What is the best digital technology for monitoring blood glucose in the ICU? - Systematized Literature Review

Qual a melhor tecnologia digital para monitorização de glicose sanguínea em UTI? – Revisão Sistematizada da Literatura

Amanda Martins Lima 1, Isabel Cristina Fonseca da Cruz2

1Enfermeira aluna do Curso de Especialização Enfermagem em Cuidados Intensivos (UFF),  amandalimamartins@outlook.com , 2 Titular da UFF. isabelcruz@id.uff.br

 

 

ABSTRACT

Objective: The aim of this study was to search the professional scientific literature for digital technologies, their characteristics and their purpose of use which can optimize blood glucose monitoring (ICNP ® code: 10032034), as well as have a positive impact on therapeutic results of the high complexity patient. Methods: This is an integrative literature review study through an online database search, in the period from 2013 to 2021, in which a survey of scientific production was carried out using descriptors according to the PICOT strategy. Results: The results reveal 10 publications identified and analyzed using the thematic analysis technique. Digital technologies were evidenced to improve the nursing diagnosis: Unstable Blood Glucose Risk with a focus on blood glucose monitoring. Conclusion: It is concluded that In high complexity patients, real-time continuous glucose monitoring (CGM) may be the best way to reduce fluctuations in blood glucose levels and minimize a consistent increase in the rate of severe hypoglycemia and to increase efficacy and the safety of strict glucose control.

 

Key-words: Glycemic Control, Glucose Metabolism Disorders, Technology, Critical Care.

 

RESUMO

Objetivo: o objetivo desse estudo foi Buscar na literatura cientifica profissional as tecnologias digitais, suas características e sua finalidade de uso as quais podem otimizar a monitorização de glicose sanguínea ( código CIPE ®: 10032034), bem como ter um impacto positivo sobre os resultados teraupêticos do (a) paciente de alta complexidade. Métodos: trata-se de um estudo de revisão integrativa da literatura por meio da busca em base de dados online, no período de 2013 a 2021, no qual foi realizado um levantamento da produção científica utilizando descritores segundo a estratégia do PICOT. Resultados: os resultados revelam 10 publicações identificadas e analisadas pela técnica da análise temática. Foram evidenciadas tecnologias digitais para melhora do diagnóstico de enfermagem: Risco de Glicemia Instável com enfoque na monitorização da glicose sanguínea. Conclusão: em pacientes de alta complexidade o monitoramento de glicose contínua (CGM) em tempo real pode ser a melhor maneira de reduzir as oscilações dos níveis glicêmicos e minimizar um aumento consistente da taxa de hipoglicemia grave e para aumentar a eficácia e a segurança do controle rigoroso da glicose.

 

Palavras-chave: Controle Glicêmico, Transtornos do Metabolismo da Glicose, Tecnologia, Cuidados Críticos.

 

INTRODUÇÃO

 

Pacientes internados em unidade de Cuidados Intensivos apresentam diferentes condições clinicas, com diagnósticos e prognósticos variados. Consequentemente estão sob estado de estresse fisiológico podendo apresentar a hiperglicemia de estresse, que é uma condição frequente no paciente grave, mesmo na ausência de DM preexistente, e se associa a maiores taxas de morbidade e mortalidade.

Compreender quais são os melhores níveis de glicemia para o paciente grave em UTI torna-se de fundamental importância, pois estudos demonstram que o controle da glicemia pode auxiliar na recuperação de pacientes, aumentando a sobrevida, independentemente de outros desfechos clínicos; bem como diminuir os dias de internação na UTI.¹ Na prática clínica, devem ser levados em consideração diversos aspectos para o controle desses pacientes, inclusive os alvos de glicemia, o histórico de diabetes mellitus, a via de nutrição (enteral ou parenteral) e o equipamento de monitoramento disponível2.

O controle glicêmico na unidade de terapia intensiva acrescenta mais uma faceta ao cuidado rotineiro de um complexo perfil de paciente. Os dispositivos de monitoramento contínuo de glicose permitem que a dinâmica glicêmica seja capturada com muito mais frequência (a cada 2-5 minutos) do que as medidas tradicionais de glicose no sangue e começaram a ser usados em pacientes críticos para ajudar a monitorar a glicemia3. Os problemas decorrentes do mau controle glicêmico sobrecarregam recursos financeiros dos sistemas de saúde e contribuem para elevar a morbidade e mortalidade da população.

O uso e a padronização de novos métodos de monitoramento glicêmico podem ajudar os pacientes a atingir os níveis glicêmicos desejados - talvez com mais segurança3. Na busca da prevenção e do cuidado, novas tecnologias são disponibilizadas nos serviços como opções terapêuticas, que visam a prevenir ou retardar as complicações agudas e crônicas.

O monitoramento contínuo da glicemia em tempo real é uma nova tecnologia que pode proporcionar informações adicionais sobre as tendências e as flutuações do controle glicêmico. Esse método pode prever a progressão para hipoglicemia e hiperglicemia, ajudando, assim, a determinação clara dos ajustes insulínicos, além de reduzir a variabilidade da glicemia - fator que se associou independentemente com mortalidade em pacientes graves3.

O Dispositivo de Monitorização Invasiva Contínua de Glicose (MGC), com ou sem função de alarme, é uma tecnologia emergente que fornece uma medida contínua de níveis de glicose intersticial. Além de fornecer um padrão mais completo de excursões de glicose, o MGC utiliza alarmes em tempo real para valores correspondentes à hipoglicemia e hiperglicemia, bem como alarmes para as rápidas mudanças glicêmicas. Estes dispositivos utilizam sensores subcutâneos eletroquímicos baseados em glicose-oxidase para detectar níveis de glicose no fluido intersticial. Uma corrente elétrica é gerada à medida que a glicose é oxidada pelo sensor e a corrente elétrica é então transmitida para o receptor ou monitor. Os dados são filtrados para remover o ruído do sensor e em seguida é fornecido o valor da dosagem de glicose sanguínea Redução dos episódios de hipoglicemia e da frequência de medições capilares, menor tempo em estado de hipoglicemia e menor variação nos níveis glicêmicos foram os aspectos positivos desse dispositivo4.

Esse método, o Continuous Glucose Monitoring Syst (CGMS), baseia-se em um sensor instalado no tecido subcutâneo que mede o nível de glicose do fluido intersticial a cada 10 segundos e envia os resultados para um monitor, que, então calcula o nível médio de glicose a cada 5 minutos4.

Em pacientes de alta complexidade o monitoramento de glicose contínua (CGM) em tempo real pode ser a melhor maneira de minimizar um aumento consistente da taxa de hipoglicemia grave e para aumentar a eficácia e a segurança do controle rigoroso da glicose. O desenvolvimento das tecnologias não invasivas é impulsionado pela necessidade de medição em tempo real e contínuo, operação indolor, sem a necessidade de reagentes ou produção de resíduos.

Situação problema: monitorização Contínua de Glicose (CGM) como suporte a monitorização da glicose sanguínea (código CIPE ®: 10032034) para a resolução do risco de glicemia instável em paciente de alta complexidade.

Objetivo: buscar na literatura cientifica profissional as tecnologias digitais, suas características e sua finalidade de uso as quais podem otimizar a monitorização de glicose sanguínea (código CIPE ®: 10032034), bem como ter um impacto positivo sobre os resultados terapêuticos do(a) paciente de alta complexidade.

 

Questão Prática: com base em evidência, qual a melhor tecnologia digital para monitorização da glicose sanguínea para o paciente de alta complexidade sob cuidados intensivos? – Revisão Sistematizada da Literatura.

 

Quadro 1: Elementos da estratégia PICOT. Niterói 2021.

Acrônimo

Descrição

Componente da questão prática

P

Paciente de alta complexidade & adulto/ idoso com o diagnóstico de Risco de Glicemia Instável.

Monitorizar Glicose Sanguínea (código CIPE ®: 10027521) em paciente de alta complexidade & adulto/idoso com diagnóstico de Risco de Glicemia Instável.

 

I

Ação realizada em resposta a Risco de Glicemia Instável de modo a originar um resultado de Enfermagem.

Monitorizar Glicose Sanguínea. (código CIPE ®: 10027521)

C

Não há

Não há

O

Resultados

Minimizar transtornos glicêmicos e aumentar a eficácia e a segurança do controle rigoroso da glicose sanguínea.

T

7 dias

Percurso Crítico: 7 dias.

Fonte: Lima & Cruz.

 

 

Metodologia

 

Trata-se de uma revisão sistematizada da literatura científica, que inclui a análise de pesquisas relevantes que dão suporte para a tomada de decisão e a melhoria da prática clínica, possibilitando a síntese do estado do conhecimento de um determinado assunto, além de apontar lacunas do conhecimento que precisam ser preenchidas com a realização de novos estudos. Este método de pesquisa permite a síntese de múltiplos estudos publicados e possibilita conclusões gerais a respeito de uma particular área de estudo, neste caso o nível de glicemia em UTI.

A busca dos artigos deu-se em todo mês de julho a setembro do presente ano e foi realizada na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e no SciELO, combinando os descritores DeCS/MeSH “Controle Glicêmico”, “Transtornos do Metabolismo da Glicose”, “Tecnologia” e “Cuidados Críticos”, utilizando os seguintes critérios de inclusão: texto completo; ano de publicação de 2013 a 2020. Como critério de exclusão foram às publicações indisponíveis para acesso ou link inacessível por erro e estudos que não tratassem do tema e/ou do público selecionado, mesmo estando no resultado das buscas.

 

A seleção de estudos alcançou 10 artigos. Todos foram lidos na íntegra e organizados quanto aos seguintes elementos (Tabela 02): Autor (es), Data e País; Objetivo da Pesquisa; População/amostra; Tipo de Estudo; Principais Recomendações e Nível de Evidência Cientifica Oxford.

 

Quadro 2 – Publicações localizadas nas bases virtuais. Niterói, 2012

Autor(es). Data & País

Objetivo da Pesquisa

População/ Amostra

Tipo do Estudo

Principais recomendações

Nível de Evidência

Pinto PS, Oliveira MC.

2017; Manaus, AM.

Avaliar o perfil glicêmico dos pacientes graves, analisando a associação entre glicemia e desfecho clínico em UTI; e se a glicemia é um marcador de piores diagnósticos.

Pacientes internados em unidade de tratamento intensivo. (UTI)

Estudo de avaliação / Estudo de prevalência

Sabe-se que elevados níveis glicêmicos estão relacionados ao aumento da morbimortalidade após queimaduras, cirurgia, acidente vascular cerebral, infarto agudo do miocárdio e traumatismo craniano. Valores de glicemia acima de 180 mg/ dL estão associados a complicações e pior evolução clínica e devem ser evitados.

2 A

Silva VCM, Cruz I. 2020, Brasil.

 

O objetivo desse estudo foi revisar as diretrizes de enfermagem com base em evidência que ajudarão à enfermeira intensivista na identificação de diagnósticos e prescrições de cuidados de enfermagem para o alcance do controle glicêmico em unidades de terapia intensiva em, no máximo, 7 dias de internação.

Pacientes críticos internados em unidade de terapia intensiva.

Estudo de revisão integrativa da literatura.

 A participação do enfermeiro não apenas para controlar as oscilações glicêmicas, mas também para proporcionar um cuidado seguro e auxiliar a tomada de decisão, a fim de aumentar a sobrevida do paciente e garantir uma assistência eficaz e de qualidade.

1 A

Viana MV, Moraes RB, Fabbrin AR, Santos MF, Gerchman F.

2014. Porto Alegre – RS.

O objetivo desta revisão foi analisar os diversos aspectos relacionados com o controle glicêmico no paciente grave e definir o melhor controle da hiperglicemia nesses pacientes.

Pacientes críticos.

Estudo descritivo.

O controle glicêmico na unidade de terapia intensiva acrescenta mais uma faceta ao cuidado rotineiro de um complexo perfil de paciente.

2 A

Guimarães JMM, Aragão ES, Galdino FSS, Almeida BA, Silva SALS. 2018, Rio de Janeiro.

O objetivo deste estudo é o de analisar as trajetórias tecnológicas dos medicamentos para o controle da diabetes.

Trajetórias tecnológicas no segmento de medicamentos para a diabetes.

Estudo descritivo.

Na busca da prevenção e do cuidado, novas tecnologias são disponibilizadas nos serviços como opções terapêuticas, que visam a prevenir ou retardar as complicações agudas e crônicas que podem se tornar um sério problema de saúde pública, pois pioram a qualidade de vida dos portadores de diabetes.

2 A

Souza RD, Ferreira Junior MA, Ikeda LHM, Loureiro MDR, Reis MG, Frota OP.

2019, Rio de Janeiro.

Revisar artigos de pesquisa visando a análise do impacto de tecnologias inovadoras na vida de diabéticos adultos.

Pacientes diabéticos adultos.

Revisão Integrativa.

O Dispositivo de Monitorização Invasiva Contínua de Glicose (MGC), com ou sem função de alarme, é uma tecnologia emergente que fornece uma medida contínua de níveis de glicose intersticial. Além de fornecer um padrão mais completo de excursões de glicose, o MGC utiliza alarmes em tempo real para valores correspondentes à hipoglicemia e hiperglicemia.

1 A

Silveira LM, Silva SC, Hipólito MCV, Godoy S, Stabile AM. et al. 2018, Brasil.

Neste estudo, objetivou-se buscar na literatura a produção existente sobre os fatores relacionados a acurácia e a confiabilidade das medidas de glicemia de pacientes assistidos em UTI.

Pacientes internados em Unidade de Terapia Intensiva.

Revisão Integrativa.

 

Reduzir as oscilações dos níveis glicêmicos e determinar uma faixa de variação glicêmica segura para o paciente crítico, é tão importante quanto obter valores de glicemia confiáveis.

1 A

Alencar IGM, Medeiros M, Muniz C, Gouveia GG, Medeiros CM. IGM, et al.

2018, Recife.

Verificar os métodos utilizados por adolescentes brasileiros com DM1 na monitorização glicêmica e conceitos associados a essa prática.

Adolescentes Brasileiros portadores de DM tipo 1 com monitorização glicêmica.

Revisão Integrativa.

Existem relatos de alguns efeitos adversos relacionados ao uso desses instrumentos. Podem ocorrer reações de pele por causa do adesivo utilizado para fixar o sensor, mas geralmente são reações leves e de fácil resolução.

2 A

Nepomuceno RM, Silva LD, Pereira SRM.

2015, Rio de Janeiro.

Descrever as características dos pacientes críticos com hipoglicemia grave.

Pacientes críticos com hipoglicemia grave.

Estudo transversal e prospectivo.

A equipe de enfermagem, em sua prática no cuidado a esses pacientes na UTI, não costuma considerar aspectos do paciente, como o uso de vasoaminas, presença de edema e hipoperfusão periférica, o hematócrito e a história pregressa de patologias (diabetes, hipertensão e insuficiência renal, por exemplo).

2 A

Stralhoti KNO, Matos FGOA, Alves DCI, Oliveira JLC, Berwagner DC, Anchieta DW.

2019, Paraná.

Identificar as intervenções de enfermagem prescritas para pacientes adultos internados em Unidade de Terapia Intensiva.

Pacientes adultos internados em Unidades de Terapia Intensiva.

Estudo documental, transversal,  do tipo mapeamento cruzado, realizado em hospital público de ensino.

A unidade de terapia intensiva é designada para atender pacientes críticos que exigem cuidados complexos, especializados e contínuos, e dessa forma, a equipe de saúde que atua nesse setor deve possuir habilidades técnicas e conhecimento científico.

2 A

Barbosa JAG, Souza MCMR.

2018, Recife.

Abordar as principais inovações disponíveis para o controle e tratamento do diabetes como perspectivas de trabalho e atuação do enfermeiro nesse cenário.

Inovações tecnológicas para o controle e tratamento do diabetes.

Estudo descritivo.

 

O mercado oferece diferentes recursos para o tratamento da doença perpassando por insulinas de ação mais acurada, com formas de administração mais fáceis, menos dolorosas e mais seguras, como as canetas injetoras. Já se dispõe da possibilidade de monitoramento das taxas de glicemia sem a necessidade de picadas frequentes de dedo e, ainda, da infusão contínua de insulina também sem a necessidade de injeções múltiplas no subcutâneo visando a uma melhor adesão ao tratamento e controle glicêmico.

 

 

2 A

Fonte: Lima & Cruz.

 

DISCUSSÃO

Em unidade de terapia intensiva as alterações nos níveis glicêmicos são frequentes. A administração de vasopressores, corticosteroides e nutrição enteral e parenteral, e a descontinuação dessa terapia em razão de uma variedade de procedimentos, leva a uma variabilidade significativa nos níveis glicêmicos³. Há também um excesso de hormônios contra-regulatórios (glicocorticoides, catecolaminas, hormônio do crescimento e glucagon) e citocinas secretados em situações de estresse metabólico, bem como a resistência insulínica e diabetes pré-existentes que possam explicar essa condição².

Nesse contexto, é evidenciado a importância do monitoramento da glicose sanguínea na Unidade de Terapia Intensiva como um cuidado rotineiro, por meio de mensurações da glicose sanguínea, que necessitam ser frequentes, a depender da necessidade clínica dos pacientes, o que permitirá intervenções terapêuticas imediatas reduzindo complicações.

Uma das mais principais limitações na monitorização de glicose sanguínea nos pacientes críticos é a forma de mensuração. Nesse contexto, e em vista da predominância de transtornos glicêmicos em pacientes de unidades de alta complexidade, surgiu a necessidade de inovações tecnológicas que pudessem auxiliar no controle glicêmico em unidade de cuidados intensivos. Aliado a isso há a necessidade de uma monitorização glicêmica contínua em tempo real e de prática indolor para o paciente, que é submetido a diversos procedimentos dolorosos na unidade de terapia intensiva.

No que tange ao cuidado dos transtornos glicêmicos, a oferta de tecnologias tradicionais, associadas às estratégias preventivas, tem se traduzido em melhorias nos indicadores de morbidade sem grandes impactos para o orçamento da saúde 5.

A mensuração acurada e confiável da glicemia pode ser determinante para o desfecho do quadro do paciente e para a assistência segura. Acredita-se que a obtenção de valores imprecisos e/ou não confiáveis levam a equipe a interpretar equivocadamente os resultados e modificar as condutas terapêuticas. Nessa perspectiva, considera-se que reduzir as oscilações dos níveis glicêmicos e determinar uma faixa de variação glicêmica segura para o paciente crítico, é tão importante quanto obter valores de glicemia confiáveis 6.

Os monitores subcutâneos contínuos de glicemia são considerados dispositivos eficazes para medir a glicemia devido à capacidade de fornecer informações sobre a direção, magnitude, duração, frequência de flutuações dos níveis de glicose do sangue 6.

O uso de CGM tem mais vantagens que a automonitorização de glicemia tradicional, por oferecer medidas de glicemia a cada 5 minutos em tempo real, informações sobre tendência de glicemias altas ou baixas (padrão das setas: para cima, estável ou para baixo), uma visão geral da glicemia na madrugada, além de contar com alarmes. Vários estudos têm demonstrado os benefícios da monitorização contínua na diminuição da Hb1Ac e da hipoglicemia em adultos6.

O Continuous Glucose Monitoring Syst (CGMS) baseia-se em um sensor eletroquímico baseado em glicose-oxidase instalado no tecido subcutâneo que mede o nível de glicose do fluido intersticial a cada 10 segundos e envia os resultados para um monitor, que, então calcula o nível médio de glicose sanguínea a cada 5 minutos. A glicose é mensurada com base na reação eletroquímica da enzima glicose oxidase presente no sensor com a glicose do fluido intersticial. Uma corrente elétrica é gerada à medida que a glicose é oxidada pelo sensor e a corrente elétrica é então transmitida para o receptor ou monitor. Os dados são filtrados para remover o ruído do sensor e em seguida é fornecido o valor da dosagem de glicose sanguínea5. Existem relatos de alguns efeitos adversos relacionados ao uso desses instrumentos. Podem ocorrer reações de pele por causa do adesivo utilizado para fixar o sensor, mas geralmente são reações leves e de fácil resolução7.

No Brasil, o sistema de monitorização contínua de glicose (CGMS®) é o único sensor disponível comercialmente. Os limites de detecção variam de 40 a 400 mg/dL e são captados a cada dez segundos. A média desses valores é registrada a cada cinco minutos, no total de 288 medidas ao dia e 864 medidas durante o exame preconizado de 72 horas. O sistema é capaz de armazenar até 14 dias de dados contínuos. O aparelho pesa 114 gramas e tem as dimensões de um pager (9,0 x 7,0 x 2,2 cm). É capaz de operar em temperatura ambiente que varia de 0 a 50 graus centígrados. Embora o fabricante preconize um período de medição de três dias, é possível o prolongamento do exame por até cinco a sete dias, o que possibilita uma análise preliminar dos dados no terceiro dia, ajuste na terapêutica, e dois a quatro dias adicionais para se aferirem os resultados. É importante efetuar e incluir um mínimo de quatro valores de GC por dia, para que o sensor possa correlacioná-los aos da glicemia intersticial7.

Devido à natureza multifatorial da ocorrência de transtornos glicêmicos, o conhecimento dos fatores predisponentes é fundamental para a adoção de medidas preventivas e terapêuticas.8 A unidade de terapia intensiva é designada para atender pacientes críticos que exigem cuidados complexos, especializados e contínuos, e dessa forma, a equipe de saúde que atua nesse setor deve possuir habilidades técnicas e conhecimento científico. Conhecer as particularidades e especificidades dos pacientes internados em unidade de terapia intensiva, bem como as suas necessidades de cuidado, contribui para direcionar o planejamento da assistência e promover prescrições de enfermagem adequadas às necessidades dos pacientes criticos9.

Os monitores constituem um recurso que evita, também, danos decorrentes das frequentes punções, como de infecção na ponta dos dedos, o que pode, em casos mais graves, ocasionar amputação. Além disso, evitam a dor e propiciam maior adesão e controle das taxas glicêmicas, o que é essencial para se evitar as complicações da doença10.

De acordo com a Classificação das Intervenções de Enfermagem (NIC), são intervenções de enfermagem associadas aos transtornos glicêmicos em unidades de terapia intensiva associadas ao diagnóstico de enfermagem: Risco de Glicemia Instável: a monitorização dos níveis de glicose sanguínea, a monitorização do aparecimento de sinais e sintomas de hiperglicemia e hipoglicemia e a identificação do paciente com risco de desenvolver a glicemia instável.

 

CONCLUSÃO

 

O uso de tecnologias digitais na área da enfermagem traz avanços para o setor no sentido de melhores processos e a assistência de enfermagem. Com isso é necessário que a enfermagem esteja atualizada quanto às diferentes possibilidades disponíveis no mercado para a monitorização da glicose sanguínea sabendo informar, orientar e operar.

Os avanços contínuos no campo da monitorização da glicose sanguínea durante as últimas décadas levaram ao desenvolvimento da tecnologia dos sistemas de monitoramento contínuo da glicose e se mostrou de grande valia em pacientes de alta complexidade. O monitoramento de glicose contínua (CGM) em tempo real de acordo com o estudo foi considerado a melhor maneira de reduzir as oscilações dos níveis glicêmicos e minimizar um aumento consistente da taxa de hipoglicemia grave e para aumentar a eficácia e a segurança do controle rigoroso da glicose. Apresenta-se como um método indolor, propicia maior adesão e melhor controle das taxas glicêmicas, evitando danos recorrentes de transtornos glicêmicos nas unidades de terapia intensiva.

Ressalta-se a importância de acadêmicos e profissionais de enfermagem terem contato com as inovações tecnológicas desde a sua formação, o que irá permitir a atualização e aprimoramento frequente destas técnicas e o desenvolvimento de competências e habilidades que irão permitir a qualificação do cuidado em relação ao diagnóstico de enfermagem: Risco de Glicemia Instável em pacientes de alta complexidade e a monitorização da glicose sanguínea. Destaca-se, ainda, a necessidade do desenvolvimento de estudos acerca dessas inovações, uma vez que é bastante escasso na literatura, o que se configurou como um limitador da abordagem aqui apresentada.

 

REFERÊNCIAS

1. Pinto PS, Oliveira MC. Níveis glicêmicos e sobrevida de pacientes graves em Unidade de Terapia Intensiva, Manaus - Amazonas. Braspen J [Internet]. 2016 [cited 2021 out 20];32(1):78-85. Available from: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-847973

 

2. Silva VCM, Cruz I. Prática de enfermagem baseada em evidência sobre nível de glicemia em UTI - Revisão Sistematizada da Literatura. J Spec Nurs Care [Internet]. 2020 [cited 2021 out 20];12(1). Available from: http://www.jsncare.uff.br/index.php/jsncare/article/view/3273/819

 

3. Viana MV, Moraes RB, Fabbrin AR, Santos MF, Gerchman F. Avaliação e tratamento da hiperglicemia em pacientes graves. Rev Bras Ter Intensiva [Internet]. 2014 [cited 2021 out 22];26(1):71-76. DOI 10.5935/0103-507X.20140011. Available from: https://www.scielo.br/j/rbti/a/C5L8vCyMqZPTbqGNwWfHq4v/?format=pdf&lang=pt

 

4. Guimarães JMM, Aragão ES, Galdino FSS, Almeida BA, Silva SALS. Paradigmas e trajetórias tecnológicas em saúde: desafios da inovação no cuidado da diabetes. Saúde Debate [Internet]. 2018 [cited 2021 nov 18];42(Esp2):218-232. Available from: https://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/29702

 

5. Souza RD, Ferreira Junior MA, Ikeda LHM, Loureiro MDR, Reis MG, Frota OP. Impacto das tecnologias inovadoras na vida de diabéticos adultos: revisão integrativa. Rev Enferm UERJ [Internet]. 2019 [cited 2021 nov 23];27::e39055. Available from: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/enfermagemuerj/article/view/39055

 

6. Silveira LM, Silva SC, Hipólito MCV, Godoy S, Stabile AM. Acurácia e confiabilidade na medida da glicemia em pacientes críticos adultos: revisão integrativa. Rev Eletr Enf [Internet]. 2018 [cited 2021 nov 23];20(3) DOI 10.5216/ree.v20.46567. Available from: https://revistas.ufg.br/fen/article/view/46567/25417

 

7. Alencar IGM, Medeiros M, Muniz C, Gouveia GG, Medeiros CM. Monitorização glicêmica de adolescentes brasileiros com siabetes tipo 1. Rev Enferm UFPE [Internet]. 2018 [cited 2021 nov 16];12(7):2012-20. Available from: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-986847

 

8. Nepomuceno RM, Silva LD, Pereira SRM. Características dos pacientes críticos que apresentaram hipoglicemia: uso seguro da infusão contínua de insulina. Rev Enferm UERJ [Internet]. 2015 [cited 2021 out 20];23(2):149-155. Available from: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/enfermagemuerj/article/view/14505

 

9. Stralhoti KNO, Matos FGOA, Alves DCI, Oliveira JLC, Berwagner DC, Anchieta DW. Intervenções de Enfermagem Prescritas para Pacientes Adultos Internados em Unidade de Terapia Intensiva. Rev Enferm UFSM [Internet]. 2019 [cited 2021 out 18];9(2):1-20. Available from: https://periodicos.ufsm.br/reufsm/article/view/33373/pdf

 

10. Barbosa JAG, Souza MCMR. Perpectivas para a Enfermagem face aos avanços tecnológicos no controle do diabetes. Rev Enferm UFPE online [Internet]. 2018 [cited 2021 out 14];12(4):1112-6.  Available from: https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/viewFile/231124/28692

 

 

 





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