Evidence-based nursing practice based on impaired cardiovascular system related to heart failure in the ICU - Systematized Literature Review
Prática interprofissional de enfermagem baseada em evidência sobre sistema cardiovascular prejudicado relacionado à insuficiência cardíaca em UTI – Revisão Sistematizada da Literatura
Leila de Sousa Enedino1, Isabel Cristina Fonseca da Cruz2
1 Enfermeira, aluna do Curso de Especialização em Enfermagem em Cuidados Intensivos. Universidade Federal Fluminense (UFF). genesialeila@gmail.com
2 Doutora, professora. Titular da UFF. isabelcruz@id.uff.br
ABSTRACT
Objective: To analyze the nursing diagnosis of impaired cardiovascular system related to chronic heart failure in intensive care patients. Methods: Descriptive and exploratory study and bibliographic research. Results: In the present study, 10 articles were chosen to analyze the data obtained. They were selected for meeting the inclusion criteria and for presenting relevance to the proposed theme for the discussion and presentation of the contents obtained, which we will address in nursing care and the role of nurses in the face of highly complex patients with congestive heart failure in a nursing unit intensive therapy. Conclusion: It is concluded through the study that the diagnosis of impaired cardiovascular system can be linked to the medical diagnosis of heart failure, because in view of the signs and symptoms presented by the patient, we have in mind that his lifestyle, physical inactivity and diet ineffective translates the clinical condition in which it is found. Recommendation: Thus, it was observed by the author that the most effective results for the stipulated period are regular food and adjustment in medication intake.
Key words: decreased cardiac output, heart failure, nursing care and intensive care.
RESUMO
Objetivo: Analisar o diagnóstico de enfermagem Sistema cardiovascular prejudicado relacionado com a insuficiência cardíaca crônica em pacientes de terapia intensiva. Métodos: Estudo descritivo e exploratório e pesquisa de natureza bibliográfica. Resultados: No presente estudo foram escolhidos 10 artigos para a análise dos dados obtidos. Foram selecionados por atenderem aos critérios de inclusão e por apresentar relevância ao tema proposto para a realização da discussão e apresentação dos conteúdos obtidos aos quais abordaremos os cuidados de enfermagem e o papel do enfermeiro frente ao paciente de alta complexidade com insuficiência cardíaca congestiva em unidade de terapia intensiva. Conclusão: Conclui-se através do estudo que o diagnóstico de sistema cardiovascular prejudicado pode-se fazer ligação com o diagnóstico médico de insuficiência cardíaca, pois perante os sinais e sintomas apresentados pelo paciente, temos em vista que seu estilo de vida, sedentarismo e alimentação ineficaz traduz a condição clínica na qual o mesmo se encontra. Recomendação: Dessa maneira, foram observados pela autora que os resultados mais eficazes para o período estipulado são alimentação regular e ajuste na ingesta de medicação.
Palavras-Chave: débito cardíaco diminuído, insuficiência cardíaca, cuidados de enfermagem e terapia intensiva.
INTRODUÇÃO E SITUAÇÃO PROBLEMA
A insuficiência cardíaca (IC) é uma entidade clínica complexa definida como a incapacidade do coração em bombear suprimento adequado de sangue, em relação ao retorno venoso e a necessidade metabólica tissular, ocasionando redução do débito cardíaco e a elevação da pressão pulmonar e venosa sistêmica (1).
A partir da última década do século XX, a insuficiência cardíaca tornou-se um dos principais problemas em saúde pública. A estatística americana revela que a insuficiência cardíaca afete mais de 3 milhões de pacientes nos Estados Unidos, quase 1,5% da população adulta, sendo a principal causa de mortalidade cardiovascular, com 200.000 mortes por ano (2).
A insuficiência cardíaca é a principal causa de incapacidade e morbidade, prejudicando a habilidade dos pacientes em exercer atividades diárias e profissionais.
No Brasil, o perfil epidemiológico não é muito diferente. Segundo informações do Ministério da Saúde, as doenças cardiovasculares são responsáveis pelo maior número de óbitos no país.
Verdade é que a insuficiência cardíaca é a via final comum de quase todas as cardiopatias, e que pode ter sua origem de causas primárias como nas miocardiopatias e miocardites viróticas ou secundárias devido, o papel da equipe multidisciplinar em saúde durante o tratamento do paciente portador de insuficiência cardíaca se torna fundamental, contribuindo em modificar de maneira bastante positiva o curso natural desta doença.
Neste cenário, o papel do enfermeiro é fator fundamental, tendo a função de implementar ações de enfermagem a partir de um planejamento cuidadoso, com o objetivo de reduzir os quadros de descompensação; de reinternações e consequentemente o custo do tratamento.
Desta forma, entendemos que o tema em questão é de grande relevância e deve ser tratado de forma peculiar pelos profissionais da assistência e pelos pesquisadores em geral, de tal forma que seja possível explorar ainda mais esta temática dentro do campo da saúde cardiovascular.
Analisando esta problemática, meu foco está relacionado com os cuidados de enfermagem prestados frente ao paciente portador de insuficiência cardiovascular hospitalizado na UTI e o que a literatura especializada na área de enfermagem cardiovascular apresenta em relação ao tratamento desta patologia.
Ao longo dos anos foi criado o conceito de diagnóstico de enfermagem, inspirando enfermeiros a buscarem novas práticas independentes baseadas nos conhecimentos profissionais. (1)
Desse modo, destacamos o diagnóstico de enfermagem débito cardíaco diminuído, definido como “estado em que o indivíduo apresenta uma redução na quantidade de sangue bombeado pelo coração, resultando em comprometimento da função cardíaca”. (2)
O livro de diagnósticos de enfermagem Nanda-I expõe no domínio 4 (Atividade/repouso), mais especificamente na Classe 4, onde se tem respostas cardiovasculares/pulmonares como “mecanismos cardiopulmonares que apoiam atividades/repouso”. (1)
Pode-se fazer referência e correlacionar o diagnóstico de sistema cardiovascular prejudicado com o diagnóstico de insuficiência cardíaca em pacientes internados em uma Unidade de Terapia intensiva, pois o sistema cardiovascular prejudicado está ligado ao diagnóstico médico de insuficiência cardíaca que é uma síndrome caracterizada pela incapacidade do coração atuar adequadamente como uma bomba, seja pela deficiência em contração e/ou relaxamento podendo comprometer o funcionamento do organismo. (3)
Os cuidados cardíacos têm por definição segundo a classificação de intervenções em enfermagem (NIC) a “limitação de complicações resultantes de um desequilíbrio entre o suprimento e a demanda de oxigênio ao miocárdio para paciente com sintomas de função cardíaca prejudicada”. (4)
O paciente pode permanecer um período curto ou longo em uma unidade de terapia intensiva (UTI) para sua recuperação parcial ou completa, e nesse período é necessário que alguns cuidados sejam prestados pela equipe de enfermagem, pois, com o paciente debilitado, acaba perdendo a autonomia de atividades cotidianas. Pode apresentar sintomas como fraqueza, falta de ar em repouso e cansaço extremo aos mínimos esforços, podendo dessa maneira, agravar ainda mais o quadro clínico.
Assim, o enfermeiro intensivista deve estar apto a perceber esses sinais e sintomas e atuar realizando um plano de cuidados para melhor assistência ao paciente de forma humanizada.
Questão prática: Com base em evidência, como identificar e tratar no(a) paciente de alta complexidade o sistema cardiovascular prejudicado em sete dias?
Quadro 1 - Estratégia de PICO. Niterói, 2020.
Acrônimo |
Definição |
Componente da questão prática |
P |
Paciente de alta complexidade & adulto/idoso com o diagnóstico de Sistema Cardiovascular Prejudicado. |
Pacientes internados em alta complexidade apresentando risco de débito cardíaco diminuído pelo sistema cardiovascular prejudicado. |
I |
Prescrição/Protocolo |
Promover controle hídrico rigoroso, monitorização de sinais vitais, qualidade do sono, redução de ansiedade e monitorização respiratória |
C |
Não há. |
Não se aplica. |
O |
Resultados |
Redução do cansaço e desconforto respiratório, melhora da qualidade do sono e acompanhamento da ingesta de líquidos. |
T |
Máximo: 07 dias de internação em UTI. |
Percurso crítico: 07 dias. |
Fonte: Enedino & Cruz, 2020.
METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa a partir da revisão sistematizada de literatura, na qual aborda uma investigação reunindo ciência e exposição de dados nos quais se tornam relevantes a partir da questão prática adotada inicialmente para a elaboração do conteúdo através de materiais disponíveis na internet já previamente publicados que sejam relacionados ao tema proposto. (5)
Foram utilizados como critérios de inclusão dados de artigos em um período de 2016 a 2019, contidos nas bases eletrônicas da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), onde foram encontradas nas seguintes fontes de busca (Medline, Lilacs e Bdenf) artigos em português relevantes ao tema proposto e elaborados por enfermeiros, Acadêmicos de Enfermagem com foco principal os cuidados ao paciente que possui risco de débito cardíaco diminuído e que apresenta sistema cardiovascular prejudicado em decorrência da insuficiência cardíaca congestiva e como critérios de exclusão foram os artigos como revisão de literatura, artigos com texto incompleto e artigos que não atendem ao recorte temporal proposto e o livro Nanda.
Os descritores empregados para a busca foram através da pesquisa realizada nos artigos e suas informações sobre os cuidados de enfermagem aos pacientes de alta complexidade através da busca do diagnóstico de enfermagem, implantação de um plano de cuidados, intervenções e resultados o qual foram utilizados os seguintes descritores para a busca de artigos relevantes ao tema proposto: débito cardíaco diminuído, insuficiência cardíaca, cuidados de enfermagem e terapia intensiva.
No presente estudo, a partir das sínteses das evidências científicas, foram escolhidos 10 artigos para a análise dos dados obtidos. Foram selecionados por atenderem aos critérios de inclusão e por apresentar relevância ao tema proposto para a realização da discussão e apresentação dos conteúdos obtidos aos quais abordaremos os cuidados de enfermagem e o papel do enfermeiro frente ao paciente de alta complexidade com insuficiência cardíaca congestiva em unidade de terapia intensiva.
Para a busca bibliográfica das evidências foi utilizada uma combinação dos componentes da estratégia PICO. Sendo (P) Pacientes internados em alta complexidade apresentando risco de débito cardíaco diminuído pelo sistema cardiovascular prejudicado AND (I) Promover controle hídrico rigoroso, monitorização de sinais vitais, qualidade do sono, redução de ansiedade e monitorização respiratória AND (C) Controle ou Comparação AND (O) Redução do cansaço e desconforto respiratório, melhora da qualidade do sono e acompanhamento da ingesta de líquidos AND (T) Percurso Crítico: 07 dias, sendo este período pré-determinado para ajuste de condutas e tratamentos visando a melhora pontual do quadro clínico e prognóstico sendo realizado através dos critérios e de níveis de evidências.
RESULTADOS
Após a análise minuciosa e uma leitura crítica dos artigos selecionados, foi realizada a síntese de evidências científica sem ordem cronológica como está distribuída no quadro abaixo:
Quadro 2 – Publicações localizadas nas bases virtuais. Niterói, 2020.
Autores, Ano e País. |
Objetivo da Pesquisa |
População /amostra |
Tipo de Estudo |
Principais recomendações |
Nível de evidência |
Mailson M. de Sousa; Angela A. de Araújo; Maria Eliane M. Freire; Jacira dos S. Oliveira; Simone H. dos S. Oliveira. 2016, Brasil. |
Identificar os diagnósticos e intervenções de enfermagem à pessoa com insuficiência cardíaca descompensada. |
O lócus foi a unidade de terapia intensiva de um hospital terciário de ensino. |
Estudo descritivo, observacional e transversal do tipo relato de caso clínico. |
Foram estabelecidos diagnósticos de enfermagem a partir dos sinais e sintomas clínicos durante a admissão do paciente com insuficiência cardíaca descompensada. |
2B |
Joelza C. C. Linhares; Letícia Orlandin; Graziela B. Aliti; Eneida R. Rabelo-Silva. 2016, Brasil. |
Testar a aplicabilidade clínica da Nursing Outcomes Classification em pacientes com insuficiência cardíaca descompensada e Diagnóstico de Enfermagem Volume de Líquidos Excessivo. |
Utilizou-se a validação por consenso de especialistas para selecionar os resultados de enfermagem e os indicadores relacionados ao diagnóstico de enfermagem na; segunda, foi realizado um estudo longitudinal para avaliação clinica dos o paciente, utilizando-se o instrumento contendo os resultados e indicadores produzidos no consenso. |
Estudo longitudinal. |
Foram realizadas avaliação em 17 pacientes. Na avaliação clínica, mensuraram-se os resultados de enfermagem através da avaliação de seus indicadores. Seis resultados apresentaram aumento nos escores, quando comparados às medias da primeira e da última avaliação. A utilização da Nursing Outcomes Classification na prática Clínica demonstrou melhora dos pacientes internados por insuficiência cardíaca descompensada. |
1A |
Thaís G. G. Pedrão; Evelise H. F. R. Brunori; Eloiza da S. Santos; Amanda Bezerra; Sérgio H. Simonetti. 2018, Brasil. |
Caracterizar o perfil clínico e sociodemográfico e identificar os principais diagnósticos e intervenções de Enfermagem. |
Caracterizou-se a amostra por pacientes do sexo feminino, com 70 anos, casados e com ensino fundamental completo, portadores de doença renal crônica, infarto agudo do miocárdio, miocardiopatia, hipertensão arterial e Diabetes Mellitus. |
Estudo quantitativo, transversal, retrospectivo e descritivo com 23 pacientes cardíacos com indicação de cuidados paliativos. |
Revela-se que os diagnósticos de Enfermagem “Deficit no autocuidado para a alimentação” e “Deficit no autocuidado para o banho” foram os mais frequentes. Detalha-se que suas intervenções foram o controle da nutrição, do ambiente, os cuidados com alimentação enteral, o posicionamento no leito, a massagem de conforto, os cuidados com unhas, cabelo e couro cabeludo, a manutenção da saúde oral e a realização de banho no leito. |
2A |
Sara de O. Xavier; Renata Eloah de L. Ferretti-Rebustini. 2019, Brasil. |
Identificar quais características clínicas da insuficiência cardíaca estão associadas à maior chance de dependência funcional admissional para as atividades básicas de vida diária em idosos hospitalizados. |
As características clínicas da insuficiência cardíaca foram avaliadas por meio do autorrelato, prontuário e aplicação de escalas. A dependência foi avaliada pelo Índice de Katz. |
Estudo transversal. |
A amostra foi composta por 191 casos. A prevalência de dependência funcional admissional foi 70,2%. Grande parte dos idosos era parcialmente dependente (66,6%). |
2A |
Thereza Cristina T. de O. A. e Sousa; Dayse M. da S. Correia; Daiana C. Nascimento; Barbara P. Christovam; Deyse C. S. Batista; Ana Carla D. Cavalcanti. 2019, Brasil. |
Analisar as principais limitações relatadas por pacientes com insuficiência cardíaca. |
A coleta de dados primários deu-se a partir de uma entrevista semi-estruturada, com posterior análise de Bardin, e para presente análise secundária foi utilizada como estratégia a interpretação retrospectiva. |
Estudo exploratório, de abordagem qualitativa. |
Predominância do sexo feminino (73,3%); ensino fundamental incompleto (80,2%); hipertensos (80,2%); dislipidêmicos (53,4%); diabéticos (33,3%). Quanto às limitações no cotidiano, destacam-se: deambulação prejudicada, padrão de sono precário, fadiga, dispneia, perda de autonomia, dependência de terceiros, padrão de sono precário, baixa frequência da atividade sexual. |
2A |
Maria Naiane R. Nascimento; Mikaelle Y. da Silva; Maria Corina A. Viana; Célida J. de Oliveira; Alissan Karine L. Martins; Nuno Damácio de C. Félix. 2019, Brasil. |
Mapear os enunciados diagnósticos de Enfermagem para pessoas com insuficiência cardíaca crônica por meio de dois sistemas de classificação em Enfermagem. |
Utilizou a técnica de mapeamento cruzado em 67 enunciados diagnósticos de Enfermagem, percorrendo as etapas: 1) mapeamento dos enunciados diagnósticos da CIPE® 1.0 com os conceitos diagnósticos da NANDA-I, Inc. E da CIPE®, versão 2017 e 2) classificação dos enunciados diagnósticos mapeados de acordo com as necessidades humanas básicas. Analisaram-se os dados pela estatística simples apresentando-os em tabelas. |
Estudo qualitativo, descritivo. |
Evidenciou-se, na primeira etapa, que 46 (68,7%) e 41 (61,2%) dos enunciados não constavam da NANDA-I Inc. Ou na CIPE®, respectivamente. Classificaram-se, na segunda etapa, 92,5% dos enunciados nas necessidades psicobiológicas e 7,5%, nas psicossociais, não havendo enunciados classificados nas necessidades psicoespirituais. |
2A |
Michele B. Costa; Dalmo Valério M. de Lima; Daniel M. de M. Pinheiro; Lyvia da S. Figueiredo; Juliana de M. V. Pereira; Paula Vanessa P. Flores; Ana Carla D. Cavalcanti. 2019, Brasil. |
Sintetizar as melhores intervenções de Enfermagem para a redução do edema de pacientes com insuficiência cardíaca hospitalizados. |
Os estudos relevantes foram avaliados metodologicamente por dois revisores. Dentre os 269 resumos encontrados nos bancos de dados, dois artigos atingiram padrão de qualidade por dois revisores independentes. |
Revisão sistemática quantitativa. |
As intervenções para redução do edema incluíam o gerenciamento de caso e a restrição hidrossalina associada a acompanhamento por telefone. A adesão ao tratamento e qualidade de vida melhora após as intervenções, mas não houve diminuição da readmissão hospitalar. |
3A |
Carolina M. Ernandes; Daniela de S. Bernardes; Vanessa M. Mantovani; Eneida Rejane R. Silva. 2019, Brasil.
|
Analisar a acurácia diagnóstica de enfermagem em pacientes cm predição de risco de piora clínica durante a internação por insuficiência cardíaca agudamente descompensada. |
Coleta de dados em prontuários de acordo com o Acute Descompensated Heart Failure National Registry risk model. |
Estudo de coorte. |
Dos 43 pacientes com risco de piora, 22(51%) não pioraram e 21(49%) pioraram; em ambos, a acurácia diagnóstica apresentou-se na categoria Moderada/Alta em 22(89%) e 16(88%), respectivamente. Apenas Débito cardíaco diminuído e Volume de líquidos excessivo foram pontuados com 100% na categoria Alta. |
2A |
Mavy B. Dourado; Fernanda S. Oliveira; Glicia G. G. Gama. 2019, Brasil. |
Identificar os perfis clínico e epidemiológico dos idosos com insuficiência cardíaca na Unidade de Terapia Intensiva. |
Coleta de dados em prontuário de 53 idosos. |
Estudo quantitativo, retrospectivo. |
Revela-se a predominância do sexo masculino (54,7%), com idade média 72 anos, raça/cor parda (54,7%) e baixa escolaridade (32,1%). Descreve-se que a etiologia para a IC que mais ocorreu foi a congestiva (56,6%) e fração de ejeção reduzida (37,7%); o tempo de hospitalização na UTI da maioria foi de até sete dias (34,7%) e 60,4% tiveram alta do setor, apesar de 35,8% terem evoluído a óbito. |
2A |
Carlos Sampaio; Isabel Renaud; Paula Ponce Leão. 2020, Brasil. |
Os principais objetivos deste estudo são: a) descobrir quais são as percepções dos profissionais de enfermagem quanto à dignidade baseado em suas experiências; e b) identificar as questões éticas enfrentadas por enfermeiros ao lidar com pacientes com insuficiência cardíaca avançada. |
O estudo incluiu 18 enfermeiros portugueses provenientes de dois hospitais e dois centros de atenção primária à saúde. Os participantes foram distribuídos em quatro grupos focais. Realizaram-se as entrevistas durante período de aproximadamente quatro meses. Os dados foram analisados por meio de análise de conteúdo qualitativa. |
Estudo qualitativo com abordagem indutiva por meio de entrevistas em grupo focal. |
A abordagem das necessidades físicas, emocionais e espirituais dos pacientes propicia dignidade enquanto negligenciá-las os ameaçam. Três temas principais expressaram a variedade dos problemas éticos enfrentados pelos profissionais de enfermagem que cuidam de pacientes com insuficiência cardíaca avançada: 1) qualidade de vida versus tempo restante; 2) intervenções curativas versus paliativas; 3) morte rápida e imprevisível versus morte lenta e esperada. |
2A |
Fonte: Enedino & Cruz, 2020.
À vista disto, foi utilizada a tabela disponível no Ministério da Saúde para a elaboração do quadro acima baseado nos critérios do Nível de Evidência Científica de cada conteúdo dos artigos selecionados para a discussão do projeto com a finalidade de evidenciar a confiabilidade das informações utilizadas nas quais possibilitam determinação e recomendação realizando aplicação da metodologia predisposta anteriormente. (6)
DISCUSSÃO
A insuficiência cardíaca é denominada como uma pandemia global, pois afeta mais de 26 milhões de pessoas no mundo e tem uma multimorbidade preocupante crescente em idosos devido a inúmeras doenças e manifestações clínicas, sendo essas manifestações de mais de 80% das insuficiências cardíacas que dão entrada em unidades de pronto atendimento estão diretamente ligadas à congestão o que consequentemente são observados os demais sintomas como dispneia, desconforto, edema e cansaço e esses achados clínicos se são no primeiro momento de avaliação do paciente e que já determinam o direcionamento das decisões clinicas importantes do processo de enfermagem. (7,8)
No Brasil, de acordo com DATASUS, há aproximadamente dois milhões de pacientes portadores de insuficiência cardíaca e cerca de 240 mil novos casos por ano, sendo a causa mais frequente de internações por doenças cardiovascular em indivíduos acima de 60 anos e idosos devido a condições progressivas associadas à alta taxa de morbidade e mortalidade.(9,10)
Pode-se perceber através de estudos, que a insuficiência cardíaca como diagnóstico médico aparece concomitante com fatores de risco já preexistentes no indivíduo que apresentam patologias pregressas as quais (hipertensão arterial, fibrilação atrial, estenose aórtica dentre outras) são definidas como diagnóstico de enfermagem sistema cardiovascular prejudicado, ou seja, o paciente já portador de uma patologia do sistema vascular, apresenta um outro tipo de complicação em decorrência deste fator já preexistente. (10)
Múltiplos fatores de risco podem preceder simultaneamente a insuficiência cardíaca, sendo difícil selecionar a causa básica inicial e assim traçar condutas. Dentre as causas e fatores de risco da insuficiência cardíaca encontramos como principais o tabagismo, obesidade, aterosclerose, hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus, infarto agudo do miocárdio, valvopatias e cardimiopatias.(9)
Essa análise geral nos aponta para uma limitação no cotidiano do paciente portador de insuficiência cardíaca, pois o mesmo começa a apresentar dificuldades em locomoção e atividades físicas, apresentando cansaço e dispneia, limitando suas ações do dia a dia e de prejudicando a sua tolerância para exercícios físicos, com isso acarretando o agravamento do quadro clínico e progressiva diminuição da capacidade funcional. (11)
Pode-se afirmar através de estudos realizados que a admissão dos idosos nas unidades de terapia intensiva se dá em decorrência a indivíduos na condição clinica de sistema cardiovascular prejudicado, em prevalência do sistema respiratório, indicando que os fatores de risco são evidentes para que se tenha um maior numero de pacientes internados e que necessitem de intervenções devidos fatores de risco já preexistentes. (9)
Na intenção de mudanças desde as primeiras horas de internação do paciente, um estudo americano desenvolveu a Acute Decompensated Heart Failure National Registry (ADHERE) risk model, na perspectiva de segmentar o risco de piora do paciente com insuficiência cardíaca agudizada descompensada intra-hospitalar. Com isso o estudo conseguiu mostrar que 15% dos pacientes apresentam piora clinica pós-internação, logo, o estudo faz-se interessante na implantação de tal escore juntamente à avaliação de triagem realizada por enfermeiros nas unidades de saúde com a finalidade de aperfeiçoar o tratamento e melhorar a acurácia diagnóstica. (12)
O processo de cuidado é fundamental na pratica do profissional enfermeiro, fazendo ligação com todos os profissionais da equipe multidisciplinar, família e da comunidade, tendo este, uma relação direta, dialógica, interativa e subjetiva ao cuidado da vida. E a relação deste profissional se dá desde a interação com o individuo permeando diversas linhas de cuidado desde a entrada do paciente até a sua saída, seja pela alta hospitalar ou ate mesmo óbito. (10,15)
A atuação do enfermeiro é primordial, pois esse profissional é capacitado e utiliza de métodos científicos, teóricos, habilidades e expertise a fim de reconhecer as características clínicas e respostas ao tratamento, para dessa forma, ter embasamento da prática de enfermagem, facilitando a promoção, prevenção, manutenção e recuperação da saúde, além de amplo conhecimento a respeito dos cuidados essenciais para a prática do processo de enfermagem, e o conhecimento do quadro clinico do paciente determinará as intervenções norteadoras mais adequadas. (13,14)
A representação do processo de enfermagem é um método dinâmico e sistematizado composto por cinco etapas correlacionadas constituindo uma ferramenta essencial para a prática assistencial, como o método humanizado de prestação dos cuidados desde a investigação da historia pregressa do paciente, o diagnóstico de enfermagem o qual é necessário para dessa forma realizar o planejamento de cuidados e posteriormente sua implantação e intervenções. (10,13)
Desse modo, deve-se avaliar o cuidado de enfermagem à pessoa portadora de insuficiência cardíaca crônica através de um processo de manejo do quadro clínico descompensado, através do olhar crítico, atento e individualizado por parte do enfermeiro para dessa maneira realizar todo o processo de cuidado de forma segura, humanizada e priorizando a saúde. (16)
CONCLUSÃO
Os artigos revisados apontam para a importância das ações do enfermeiro voltadas principalmente para a educação em saúde, na contribuição para a melhor evolução clínica e psicossocial do paciente portador de IC.
Os resultados apresentados nos levam a refletir sobre as condutas profissionais de enfermagem. A educação em saúde aliada ao tratamento farmacológico leva o paciente a garantir melhores níveis de saúde e bem estar, possibilitando a conquista de uma melhor qualidade de vida.
Os pacientes portadores de insuficiência cardíaca necessitam de cuidados de enfermagem diferenciados, que devem ser planejados pelo enfermeiro e acompanhados de perto pela sua equipe.
O estudo em questão alcançou os objetivos propostos e é evidente o quanto a implantação e planejamento de plano de cuidados em enfermagem nas Unidades de Terapia Intensiva são importantes para a qualidade do serviço prestado e a equipe de enfermagem desempenha um papel fundamental na busca de soluções e melhorias durante a internação do paciente, realizando um cuidado completo e humanizado, através de suas predições de risco e levantamento de informações que o auxilie a traçar as condutas mais adequadas na melhoria do quadro clinico do paciente.
Assim, a melhor evidência de cuidado para melhoria do estado de saúde do paciente em sete dias seria o conhecimento para o autocuidado; que é a chave para o sucesso na redução da morbidade/ mortalidade e dos custos de saúde na IC.
Para se promover o autocuidado é necessária a monitorização diária do peso, restrição da ingesta de sódio e líquidos, realização de atividade física programada individualmente, uso regular da medicação, monitorização dos sinais e sintomas de piora da doença e o contato com a equipe multidisciplinar.
Além disso, educar o paciente para o conhecimento da própria doença, a relação entre a terapia farmacológica e a doença e a relação entre o comportamento saudável e a doença podem alterar os índices de re-hospitalização.
Outra possibilidade para o ensino em saúde, que pode ser utilizada pelos enfermeiros, é a educação frequente, desenhando-se uma tabela com o nome e o horário da medicação e enfatizando-se o nome do medicamento, a indicação, dose, horário e efeitos adversos.
A visita domiciliária feita pelo enfermeiro de saúde pública, após a alta hospitalar, também se mostra eficaz na prevenção da reinternação de pacientes com IC.
Outro modelo proposto tem como foco as necessidades dos domínios físico, social e emocional. Eles se dividem em três fases. A primeira, chamada de Care, diz respeito às atividades diárias prestadas pela enfermagem e, como resultado, diminui a ansiedade e aumenta o conforto do paciente. É nesta fase que se iniciam a educação do paciente e o plano de alta. A segunda fase, Cure, é responsável pelo tratamento, e a terceira fase, Core, refere-se à estrutura emocional e social do paciente. Esse modelo aumenta o conhecimento e a habilidade dos pacientes em gerenciar a própria doença, previne exacerbações e reduz a readmissão hospitalar.
Conclui-se através do estudo que o diagnóstico de sistema cardiovascular prejudicado pode-se fazer ligação com o diagnóstico médico de insuficiência cardíaca, pois perante os sinais e sintomas apresentados pelo paciente, temos em vista que seu estilo de vida, sedentarismo e alimentação ineficaz traduz a condição clínica na qual o mesmo se encontra.
Com isso, o enfermeiro no seu papel de educador tem a função de orientação não só ao paciente mais todo o seu seio familiar quanto as condições as quais o paciente se submete diariamente, devendo ser estimulado quanto uma alimentação regular, pratica de exercícios físicos, realizar os tratamentos de doença de base de forma correta e frequentar periodicamente as consultas tanto de enfermagem e médica para dessa forma manter um estilo de vida mais saudável e que não seja submetido a internações frequentes.
Que esse trabalho possa contribuir para o enriquecimento da área de saúde, em especial da enfermagem, afim de que a ação de promoção da saúde seja vista como uma prática essencial para os profissionais da área, propiciando subsídios para a prática educativa na extensão.
REFERÊNCIAS
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