralisia parcial). Administrar também bloqueadores dos canais de cálcio ou expansores de volume, conforme prescrito
• Manter as precauções das convulsões. Conservar vias respiratórias desobstruídas e evitar lesão caso ocorra uma crise convulsiva. Administrar anticonvulsivantes conforme prescrito (a fenitoína é o medicamento de escolha)
• Monitorar o aparecimento de sinais de hidrocefalia, que pode ser aguda (nas primeiras 24 h após a hemorragia), subaguda (em alguns dias) ou tardia (em algumas semanas). Relatar imediatamente os sintomas: a hidrocefalia aguda caracteriza-se pelo início
súbito de torpor ou coma; a hidrocefalia subaguda ou tardia caracteriza-se pelo início gradual de sonolência, alterações comportamentais e marcha atáxica
• Monitorar e relatar quaisquer sintomas de novo sangramento do aneurisma (que ocorre mais frequentemente nas primeiras 2 semanas). Os sintomas incluem cefaleia intensa e súbita, náuseas, vômitos, nível diminuído de consciência e déficit neurológico. Administrar medicamentos, conforme prescrito
• Hiponatremia: monitorar com frequência os dados laboratoriais, visto que a hiponatremia (nível sérico de sódio < 135 mEq/ℓ) afeta até 50% dos clientes. Relatar a ocorrência de baixos níveis que persistem por 24 h, devido ao possível desenvolvimento da síndrome de secreção inapropriada de hormônio antidiurético ou síndrome cerebral perdedora de sal (os rins não conseguem conservar o sódio)11.
.
A média de dias de UTI do total de pacientes são de 4 dias. Após o procedimento da embolização e alta da UTI para enfermaria, a maioria dos pacientes permaneceu no leito uma faixa de 3 a 5 dias de internação, evoluído com alta hospitalar4.
Conclusão
Como conclusão preliminar da pesquisa realizada pode-se esperar, que este estudo, de alguma forma possa despertar nos enfermeiros a conscientização da importância da identificação deste diagnóstico e seus riscos, algumas situações podem colocar os pacientes neurológicos em risco de perfusão tissular cerebral ineficaz. Porém, neste estudo foram selecionados apenas os casos nos quais os pacientes eram vítimas de aneurisma cerebral. A maioria dos estudos foi constituída por mulheres, com comorbidades associadas como hipertensão e o tabagismo e idade média de 41anos.
Algumas ações de enfermagem, além das descritas na NIC, podem contribuir no tratamento dos pacientes com este diagnóstico de enfermagem. Sendo assim, ainda há a necessidade de mais trabalhos que validem as atividades discutidas nestes estudos com valor científico para que sejam incluídas nas atividades da intervenção de enfermagem, para que a prática clínica deste profissional seja baseada em evidências científicas garantindo ao cliente uma assistência qualificada e eficaz.
Referências bibliográficas
1-Araújo OF, Sousa CLM, Muniz MV, Oliveira AB, Freire Neto NG, Sousa EPD. Diagnósticos de enfermagem e proposta de intervenções ao paciente com aneurisma cerebral Comun. ciênc. saúde; 25(1): 25-34, jan.-mar. 2014. tab, graf. Disponível em:
< http://bvsms.saude.gov.br/bvs/periodicos/diagnosticos_enfermagem_proposta.pdf >
2- Júnior LC, Barros B, Holanda MF. Fatores de risco em pacientes com aneurismas intracranianos atendidos em um hospital de referência de Belém - PA. jbnc [Internet]. 23º de março de 2018 [citado 5º de dezembro de 2019];22(3):95 -99. Disponível em: < http://jbnc.emnuvens.com.br/jbnc/article/view/1011 >
3- Almeida MA, Silva MB, Panato BP, Siqueira APO, Silva MP, Engelman B, Severo IM, Nomura ATG. Indicadores clínicos para monitorar pacientes com risco de perfusão ineficaz de tecido cerebral. Invest Educ Enferm. 2015; 33 (1): 155-163.Disponível em: http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0120 53072015000100018&lng=en&nrm=iso>. ISSN 0120-5307.
4- Isaias LCS, Shimizu IS, L TBSL, Cunha GSD. Evolução clínica de pacientes com aneurisma cerebral internados em um hospital público. Revista Interdisciplinar de Estudos em Saúde. 29 nov. 2018. 156. 10.33362/ries.v7i2.1436.
Disponível em: https://periodicos.uniarp.edu.br/index.php/ries/article/view/1436/870
5- Ribeiro LRT, Menezes RTM, Madeira K, Moreira CFS. Microcirurgia do aneurisma cerebral: Um perfil epidemiológico [TCC] [Internet] Criciúma-SC: Universidade do Extremo Sul Catarinense; 2019. [acesso em 2019 Dez 5]. Disponível em: http://repositorio.unesc.net/handle/1/7229
6- Franco B, Busin L, Chianca TCM, Moraes VM, Pires AUB, Lucena AF. Associações entre discriminadores do Sistema de Triagem de Manchester e diagnósticos de enfermagem. Rev Gaúcha Enferm. 2018; 39:e2017-0131. doi: https://doi.org/10.1590/1983-1447.2018.2017-0131.
7 - Menezes MGV, Ribeiro CJN, Nascimento FS, Alves JAB, Lima AGCF, Ribeiro MCO. Dor pós-operatória e analgesia em pacientes submetidos à pinçamento de aneurisma cerebral não roto. Rev. dor [Internet]. 2017 Mar [cited 2020 Jan 31]; 18(1): 27-31. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1806-00132017000100027&lng=en. http://dx.doi.org/10.5935/1806-0013.20170007.
8- Barcelos DG, Santos CM, Manhães LSP, Azevedo AS. Atuação do enfermeiro em pacientes vítimas do acidente vascular encefálico hemorrágico na unidade de terapia intensiva. Biológicas & Saúde, 6(22), 41-53, 2016. Disponível em : https://ojs3.perspectivasonline.com.br/biologicas_e_saude/article/view/1097/818. https://doi.org/10.25242/886862220161097
9- Carvalho PR, Silva MN, Rodrigues Júnior JC; Barbosa, BA, Oliveira EM, Nery B; Barbosa BNR, Araújo RML. Microcirurgia para aneurismas intracranianos múltiplos: série de 29 casos - Microsurgery for multiple intracranial aneurysms: a review of 29 cases. Arq. bras. neurocir; 33(2)jun. 2014.tab. Disponível em: http://bases.bireme.br/cgi-bin/wxislind.exe/iah/online/
10-- Creôncio SCE, Moura JC, Rangel BLR, Coelho MFB, Santos TBS, Freitas MAL. Análise de casos cirúrgicos para o tratamento de hemorragia subaracnóidea aneurismática. Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia: Brazilian Neurosurgery, [s.l.], v. 34, n. 01, p.002-006, 29 abr. 2015. Georg Thieme Verlag KG. Disponível em : https://www.researchgate.net/publication/279163111_Analise_de_casos_cirurgicos_para_o_tratamento_de_hemorragia_subaracnoidea_aneurismatica dx.doi.org/10.1055/s-0035-1547374.
11- Brunner & Suddarth, Manual de enfermagem médico-cirúrgica / revisão técnica Sonia Regina de Souza; tradução Patricia Lydie Voeux. – 13. ed. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015. 1152 p.
JSNCARE