What is the best digital technology for nursing intervention with the site of invasive devices in the ICU? - Systematized Literature Review

 

 

Qual a melhor tecnologia digital para intervenção de enfermagem com o local de dispositivos invasivos em UTI? - Revisão Sistematizada da Literatura

Paola Carvalho Vigonli1, Isabel Cristina Fonseca da Cruz2

Enfermeira, Paola Carvalho Vignoli do Curso de Especialização em Enfermagem em Cuidados Intensivos. Universidade Federal Fluminense (UFF). 

Doutora, professora. Titular da UFF. isabelcruz@id.uff.br

ABSTRACT
Objective: The aim of this study is to identify in the scientific literature the technologies that can minimize the risks for the development of complications triggered by the use of invasive devicesMethods: This is a computerized integrative review carried out in the databases of the Virtual Health Library (VHL) from April to November 2022. Results: Nine articles and 1 monograph were selected in relation to strength of evidence and clinical relevance. Conclusion: Considering that AIS are one of the main factors that significantly increase the mortality and morbidity of icu patients, it is concluded that it is essential to monitor patients who were invaded with devices both in the first 24 hours and during their entire stay, exchange or removal of the devices. Hemodynamic control is extremely important in patients requiring intensive therapy, with the purpose of identifying and intervening appropriately and early to complications that can be triggered by IRAS.

Key words: Hospital Infection; Nursing Care; Critical Care. 

RESUMO
Objetivo: O objetivo deste estudo é identificar na literatura científica as tecnologias que podem minimizar os riscos para desenvolvimento de complicações desencadeada pelo uso de dispositivos invasivosMétodos: Trata-se de uma revisão integrativa computadorizada realizada nas bases de dados da biblioteca virtual de saúde (BVS) no período de abril a novembro de 2022.  Resultados: Foram selecionados 9 artigos e 1 monografia em relação a força de evidência e relevância clínicaConclusão: Tendo em vista que as IRAS são um dos principais fatores que aumentam significantemente a mortalidade e morbidade dos pacientes internos na UTI, conclui -se que é indispensável a monitorização dos pacientes que foram invadidos com dispositivos tanto nas primeiras 24h, como durante toda sua permanência, troca ou retirada dos dispositivos. É de extrema importância o controle hemodinâmico em pacientes que necessitam de terapêutica intensiva, com a finalidade de identificar e intervir de forma adequada e precocemente às complicações que podem ser desencadeadas pelas IRAS. 

 

Palavras-Chave: Infecção Hospitalar; Cuidados de Enfermagem; Cuidados Críticos. 

 

INTRODUÇÃO E SITUAÇÃO PROBLEMA

Dentro da unidade de terapia intensiva (UTI), costuma-se receber pacientes graves e com hemodinâmica instável que precisam de uma assistência intensiva, incluindo monitorização contínua e muitas vezes sendo necessário submeter o paciente em procedimentos invasivos para complementação do cuidado, como pressão arterial invasiva (PAI), cateter venoso central (CVC), cateter vesical de demora (CVD), tubo orotraqueal (TOT), traqueostomia (TQT), dentre outros. Alguns tratamentos são para auxiliar ou até mesmo concluir diagnósticos e para definir o melhor tratamento terapêutico, portanto esses procedimentos são necessários para manutenção de vida do paciente de alta complexidade. Por ser um procedimento invasivo, coloca-se o paciente em risco de surgimento de infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS). (1)

Por meio de intervenções que são definidas pelo Bundles, pode-se prevenir de 20% a 30% dos casos de IRAS, que podem ser diagnosticadas durante a internação dos pacientes e até mesmo após a alta hospitalar. Essas infecções dificultam um bom prognóstico do paciente, podendo até aumentar o tempo de internação dentro da UTI, consequentemente, aumentando as taxas de morbidade e mortalidade, se incluindo como uma adversidade de saúde pública. Apesar de gradativamente os avanços tecnológicos e científicos estarem aumentando em relação ao controle de infecção, ainda há uma dificuldade de os profissionais implementarem no ambiente de trabalho a prevenção, intervenção e cuidado de enfermagem. O enfermeiro atua diretamente enfrentando esse problema e para que oferte uma assistência satisfatória e com eficácia nos resultados, deve-se estar devidamente capacitado. (3)

Perante o exposto, é de extrema importância que o profissional de enfermagem se atualize e cresça juntamente com as tecnologias. O ensinamento e o aprendizado são contínuos, há necessidade de atualizações dos profissionais, para que saibam identificar de forma precoce os problemas e assim criar uma estratégia de intervenções para que tenha um prognóstico satisfatório. (3)

Questão prática: com base em evidência, qual a melhor tecnologia digital para cuidados com o local de dispositivos invasivos para o(a) paciente de alta complexidade sob cuidados intensivos?

 

 

 

 

 

Quadro 1 - Estratégia de PICOT. Niterói, 2022.

Acrônimo

Definição

Componente da questão prática

P

Paciente

Paciente adulto/idoso com necessidades de cuidados intensivos, com risco para infecção.

I

Prescrição

Cuidados com dispositivos invasivos, manipulação e manutenção.

C

Controle ou comparação

Não se aplica. 

O

Resultado

Minimização de infecção relacionada a assistência à saúde em dispositivos invasivos

T

Tempo

7 dias. 

Fonte: Elaborado pelos autores.

 

METODOLOGIA 

Revisão sistematizada da literatura com busca online computadorizado de monografias, tese e artigos, publicados no período de 2016 a 2021. Essa busca foi realizada de abril a novembro de 2022 e foi utilizado como descritores infecção hospitalar, cuidados intensivos, assistência à saúde nas bases da biblioteca virtual em saúde (BVS), na BDENF, Medline e Lilacs e foram classificados quanto ao grau de evidência e força e recomendação, como recomenda os critérios de Oxforf Centre for Evidence – based Medicine. 

Antes de iniciar as filtragens, foram encontrados um total de 278.200 trabalhos que ao serem analisados, foi decidido aumentar os critérios de seleção, eles se limitaram em ano de publicação, revista e idioma, após sua colocação obteve se 1.056 trabalhos que se encaixavam nesses critérios. 

Com isso foram escolhidos 9 artigos e 1 monografia, que se incluíram no critério de seleção para realizar esse estudo que foi cuidado com local de dispositivos invasivos em pacientes internos dentro de uma unidade de terapia intensiva para prevenção de infecção relacionada a assistência à saúde. Foram excluídos desses estudos artigos incompletos, duplicados e artigos de pacientes pediátricos ou relacionados a neonatologia. 

Foram pesquisados na biblioteca virtual de saúde (BVS) estudos relacionados ao cuidado com local de cateter venoso central (CVC) e com cateter central de inserção periférica (PICC) em unidade de cuidados intensivos que podem estar relacionadas ao desenvolvimento de infecção relacionada a assistência à saúde (IRAS). As bases eletrônicas que melhor fornecem resultados satisfatórios foram Bdenf e Medline. Todos os artigos são nacionais, do total de 1,056 trabalhos obtidos, após a aplicação da filtragem 10 destes encontrados foram escolhidos e avaliados minuciosamente para a inclusão nesta revisão, que nos mostra que a equipe de enfermagem é quem passa mais tempo no cuidado com o paciente e consequentemente na manipulação e manutenção dos cateteres, tanto pelos enfermeiros quanto pela equipe técnica, que relatam e observam todos os planos de cuidados posto pelos bundles de infecção de corrente sanguínea associado ao cateter venoso central, estudos mostram que nem toda a equipe adotam todos os cuidados recomendados pelo bundle. Diante disso, pode -se perceber que mesmo com o avanço da tecnologia em saúde, ainda há resistência dos profissionais em relação a adesão dos cuidados indicados. Faz se necessário um programa de educação continuada, com conferências, vídeos, POPs, vigilância do processo e resultados. 

RESULTADOS

Nesta seção, é apresentado o quadro de síntese de evidências científicas nas bases de dados eletrônicas utilizadas na seleção dos artigos para a construção deste artigo.

Quadro 2: Publicações localizadas nas bases virtuais. Niterói, 2022.

Autores, Ano e País.

Objetivo da Pesquisa

População

/amostra

Tipo de Estudo

Principais recomendações

Nível de evidência

Monografia 1

Silva, CS. 

2019. Brasil. 

Este trabalho teve como objetivo identificar na produção científica as causas mais relatadas para o desenvolvimento de IRAS em UTIs e as medidas utilizadas para preveni-las, comparando-as com o que é preconizado pelas normas brasileiras.

Adultos em UTI.

Revisão bibliográfica da literatura. 

B

3A

Artigo 2 

Silva, AG. Oliveira, AC. 

2018. Brasil. 

Analisar as produções científicas nacionais e internacionais sobre o impacto dos bundles na prevenção de infecção da corrente sanguínea relacionada ao cateter venoso central em unidade de terapia intensiva adulta.

Adultos com dispositivos invasivos. 

Revisão integrativa. 

B

2A

Artigo 3 

Fernandes, MS. Nogueira, HKL. Pontes, FS. Góes, ACF. Oliveira, TF. 

2019. Brasil. 

Verificar o conhecimento dos profissionais intensivistas sobre o bundle para a prevenção de infecção de corrente sanguínea relacionada ao cateter venoso central e sobre os cuidados no manejo deste dispositivo.

Profissionais de saúde que atuam em UTI.

Estudo quantitativo de corte transversal. 

B

2C

Artigo 4 

Costa, MBV. Ponte, KMA. Frota, KC. Moreira, ACA. 2019.

Brasil.

Apesar das novidades relacionadas ao diagnóstico precoce e ao rastreamento microbiano dos casos de sepse, faz-se necessário compreender os aspectos clínico-epidemiológicos dos serviços de saúde visando definir as especificidades dos pacientes acometidos em Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Nesse contexto, objetiva-se descrever as características epidemiológicas de pacientes com sepse em UTI.

Adultos internos em UTI.

Pesquisa exploratória-descritiva, retrospectiva, documental, com abordagem quantitativa.

B

3A

Artigo 5

Pereira, LMV. Almeida, LF. Franco, AS. Marins, ALC. Ribeiro,GRS. Macedo, MCS.

2018.

Brasil.

Analisar a retirada não planejada de dispositivos invasivos em uma unidade de terapia intensiva.

Profissionais em UTI.

Estudo descritivo, retrospectivo, documental com abordagem quantitativa.

B

2A

Artigo 6

Ribeiro, TC. Santos, RAAS. Batista, KS. Aquino, SR. Rosa, C. 2019. Brasil.

O objetivo desse trabalho foi verificar a ocorrência e o perfil bacteriano presente em pacientes internados na UTI de um hospital universitário.

Adultos em UTI.

Análise descritiva com valores absolutos e percentuais.

C

C4

Artigo 7

Araújo, CLFP. Santos, AMD. Meira, LMR. Cavalcante, EFO. 

2021. Brasil. 

Analisar as práticas assistenciais no uso do cateter venoso central para a prevenção das Infecções Primárias da Corrente Sanguínea em uma Unidade de Terapia Intensiva.

Profissionais de saúde.

Estudo transversal realizado em um Hospital Universitário.

B

2C

Artigo 8

Cinésio, MCT. Magro, MCS. Carneiro, TA. Silva, KGN. 

2018.

Brasil. 

Identificar os pacientes e os fatores de risco associados à ocorrência de infecções relacionadas à assistência à saúde em unidades de terapia intensiva.

Adultos em UTI.

Estudo transversal realizado com 155 pacientes internados.

B

3A

Artigo 9

Sá Neto, JA. Silva, ACSS. Vidal, AR. Knupp, VMAO. Barcia, LLC. Barreto, ACM.

2018. Brasil. 

Analisar o conhecimento dos enfermeiros quanto à utilização do cateter central de inserção periférica (PICC) como dispositivo intravenoso na prática assistencial, em três hospitais públicos do Estado do Rio de Janeiro.

Profissionais de UTI.

Estudo descritivo seccional, através da análise univariada e bivariada, com cálculo das medidas de tendência central.

B

2C

Artigo 10

Paula, CC. Paludetti, LV. Shimoya, W. 2019. Brasil.

Avaliar os microrganismos causadores de infecções em ponta de cateter venoso usado nos pacientes hospitalizados na Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá-MT.

Adultos em UTI.

Foi realizado um estudo transversal de natureza clínica.

B

3B

Fonte: Elaborado pelos autores, 2022.

 

DISCUSSÃO

Nos últimos anos o termo de infecção hospitalar foi substituído pelo Ministério da Saúde e Agência Nacional de Vigilância Sanitária por Infecção Relacionada a Assistência à Saúde, que está sendo usado para prevenção e para controle de infecções, que podem ocorrer em todos os ambientes que prestam o cuidado a saúde. Dentro de um ambiente hospitalar as IRAS são consideradas as doenças que são adquiridas após a admissão do paciente, que pode ser diagnosticado a partir de 48 horas após a internação e após a alta, quando a infecção esta relacionadas a internação ou procedimentos que foram realizados dentro da unidade hospitalar que se encontrava internado. (1)

Embora toda a unidade de saúde tenha probabilidade de desenvolver as IRAS, o maior índice de desenvolvimento da infecção está dentro das unidades de terapia intensiva (UTI), pelo fato de ser um setor que usa diversos procedimentos invasivos que auxiliam na manutenção e controle hemodinâmico do cliente crítico, que acaba contribuindo para os agravamentos dos casos, consequentemente atrapalhando o prognóstico e aumentando os custos financeiros. (1)

A infecção da corrente sanguínea comumente está associada ao cateter venoso central, que é frequentemente utilizado dentro de uma UTI. Há uma sistematização que fornece dados epidemiológicos em relação a infecções adquiridas após a inserção de CVC, o FormSUS, que até 2015, a taxa de mortalidade por CVC podiam alcançar até 69% dos casos. Na maioria dos casos a proliferação da infecção relacionada ao CVC, podem ser evitadas, podendo ser prevenidas por um conjunto de intervenções durante a inserção, manutenção e manipulação dos cateteres. (2)

Em 2004, o Institute for Health Improvemente desenvolveu uma campanha “Salve 100.000 vidas”, onde criou o conceito de central line bundle, que é um conjunto de ações e medidas que são baseadas em evidências cientificas combinadas e integradas para a prevenção ou redução de infecções, que tem sido incluída na prática clínica. Essas intervenções podem ser implementadas como um conjunto ou usadas separadamente, de acordo com as necessidades de cada dispositivos invasivos. O uso dos bundles tem sido eficaz e tem trazido respostas satisfatórias dentro da unidade de saúde. (2)

Em 2006, o Institute for Healthcare Improvemente criou uma campanha chamada Cinco milhões de vidas, que descrevia 12 intervenções que auxiliam uma assistência com maior qualidade, que traz segurança e eficácia nos resultados, totalmente voltada para o paciente, com o objetivo de reduzir os danos que estão diretamente e indiretamente relacionados ao processo de cuidado. Dentre esse conjunto de intervenções, tem a prevenção de infecções da corrente sanguínea e prevenir pneumonia associada a ventilação mecânica, que está entre os nossos dispositivos invasivos, comumente utilizado dentro dos setores de alta complexidade. Em seguida, em setembro de 2013, houve um Programa Nacional de Prevenção e Controle de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (PNPCIRAS) que veio com o principal objetivo de reduzir o crescimento das infecções primárias da corrente sanguínea, que pode ter consequências sistêmicas graves, como sepse ou bacteremia, que tem como um grande risco quando se usa como escolha o cateter venoso central. (3)

Dentre todos os dispositivos invasivos, os que apresentam mais desenvolvimentos de IRAS, são o cateter venoso central e a sonda vesical de demora. Algumas ações devem ser tomadas para a prevenção da IRAS, como o fortalecimento das ações de educação em saúde dos profissionais, a higienização das mãos, controle rigoroso de procedimentos, implementação de bundles, monitoramento e manejo terapêutico adequado, divulgação de dados epidemiológico e incentivo de uso de EPI. (1)

O paciente que está internado dentro de uma unidade de terapia intensiva, demanda de cuidados especializados para controle hemodinâmico e suporte de vida, para isso precisamos de auxílio com os dispositivos invasivos. Os dispositivos mais utilizados dentro de um setor de alta complexidade são: tubo orotraqueal, cânula de traqueostomia, cateter venoso central, cateter venoso periférico, cateter arterial, cateter entérico, cateter vesical de demora e drenos. A instalação desses dispositivos é uma decisão médica, por tanto, a equipe de enfermagem está diretamente ligada aos cuidados de vigilância, participando na continuidade da terapia que foi proposta. É de extrema importância a avaliação do enfermeiro em relação aos sinais de infecção, proposta de intervenção para prevenção de complicações e a necessidade do uso desses dispositivos. (5)

As infecções hospitalares não estão somente ligadas a exposição ao ambiente hospitalar, há outros fatores importantes como idade, doenças pré-existentes, comorbidades, pacientes imunodeprimidos, são pontos que favorecem o desenvolvimento de infecções. O risco de infecção também está proporcionalmente relacionado à gravidade da doença, aspectos nutricionais e qual foi o meio usado para determinar o diagnóstico e procedimentos terapêuticos e o tempo de permanência dentro do hospital. (6)

As medidas implementadas pelo Bundles em relação a inserção de CVC foram barreira máxima de precaução, assepsia da pele, higiene das mãos antes da inserção, preferência pela via subclávia, evitar veia femoral, remoção imediata do cateter quando não tiver mais indicação, ultrassom para guiar a inserção do cateter, deixar o antisséptico secar antes de inserir o cateter, CVC impregnado com antibiótico, substituir o CVC que foi inserido sem técnicas assépticas em até 48 horas e designar apenas profissionais qualificados para inserir o CVC. (2) 

Barreira máxima de precaução consiste em uso de luva estéril, gorro, máscara, capote e campo estéril, que ajudam na redução da contaminação pela microbiota do profissional e do ambiente para o paciente durante o procedimento de inserção do cateter venoso central e o risco de infecção. O fato de deixar a clorexidina alcóolica secar para em seguida introduzir o cateter promove um efeito residual e reduz a propagação de microrganismos extraluminal em direção ao local de inserção do cateter. A higienização das mãos na técnica correta é essencial para diminuir a propagação de microrganismos patogênicos pelas mãos dos profissionais e a contaminação do cateter. O uso de ultrassom tem auxiliado a minimizar as intercorrências, como hemorragia, pneumotórax, arritmias e punção arterial, além disso ajuda a reduzir o tempo do procedimento e evita o número de tentativas sem necessidade. Cateter introduzidos na emergência, onde não pode assegurar a técnica asséptica, deve ser trocado em até 48 horas. (2)

O maior índice de infecções é em pacientes que fazem uso de sonda vesical de demora, sonda nasogástrica, ventilação mecânica e cateterismo venoso central. O cateterismo vesical de demora, por quebra de técnica estéril ou manutenção e manipulação errada dos profissionais. O uso da sonda nasogástrica ou nasoentérica, favorece o refluxo de resíduo gastroesofágico, que consequentemente aumenta o risco de broncoaspiração, favorecendo o surgimento de infecções do trato respiratório. As infecções respiratórias principalmente estão relacionadas a ventilação mecânica, já foi comprovado que a montagem estéril do ventilador mecânico e a extubação precoce do paciente, diminui significantemente o risco de infecção. O cateter venoso central ainda é o maior fator de risco para o aparecimento de infecções da corrente sanguínea, por conta de falhas técnicas na inserção e manipulação desse acesso. (4)

Precisamos ressaltar que o uso errado do antimicrobiano para tratamento, dificulta ainda mais o prognóstico do paciente, é importante lembrar que o tratamento terapêutico deve ser escolhido de acordo com o patógeno responsável pela infecção e é indispensável que seja de acordo com o resultado de culturas com teste de sensibilidade. (4)

É de extrema importância que o profissional de enfermagem saiba identificar riscos e sinais de infecção precocemente, para que possa implementar uma intervenção de forma rápida e segura para o controle de proliferação da contaminação, de forma efetiva. (1)

Atualmente o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP) inclui os eventos adversos que estão diretamente vinculados as infecções em serviços de saúde, inclusive as infecções associadas aos dispositivos invasivos, como um dos fatores para a segurança do paciente. Enfatizam muito sobre a educação permanente dos profissionais de saúde, com intuito de incentivar as práticas corretas, como a higienização das mãos, que ainda há resistência para adesão da prática por parte dos profissionais. Apesar das infecções serem de alto risco durante a assistência, aumentando a gravidade dos internos, possuem o amplo caráter de prevenção quando são dotadas medidas corretas e duradouras de prevenção na prática em saúde. (7)

A decisão da retirada não planejada dos dispositivos, sendo ela precoce ou tardia, tem alta relevância para a vida do paciente, taxa de morbidade e mortalidade que pode ser evitada, tempo de internação e custo financeiro para a unidade. (5)

Mesmo com toda a tecnologia desenvolvida pelos profissionais de enfermagem facilitando a prática para a prevenção de IH, ainda há muita resistência para os profissionais aderirem a prática, sendo influenciado pela estrutura ou a demanda de trabalho. Por isso é de extrema importância que as unidades de saúde desenvolvam uma forma de implementar a educação permanente desses profissionais, com uso dos bundles e de checklist para facilitar a checagem das técnicas que já foram realizadas, sem abandonar nenhuma intervenção. Como também o uso de software, que é feito anotações diárias, de forma online, facilitando e otimizando o trabalho de todos os profissionais.  (7)

 

CONCLUSÃO 

Diante de tudo que foi analisado, é de extrema importância que todo profissional da área de saúde se mantenha atualizado, desenvolvendo suas habilidades técnicas, aprendendo e aderindo as atualizações tecnológicas, para que todos os planejamentos de intervenções tenham uma resposta satisfatória na assistência prestada ao paciente, minimizando as complicações que podem ser desencadeadas através da inserção e manutenção dos dispositivos invasivos. 

É necessário que os profissionais se coloquem a disposição para um aprendizado contínuo, consequentemente, facilitando a adesão da inovação tecnológica que foi proposta. É válido relembrar que é de extrema importância que a equipe multiprofissional esteja atualizada juntamente com as inovações, visto que todos manipulam os dispositivos que estão inseridos em cada interno dentro da unidade hospitalar. 

A melhor tecnologia desenvolvida para auxiliar a assistência prestada ao cliente, foi o desenvolvimento de um software protótipo, que é um programa que pode ser atualizado com um modelo padrão, que todos podem dar continuidade as informações fornecidas anteriormente, podendo ser integrado a evolução e/ou SAE, onde a equipe de enfermagem pode registrar diariamente todos os dados relacionados aos dispositivos invasivos em tempo real e toda a equipe terá acesso, com isso, evitando os riscos, complicações e agravamentos das patologias pré-existentes em pacientes que já estão gravemente acometidos. 

Assim, conseguiremos alcançar o prognóstico desejado para o cliente, sem sequelas de infecções que podem ser evitadas ou identificadas precocemente, otimizando o tratamento terapêutico e tornando-o eficaz. 

 

REFERÊNCIAS

1 – Silva, CS. Intervenções para o controle e prevenção de infecções relacionadas à assistência à saúde em unidades de terapia intensiva. Rio de Janeiro. 2019. Disponível em: Intervenções para o controle e prevenção de infecções relacionadas à assistência à saúde em unidades de terapia intensiva | Rio de Janeiro; s.n; 2019. 54 f p. tab, graf. | LILACS (bvsalud.org)

2 – Silva, AG. Oliveira, AC. O impacto da implementação dos bundles na redução das infecções da corrente sanguínea: uma revisão integrativa. Santa Catarina. 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/j/tce/a/gK7c9qQpZGxQbqjFLMMG3pp/abstract/?lang=pt

3 – Fernandes, MS. Nogueira, HKL. Pontes, FS. Góes, ACF. Oliveira, DF. Bundle para a prevenção de infecção de corrente sanguínea. Bahia. 2018. Disponível em: Bundle para a prevenção de infecção de corrente sanguínea | Rev. enferm. UFPE on line;13(1): 1-8, jan. 2019. ilus, tab | BDENF (bvsalud.org)

4 – Costa, MBV. Pontes, KMA. Frota, KC. Moreira, ACA. Características epidemiológicas de pacientes com sepse em unidade de terapia intensiva. Rio de Janeiro. 2019. Disponível em:  Características epidemiológicas de pacientes com sepse em unidade de terapia intensiva | Rev. epidemiol. controle infecç;9(4): 310-315, out.-dez. 2019. ilus | LILACS (bvsalud.org)

5 – Pereira, LMV. Almeida, LF. Franco, AS. Marins, ALC. Ribeiro, GRS. Macedo, MCS. Retirada não planejada de dispositivos invasivos e suas implicações para a segurança do paciente crítico. Rio de Janeiro. 2018. Disponível em: Retirada não planejada de dispositivos invasivos e suas implicações para a segurança do paciente crítico | Rev. Pesqui. (Univ. Fed. Estado Rio J., Online);10(2): 490-495, abr.-jun. 2018. tab | LILACS | BDENF (bvsalud.org)

6 – Ribeiro, TC. Santos, RAAS. Batista, KS. Aquino, SR. Rosa, C. Ocorrência e perfil bacteriano de culturas coletadas em pacientes internados na unidade de terapia intensiva em um hospital terciário. Rio de Janeiro. 2018. Disponível em: Ocorrência e perfil bacteriano de culturas coletadas em pacientes internados na unidade de terapia intensiva em um hospital terciário | HU rev;45(2): 122-133, 2019. | LILACS (bvsalud.org)

7 – Araújo, CLFP. Santos, AMD. Meira, LMR. Cavalcante, EFO. Análise das práticas assistenciais para prevenção das infecções primárias da corrente sanguínea. Niterói. 2018. Disponível em: Análise das práticas assistenciais para prevenção das infecções primárias da corrente sanguínea | Ciênc. cuid. saúde;20: e56251, 2021. tab, graf | LILACS | BDENF (bvsalud.org)

8 - Cinésio, MCT. Magro, MCS. Carneiro, TA. Silva, KGN. Fatores de risco às infecções relacionadas à assistência em unidades de terapia intensiva. Curitiba. 2018. Disponível em: Fatores de risco às infecções relacionadas à assistência em unidades de terapia intensiva | Cogit. Enferm. (Online);23(2): e53826, abr-jun. 2018. tab, graf | LILACS | BDENF (bvsalud.org)

9 – Sá Neto, JA. Silva, ACSS. Vidal, AR. Knupp, VMAO. Barcia, LLC. Barreto, ACM. Conhecimento de enfermeiros acerca do cateter central de inserção periférica: realidade local e desafios globais. Rio de Janeiro. 2018. Disponível em: Conhecimento de enfermeiros acerca do cateter central de inserção periférica: realidade local e desafios globais | Rev. enferm. UERJ;26: e33181, jan.-dez. 2018. | LILACS | BDENF (bvsalud.org)

10 – Paula, CC. Paludetti, LV. Shimoya, W. Avaliação da contaminação microbiana de cateter venoso usados em pacientes hospitalizados. Salvador. 2017. Disponível em: Avaliação da contaminação microbiana de cateter venoso usados em pacientes hospitalizados | Rev. Ciênc. Méd. Biol. (Impr.);16(2): 168-173, out 27, 2017. tab | LILACS (bvsalud.org)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 





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