Evidence-based nursing practice on altered sensory perception and nursing interventions in the ICU following risk prediction scales - Systematized Literature Review

 

 

Prática de enfermagem baseada em evidência sobre percepção sensorial alterada e as intervenções de enfermagem em UTI seguindo escalas de predição de risco – Revisão Sistematizada da Literatura

 

Giselly da Silva Sousa1, Isabel Cristina Fonseca da Cruz2

1 Enfermeira, aluna do Curso de Especialização em Enfermagem em Cuidados Intensivos. Universidade Federal Fluminense (UFF). enfagiselly@gmail.com

2 Doutora, professora. Titular da UFF. isabelcruz@id.uff.br

 

ABSTRACT
Objective: To identify in the literature the relationship of altered sensory perception and the risk of pressure injury in patients admitted to the ICU Intensive Care Unit. Methods: Descriptive and experimental study of bibliographic nature. Results: After conducting the searches using the inclusion and exclusion criteria already exemplified, 10 articles were chosen for the analysis and discussion of the data obtained. Conclusion: It can be concluded through the study that the patient in the ICU has cognitive and / or motor limitations preventing him from communicating about the discomfort he is in. Thus, the nurse must be aware of this risk by carrying out inspection at the bedside, implementing interventions through risk prediction scales so that the management of the patient is carried out to avoid all discomfort. Recommendation: Thus, it was observed by the author that the most effective result in the precursor period of the practical question was the change in position.

Key words: sensory perception, nursing care, risk prediction and intensive care.

 

RESUMO
Objetivo: Identificar na literatura a relação de percepção sensorial alterada e o risco de lesão por pressão em pacientes internados em Unidade de Terapia Intensiva UTI. Métodos: Estudo descritivo e experimental de natureza bibliográfica. Resultados: Após a realização das buscas mediante os critérios de inclusão e exclusão já exemplificados, foram escolhidos 10 artigos para a análise e discussão dos dados obtidos. Conclusão: Pode-se concluir através do estudo realizado que o paciente internado em UTI possui limitações cognitivas e/ou motoras impedindo-o de comunicar-se quanto ao desconforto que se encontra. Dessa forma, o enfermeiro deve estar atento a esse risco realizando inspeção à beira leito, implementando intervenções através de escalas de predição de risco de forma que seja realizado o manejo do paciente para evitar todo e qualquer desconforto. Recomendação: Dessa forma, foi observado pela autora que o resultado mais eficaz no período precursor da questão prática foi a mudança de decúbito.

 

Palavras-Chave: percepção sensorial, cuidados de enfermagem, predição de risco e terapia intensiva.

 

INTRODUÇÃO

Foi descoberto no início do século XX por enfermeiros e educadores nos Estados Unidos da América (EUA) que enfermeiros diagnosticavam e tratavam algo relacionado aos pacientes e familiares que era divergente dos diagnósticos médicos, ou seja, algo em que os enfermeiros da época identificavam como problema e realizavam um cuidado intensivo para melhoria dessa condição do paciente sendo criado dessa forma os diagnósticos de enfermagem.(1)

Dessa maneira, foi selecionado o diagnóstico de enfermagem ICNP – Percepção
Sensorial Alterada, ao qual é definido pelo livro de Diagnósticos de Enfermagem da NANDA-I, que Percepção/Cognição é entendido como o “sistema humano de processamento que inclui atenção, orientação, sensação, percepção, cognição e comunicação”.
(1)

Por sua vez, Carpenito-Moyet define percepção sensorial alterada como o estado em que o indivíduo ou grupo apresenta, ou está em risco de apresentar, uma mudança na quantidade, padrão ou interpretação de estímulos recebidos.(2)

Esse diagnóstico de enfermagem é facilmente relacionável com o risco de lesões por pressão em pacientes que se encontram internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), aos quais se apresentam acamados, debilitados, apresentando fraqueza muscular e incapacidade de realizar movimentação ativa e passiva, aumentando a chance de abertura de lesões podendo dessa forma, prejudicar ainda mais a situação clínica do paciente.

Pode-se definir risco de lesão como um estado em que o indivíduo apresenta o risco de dano devido a um déficit perceptivo e/ou fisiológico, à falta de atenção aos perigos ou à idade.(2)

Toda lesão por pressão é definida como um dano, sendo ele localizado na pele ou em tecidos moles aos quais, geralmente relacionadas a proeminências ósseas ou qualquer outro dispositivo que incida sobre a pele íntegra, gerando o aparecimento de primeiramente hiperemia, dor localizada e consequentemente ruptura da pele, ocasionando a lesão propriamente dita.(3)

A enfermagem possui em seu plano de cuidados, a avaliação e identificação de fatores de risco que podem ser prejudiciais ao cuidado do paciente, dessa forma foram criadas as escalas de predição de risco tais como Escala de Norton, Escala de Braden e Escala de Waterlow.(4)

Através das escalas de Braden e Waterlow, são avaliados diversos itens para definir o risco ao qual o paciente é submetido e qual tipo de cuidado ou intervenção melhor se aplica na finalidade de evitar ou prevenir algum tipo de lesão, dentre esses itens avaliados nessas duas escalas, se encontram a mobilidade do paciente e percepção sensorial.(4)

Com base nessas informações descritas, percebe-se que o paciente que permanece em UTI, debilitado, apresentando limitação quanto à deambulação, mobilidade e alteração dos níveis sensórios e que é identificado pela enfermagem e diagnosticado com percepção sensorial alterada, pode apresentar risco potencialmente grave à desenvolver lesões pela falta de mobilidade e mudança de posição no leito prejudicando a sua condição clínica e prolongando o tempo de internação em UTI.

A pesquisa em questão tem como objetivo o foco no prontuário eletrônico do(a) paciente e sua interoperabilidade por meio da SNOMED CT, revisar as diretrizes de enfermagem com base em evidência que ajudarão à(ao) enfermeiro(a) intensivista na identificação e tratamento da prevenção para o risco de lesão com base nas escalas de predição de risco ao paciente com percepção sensorial alterada.

Questão prática: com base em evidência, como identificar e tratar no(a) paciente de alta complexidade o diagnóstico de percepção sensorial alterada?

 

Quadro 1 - Estratégia de PICO. Niterói, 2020.

Acrônimo

Definição

Componente da questão prática

P

Paciente de alta complexidade & adulto/idoso com o diagnóstico ICNP/Percepção Sensorial Alterada.

Pacientes internados em alta complexidade apresentando risco por lesão devido percepção sensorial alterada.

I

Prescrição/Protocolo

Realizar mudança de decúbito, proteção de proeminências ósseas, manejo de umidade, fricção e cisalhamento e redistribuição de pressão.

C

Não há.

Não se aplica.

O

Resultados

Intensificar mudança de decúbito em pacientes acamados, mobilizar e descomprimir proeminências ósseas e redução do índice de lesões por pressão.

T

Máximo de 7 dias de internação em UTI.

Percurso Crítico: 7 dias.

Fonte: Sousa & Cruz, 2020

METODOLOGIA

A pesquisa realizada foi a partir da revisão sistematizada da literatura, que traduz a investigação científica reunindo estudos aos quais são relevantes sobre a questão norteadora formulada a partir de materiais secundários, já publicados, pertinentes a tema proposto e, caso haja trabalhos e obras nas quais não tenham a ver com o assunto, deverão ser excluídos. (5)

Os descritores utilizados para a realização de uma busca específica que dissertasse sobre a percepção sensorial dos pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva e fizesse correlação com as intervenções de enfermagem na elaboração de medidas para que os pacientes com esse diagnóstico de enfermagem não fossem acometidos por lesões por pressão.

Como critérios de inclusão foram utilizados dados de artigos em um período de 2012 a 2019, selecionados a partir das bases eletrônicas da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), e foram encontrados artigos em português relevantes ao tema proposto elaborado por profissionais e acadêmicos de enfermagem nas seguintes fontes de busca (Lilacs, Medline e Bdenf) que abordasse percepção sensorial e terapia intensiva relacionada à prevenção de lesões por pressão.

Nos critérios de exclusão entraram artigos incompletos, os que não se apresentavam disponíveis na íntegra, artigos em outro idioma que não fosse o português, artigos que estivessem fora do período estipulado para a busca e teses e monografias.

Após a realização das buscas mediante os critérios de inclusão e exclusão já exemplificados, foram escolhidos 10 artigos para a análise e discussão dos dados obtidos. Os artigos foram escolhidos por apresentar relevância ao tema proposto para posteriormente realizarmos a nossa discussão e apresentação de resultados.

Foi utilizada a combinação dos componentes da estratégia PICO para a busca bibliográfica das evidências. Sendo elas: (P) Pacientes internados em alta complexidade que apresentam percepção sensorial alterada com risco de lesões por pressão AND (I) Realizar mudança de decúbito, proteção de proeminências ósseas, manejo de umidade, fricção e cisalhamento e redistribuição de pressão AND (C) Controle ou Comparação AND (O) Intensificar mudança de decúbito em pacientes acamados, mobilizar e descomprimir proeminências ósseas e redução do índice de lesões por pressão. (T) Percurso Crítico: 7 dias. Sendo este período determinado com objetivo de encontrar o melhor estudo para conduta de enfermagem, ou seja, seu tratamento realizado através dos critérios de força de evidência.

 

RESULTADOS

Depois de realizar a leitura interpretativa, completa e crítica dos artigos selecionados, foi realizado um quadro de publicações encontradas e selecionadas, contendo a síntese de cada artigo publicado e organizados de forma cronológica conforme demonstrado abaixo:

 

Quadro 2 – Publicações localizadas nas bases virtuais. Niterói, 2020.

Autores, Ano e País.

Objetivo da Pesquisa

População/

amostra

Tipo de Estudo

Principais recomendações

Nível de evidência

Noemi M. B. Rogenski; Paulina Kurcgant. 2012, Brasil.

Verificar a prevalência de úlcera por pressão nas unidades de internação de pacientes adultos do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo (HU-USP) e verificar a concordância entre observadores na avaliação de risco, por meio da escala de Braden.

Os dados foram coletados por seis colaboradoras treinadas que realizaram exame físico e avaliação de risco em 87 pacientes, avaliação esta considerada “padrão ouro”.

Estudo exploratório e quantitativo.

Verificou-se prevalência de 19,5% no hospital e 63,6% na Unidade de Terapia Intensiva, 15,6% na Clínica Cirúrgica,

13,9% na Clínica Médica e 0% na Semi-Intensiva. Quanto à concordância entre os observadores na avaliação clínica dos pacientes, a percepção sensorial, atividade, mobilidade e fricção/cisalhamento apresentaram fortíssima concordância. Umidade e nutrição, baixa concordância, sugerindo que esses subescores deverão ser discutidos para verificar as causas da controvérsia.

2A

Bruna P. Zambonato; Michelli Cristina S. de Assis; Maurir G. Beghetto. 2013, Brasil.

Identificar quais alterações, na pontuação das subescalas de Braden, estão associadas com o risco do desenvolvimento de UP.

Foram avaliados registro de 1503 pacientes.

Estudo de coorte.

A incidência de UP foi de 1,8% e foi associada com diabetes e insuficiência cardíaca. Não houve associação entre nutrição e UP. Exceto nutrição, as demais subescalas de Braden mostraram-se preditivas de UP.

2B

Carla Maria F. Simão; Maria Helena L. Caliri; Claudia B. dos Santos. 2013, Brasil.

Avaliar a concordância entre enfermeiros quanto à avaliação e classificação de risco dos pacientes para desenvolvimento de Úlcera por Pressão.

Realizado com 22 enfermeiros assistenciais em quatro Unidades de Terapia Intensiva de hospital universitário brasileiro.

Estudo descritivo e exploratório.

Verificou-se concordância geral entre os enfermeiros somente na avaliação das subescalas percepção sensorial, mobilidade, fricção e cisalhamento. Quanto à classificação em níveis de risco, houve concordância apenas em duas Unidades.

2B

Ana Glecia P. Alves; José Wicto P. Borges; Mychelangela de A. Brito. 2014, Brasil.

Analisar na produção científica a utilização de escalas de avaliação de risco para úlcera por Pressão (UPP) em Unidade de Terapia Intensiva.

Realizado com seleção de 18 artigos científicos.

Revisão integrativa.

Constataram-se vários fatores de risco, tais como: a divergência na predominância da UPP em relação aos sexos, o índice de massa corporal e a dificuldade de mobilidade no leito, a percepção sensorial alterada comprometendo a verbalização de desconforto, e o uso da Sonda Vesical de Demora prevendo o surgimento das lesões.

1A

Vinicia de H. Cabral; Ítalo R. C. Andrade; Elizabeth M. Melo; Tatiana de M. C. Cavalcante. 2016, Brasil.

Identificar os principais títulos diagnósticos de enfermagem utilizados na assistência a pacientes críticos internados em Unidade de Terapia Intensiva.

Consultados 69 prontuários de pacientes com idade acima de 18 anos.

Estudo descritivo e documental.

Foram identificados os principais títulos diagnósticos de enfermagem utilizados na assistência a pacientes críticos em Unidade de Terapia Intensiva e verificou-se a presença dos mesmos na taxonomia II de diagnósticos da NANDA Internacional.

2B

Andréia G. Siman; Maria José M. Brito. 2016, Brasil.

Identificar mudanças na prática de enfermagem com vistas à melhoria da qualidade do cuidado e da segurança do paciente.

Realizados entrevistas, observação com registro em diário de campo e análise documental.

Estudo de caso-controle.

Evidenciaram-se mudanças na prática de enfermagem como a identificação de riscos assistenciais e físicos; destaque para risco de queda, lesão por pressão, com adoção de impressos próprios e uso da escala de Braden; notificação de eventos adversos; identificação do paciente; adoção de protocolos; comunicação eficaz com educação permanente e reuniões de forma multiprofissional.

3B

Andressa T. Borghardt; Thiago N. do Prado; Sheila D. S. Bicudo; Denise S. de Castro; Maria Edla de O. Bringuente. 2016, Brasil.

Identificar a incidência e descrever os fatores associados a ulcera por pressão em pacientes críticos.

Realizado com 77 pacientes, usando a avaliação clínica, metabólica e de fatores associados à úlcera por pressão.

Estudo de coorte.

Ressalta-se a elevada incidência de úlcera por pressão, características clínicas, metabólicas e fatores associados, além do desfecho por óbito, necessitando, portanto, de medidas de prevenção.

2B

Luana N. Caldini; Renan A. Silva; Geórgia A. A. Melo; Francisco G. F. Pereira; Natasha M. Frota; Joselany Á. Caetano. 2017, Brasil.

Estabelecer relações entre as intervenções e os resultados de enfermagem para o diagnóstico Risco de lesão por pressão em pacientes críticos.

Realizado com 63 pacientes em uma unidade de terapia intensiva.

Estudo longitudinal.

Encontraram-se quatro relações intervenções/resultados para percepção sensorial; 11 para umidade; cinco para atividade; seis para nutrição; quatro para mobilidade; e três para fricção/cisalhamento.

1A

Ludmila S. Castanheira; Andreza Werli-Alvarenga; Allana dos R. Correa; Daniela M. de P. Campos. 2018, Brasil.

Determinar qual escala mais acurada para avaliação de pacientes criticamente enfermos.

Realizados com 18 artigos selecionados.

Revisão integrativa.

Os resultados apontam a necessidade da realização de estudo nesta área.

2A

Guilherme dos S. Zimmermann; Mariana F. Cremasco; Suely S. V. Zanei; Satomi M. Takahashi; Cibelli R. Cohr; Iveth Y. Whitaker. 2018, Brasil.

Identificar os instrumentos que são utilizados para avaliar o risco de lesão por pressão em pacientes críticos adultos de unidade de terapia intensiva e analisar a capacidade preditiva dos mesmos.

Realizado com 13 estudos publicados.

Revisão integrativa.

Revelou uma variedade de escalas preditivas, genéricas e específicas, que são utilizadas para avaliação de risco de lesão por pressão no paciente de unidade de terapia intensiva.

2A

Fonte: Sousa & Cruz, 2020.

Dessa forma, os artigos relacionados no quadro foram submetidos à utilização da tabela baseada em Nível de Evidência Científica disponível no site do Ministério da Saúde exemplificando o conteúdo dos artigos selecionados para a discussão do projeto sendo estes, suficientemente claros e específicos para que o pesquisador consiga chegar ao mesmo resultado aplicando a metodologia. (6)

 

DISCUSSÃO

Posteriormente a leitura interpretativa, os achados foram categorizados conforme a pertinência do tema discutido frente à proposta deste estudo, nos quais foram concentrados e dispostos neste tópico para, dessa forma, para fazer referência à questão prática abordada na introdução.

Podemos dizer que percepção sensorial é uma condição notável e deve ser avaliada pelo enfermeiro nas visitas à beira leito nas unidades de terapia intensiva e atentar sempre quanto à alteração e modificação durante a avaliação identificando dessa forma o risco para lesão por pressão.

As escalas de predição de risco têm por objetivo auxiliar o enfermeiro na avaliação clínica com a finalidade de predizer se o paciente possui alguma condição que favoreça o surgimento de úlceras por pressão e apontar os fatores de risco, bem como realizar o plano de cuidados e intervenções para minimizar ou prevenir essas condições.(7,8)

As diretrizes internacionais recomendam a utilização de escalas de predição de risco, como por exemplo, a de Braden a fim de identificar os pacientes em risco já no momento da admissão e, segundo estudos desenvolvidos no Brasil sobre úlcera por pressão, os escores baixos aplicados na escala de Braden estão diretamente associados à presença de úlcera.(9)

Algumas condições como, por exemplo, acidentes vasculares encefálicos (AVE), hipertensão arterial sistêmica (HAS) e algumas outras doenças crônicas afetam diretamente a percepção sensorial favorecendo dessa maneira o desenvolvimento de úlcera por pressão nos pacientes internados.(10)

De acordo com o estudo realizado no Hospital Universitário de da Universidade de São Paulo define, dentre várias outras, a escala de Braden como a principal escala de risco, pois ela integra diversas subescalas para avaliação, como mobilidade, percepção sensorial, atividade, umidade, nutrição e fricção ou cisalhamento que são avaliados referentes aos fatores de risco para desenvolvimento de úlceras por pressão. (9)

Dentre essas subescalas, podemos destacar a percepção sensorial, que é a capacidade do paciente em perceber, sentir e/ou descrever um desconforto ou pressão de alguma parte do corpo no leito e ela, assim como outras subescalas, são pontuadas entre um ponto (menos favorável) até quatro pontos (mais favorável) e esse fator de risco em específico, é essencial no tratamento e prevenção de úlcera por pressão, uma vez que o paciente pode verbalizar qualquer desconforto ou dor localizada ao profissional.(10,11)

Já a escala de Waterlow avalia 11 itens: peso/altura, avaliação visual da pele, sexo/idade, continência, mobilidade, apetite, medicações, déficit neurológico, medicações, subnutrição tecidual, tempo de cirurgia e trauma e, dentre todas as suas variáveis, o débito neurológico com pontuações que variam entre 10 e 20 escores sendo a maior pontuação o maior risco.(11,12)

Como descrito acima é evidente a noção de que o risco de lesão por pressão está diretamente ligado ao diagnóstico de enfermagem percepção sensorial alterada, uma vez que o paciente se torna debilitado e dependente e, consequentemente o número de casos em pacientes de terapia intensiva com abertura de lesões por pressão é maior tornando assim mais dificultosa a recuperação e alterações durante o tratamento do paciente.

Através de um estudo comparativo de, observou que a escala de Waterlow apresenta melhor resultados na predição de risco de lesões por pressão e, quando comparada à escala de Braden, Waterlow mostrou-se com menores chances de falsos positivos e falsos negativos.(4)

A detecção da incidência de ulceras por pressão é fundamental para demonstrar a relevância de tal evento adverso nas unidades hospitalares para a equipe de enfermagem para uma boa prestação de cuidados e indicadores de qualidade de assistência humanizada.(13)

Com a finalidade de verificar a mais incidência de ulcera por pressão de acordo com a cada subescala foi realizado um levantamento de dados onde ficou evidente que a maior frequência de úlcera por pressão foi encontrada nos pacientes onde possuem pior percepção sensorial e mobilidade e que ficou identificado que qualquer alteração na percepção sensorial apresentaram 67% a mais de chances de desenvolvimento de úlcera por pressão.(10)

A equipe de enfermagem possui uma posição importante na prevenção de úlceras por pressão, pois elaboram medidas com a finalidade de garantir a mobilidade do paciente dentro e fora do leito, ofertando e estimulando a alimentação, administração de medicamentos, verificar a exposição do paciente à umidade e evitar qualquer fricção do paciente no leito. E os resultados apontam para uma equipe melhor qualificada e preocupada em adotar melhores práticas e atualizações de acordo com as metas internacionais estipuladas pela Organização Mundial de Saúde (OMS).(10,14)

Dentre os cuidados estipulados para redução do risco de lesão por pressão relacionada à percepção sensorial e à mobilidade, atividade e outras, observa-se a realização de mudanças de decúbito, proteger proeminências ósseas, reduzir exposição da pele à umidade, redução de fricção e cisalhamento, estimular a movimentação ativa e passiva e proporcionar uma posição confortável do paciente no leito, uma vez que, como dito, o paciente com percepção sensorial prejudicada acaba por perder a sua percepção de dor e não consegue se comunicar e manifestar seu incômodo.(15,16)

Diante de todo o exposto, partindo do princípio de que o processo de enfermagem utiliza a teoria e pratica na busca de soluções e a fim de realizar mudanças e melhorar as condições do paciente de forma humanizada, o profissional enfermeiro é fundamental no cuidado ao paciente que tem sua percepção sensorial alterada com o meio, pois a partir dai o enfermeiro pode traçar condutas e intensificar o conforto e cuidado do mesmo melhorando dessa forma o prognóstico do paciente.

 

CONCLUSÃO

Pode-se concluir que através do estudo realizado que o diagnostico de enfermagem percepção sensorial alterada, se relaciona diretamente nas UTI’s com o risco de lesão por pressão, devido todas as limitações que o paciente apresenta, sendo essas motoras ou cognitivas, não podendo comunicar-se de qualquer desconforto no qual se encontra.

O enfermeiro deve estar atento a esse risco iminente, realizando visitas e avaliações periódicas à beira leito, implementar e realizar as escalas de predição de risco com a finalidade de acompanhar a evolução do paciente e realizar o planejamento de enfermagem com suas condutas e intervenções, de forma a cumpri-las minimizando os riscos e dessa forma melhorando a condição clínica do paciente.

Dessa maneira foi observado pela autora que os melhores resultados e mais eficaz para a questão prática abordada foi a mudança de decúbito, pois através dessa intervenção avalia-se a pele do paciente e alivia a pressão sobre o leito e dispositivos, fazendo com que todas as áreas expostas se revezem diminuindo categoricamente a abertura de lesão por pressão.

 

 

REFERÊNCIAS

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2. Carpenito-Moyet LJ. Manual De Diagnósticos De Enfermagem [Internet]. 15o ed. Artmed; 2018 [citado 15 de setembro de 2018]. 852 p. Disponível em: https://www.saraiva.com.br/manual-de-diagnosticos-de-enfermagem-15-ed-2018-10084584.html

3. Associação Brasileira de Estomaterapia. Classificação das Lesões por Pressão - Consenso NPUAP 2016 - Adaptada culturalmente para o Brasil [Internet]. Sobest - Associação Brasileira de Estomaterapia. 2016 [citado 8 de outubro de 2018]. Disponível em: http://www.sobest.org.br/textod/35

4. Castanheira LS, Werli-Alvarenga A, Correa ADR, Campos DM de P. Escalas de predição de risco para lesão por pressão em pacientes criticamente enfermos: revisão integrativa. revenf [Internet]. 26 de novembro de 2018 [citado 10 de agosto de 2020];9(2). Disponível em: http://revista.cofen.gov.br/index.php/enfermagem/article/view/1073  

5. Marconi M de A, Lakatos EM. Metodologia do Trabalho Científico. 8o ed. Atlas; 2017. 256 p.

6. Ministério da Saúde. Nível de Evidência Científica por Tipo de Estudo [Internet]. 2013 [citado 2 de outubro de 2018]. Disponível em: http://portal2.saude.gov.br/rebrats/visao/estudo/recomendacao.pdf     

7. Simão CMF, Caliri MHL, Santos CB dos. Concordância entre enfermeiros quanto ao risco dos pacientes para úlcera por pressão. Acta paul enferm. 2013;26(1):30–5.

8. Cabral VDH, Andrade ÍRC, Melo EM, Cavalcante TDMC. Prevalência de diagnósticos de enfermagem em unidade de terapia intensiva. Rev Rene. 2017;18(1):84.

9. Rogenski NMB, Kurcgant P. Avaliação da concordância na aplicação da Escala de Braden interobservadores. Acta paul enferm. 2012;25(1):24–8.

10. Zambonato BP, Beghetto MG, Assis MCS. Associação das sub-escalas de braden com o risco do desenvolvimento de úlcera por pressão. 2013;25(1):21–8.

11. Alves A, Borges J, Brito M. Avaliação do risco para úlcera por pressão em unidades de terapia intensiva: uma revisão integrativa. R.pesq:cuid.fundamOnline. 2014;6(2):793–804.

12. Castanheira LS, Werli-Alvarenga A, Correa ADR, Campos DM de P. Escalas de predição de risco para lesão por pressão em pacientes criticamente enfermos: revisão integrativa. revenf. 2018;9(2):55–61.

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14. Siman AG, Brito MJM. Mudanças na prática de enfermagem para melhorar a segurança do paciente. Rev Gaúcha Enferm. 2016;37(esp):9.

15. Caldini LN, Silva RA, Melo GAA, Pereira FGF, Frota NM, Caetano JÁ. Intervenções e resultados de enfermagem para risco de lesão por pressão em pacientes críticos. Rev Rene. 2017;18(5):598–605.

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