Whats is the best digital nursing technology in dressing change for patients in intensive care – sistematic literature review

 

 

Qual a melhor tecnologia digital de enfermagem na troca de curativos para pacientes em terapia intensiva – revisão sistematizada de literatura

 

Vitória Nunes Monteiro da Silva¹, Isabel Cristina Fonseca da Cruz²

¹Enfermeira, aluna do Curso de Especialização em Enfermagem em Cuidados Intensivos.     Universidade Federal Fluminense (UFF). vitorianunesmonteiro2015@gmail.com

2Doutora, professora. Titular da UFF. isabelcruz@id.uff.br

 

ABSTRACT

Objective: To analyze existing technologies for changing dressings in intensive care patients. Methods: Descriptive and exploratory study, bibliographical research. Results: In this study, seven articles were chosen for the analysis of data on types of wounds and dressings and the respective technologies applicable to each lesion. They were selected for meeting the inclusion criteria and for presenting relevance to the proposed topic for the discussion and presentation of the results obtained. Conclusion: It is concluded through the study that there are already cutting-edge technologies used in intensive care patients such as venous ulcers, traumatic injury, diabetic foot and treatment of milder chronic wounds. However, in Brazil there is still a need to carry out more studies on the applicability of the technologies mentioned in this article. Recommendation: Thus, it is recommended the implementation and planning of a nursing care plan for patients in intensive care regarding the treatment of wounds and dressing change that is humanized and mediated by available technologies.

 

Keywords: Dressings; Technologies; Intensive Care Patients.

 

RESUMO

Objetivo: analisar as tecnologias existentes para a troca de curativos em paciente em terapia intensiva. Métodos: estudo descritivo e exploratório, pesquisa de natureza bibliográfica. Resultados: no presente estudo foram escolhidos 7 artigos para a análise dos dados sobre tipos de feridas e curativos e as respectivas tecnologias aplicáveis a cada lesão. Foram selecionados por atenderem aos critérios de inclusão e por apresentar relevância ao tema proposto para a realização da discussão e apresentação dos resultados obtidos. Conclusão: com isso através do estudo que já existem tecnologias de ponta utilizadas em pacientes de terapia intensiva como: úlcera venosa, lesão traumática, pé diabético, lesões por pressão entre outras. Porém, no Brasil ainda há necessidade de realizar mais estudos sobre a aplicabilidade das tecnologias citadas neste artigo. Recomendação: dessa maneira, recomenda-se a implantação e planejamento de plano de cuidados em enfermagem em pacientes em terapia intensiva no que tange o tratamento de feridas e troca de curativos que seja humanizado e intermediado pelas tecnologias disponíveis.

 

Palavras-chave: Curativos; Tecnologias; Pacientes em Terapia Intensiva.

 

 

INTRODUÇÃO E SITUAÇÃO PROBLEMA

Na realidade em que vivemos, onde a tecnologia está presente em quase tudo que fazemos, nada mais inteligente que usá-la para tratamentos de feridas e curativos também. É sabido que, o tratamento de feridas, ao longo do tempo, perpassou por profundas transformações, desafiando o conhecimento técnico-científico do enfermeiro por ser o profissional que está diretamente relacionado ao tratamento dessas lesões, seja em serviços de atenção primária, secundária ou terciária. Neste contexto, o cuidado de enfermagem é essencial para o tratamento de feridas, sendo fundamental que o enfermeiro tenha conhecimento para proporcioná-lo de forma eficaz, com a escolha do procedimento e dos instrumentos adequados.

O tratamento das feridas cutâneas é dinâmico e depende, a cada momento, da evolução das fases de cicatrização. Segundo ele, o curativo é uma das intervenções de enfermagem mais frequentemente utilizadas para o tratamento de feridas, pois protege a lesão da ação de agentes externos físicos, mecânicos ou biológicos, e a escolha do material adequado para realizá-lo decorre do conhecimento fisiopatológico e bioquímico da reparação tecidual. ¹

As grandes mudanças ocorridas nas últimas décadas nos conceitos referentes à cicatrização têm mobilizado as indústrias a desenvolver e colocar o mercado produtos cada dia mais específicos que sejam eficazes e adequados a cada tipo de ferida em termos de custo/benefício.  Afirmam que existem hoje no mercado aproximadamente 2.500 itens que se destinam ao tratamento de feridas agudas e crônicas, desde a mais simples cobertura, soluções para higienização e antissepsia até os mais complexos tipos de curativos, já com uso de tecnologias mais avançadas, chamados de "curativos inteligentes" ou "bioativos", que interferem de forma ativa nas diversas fases do processo cicatricial, dos vários tipos de feridas. ²

Em convergência com , outro estudo mostra que os conceitos de tecnologias envolvidas no processo de trabalho são classificados em tecnologias leves, representadas pelas relações entre profissionais/enfermeiros/usuários, na forma de produção de vínculo, autonomização, acolhimento e gestão como forma de governar processos de trabalho; tecnologias duras, denotadas essencialmente pelos equipamentos, pelas máquinas, normas, estruturas organizacionais utilizadas no campo da saúde; e tecnologias leve - duras, as quais conotam saberes estruturados utilizados no processo de trabalho. ³

No Brasil e no exterior, estudos têm investigado a utilização de coberturas e novas tecnologias para o tratamento de feridas. Dessa forma, é importante realizar uma revisão integrativa sobre a produção científica em enfermagem relacionada aos tipos de tecnologias para fundamentar a prática assistencial, uma vez que a implementação do cuidado requer a incorporação dessas tecnologias em prol da qualidade de vida do ser humano. ³

Sendo assim, o objetivo deste artigo é abordar as possíveis intervenções de enfermagem com uso das tecnologias existentes para auxiliar a troca de curativos e tratamento de feridas em pacientes em terapia intensiva. A escolha desse tema se justifica pela necessidade de realizar mais estudos sobre essas tecnologias já existentes, a fim de trazê-las cada vez mais ao cotidiano do enfermeiro, proporcionado maior eficácia e praticidade aos cuidados de enfermagem e maior bem-estar aos pacientes.

 

Questão prática: com base em evidência, quais as tecnologias existentes para a intervenção de enfermagem na troca de curativos para o (a) paciente sob cuidados intensivos?

 

Quadro 1 – Estratégia de PICO. Niterói, 2021.

Acrômio

Descrição

Componente de questão prática

P

Paciente de alta complexidade & adulto/idoso com a intervenção de Troca de cobertura (ou curativo).

Apresentar evidências que comprovem qual a melhor tecnologia aplicada na intervenção de enfermagem de troca de curativos de feridas em paciente adulto/idos de alta complexidade sob os cuidados intensivos.  

I

Intervenção

Trocar cobertura de feridas (ou curativo).

C

Comparação e controle

Não se aplica

O

Desfecho ou Outcome

Melhores tecnologias aplicadas a intervenção de troca de curativo em pacientes sob cuidados intensivos.

T

Tempo

Percurso crítico: 7 dias.

Fonte: Elaborado pelas autoras, 2021.

 

METODOLOGIA

Para este artigo foi escolhido o método de Pesquisa Bibliográfica, que parte de uma análise de estudos já publicados que auxiliam na contextualização do objeto problema e dão suporte a tomada de decisão.

Dando início a este estudo, a questão norteadora foi estruturada a partir da estratégia PICOT, em que P (paciente); I (intervenção); C (controle); O (resultado); T (tempo). Após a elaboração da questão, foi feita a busca pelos termos controlados no DeCS - Descritores em Ciências da Saúde a saber: Curativos; Tecnologia digital; Terminologia Padronizada em Enfermagem e Unidades de Terapia Intensiva. Posteriormente foi feita a escolha pelas bases de dados: Embase, Pubmed (Biblioteca Nacional de Medicina), Medline (Sistema Online de Busca e Análise de Literatura Médica) e Lilacs (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde).

O levantamento bibliográfico ocorreu nos meses de setembro a outubro de 2021 em busca de artigos do período de 2013 a 2020, utilizando a estratégia de busca pelos vocábulos e operadores booleanos: (curativos OR dressings OR apósitos) AND (tecnologia digital OR digital technology OR tecnología digital). Optou-se por essa estratégia na tentativa de obter maior resultado sobre a temática, por se tratar de um assunto pouco abordado e encontrado na literatura.

Dos 13 artigos encontrados, 10 foram selecionados a partir dos seguintes critérios: obras em português; texto completo e coerente com o tema abordado; estudos publicados no período de 2014 a 2019. Para exclusão foram descartados artigos que não estavam na íntegra e não correspondiam ao intervalo temporal. A síntese de estudos estão contidos no quadro 2, em nível de evidência científica – “Oxford Centre for Evidence-based Medicine”.

 

RESULTADOS

 

QUADRO 2 – Publicações localizadas nas bases virtuais. Niterói, 2021.

Autor(es), Data e País

Objetivo

População/

Amostra

Tipo de Estudo

Recomendação

Força de Evidência

1. Silva RC, Ferreira MA.

 

2014/ Brasil.

 

Tecnologia no cuidado de enfermagem: uma análise a partir do marco conceitual da Enfermagem Fundamental.

 

Discutir a aplicação de tecnologias no cuidado de enfermagem na terapia intensiva, tomando como referência o marco teórico-conceitual da Enfermagem Fundamental.

Enfermeiros com atuação exclusiva em atividades de gerenciamento do cuidado ou chefias de serviço e aqueles que estivessem ausentes do trabalho por férias, licença ou quaisquer outros motivos foram excluídos do estudo.

Pesquisa de campo, do tipo descritivo, qualitativo e etnográfico. Os princípios da etnografia aplicam-se para se retratar o cotidiano prático dos enfermeiros intensivistas no cuidado ao cliente – o que fazem, dizem e pensam, no intento de se conhecer suas linhas de ação.

 

 

 

 

 

 

A favor

 

 

 

 

 

 

2. Kotz M, Frizon G, Silva OM, Toniollo CL, Ascari RA.

 

2014/Brasil.

 

Tecnologias, humanização e o cuidado de enfermagem na unidade de terapia intensiva: uma revisão bibliográfica.

O objetivo do estudo foi identificar os aspectos das tecnologias que interferem na humanização da assistência de enfermagem em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI)

Pacientes em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), marcados por situações conflitantes e que envolvem seres humanos fragilizados, devido ao estado de doença e ambiente muito diferente do que os indivíduos estão habituados.

Revisão bibliográfica, com pesquisa em banco de dados seguindo as etapas que foram: definição do tema e objetivos; estabelecimento dos critérios da inclusão dos artigos; definição da informação a ser extraída dos artigos selecionados; seleção dos artigos e apresentação da revisão e dos resultados.

 

 

 

 

A favor

 

 

 

 

1B

3. Andrade SM, Santos ICR.

 

2016/Brasil.

 

Oxigenoterapia hiperbárica para tratamento feridas.

 Descrever os tipos mais frequentes de feridas com indicação para terapia por oxigênio hiperbárico e os resultados obtidos

Pacientes com feridas que realizaram tratamento com OHB no período considerado para o estudo.

 Estudo transversal, realizado em um Centro Hiperbárico localizado na cidade de Salvador, Bahia.

 

 

 

 

Incerta

 

 

 

 

1C

4. Lima RVKS, Coltro PS, Farina Júnior JA.

 

2017/Brasil.

 

Tratamento de feridas complexas.

 

Revisar a literatura sobre a TPN no tratamento das feridas complexas, com ênfase em seus mecanismos de ação e principais indicações terapêuticas.

Pacientes com as principais indicações, temos: a) feridas complexas: úlceras por pressão, feridas traumáticas, feridas cirúrgicas (deiscências), queimaduras, feridas necrotizantes, feridas diabéticas, úlceras venosas, feridas inflamatórias, feridas por radiação, e outras; b) enxertos de pele: para otimizar a integração do enxerto ao leito; c) abdome aberto; d) prevenção de complicações: em incisões fechadas; e) instilação de soluções: em feridas contaminadas ou infectadas.

Foi realizada revisão da literatura na base de dados Pubmed / Medline, incluindo artigos originais e revisões sistemáticas, publicados entre os anos de 1997 e 2016.

 

 

 

 

 

 

 

A favor

 

 

 

 

 

 

 

1B

5. Vieira CPB, Pinheiro DM, Luz MHA, Araújo TME, Andrade EMLR.

 

2017 /Brasil

 

Tecnologias utilizadas por enfermeiros no tratamento de feridas.

 

Analisar evidências científicas sobre as tecnologias utilizadas por enfermeiros no tratamento de feridas.

Pacientes com feridas na atenção básica e em terapia intensiva.

Trata-se de revisão integrativa da literatura, seguindo as seguintes etapas: elaboração da questão de pesquisa; amostragem ou busca na literatura dos estudos primários; extração de dados dos estudos primários; avaliação dos estudos primários incluídos na revisão; análise e síntese dos resultados da revisão; apresentação da revisão integrativa.

 

 

 

 

 

 

A favor

 

 

 

 

 

 

1B

6. Vieira CPB, Araújo TME.

 

2018/Brasil.

 

 

Prevalência e fatores associados a feridas crônicas em idosos na atenção básica.

 

 

 

 

 

 

 

Analisar a prevalência de lesão por pressão, úlcera diabética e vasculogênica e os fatores associados em idosos assistidos na atenção básica.

A população fonte do estudo foi constituída por pessoas com idade igual ou superior a 60 anos de idade, residentes na zona urbana e atendidas pelas equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF), pertencentes às três Diretorias Regionais de Saúde (DRS)

Estudo epidemiológico transversal, analítico, realizado nos serviços de atenção básica da cidade de Teresina-Piauí, na zona urbana, Brasil.

 

 

 

 

A favor

 

 

 

 

 

 

 

1C

7.EBSERH Hospitais Universitários Federais. Hospital Universitário Gaffrée e Guinle.

 

2018/Brasil.

 

Procedimento Operacional Padrão.

 

Orientar a prática da equipe de enfermagem nos cuidados com as feridas e realização dos curativos;

Informar sobre as coberturas padronizadas e suas finalidades;

Auxiliar os profissionais de enfermagem na escolha da cobertura adequada para cada tipo de ferida.

Equipe de enfermagem (principalmente) e profissionais de saúde.

Trata-se de uma Revisão Integrativa de Literatura.

 

 

 

 

 

 

 

 

A favor

 

 

 

 

 

 

 

 

1B

8. Rodrigues RN, Ferreira VDP, Bittencourt MC, Peixoto IVP.

 

 2018/Brasil.

 

Terapia com Laser de Baixa Intensidade na Cicatrização de Lesões por Pressão em Paciente Oriundo da UTI.

Avaliar a aplicabilidade da Laserterapia de Baixa Intensidade (LTBI) como fator acelerador no processo de cicatrização de LPPs em estágio I e II de um paciente advindo de internação em UTI.

Pacientes admitidos em UTIs.

Trata-se de um estudo de intervenção terapêutica com abordagem qualitativa, caracterizado como ensaio clínico do tipo estudo de caso.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A favor

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

2A

9. Colares CMP, Luciano CC, Neves HCC, Tipple AFV, Galdino Júnior H.

 

2019/Brasil.

 

Cicatrização e tratamento de feridas: A Interface do Conhecimento à Prática do enfermeiro.

 

Determinar o nível de conhecimento dos enfermeiros, que atuam no tratamento de feridas, sobre cicatrização, avaliação e tratamento de feridas e avaliar a indicação e o tempo de permanência dos produtos utilizados no tratamento.

enfermeiros que atuavam nas unidades de clínica médica e clínica cirúrgica do referido hospital, que estavam exercendo suas atividades laborais no período da coleta de dados e 33 pacientes maiores de 18 anos, portadores de feridas abertas que receberam curativos durante o período de coleta de dados.

Estudo transversal realizado nas clínicas médica e cirúrgica de um hospital universitário, do Centro Oeste Brasileiro.

 

 

 

 

 

 

 

A favor

 

 

 

 

 

 

 

 

1C

10. Oliveira DMN, Costa MML, Malagutti W.

 

 2019/Brasil.

 

Intervenções de enfermagem para pacientes com lesão por pressão.

 

Analisar a produção científica acerca das intervenções de enfermagem da CIPE® para pacientes com lesão por pressão. M

Pacientes com lesão por pressão.

Trata-se de um estudo bibliográfico, tipo revisão integrativa em artigos publicados entre 2014 a 2018, realizado nas bases da Biblioteca Virtual de Saúde e portal de periódicos CAPES. Analisaram-se os dados de forma descritiva pelos resultados apresentados em figuras.

 

 

 

 

A favor

 

 

 

 

1B

Fonte: Elaborado pelas autoras.

 

 

DISCUSSÃO

O estudo trazido pelo primeiro artigo que compõe o quadro de autores acima, aborda os múltiplos entendimentos das tecnologias na área da saúde. Nesta pesquisa, destacam-se tanto os estudos sobre as estratégias para controlar o processo de trabalho, e acerca da estruturação de material didático- -pedagógico para os clientes, as chamadas tecnologias de processo, quanto os que buscam elementos para a criação de artefatos e inventos – as tecnologias de produto.¹

Outro objeto de preocupação da profissão, destacado pelos autores, situa-se na interface da ideia de tecnologia associada aos equipamentos médicos com o cuidado de enfermagem. Neste sentido, observam-se esforços na problematização do saber necessário para manejar tais maquinários articulados à assistência, e também uma enorme arena de debates se delineia em torno dos modos de agir do enfermeiro junto ao cliente em uso de aparelhagens, com foco na humanização do cuidado. Como concluem os autores desse artigo, tais aspectos se configuram como grandes desafios aos enfermeiros, na tentativa de manter o equilíbrio entre a dimensão objetiva e subjetiva do cuidado de enfermagem mediado pela tecnologia.²

Dessa forma, como mostra o artigo 2, as tecnologias para a saúde podem ser consideradas a aplicação prática de conhecimentos, por isto, incluem máquinas, procedimentos clínicos e cirúrgicos, remédios, programas e sistemas para prover cuidados à saúde. Segundo os autores dessa pesquisa, seguindo essa mesma linha de raciocínio, cabe ressaltar que o treinamento/educação dos profissionais em formação tem considerável impacto na familiaridade, percepção da vantagem, ou não, desenvolvimento de competências e condicionamento da sua prática no futuro, influenciando a adoção, ou não, e a difusão, ou não, da tecnologia. Considera-se como tecnologias leves em saúde aquelas implicadas no ato de estabelecimento das interações intersubjetivas na efetuação dos cuidados em saúde. Por espaço das tecnologias leves compreende-se aquele no qual nós, profissionais de saúde, estamos mais imediatamente colocados perante o outro da relação terapêutica. ²

Uma tecnologia muito interessante citada no 3º artigo é terapia com oxigênio hiperbárico (OHB). De acordo com o que trazem os autores dessa pesquisa, a Undersea and Hyperbaric Medical Society reconhece 14 indicações médicas válidas para OHB: úlcera do pé diabético, lesão de tecido por radiação, cistite, Ostomielite crônica refratária, condições de isquemia aguda (incluindo lesões por esmagamento, trombose arterial e reperfusão e retalhos cirúrgicos miocutâneos comprometidos), envenenamento agudo por monóxido de carbono, graves infecções dos tecidos moles (incluindo gangrena gasosa e fasceíte necrotizante), embolia gasosa, perda auditiva neurossensorial idiopática súbita, oclusão aguda da artéria central da retina, acidentes de mergulho (doença aguda descompressiva e barotrauma pulmonar), anemia grave, zigomicoses refratárias e queimaduras. ³

Conforme ressaltam os autores desse estudo sobre terapia com oxigênio hiperbárico, o tratamento de feridas, muitas vezes, constitui um desafio principalmente para o enfermeiro, pois, mesmo cuidadas adequadamente algumas tais como: úlceras venosas e arteriais, pé diabético, queimaduras e lesões por radiação não conseguem cicatrizar. Portanto, a terapia com oxigênio hiperbárico (OHB) pode representar um complemento para o tratamento de “feridas complexas”, auxiliando bastante os cuidados de enfermagem. ³

Sobre as feridas mais complexas, o 4º artigo aborda o mecanismo de ação da TPN (Terapia por pressão negativa) como uma opção tecnológica válida, pois ele envolve efeitos físicos como: o aumento da perfusão, controle do edema e do exsudato, redução das dimensões da ferida e depuração bacteriana. E biológicos como: o estímulo à formação de tecido de granulação, micro deformações e redução da resposta inflamatória local. 4

Como explicam os autores desse estudo, desde sua introdução, a TPN tornou-se um método adjuvante bem estabelecido no tratamento das feridas complexas. Apesar do acúmulo de evidências nos últimos anos, a TPN ainda é fonte de dúvidas para muitos cirurgiões. Embora sua aplicação não seja complexa, o conhecimento adequado do seu mecanismo de ação e das suas principais indicações pode otimizar e racionalizar seu uso, levando a resultados mais efetivos na resolução das feridas. A TPN deve compor o arsenal terapêutico dos cirurgiões para o tratamento das mais variadas feridas complexas. 4

Quanto à análise e classificação das tecnologias, o artigo 5 evidencia que, em relação aos estudos que utilizaram a tecnologia dura, o uso de curativos/coberturas foi o que mais se destacou. Além disso, também foi observado sistema de medição digital e biomarcadores. Segundo esses autores, o enfermeiro deve avaliar as melhores opções de coberturas, considerando efetividade e menor custo. A prática clínica baseada em evidências contribui para tomada de decisão, através de evidências científicas que possibilitem recomendações para o uso. 5

Os resultados encontrados por essa pesquisa mostram de forma positiva a aplicabilidade das tecnologias no cotidiano do enfermeiro. São elas: ensaio clínico randomizado, que encontrou tempo de recuperação mais rápido nos pacientes com feridas traumáticas digitais em que foi utilizado o curativo lipídio-colóide. Em se tratando de feridas com presença de exsudação, um dos estudos realizou a avaliação de um curativo absorvente KerraMax, indicado para controle e remoção do excesso de exsudato em feridas com quantidade moderada a alta. Conforme mostra o estudo, o curativo permitiu controle eficaz do exsudato, evitando maceração e problemas ao redor da pele, além da melhora do conforto para o paciente. 5

Outa tecnologia citada para a realização de desbridamento é o uso de fibras de monofilamento à base de tecido, que apresenta como características não derramamento das fibras quando em contato com a superfície, sendo quimicamente inertes e mais estáveis. Como mostra a pesquisa, no uso em feridas de membros inferiores, a nova tecnologia foi bem tolerada, promoveu rápida cicatrização, sendo de fácil utilização e baixo custo. 5

Sobre a avaliação das feridas, foram encontrados pelos autores dessa pesquisa dois estudos que utilizaram tecnologias para medição dessas lesões, recurso de sistema de planimetria digital, denominado Visitrak que calcula a área com base em traçados simples da ferida, desenvolvido como ferramenta prática para avaliação da área à beira do leito. 5

Dentro do contexto da conduta interdisciplinar para o tratamento de feridas e troca de curativos, 6º artigo do quadro acima mostra que os dados apresentados e discutidos na pesquisa reforçam o papel dos aspectos clínicos e socioeconômicos na prevalência de lesões profundas, úlcera diabética e UVC. E, dessa forma, destaca-se a importância da elaboração de estratégias de prevenção e tratamento na atenção básica, bem como a necessidade da implantação de Políticas Públicas na atenção à saúde de pessoas com feridas crônicas, visando ao atendimento integral e interdisciplinar. 6

Sobre o termo ferida, como elenca o 7º artigo do quadro, se pensarmos veremos o quão abrangente ele é. Como parte de qualquer curativo seja bem-sucedido é preciso saber, em primeiro lugar, o que causou a lesão a ser tratada ou a impede de cicatrizar. É importantíssimo avaliar o estado clínico do paciente e o risco-benefício do procedimento. Por isso, existem fatores que a equipe de enfermagem não pode deixar de conhecer, seja no cuidado simples ou no cuidado mais tecnológico como por exemplo o fato de que não se deve realizar desbridamento no calcâneos (nos casos de tecido seco, aderente, intacto, sem eritema ou flutuação) pelo risco de infecção e Ostomielite. 7

Já o 8º artigo citado no quadro de autores, aborda o uso da Terapia com Laser de Baixa Intensidade na Cicatrização de Lesões por Pressão em Paciente Oriundo da UTI. Como mostram os autores, esse tratamento a laser é local e indolor, a duração e o número de sessões vão depender de cada quadro clínico, o laser atua na cicatrização e regeneração de todos os diferentes tecidos do corpo humano. O tratamento de feridas, por meio de Laser Terapia de Baixa Intensidade (LTBI), ativa efeitos fisiológicos colaborando com o processo de cicatrização que a foto estimulação, além de proporcionar efeitos anti-inflamatórios e analgésicos, também influência positivamente a função dos macrófagos, ativando a produção de fatores de crescimento que favorecem para o aumento da proliferação celular, melhorando a qualidade da cicatrização. 8

Como apontam os autores do 9° artigo do quadro, devido à complexidade dos eventos celulares e moleculares envolvidos no processo de cicatrização e dos fatores que a retardam, a escolha da terapia tópica deve se adequar às características apresentadas pela ferida, uma vez que a sua evolução é dinâmica. De acordo com o estudo feito por esses autores, alguns algoritmos vêm sendo utilizados para auxiliar o profissional na avaliação de feridas, dentre eles, o “TIME” tem se tornado conhecido e utilizado em vários países. 9

Este algoritmo estabelece o preparo do leito das feridas de forma sistematizada, tendo como foco quatro parâmetros de avaliação/intervenção, sendo eles o “Tecido (Tissue) ”, manejo da “Inflamação X Infecção (Inflammation X Infection) ”, o controle da “Umidade (Moisture) ” e a integridade das “Bordas (Edges) ”. Estudo da República Tcheca e uma revisão que integra estudos da Austrália, do Reino Unido e dos Estados Unidos, analisaram os registros dos parâmetros do processo de cicatrização de feridas e evidenciaram anotações incompletas e subjetivas. Recente estudo identificou dez elementos chave envolvidos no processo de tomada de decisão no manejo de feridas, dentre eles, estão o conhecimento e a avaliação das feridas. 9

 Porém, como mostra a pesquisa feita nesse 9º artigo do quadro, no Brasil, em um hospital Universitário de Vitória, 92,7% dos enfermeiros tiveram o conhecimento classificado como inadequado. Recentemente, foi evidenciado que os enfermeiros de um Hospital Universitário do estado de Goiás avaliaram, principalmente, os parâmetros dor e sinais de infecção; assim, vários parâmetros importantes para o acompanhamento da evolução da ferida e para a indicação da terapia tópica não foram avaliados. Em outro hospital universitário, no estado do Rio de Janeiro, encontrou-se que enfermeiros possuem déficit de conhecimento relacionado à indicação de produtos para o tratamento de feridas. O que dificulta inda mais a incorporação de novas tecnologias nos cuidados de enfermagem na troca de curativos e tratamento de feridas. 9

Por último, os autores do artigo 10, fazem uma abordagem do o processo de Enfermagem como uma ferramenta útil na prática clínica, pois auxilia o enfermeiro a prevenir e a tratar os problemas detectados. Nesta pesquisa, identificaram-se duas categorias a partir dos artigos selecionados na amostra: Intervenções de Enfermagem para a prevenção de LPs no paciente e Intervenções de Enfermagem para o tratamento das LPs no paciente. Sobre o tratamento das lesões por pressão, identificaram-se diversas intervenções de Enfermagem envolvendo o tratamento dessas lesões, incluindo cuidar diretamente da lesão, realizando trocas do curativo com técnica asséptica e escolha adequada do material, proteger a pele perilesional, avaliar a percepção sensorial, obter dados sobre a dor e estudar a necessidade de se usar as tecnologias da Laserterapia (já mencionada acima) e microcorrente no tratamento das lesões. 10

 

 

CONCLUSÃO

Conforme apontam os artigos revisados, são necessárias ações do enfermeiro voltadas para a busca de conhecimento e aplicabilidade das tecnologias existentes que podem auxiliar nos cuidados de enfermagem no que tange o tratamento de feridas e troca de curativos, trazendo mais praticidade ao cotidiano dos enfermeiros e mais bem-estar aos pacientes em terapia intensiva.

Os resultados apresentados nos levam a refletir sobre os diversos tipos de feridas e seus respectivos tratamentos, mostrando que o profissional de enfermagem que trabalha na troca de curativos precisa conhecer essas diferentes lesões da pele e saber qual é o tratamento mais adequado a cada tipo de ferida e como pode auxiliar em todas as etapas do tratamento, principalmente no processo de cicatrização, tornando-o mais eficaz e rápido. Os resultados também apontam para essa nova tendência que os procedimentos mais tecnológicos para esse trabalho, utilizados no mundo são: a terapia com laser de baixa intensidade na cicatrização de lesões; o algoritmo TIME, a terapia por pressão negativa (TPN) e terapia com oxigênio hiperbárico (OHB). 11

Outra questão também levantada nesta revisão de literatura, que não pode ser esquecida é a importância de manter o foco na humanização do cuidado de enfermagem mediado pela tecnologia. Sendo assim, o estudo em questão alcançou os objetivos propostos e é evidente o quanto à implantação e planejamento de plano de cuidados em enfermagem em pacientes em terapia intensiva se faz necessária, visto que, no Brasil, ainda existem muitos profissionais que não dominam essa área de conhecimento, deixando de usar as tecnologias existentes, mesmo as mais simples, simplesmente por não as conhecerem. Cabe ao enfermeiro avaliar as melhores opções de coberturas, considerando efetividade e menor custo. A partir dessa revisão integrativa também foi possível perceber que, a prática clínica baseada em evidências contribui para tomada de decisão, através de evidências científicas que possibilitem recomendações para o uso da tecnologia ideal para cada caso.

 

 

REFERÊNCIAS

  1. Andrade SM, Santos ICR. Oxigenoterapia hiperbárica para tratamento feridas. Rev Gaúcha Enferm [Internet]. 2016 [cited 2021 set 15];37(2): e59257. Available from: doi: https://www.scielo.br/j/rgenf/a/yv9BDkBw9h84m4dZYGHZ4Hb/?lang=pt

  2. Colares CMP, Luciano CC, Neves HCC, Tipple AFV, Galdino Júnior H. Cicatrização e tratamento de feridas: a interface do conhecimento à prática do enfermeiro. Enferm Foco [Internet]. 2019 [cited 2021 set 15];10(3): 52-58 53. Available from: http://revista.cofen.gov.br/index.php/enfermagem/article/view/2232

  3. Kotz M, Frizon G, Silva OM, Toniollo CL, Ascari RA. Tecnologias, humanização e o cuidado de enfermagem na unidade de terapia intensiva: uma revisão bibliográfica. Rev Unin Review [Internet]. 2014 [cited 2021 set 25];18(3):50-55. Available from: http://revista.uninga.br/index.php/uningareviews/article/view/1512.

  4. Lima RVKS, Coltro PS, Farina Júnior JA. Terapia por pressão negativa no tratamento de feridas complexas. Rev Col Bras [Internet]. 2017 [cited 2021 set 15]; 44(1):081-093. Available from: https://www.scielo.br/j/rcbc/a/W6qy4BFN9DkdTRsGy6jrfkk/abstract/?lang=pt

  5. Mandelbaum SH, Di Santis EP, Mandelbaum MHS. Cicatrização: conceitos atuais e recursos auxiliares-Parte I. An bras Dermatol [Internet]. 2003 [cited 2021 set 30];78(4): 393-410. Available from: https://www.scielo.br/j/abd/a/nL3Wsv5LbQN9V7QYwtkc5yh/?lang=pt  

  6. Oliveira DMN, Costa MML, Malagutti W. Intervenções de enfermagem para pacientes com lesão por pressão. Rev enferm UFPE on line [Internet]. 2019 [cited 2021 set 30];13:e240237. Available from: https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/view/240237/33254

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