Evidence-Based Nursing Practice for Planning and Assistance in Patients with Impaired Cardiovascular System in the ICU - Systematized Literature Review

 

Prática de Enfermagem Baseada em Evidência para planejamento e Assistência em Pacientes cm Sistema Cardiovascular Prejudicada em UTI- Revisão Sistematizada de Literatura

 

Lauriane de Assis Proença Pinto. Enfermeira. Aluna do Curso de Especialização em Enfermagem em Cuidados Intensivos/ Universidade Federal Fluminense (UFF). laurianeproenca@gmail.com

Profa. Dra. Isabel Cruz. Titular da UFF. isabelcruz@id.uff.br

 

Abstract

Goals: Nursing care plan during hospitalization to improve clinical condition in 7 days. Objectives: To review the interprofessional guidelines based on evidence about impaired cardiovascular system and develop a care plan for the client. Background: The impaired cardiovascular system among nursing diagnoses is the most prevalent in clients admitted to units that require intensive care. Search strategies: Integrative literature review by searching online, computerized and / or manual databases. Inclusion criteria: articles available in full between 2012 to 2019. Exclusion: incomplete articles and outside the time frame. Conclusions: From this study, it is clear that the process of systematizing nursing care is fundamental in the formulation of diagnoses listed in cardiovascular care. Relevance to clinical practice: objectively identify nursing diagnoses and interventions for patients with impaired cardiovascular systems.

 

Resumo:

Metas: Plano de cuidados de enfermagem durante a internação para melhora de quadro clínico em 7 dias. Objetivos: Revisar as diretrizes interprofissionais com base em evidência sobre sistema cardiovascular prejudicado e desenvolver um plano de cuidado para o cliente. Antecedentes: O sistema cardiovascular prejudicado dentre os diagnósticos de enfermagem é o que apresenta mais prevalência em clientes internados em unidades que demandam cuidados intensivos. Estratégias de busca: Revisão integrativa da literatura por meio da busca em base de dados online, computadorizada e/ou manual. Critérios de inclusão: artigos disponíveis na íntegra entre 2012 a 2019. Exclusão: artigos incompletos e fora do recorte temporal. Conclusão: A partir deste estudo, é visível que o processo da sistematização da assistência de enfermagem é essencial na formulação de diagnósticos elencados aos cuidados cardiovasculares. Relevância para a prática clínica: identificar, de maneira objetiva os diagnósticos de enfermagem e intervenções para o paciente com sistema cardiovascular prejudicado.

Palavras-chave: Insuficiência cardíaca; Diagnóstico de enfermagem; Cuidados de enfermagem.

Introdução

As doenças cardiovasculares são um grande problema progressivo e agravante na saúde pública mundialmente, associados principalmente a morbimortalidade e ao aumento de hospitalizações(1). A insuficiência cardíaca (IC) é uma afecção muito limitante, é uma síndrome clínica complexa, progressiva, sistêmica, que se caracteriza pelo suprimento inadequado de sangue para atender as necessidades metabólicas tissulares do organismo(2). Alterações na estrutura e funções cardíacas podem ser as causadoras da IC, que podem ser classificadas de acordo com a fração de ejeção, gravidade dos sintomas (classificação funcional da New York Heart Association – NYHA) e também o tempo de progressão da doença(3).

Dentro das manifestações clínicas mais comuns da IC estão edema, dispneia, fadiga que pode ser associada à intolerância à atividade, que consequentemente causa prejuízo na capacidade funcional(2). E também dependendo da natureza e progressividade da doença, existem termos de classificação para IC como: insuficiência cardíaca crônica, para doença progressiva e persistente; insuficiência cardíaca aguda, que são alterações rápidas ou graduais dos sinais e sintomas da doença, necessitando de terapia urgente(3).

A incidência de IC está relacionado aos progressos terapêuticos no tratamento do infarto agudo do miocárdio, da hipertensão arterial, o que gera maior sobrevida e, consequentemente, o aumento da prevalência e também de internações hospitalares por essa síndrome, gerando altos custos para países onde a população idosa é crescente(4).

A Unidade de Terapia Intensiva é um setor de internação de pacientes com seu estado de saúde debilitado, em estado crítico, no qual demandam de uma assistência especializada e contínua(5). Dentro desse contexto, o enfermeiro tem papel fundamental nas intervenções terapêuticas da IC, ações educativas e estimulação do autocuidado. Na prática clínica, a efetividade do diagnóstico de enfermagem em pacientes tanto em domicílio, ambulatório ou hospitalização com insuficiência cardíaca deve ser explorada, dada sua grande relevância(6).

Como ferramenta essencial na prática clínica do enfermeiro, o Processo de Enfermagem (PE), juntamente com todas as suas etapas, determinam o estabelecimento do diagnóstico de enfermagem (DE), que é considerado o norteador para a melhor escolha das intervenções buscando alcançar os resultados esperados a cada indivíduo de forma singular no planejamento do cuidado(6). A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é atividade privativa do enfermeiro, pois utiliza taxonomias validadas internacionalmente para todas as etapas do processo de enfermagem(7).

A prática baseada em evidência aproxima o PE do treinamento e habilidades na avaliação clínica. As taxonomias para os DE através do NANDA-I, NIC e a CIPE®  favorecem o raciocínio crítico de embasamento científico na realização do PE, com foco nas características definidoras, tendo por referência sinais e sintomas apresentados, e a escolha dos diagnósticos prioritários(8)

Atualmente, em meio ao caos da pandemia  pela COVID-19, que é causada pelo coronavírus(9)  da síndrome respiratória aguda grave (SARS-CoV-2), dentre as comorbidades  associadas ao desenvolvimento da  forma  grave da doença,  as maiores complexidades  na assistência para COVID-19 são para as doenças cardiovasculares. Estudos recentes demonstraram que os indivíduos que possuem fatores de risco como idade avançada, hipertensão e diabetes, aparentam ter maior probabilidade de adquirir a COVID-19 e podem expressar maior gravidade e sequelas dessa doença(10).  Infectados pelo coronavírus podem manifestar complicações cardiovasculares, como injúria do miocárdico, insuficiência cardíaca, síndrome de Takotsubo, arritmias e choque(10). O dano ao sistema cardiovascular pode acarreta no desequilíbrio entre alta demanda metabólica e baixa reserva cardíaca, inflamação sistêmica, trombogênes e lesão cardíaca direta pelo vírus(11,12). Aas doenças cardiovasculares são as maiores causadoras do número de morte mundialmente pelo COVID-19(13).

Situação problema: escassez de informação sobre a prática com base em evidências científicas e suas diretrizes para a resolução do diagnóstico de enfermagem do sistema cardiovascular prejudicado/alteração do sistema cardiovascular para o paciente de alta complexidade sob cuidados intensivos em, no máximo, 7 dias de internação. O objetivo desse estudo é focado no prontuário eletrônico do paciente e sua interoperabilidade por meio da Systematized Nomenclature of Medicine - Clinical Terms (SNOMED-CT) (14), revisar as diretrizes de enfermagem com base em evidência que ajudarão o enfermeiro intensivista na identificação e tratamento do sistema cardiovascular prejudicado/alteração do sistema cardiovascular, no tempo de 7 dias.

QUESTÃO PRÁTICA:

 Com base em evidência, como otimizar o cuidado da (o) enfermeira para que o (a) paciente de alta complexidade com sistema cardiovascular prejudicado/alteração do sistema cardiovascular, em no máximo 7 dias de internação?

 

 

Tabela 1: Descrição elementos da estratégia PICOT. Niterói, 2020.

Acrônimo

Descrição

Componente da questão prática

P (paciente)

Paciente de alta complexidade adulto/idoso com o diagnóstico de sistema cardiovascular prejudicado.

Paciente internado em UTI com diagnóstico de sistema cardiovascular prejudicado.

I (intervenção)

Intervenção terapêutica específica de enfermagem.

Cuidados cardíacos, supervisão

C (controle ou comparação)

Não se aplica

Não se aplica

O (resultado ou desfecho)

Resultados de enfermagem, eficácia da bomba cardíaca, planejamento para alta

Melhora da hemodinâmica: eficácia da bomba cardíaca. Controle e detecção de riscos

T (tempo)

Máximo de 7 dias de internação em UTI

Percurso Crítico: 7 dias

Fonte: Elaborado pelos autores.

Metodologia

Revisão integrativa da literatura por meio da busca virtual, computadorizada e/ou manual, no período de 2012 a 2020. A coleta do material para a pesquisa foi realizada no período de julho a outubro de 2020.

Dessa forma, empregou-se a pergunta de pesquisa, por meio da qual foram selecionadas as palavras-chave: e “Sistema Cardiovascular” e “Doenças Cardiovasculares” e “Diagnóstico de Enfermagem” e “Insuficiência Cardíaca” e “COVID-19”, juntamente com o operador booleano “AND” e realizado combinação dos componentes da estratégia PICO: (P) AND (I) AND (C) AND (O) AND (T). A pesquisa ocorreu nas seguintes bases/bancos de dados: Science direct, National Library of Medicine National Institutes of Health dos EUA (PUBMED), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Cochrane Collaboration e Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE), Scientific Eletronic Library Online (SciELO) . Os descritores foram verificados na listagem de Decs e Meshs.

Após a seleção do material, foi feita uma análise crítica e reflexiva dos 10 artigos disponíveis em base eletrônica, completos das categorias originais, relatos de casos com base em evidências sobre o tratamento da(o) enfermeira(o) para o problema clínico (função cardíaca comprometida/ distúrbio da função cardíaca): inclusão da terapêutica da(o) enfermeira(o) com base em evidência para a experiência positiva do(a) paciente o alcance do resultado de melhora do processo cardíaco comprometido no paciente internado na UTI em 7 dias de internação. Como critérios de exclusão, optou-se pela eliminação dos artigos que não estavam em conformidade com o objetivo do estudo e aqueles duplicados, ou seja, identificados em mais de uma base de dados. A síntese de estudos estão contidos na tabela 2 em nível de evidência cíentífica - “Oxford Centre for Evidence-based Medicine”(15).  

 

Tabela 2: Publicações localizadas nas bases virtuais. Niterói,

Autor(es), Data e País

Objetivo da pesquisa

População/ amostra

Tipo do estudo

Principal(is) recomendação(ões)

Nível de evidência

Bruna L. R. Padua; Glaucia C. A. Vieira;

Juliana M. V. Pereira;

Lyvia S. Figueiredo;

Paula V. P. Flores;

Ana C. D. Cavalvanti; 2019; Brasil. (2)

O objetivo deste estudo foi identificar o diagnóstico de enfermagem intolerância à atividade da NANDA- Internacional em pacientes com insuficiência cardíaca crônica.

56 pacientes em uma clínica especializada por análise de prontuários.

Transversal

enfermeiros podem identificar precocemente os fatores que prejudicam a capacidade funcional com o intuito de melhorar/otimizar a adesão ao tratamento farmacológicos e não farmacológico.

1 C

Juliana M. V. Pereira; Paula V. P. Flores; Lyvia da Silva Figueiredo; Cristina S. Arruda; Keila M. Cassiano; Gláucia Cristina Andrade Vieira; Thais R. B. Guerra; Vanessa A. Silva; Ana C. D. Cavalcanti; 2016; Brasil. (16)

Identificar os diagnósticos de enfermagem fadiga, intolerância à atividade e débito cardíaco diminuído em pacientes com insuficiência cardíaca hospitalizados e verificar a associação entre as características definidoras e os diagnósticos de enfermagem.

72 pacientes acompanhados por três semanas de internação.

Estudo longitudinal e prospectivo.

O débito cardíaco diminuído esteve associado às características definidoras: dispnéia, edema, distensão venosa jugular e fração de ejeção reduzida nas três semanas de avaliação.

2 B

 Jaqueline D. N. Martins ; Daniele M. Sardinha; Roseli R. da Silva3 , Karla Valéria B. Lima;  Luana N. G. C. Lima; 2020, Brasil (10)

 

 Descrever as implicações da COVID-19 no sistema cardiovascular: prognósticos e intercorrências.

Análise e seleção de 13 artigos.

Revisão integrativa de literatura

 

 O envolvimento do sistema cardiovascular no COVID-19 pode determinar a gravidade da doença, potencializado na presença de fatores de riscos cardiovasculares, repercutindo em complicações que necessitam de tratamento intensivo e morte.

1B

Angela A.de Araújo; Maria Miriam L. da Nóbrega, Telma R. Garcia. 2013, Brasil. (17)

construir afirmativas de diagnósticos e intervenções de enfermagem para pacientes portadores de insuficiência

cardíaca congestiva.

foram identificados na CIPE® 53 termos do

eixo foco, que nortearam a construção dessas

afirmativas utilizando as diretrizes do

Conselho Internacional de Enfermeiros e a

ISO 18.104.

Estudo exploratório-descritivo

Espera-se que as afirmativas de diagnósticos  e intervenções de enfermagem elaboradas possam favorecer a avaliação de indivíduos portadores de ICC e a construção de um subconjunto terminológico da CIPE®.

1B

Mailson M. Sousa; Angela A. Araújo; Maria E. M. Freire;Jacira S. Oliveira; Simone H. S. Oliveira; 2016; Brasil. (18)

 Identificar os diagnósticos e intervenções de enfermagem à pessoa com insuficiência cardíaca descompensada.

1 paciente admitido na instituição, com quadro insuficiência cardíaca descompensada.

Estudo descritivo, observacional e transversal do tipo relato de caso clínico.

 Diagnósticos de enfermagem foram desenvolvidos a partir dos sinais e sintomas clínicos durante a admissão do paciente com insuficiência cardíaca descompensada. Os termos identificados mais comuns à doença foram: dispneia, edema, fadiga, débito cardíaco diminuído e arritmia

1 B

Li B, Yang J, Zhao F, Zhi L, Wang X, Liu L, et AL, 2020, China. (19)

Determinar  a associação de doenças metabólicas cardiovasculares com o desenvolvimento da COVID-19.

Amostragem com 1527 pacientes.

Revisão sistemática, metanálise

Pacientes com doenças cardiovasculares pregressas tem risco de maior de gravidade e internação em UTI. Pacientes com doenças cardiovasculares, diabetes e cerebrovasculares possui maiores chances de serem internadas em UTI e de apresentarem a forma mais grave da doença. A incidência de lesão cardíaca aguda, independentemente do histórico de patologia anterior, teve 13 vezes mais chances de ocorrência na ambiência da UTI/ pacientes graves em comparação com não UTI/ pacientes não graves.

 

Silvana Alves Benedet;

Nicole Brasil, 2012, Brasil (20)

 

 Caracterizar as necessidades de cuidados de enfermagem dos pacientes internados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) a partir da identificação dos diagnósticos e intervenções de enfermagem mais frequentes.

Amostragem com 10 pacientes.

Exploratório descritivo, do tipo convergente assistencial

Os enfermeiros podem promover intervenções de enfermagem  fundamentadas e específicas, proporcionando a implementação de ações eficazes e imediatas para a resolução dos problemas identificados.

Andressa Teoli Nunciaroni, Maria Cecília Bueno Jayme Gallani,

Rúbia de Freitas Agondic, Roberta Cunha Matheus Rodrigues, Lisa Trevisan Castro, 2012, Brasil (21)

Formular os diagnósticos de enfermagem (DE) mais frequentes no subgrupo de pacientes portadores de doenças isquêmicas do coração, internados em unidade de cardiologia e verificar sua associação com características sociodemográficas e clínicas.

 

Amostragem com 151 pacientes.

Estudo descritivo-exploratório,

retrospectivo

 

Estabelecimento de algumas prioridades no planejamento das intervenções

de enfermagem, visando a otimização do tempo

da equipe de enfermagem, a melhora da qualidade do cuidado e o favorecimento das ações de educação para esta população.

 

 1ª

Juliana M. V. Pereira; Ana C. D. Cavalcanti; Marcos V. O. Lopes; Valéria G. Silva; Rosana O. Souza; Ludmila C. Gonçalves; 2015, Brasil. (22)

Verificar acurácia na determinação dos diagnósticos de enfermagem fadiga, intolerância à atividade e débito cardíaco diminuído em paciente com IC hospitalizados.

6 enfermeiras

Estudo descritivo

A busca pelo aperfeiçoamento da acurácia diagnóstica reafirma a necessidade de treinamento contínuo e específico para a melhora da capacidade diagnosticadora do enfermeiro.

2 B

Goncalves  LWP, Pompeo DA 2016/Brasil (23)

 

Identificar, por

meio do modelo de raciocínio clínico OPT, os diagnósticos, resultados

e intervenções de enfermagem centrais para um paciente

com insuficiência cardíaca congestiva.

 

Amostragem com  15 pacientes.

Estudo transversal e descritivo

Escolha para os DE: baixo débito cardíaco, troca gasosa prejudicada, volume de liquido aumento, ventilação prejudicada.

2C

Classificado segundo a referência (15)

 

 

Discussão:

A Insuficiência Cardíaca é uma doença que traz muitos desafios à toda equipe de saúde devido às diversas etiologias da doença. Manter a estabilidade clínica dos pacientes é um dos grandes objetivos da equipe, pois demanda um senso crítico e científico para traçar o plano de cuidados adequados para aumentar as chances de sobrevida dos pacientes e reduzir o tempo de internação(6).

Dentro desse contexto, o Processo de Enfermagem é uma ferramenta valiosa na prática clínica, e torna-se uma grande aliada na terapêutica multidisciplinar, pois proporciona um cuidado sistematizado e individualizado do cliente.

Para o diagnóstico de enfermagem de sistema cardiovascular prejudicado visando a alteração do sistema cardiovascular, para pacientes com IC, o débito cardíaco diminuído (NANDA-I) é elencado comumente na prática clínica e em diversos estudos, como os já citados neste trabalho. Este diagnóstico é definido pela quantidade de sangue insuficiente bombeado pelo coração para suprir as necessidades metabólicas(2) .

Dentre as principais características definidoras encontradas para o DE débito cardíaco diminuído foram: edema, dispneia, mudança da coloração da pele e fadiga e fração de ejeção diminuída. Dentre as intervenções de enfermagem prioritárias para este DE destacamos: avaliação do nível de consciência, monitorização dos sinais vitais, avaliação da circulação periférica, observar mudanças de padrão respiratório(6). Cada intervenção de enfermagem deve ser escolhida de acordo com a clínica apresentada pelo paciente.

As principais características definidoras encontradas para o DE débito cardíaco foram: edema, dispneia, fadiga, distensão da veia jugular, fração de ejeção diminuída, e mudança da coloração da pele. Dentre as intervenções de enfermagem destacamos: avaliação do nível de consciência, monitorização dos sinais vitais, avaliação da circulação periférica, observar a mudanças de padrão respiratório(6).

A Unidade de Terapia Intensiva é um setor especializado para cuidados críticos, que demanda de profissionais especializados para desenvolver suas habilidades neste setor. O enfermeiro especialista em alta complexidade consegue alcançar melhores resultados no plano de cuidados à pacientes em estado grave, fornecendo adequada assistência baseada em conhecimento científico e senso crítico visando minimizar possíveis complicações e reduzir o tempo de internação(18).

Resultados

Como já elucidado, pacientes com IC demandam de cuidados especializados com o objetivo de fornecer uma assistência adequada e de qualidade. Com isso os diagnósticos de enfermagem são de suma importância, pois norteiam as escolhas das melhores intervenções para o estado clínico dos pacientes, e prevenção de possíveis riscos (16). A utilização do Processo de Enfermagem pelo enfermeiro promove consequentemente uma melhor aproximação na comunicação com o paciente e toda equipe interdisciplinar.(6)     

O enfermeiro (a) ao elencar os diagnósticos de enfermagem adequados ao quadro clínico e de risco do paciente, não deve apenas se preocupar com os diagnósticos considerados mais comuns, deve-se pensar além, observar o paciente de forma integral, holística, a fim de que todas possíveis necessidades sejam supridas. Isto inclui prezar pela segurança do paciente, oferecer conforto, nutrição, pensar nas trocas e eliminações, higiene, e preservar uma comunicação/ relacionamento efetivo tanto para com o paciente quanto para com a família. Todos os diagnósticos de enfermagem, sem distinção, devem ser tratados com atenção pelo enfermeiro, objetivando oferecer uma assistência de qualidade e com eficiência ao paciente(24-25).

Na Unidade de Terapia Intensiva, as principais ações desenvolvidas em pacientes com IC segundo NIC são: monitorização de sinais vitais; monitoração hemodinâmica invasiva; regulação hemodinâmica; monitorização hídrica; controle hidroeletrolítico; administração de medicamentos; monitoração; administração de hemoderivados e controle da dor (18). Na tabela 3 encontramos os cuidados de enfermagem delegáveis e indelegáveis aos técnicos na assistência de enfermagem.

Tabela 3: Descrição dos cuidados indelegáveis e delegáveis para o técnico de enfermagem, diagnóstico e intervenção segundo CIPE (26)

DIAGNÓSTICO

INTERVENÇÃO

AÇÕES DE ENFERMAGEM

ENFERMEIRO

TÉCNICO DE ENFERMAGEM

 

 

Disposição (ou Prontidão) para Alta

Planejar Alta

-Elaborar plano de cuidados como material instrucional e entregá-lo ao paciente para o paciente não abandonar o tratamento;

-Orientar sobre verificação de pressão arterial;

-Encaminhar para Nutricionista;               

-Gerenciar Regime de Exercício Físico;

-Ensinar sobre o autocuidado.

  •  

 

  •  

  •  

  •  

  •  

 

Obter Dados sobre Disposição (ou Prontidão) para Alta

Aconselhar o Paciente

Aconselhar sobre Tabagismo

Aconselhar sobre Uso de Álcool

Orientar sobre Ingestão de Líquidos

 

 

Volume de líquidos

Gerenciar Hidratação

-Avaliar prega cutânea diariamente;

-Encorajar ingestão de líquidos;

-Monitorar a quantidade de líquidos ingeridos;

-Monitorar coloração da urina;

-Monitorar orientação do paciente;

-Monitorar sinais de desidratação.

 

  •  

  •  

  •  

  •  

  •  

  •  

 

Medir (ou Verificar) Débito de Líquidos

Monitorar Equilíbrio de Líquidos (ou Balanço Hídrico)

Medir (ou Verificar) Ingestão de Líquidos

Mobilidade na Cama, Prejudicada

Auxiliar na Mobilidade na Cama

-Mudança de decúbito de 2/2 horas.

 

  •  

 

Capacidade para Monitorar a Doença, Prejudicada

Exame Físico

-Realizar ausculta cardiopulmonar; Realizar exame físico completo e anamnese do cliente.

  •  

  •  

 

Gerenciar Doença

-Coletar histórico do paciente.

 

Dor aguda

 

 

 

Dor crônica

 

Gerenciar Dor

 

 

 

Avaliar escala de EVA; Avaliar a eficácia da medicação, após sua administração; Avaliar a eficácia das medidas de controle da dor; Ensinar medidas não farmacológicas para controle da dor; Estimular a verbalização da dor.

Explicar a causa da dor, se possível; Monitorar a satisfação do paciente com o controle da dor; Favorecer o repouso e o sono adequados para -facilitar o alívio da dor.; Registrar características da dor; Administrar medicações conforme prescrição.

 

  •  

 

 

  •  

 

 

Administrar Medicação

Risco de integridade da pele prejudicada

Manter Integridade da Pele

-Identificar fatores de risco para -integridade da pele; Inspecionar áreas de risco para úlceras por pressão; Monitorar o aparecimento de lesões nos pés.              

  •  

  •  

 

 

Pressão sanguínea controlada

 

 

Pressão sanguínea elevada

 

 

Pressão sanguínea diminuída

Medir (ou Verificar) Frequência Cardíaca

Pressão sanguínea controlada;

-Monitorar pressão arterial;

-Controlar infusões venosas;

-Controlar o balanço hídrico;

Monitorar a pressão arterial; Monitorar queixas de tonturas;

-Monitorar sinais vitais de 1/1 hora;

-Administrar medicações conforme prescrição;

Administrar medicação vasodilatadora e vasoconstritora, conforme apropriado;

-Verificar a prescrição ou solicitação de medicação antes de administrar o medicamento.

 

  •  

  •  

  •  

  •  

  •  

  •  

  •  

  •  

  •  

  •  

Medir (ou Verificar) Pressão Arterial

Medir (ou Verificar) Pulso Radial

Monitorar Condição Cardíaca

Monitorar Débito de Líquidos

Monitorar Dispositivo Mecânico de Suporte Cardíaco

Monitorar Equilíbrio de Líquidos (ou Balanço Hídrico)

Administrar Medicação

Monitorar Sinais Vitais

Pressão sanguínea controlada

Pressão sanguínea elevada

Pressão sanguínea diminuída

Obter Dados sobre Condição Cardíaca, Usando Dispositivo de Monitoração

-Avaliar condições cardiológicas do paciente; Exame físico; Realizar ausculta cardíaca; Realizar ausculta pulmonar; Monitorar o estado cardiovascular

-Atentar para sinais de resistência vascular sistêmica (sinais de choque descompensado).

  •  

 

  •  

 

 

Gerenciar Regime de Reabilitação Cardíaca

Sono e repouso prejudicados

Risco de Sono, Prejudicado

-Identificar o motivo da perturbação do sono.

  •  

 

 

 

Estado de consciência alterado

 

Falta de Autoconsciência (ou Autocognição)

 

-Manter grades do leito elevadas; -Monitorar alterações cerebrais e neurológicas; Monitorar os batimentos; Monitorar o débito urinário; Monitorar o nível de consciência; Monitorar proteinúria; Monitorar os sinais vitais.

 

  •  

 

Falta de Consciência (ou Cognição) de Sintomas

Fonte: Baseado nas Diretrizes Brasileiras de Insuficiência Cardíaca Crônica e Aguda e na CIPE- Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem, 2020.

 

Com a finalidade da alta, o enfermeiro deve planejar os cuidados de forma integral ao cliente visando uma comunicação efetiva com o mesmo e seus familiares, promovendo educação em saúde e auto-cuidado.

 

Conclusão:

A partir desse estudo, é notório que o processo da sistematização da assistência de enfermagem é fundamental na formulação de diagnósticos elencados ao cuidados cardiovasculares.

Na prática baseada em evidência, o tratamento das doenças cardiovasculares necessitam de uma análise crítica multidisciplinar, e preferencialmente de uma equipe especializada para que se atenda da melhor forma possível esses pacientes e seus respectivos casos.

 

Referências

 

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