JSNCARE

Risk assessment for pressure ulcer – evidence based nursin practice.

 

Avaliação de risco para prevenção de úlceras por pressão baseadas nas escalas de Braden e Waterlow – prática de enfermagem baseada em evidência.

 

Jane de Souza Paulino Falci. Enfermeira. Aluna do curso de Especialização de Enfermagem em UTI Adulto/Idoso / Universidade Federal Fluminense (UFF) jspfalci@click21.com.br

Isabel Cruz. Doutora em Enfermagem/ UFF. isabelcruz@uol.com.br

 

Abstract: For a long time pression ulcers were always considered inevitable, and the necessary attention was never given to it, but according to the level of knowledge that we have today it is considered preventable in a large percentage of cases. So far the best treatment of UP is its prevention. For this, human resources materials and methods are required. The study aimed to examine studies, published in national and international scientific journals, about the risk evaluation for the prevention of pressure ulcers considering the Braden and Waterlow’s scales. This is a systematic review of literature with qualitative approach, which were used the scientific databases SciELO and PubMed, from 1998-2007. In this study 10 articles were selected and analyzed. We concluded  that the scales of UP prevention, especially Braden and Waterlow’s scales, are important tools to help systematise the assistance of nursing, so that we can through these instruments prevent UP. Thus, this will minimize the time of hospitalization and costs, factors that will improve the quality of care in nursing.

Key-words: Scales, Nurses, Intensive care units

 

Resumo: Durante muito tempo considerou-se que as úlceras de pressão eram inevitáveis, por isso não se prestou a devida atenção, mas de acordo com o nível de conhecimento que temos atualmente, considera-se que são evitáveis numa grande percentagem de casos. Portanto o melhor tratamento da UP é a sua prevenção. Para tal, são necessários recursos humanos, materiais e métodos. O estudo teve como objetivo analisar artigos, publicados em revistas científicas nacionais e internacionais, acerca da avaliação de risco para prevenção de úlceras por pressão sob a ótica das escalas de Braden e Waterlow. Trata-se de uma revisão sistemática de literatura com abordagem qualitativa, na qual foram utilizadas as bases de dados eletrônicas SciELO e PubMed, utilizando como limitação temporal o período de 1998-2007. No estudo 10 artigos foram selecionados e analisados. Conclui-se que as escalas de prevenção de UP em especial as Escala de Waterlow e Escala de Braden são importantes instrumentos no sentido de auxiliar a Sistematização da Assistência de Enfermagem de forma que consigamos através destes instrumentos, prevenir o aparecimento de UP, desta forma serão minimizados o tempo de internação e custos, fatores que culminarão na melhoria da qualidade da assistência de enfermagem.

Palavras-chave: Escalas, Enfermeiros, Unidades de Terapia Intensiva

 

Resúmen: Durante mucho tiempo, las úlceras por presión siempre fueran considerablas inevitables, y la necesaria atención nunca fue dada a la misma, pero, de acuerdo con el nivel de conocimiento que tenemos hoy en día se considera evitable en un gran porcentaje de los casos. Hasta el momento, el mejor tratamiento de la UP es su prevención. Para esto, los recursos humanos materiales y métodos son requeridos. El estudio tenía por objeto examinar los estudios, publicados en las revistas científicas internacionales y, sobre la evaluación del riesgo para la prevención de las úlceras por presión y teniendo en cuenta la Braden Waterlow's escalas. Esta es una revisión sistemática de la literatura con enfoque cualitativo, que se utilizaron las bases de datos científicos y SciELO PubMed, a partir de 1998-2007. En este estudio de 10 artículos fueron seleccionados y analizados. Llegamos a la conclusión de que las escalas de UP prevención, especialmente Braden y de la balanza de Waterlow, son instrumentos importantes para ayudar a sistematizar la asistencia de enfermería, de manera que podamos evitar que a través de estos instrumentos UP. Por lo tanto, esto reduciría al mínimo el tiempo de hospitalización y los costos, los factores que mejorarán la calidad de la atención en enfermería.

Palabras clave: Escalas, Enfermeros, Unidad Terapia Intensiva

 

1. Introdução

 

Apesar dos avanços no conhecimento técnico-científico da saúde e a evolução do sistema de saúde, as úlceras de pressão (UP) continuam sendo um importante problema de enfermagem, que afeta os pacientes de todos os níveis assistenciais.

O estudo teve como objetivo analisar artigos, publicados em revistas científicas nacionais e internacionais, acerca da avaliação de risco para prevenção de úlceras por pressão sob a ótica das escalas de Braden e Waterlow.

As UP são um problema multifatorial onde a limitação da mobilidade é o principal favorecedor do seu aparecimento; existem outros fatores associados que predispõem o seu desenvolvimento, sejam extrínsecos ou intrínsecos aos pacientes, podemos destacar as forças de deslizamento, a fricção, a incontinência mista, a idade, o estado nutricional, as deficiências sensoriais, o tratamento com certos fármacos, etc.1.

As UP podem desenvolver-se em pouquíssimas horas e demorar meses a cicatrizar e apresentam uma morbi-mortalidade associada importante, diminuem a qualidade de vida de quem sofre delas e dos seus cuidadores e levam a um importante consumo para o sistema de saúde, tanto em recursos humanos como materiais, o que se traduz num indesejável impacto econômico.

Durante muito tempo considerou-se que as UP eram inevitáveis, por isso não se prestou a devida atenção, mas de acordo com o nível de conhecimento que temos atualmente, considera-se que são evitáveis numa grande percentagem de casos. Portanto, o melhor tratamento das UP é a sua prevenção. Para tal, são necessários recursos humanos, materiais e métodos. 2

No ano de 1962, Doreen Norton concebeu uma Escala para Avaliar o Risco de Desenvolver Úlcera por Pressão (EARDUP), concebida para a população geriátrica, tendo-se posteriormente estendido o seu uso a outros quadrantes de cuidados assistenciais. Apareceram novas escalas, como a de Braden e a de Waterlow, que foram concebidas para diferentes populações de risco e diferem-se uma da outra na ponderação e nos elementos causais que têm em conta, não existindo um critério uniforme a cerca da utilização de uma escala universal. EARDUP são instrumentos úteis, que quando usado sistematicamente pelo enfermeiro e/ou sua equipe, permite estratificar o risco e aplicar medidas preventivas, de acordo com as necessidades. 3

As escalas de avaliação de risco de UP devem ser primeiro ponto a incluir nos manuais de prática clinica ou protocolos de prevenção, seguidas de recomendações especificas para um tratamento efetivo da UP, mediante programas ativos de posicionamentos posturais, assim como a utilização de Superfícies Especiais para o Alivio da Pressão (SEAP), de acordo com as características de cada situação de risco.

Dentre os fatores intrínsecos que podem produzir uma UP, e se nos centrarmos na sua possível influência ou ação a nível cutâneo, podemos destacar aqueles que conferem resistência à pele, como: a resistência da pele contra a perda de água, a coesão social ao nível da epiderme, a renovação epidérmica e a resistência da pele aos problemas isquêmicos.

Por outro lado, uma pele em boas condições é uma pele muito mais resistente a agressões como a pressão e a fricção. Portanto na região glútea, onde apesar de existir uma importante massa muscular, as agressões produzidas à pele, pela incontinência urinária e fecal, a deterioram e produzem erosões que diminuem a resistência da mesma à pressão e à fricção, tornando-as mais vulneráveis às UP.

 

2. Desenvolvimento

 

Metodologia: Trata-se de uma revisão sistemática de literatura com abordagem qualitativa, onde foram utilizadas as bases de dados eletrônicas SciELO e PubMed, utilizando como limitação temporal o período de 1998-2007. Para a coleta de dados, nas referidas bases de dados, foram utilizadas as seguintes key-words/palavras-chave: “Scale Waterlow”/ “Escala Waterlow”; “Scale Braden”/ “Escala Braden”, “Prevention”/ “Prevenção”; “Pression Ulcer”/ “Úlcera por pressão”. Utilizou-se como critério de inclusão todos os estudos que fizessem uma abordagem sobre as escalas (Braden e Waterlow) de prevenção risco para desenvolvimento de Úlcera de Pressão.

Durante a pesquisa a primeira seleção foi feita a partir dos títulos dos artigos, se estes atendessem o critério de inclusão passavam para a segunda etapa da seleção. A segunda etapa da seleção foi feita a partir da leitura dos resumos dos artigos, para confirmar se esses seriam realmente incluídos no estudo.  Dos 77 textos identificados foram selecionados cinco (05) artigos na língua portuguesa e cinco (05) artigos na língua inglesa para análise devido às implicações para uma melhor prática.

 

Resultados e Discussão

Tabela 1 – Publicações localizadas segundo o tema: “Avaliação de risco para prevenção de úlceras por pressão baseadas nas escalas de braden e waterlow – prática de enfermagem baseada em evidências”, mencionadas nas bases de dados SciELO e PubMed. Niterói, 2007.

 

Autor(es), Data & País

Objetivo

da pesquisa

Tamanho

da Amostra

Tipo de Estudo & Instrumento

Principais Achados

Conclusões do(s) Autor(es)

 

Blanes L, 2004, Brasil.4

 

 

Caracterizar o perfil dos pacientes internados no Hospital São Paulo, portadores de UP.

 

78 pacientes

 

Estudo prospectivo, baseado na avaliação de todos os portadores de UP, internados no período de 1 a 31 de maio de 2002 neste hospital. Foi utilizado um questionário que contém dados demográficos, clínicos, classificação da UP e aplicação da Escala de Braden.

 

Dos 78 portadores de UP, 66,7% tinham idade acima de 61 anos, com média de idade igual a 64 anos. A média de tempo de internação foi de 33 dias. Foi observado que 68% da amostra desenvolveram a úlcera no hospital, sendo que 34 (43,7%) eram pré-úlceras. As causas mais freqüentes de hospitalização foram as neoplasias (29,5%) e as doenças neurológicas (29,5%). Na classificação das UP, todos os estágios foram encontrados na região sacral, sendo 19 (24,4%) pré-úlcera, 30 (38,5%) grau II, nove (11,5%) grau III e dez (12,8%) grau IV. De acordo com a Escala de Braden, metade dos pacientes internados possuía alto risco para formação de UP, enquanto 16 (20,5%) apresentaram risco moderado, 15 (19,3%) baixo risco e apenas 8 (10,2%) não eram de risco.

 

 

Observou-se uma amostra com risco elevado de desenvolver UP, sendo necessário adotar medidas adequadas para preveni-las, principalmente durante o período de hospitalização.

 

 

Sousa CA, Santos I, Silva, LD. 2006, Brasil.5

 

 

 

Questionar o risco de acometimento de úlcera de pressão (UP) no cliente, e a validade do cuidado de enfermagem aplicando a escala de Braden para verificar as evidências desse cuidado na incidência da UP.

 

 

41 pacientes

Estudo quantitativo, prospectivo e longitudinal. O instrumento de coleta de dados (ICD) baseou-se na Escala de Braden, fatores de risco intrínseco e extrínseco responsáveis no desenvolvimento da UP.

 

Encontrou-se 11 clientes com UP, numa incidência de 26,83%. A maioria (57,1%) de úlcera encontra-se no estágio I. Clientes com UP têm escores menores que os sem UP mostrando sensibilidade para predizer o risco de UP.

Concluiu-se que: a evidência dos cuidados de enfermagem foi demonstrada pela densidade de 47,12 % para os clientes sem UP; a incidência das UP foi menor que as encontradas em outras UTIs.

 

 

 

Giglio MM, Martins AP, Dyniewicz AM,

2007, Brasil.6

 

 

Analisar a predisposição para úlceras de pressão em  pacientes de Clínica Médica e Neurologia.

 

 

40 pacientes

 

Observação não participante, aplicou-se nos 40 pacientes

um Sistema de Classificação de Pacientes (SCP) e a seguir a Escala de Braden.

 

Os pacientes obtiveram grau de dependência alto e os idosos com maior predisposição e desenvolvimento de UP. Houve

correlação direta entre as condições de trabalho em enfermagem e as necessidades de cuidado.

 

A Escala de Braden contemplou os fatores que predispõem

os indivíduos hospitalizados ao desenvolvimento das UP, podendo ser utilizada a todos os pacientes acamados, pois sua aplicação é fácil e dinâmica.

 

 

Rocha ABL, Barros SMO, 2007, Brasil.7

 

Conhecer os índices de especificidade e sensibilidade da versão adaptada à língua portuguesa da escala de Waterlow

 

44 pacientes

 

Estudo prospectivo onde foi realizada a aplicação clínica da escala adaptada para avaliar pacientes, por 15 dias consecutivos, em unidades clínicas de um hospital universitário de porte extra.

 

 

 

Os pacientes que desenvolveram úlcera por pressão apresentaram escores maiores do que aqueles sem a lesão; 18,1±3,4 e 12,8±5,4 (p<0.001), respectivamente. Por intermédio da regressão logística, o método Stepwise demonstrou que os escores para tipo de pele e apetite foram significantes para predizer o desenvolvimento de úlcera por pressão. A análise da curva ROC mostrou que o escore 15 obteve os melhores índices de sensibilidade e especificidade, 87% e 76%, respectivamente.

 

 

Os resultados demonstraram que a escala de Waterlow adaptada à língua portuguesa foi um instrumento preciso e eficaz para predizer o desenvolvimento de úlceras por pressão na população do estudo.

 

Leblebici B,

2007, Turquia.8

 

Mensurar a incidência do desenvolvimento de UP em um hospital universitário na Turkia, e determinar se o escore da escala de risco de Waterlow prediz o desenvolvimento, estágio ou número de úlceras.

 

 

 

22.384

pacientes

 

Estudo prospectivo, onde foram avaliados pacientes que estavam internados em um hospital universitário.  A escala de Waterlow foi utilizada para avaliar o risco para úlcera.

 

360 dos 22.834 pacientes desenvolveram 1 ou mais UP, resultando na taxa de incidência de 1.6%. A maioria das úlceras (59.2%) ocorreram em pacientes hospitalizados na UTI (n = 213). Uma correlação positiva entre o escore da escala de Waterlow e o número de úlceras por paciente foi identificada. Nenhuma correlação foi encontrada entre a escala waterlow e o estágio da úlcera ou o desenvolvimento da úlcera.

 

Foram encontradas taxas de incidência para UP significantemente mais baixas do que as comumente reportadas na literatura, na qual os autores acreditam ser atribuível principalmente ao curto tempo de internação hospitalar é uma forte ênfase no cuidado preventivo de enfermagem. Enquanto altos escores de Waterlow se correlacionam positivamente com o desenvolvimento de múltiplas úlceras, isto não prediz o estágio da úlcera ou a presença de uma única úlcera.

 

 

Bezerra VLVA, 2005, Brasil.9

 

Propor um instrumento de fácil aplicação, que use outros critérios de diagnósticos que são importantes para a avaliação nutricional, e capazes de orientar o diagnóstico quanto ao tipo da desnutrição.

 

 

1.559 crianças

 

Estudo transversal. O instrumento escolhido foi o critério de Waterlow.

 

A comparação entre o critério de Gómez e o de Waterlow mostrou 51,3% de diagnósticos semelhantes e 48,7% de diagnósticos divergentes (kappa = 0,08) e, entre Gómez e o de Waterlow modificado,  foi 75,5% de diagnósticos semelhantes e 24,5% de divergência (kappa = 0,67).

 

O critério de Waterlow modificado mostrou mais sensibilidade que o critério original e ampliou o alcance do diagnóstico de desnutrição baseado em dados antropométricos.

 

 

Balzer K, 2007, Alemanha.10

 

Comparar a sensibilidade e especificidade das escalas de Norton, Waterlow e Braden ao identificar pacientes com risco para UP.

 

754 pacientes

 

A investigação foi parte de um estudo de prevalência em 3 hospitais de Berlin. Um questionário foi utilizado contendo as sub-escalas dos 3 calculadores de risco (Norton, Waterlow e Braden). No dia espe-cificado as enfermei-ras preenchiam o questionário usando dados obtidos a partir das tabelas dos paci-entes e visualização direta da pele dos pacientes.

 

 

34 dos 754 pacientes tiveram pelo menos 1 úlcera. Comparando as 3 ferramentas de avaliação, a escala de Waterlow demonstrou a mais alta sensibilidade (0.86) e  a escala de Norton  demonstrou a mais alta especificidade (0.75).

 

A comparação da sensibilidade e especificidade das escalas de avaliação de risco para UP é importante para identificar a melhor ferramenta de avaliação para o risco de desenvolver UP.

 

Weststrate JT, 1998, Holanda.11

 

Avaliar se a escala de risco de Waterlow tem significância prognóstica para o cuidado de pacientes críticos.

 

 

594 pacientes

 

Estudo retrospectivo. Cada paciente foi avaliado diariamente utilizando-se o escore de Waterlow > 25 na admissão, o risco de desenvolver um ponto de pressão na  região sacral. Métodos estatísticos foram utilizados para avaliar o valor preditivo do escore de risco.

 

 

Quando o paciente tinha um escore da escala de Waterlow >25 na admissão, o risco de desenvolver um ponto de pressão aumentou significantemente comparado com pacientes com um escore < 25. Após a admissão, os escores diários obtidos foram significantemente associados com o risco de desenvolver um ponto de pressão. Para cada ponto adicional este risco aumentou 23% (95% intervalo de confiança 17 a 18%).

 

 

A escala de waterlow prove a equipe médica e de enfermagem, em um estágio precoce, informações confiáveis sobre o risco dos pacientes desenvolverem UP.

 

 

Pancorbo-Hidalgo PL, 2006, Espanha.12

 

Determinar a efetividade do uso das escalas de avaliação de risco para prevenção da UP na prática clínica, o grau de validação do risco das escalas de avaliação e a efetividade das escalas de avaliação como indicadores de risco de desenvolver uma úlcera de pressão.

 

33 estudos foram incluídos na revisão, sendo 03 sobre efetividade clínica e 30 sobre validação da escala.

 

 

Revisão sistemática de literatura baseada na busca de 14 bancos de dados em 14 línguas, onde foram utilizadas as palavras-chave “úlcera de pressão” ou “úlcera de decúbito” e “avaliação de risco”. Pesquisa clínica ou estudos prospectivos de validação foram incluídos na revisão.

 

Não existe diminuição na incidência de UP que não fosse atribuída ao uso de uma escala de avaliação. O uso das escalas aumenta a intensidade e efetividade de intervenção de prevenção. A escala de Braden mostra uma validação ótima  e o melhor equilíbrio de sensibilidade/ especificidade  (57.1%/ 67.5%, respectivamente); seu escore e um bom preditor de risco de UP. A escala de Norton tem escores razoáveis para sensibilidade (46.8%), especificidade (61.8%) e risco preditivo. A escala de Waterlow oferece um alto escore de sensibilidade (82.4%), mas baixa especificidade (27.4%); com um bom risco preditivo.

 

 

Não existem evidências de que o uso das escalas de avaliação de risco diminuem a incidência de UP. A escala de Braden oferece o melhor equilíbrio entre sensibilidade e especificidade e o melhor risco estimado. Ambas escalas de Norton e Braden são mais acuradas do que o julgamento clínico de enfermagem em predizer o risco de UP.

 

Jalali R, Rezaie M, 2005, Irã13

 

 

Comparar a validade preditiva de 4 ferramentas de avaliação de risco para ulcera de pressão

 

230 pacientes

 

Estudo prospectivo onde pacientes livres de úlceras de pressão na admissão foram avaliados utilizando as escalas de Braden, Gosnell, Norton e Waterlow.

A escala de  Gosnell teve melhor validade preditiva ao identificar pacientes com risco para desenvolvimento de úlcera (68%). As outras escalas não identificaram o risco com maior acurácia, apesar de ter maior sensibilidade e especificidade.

 

 

Numerosas ferramentas de avaliação para risco de pressão foram desenvolvidas, mas evidências suficientes para utilizar uma ferramenta sobre a outra não existem. Neste estudo evidenciou-se que a escala de Gosnell é a mais apropriada para aplicação em pacientes com problemas ortopédicos e neurológicos. Ser capaz de predizer quais pacientes possuem risco para desenvolver UP podem consistir em prevenir complicações desnecessárias e sofrimento, como também reduzir custos .

 

 

Fonte: UFF – Especialização Enfermagem em Terapia Intensiva Adulto/Idoso

 

As úlceras de pressão são definidas como lesões cutâneas ou de partes moles, superficiais ou profundas, de etiologia isquêmica, secundária a um aumento de pressão externa e localizam-se, usualmente sobre uma proeminência óssea. 4

A literatura sustenta que a avaliação deve sempre estar acompanhada do julgamento clínico do enfermeiro. A Europa Pressure Ulcer Advisory Panel (EPUAP), órgão que se originou em Londres, em 1996, que periodicamente se reúne e apresenta diretrizes de prevenção e tratamento baseados em evidências, recomenda que um instrumento de avaliação de risco deve incluir: condição geral e avaliação da pele, mobilidade umidade, incontinência, nutrição e dor. 5

A escala de Braden foi desenvolvida como estratégia para diminuir a incidência de UP, podendo ser utilizada a todos os pacientes acamados, pois sua aplicação é fácil e dinâmica.1 6 É composta de seis subescalas: percepção sensorial, umidade, atividade, mobilidade, nutrição, fricção e cisalhamento. Esta escala utiliza mais a percepção sensorial do que a condição mental e mais a umidade do que a incontinência.Todas elas são pontuadas de 1 a 4, com exceção de fricção e cisalhamento, cuja medida varia de 1 a 3. Os escores totais têm variação de 6 a 23, correspondendo os mais altos a um bom funcionamento dos parâmetros avaliados e, portanto, a um baixo risco para a formação de UP. Já, os baixos escores indicam mau funcionamento dos parâmetros avaliados e alto risco para a ocorrência destas lesões. Escores equivalentes ou abaixo de 16 são genericamente identificados como críticos, ou seja, indicativos de risco para UP, no entanto a escala de Braden não pontua a impressão gerada  do profissional sobre a condição física do cliente1.

O conhecimento científico do enfermeiro é de grande importância no tratamento de UP, já que este tem demonstrado maior conhecimento e interesse em desenvolver estratégias para a prevenção e tratamento, para que desta forma possa exercer sua profissão com autonomia.

A Escala de Waterlow adaptada à língua portuguesa demonstrou ser um instrumento eficaz para predizer o desenvolvimento de UP. 7 8 Seu objetivo é criar consciência sobre os fatores causais e oferecer um método de avaliação de risco, estágio da lesão e prevenção ou tratamento ativo necessário. As avaliações do paciente contêm sete tópicos principais: relação peso/altura (IMC), avaliação visual da pele em áreas de risco, sexo/idade, continência, mobilidade, apetite, e medicações além de quatro itens que pontuam fatores de risco especiais, subnutrição do tecido celular, déficit neurológico, tempo de cirurgia acima de duas horas e trauma abaixo da medula lombar. Quanto mais alto escore, maior será o risco de desenvolver a lesão. Os pacientes são estratificados em três grupos conforme a pontuação: em rico (escore 10-14); alto risco (15-19) e altíssimo risco de desenvolvimento de UP escore(> 20). Se o paciente entrar em uma categoria de risco, então será possível acessar uma lista de sugestões e medidas preventivas. A analise de confiabilidade da escala demonstrou que o escore para tipo de pele e apetite foram os mais significantes para predizer o desenvolvimento de UP.

 A avaliação do tipo de pele apresenta extrema importância para a caracterização do risco de desenvolvimento de UP a pele não saudável, ou seja, muito fina, seca, com edema, úmida e pegajosa (em altas temperaturas) descoradas, quebradiça ou marcada. O item apetite aparece relacionado ao estado nutricional do paciente, ou seja, comparado à quantidade e o modo como o paciente se alimenta e seu estado nutricional, pacientes em estado nutricional abaixo do normal apresentam maior risco de UP assim, deve ser realizado um acompanhamento nutricional adequado. A alteração no padrão de alimentação e um importante diagnóstico para o desenvolvimento ou não da UP.7

A Organização Mundial da Saúde passou a recomendar, desde 1976, o critério descrito por Waterlow, que combina peso para a estatura e estatura para a idade. Trabalha, assim, com parâmetros que tornam possível identificar a gravidade e o tipo da desnutrição, uma vez que os déficits de peso e de estatura traduzem distintos processos de desnutrição que se originam e evoluem de formas diferentes.

A literatura demonstra que a idade elevada associada a um ou mais fatores de risco provoca um aumento significativo na probabilidade, quanto maior a idade do paciente maior será a pontuação. 9

O cuidado com a pele das regiões próximas as áreas de incontinência deveria ser padronizado como a medida preventiva, por exemplo, como o uso de cremes como barreiras de proteção destas áreas; já que a incontinência e um fator de risco potencial para o prejuízo da integridade da pele. A pressão direta e as forcas de cisalhamento e fricção, fatores estes presentes em pacientes com algum grau de imobilidade no leito ou em cadeira.6

 

A comparação da sensibilidade e especificidade das escalas de avaliação de risco para UP é importante para identificarmos a melhor ferramenta de avaliação para o risco de desenvolver UP. 10 11 O uso das escalas aumenta a intensidade e efetividade de intervenção  e de prevenção, pois é através da aplicação correta  destas que o enfermeiro será capaz de predizer quais pacientes possuem risco para desenvolver UP, e desta forma poderão prevenir complicações desnecessárias e sofrimento, como também reduzir custos. 12 13

Acredita-se que, a atuação do enfermeiro no reforço da linha de defesa do cliente crítico tendo como foco a prevenção da UP deve ser realizada através de uma prática reflexiva, que reúne cada pista, cada pressentimento, cada sinal e conta com uma base de conhecimentos técnicos – científicos.

 

3. Conclusões:

As escalas de prevenção de UP em especial as Escala de Waterlow e a Escala de Braden são importantes instrumentos no sentido de auxiliar a Sistematização da Assistência de Enfermagem de forma que consigamos através destes instrumentos, prevenir o aparecimento de UP. Desta forma minimizaremos: tempo de internação, custos e elevaremos a melhoria da qualidade da assistência de enfermagem.

A escala de Waterlow torna-se favorável a este estudo, pois se adapta a necessidade tanto de pacientes graves quanto de pacientes não graves e possui sensibilidade elevada sendo com maior freqüência descrita nas literaturas européias. Já a escala de Braden mostrou-se mais sensível e mais especifica e freqüentemente mais usada em estudos brasileiros. Em geral as escalas subsidiam o trabalho de enfermagem e servem como instrumento de avaliação na prevenção de UP.

A ênfase no cuidado preventivo de enfermagem é o principal instrumento para que não ocorra UP. O tratamento de úlcera de pressão é função do enfermeiro, que deverá buscar capacitação teórica para desenvolver os cuidados necessários. Atualmente estes cuidados tornaram-se uma especialidade, exigindo-se mais destes profissionais, pois a UP necessita de cuidados preventivos e curativos de forma contínua. No entanto, para que isso aconteça é preciso conhecimento atualizado para aplicação prática da prevenção e tratamento adequado, visando evitar o problema, pois a úlcera de pressão por vezes põe em perigo a vida do paciente.

Secundário aos cuidados de enfermagem, necessita-se de outros instrumentos que nos possibilite a detecção precoce de possíveis UP, pois infelizmente o tratamento das úlceras não depende exclusivamente do nosso cuidado e sim de fatores como estado nutricional, doença de base, condições da pele, medicações, condições ambientais, nível de mobilidade e etc.

A participação do enfermeiro no tratamento de úlcera por pressão é fundamental para que a participação do paciente seja efetiva. Outro aspecto importante é a conscientização do paciente sobre seu aspecto geral, portanto um autocuidado efetivo e a assistência prestada pelo profissional enfermeiro serão fatores determinantes para minimizar a ocorrência de UP, e/ou reduzir o tempo de cicatrização das mesmas.

 

4. Referências Bibliográficas

 

(1) Braden B, Bergstrom N. A conceptual schema for the study of the etiology of pressure sores. Rehab

Nurs 1987; 12(1): 8-16.

 

(2) Waterlow J. Pressure sore prevention manual. Newtons, Curland, Taunton; 1995.

 

(3) Norton D. Calculating the risk: reflections on the Norton scale Decubitus. 1989.

 

(4) Blanes L. Avaliação clínica e epidemiológica das úlceras por pressão em pacientes internados no Hospital São Paulo. Rev Assoc Med Bras 2004 abr-jan; 50 (2).

 

(5) Sousa CA, Santos I, Silva LD. Aplicando recomendações da Escala de Braden e prevenindo úlceras por pressão - evidências do cuidar em enfermagem. Rev Bras Enferm 2006 maio-jun; 59(3): 279-84.

 

(6) Giglio MM, Martins AP, Dyniewicz AM. Análise do grau de dependência e predisposição à úlcera de pressão em pacientes de hospital universitário. Cogitare Enferm 2007 jan-mar; 12(1): 62-8.

 

(7) Rocha ABL, Barros SMO. Avaliação de risco de úlcera por pressão: propriedades de medida da versão em português da escala de Waterlow. Acta paul enferm 2007 abr-jun; 20(2). 

 

(8) Leblebici B. Clinical and epidemiologic evaluation of pressure ulcers in patients at a university hospital in Turkey. J Wound Ostomy Continence Nurs 2007 Jul-Aug; 34(4): 407-11.

 

(9) Bezerra VLVA. Avaliação do estado nutricional de crianças de até 24 meses pelo critério de waterlow modificado. Brasília Med 2005; 42(3/4): 4-9.

 

(10) Balzer K. The Norton, Waterlow, Braden, and Care Dependency Scales: comparing their validity when identifying patients' pressure sore risk. Wound Ostomy Continence Nurs 2007 Jul-Aug; 34(4): 389-98.

 

(11) Weststrate JT. The clinical relevance of the Waterlow pressure sore risk scale in the ICU. Intensive Care Med 1998 Aug; 24(8): 815-20.

 

(12) Pancorbo-Hidalgo PL. Risk assessment scales for pressure ulcer prevention: a systematic review. J Adv Nurs 2006 Apr; 54(1): 94-110.

 

 

(13) Jalali R, Rezaie M. Predicting pressure ulcer risk: comparing the predictive validity of 4 scales. Adv Skin Wound Care 2005 Mar;18(2): 92-7.

 

(14) Pazos, AL, Dopico L. Qualidade de vida e as intervenções de enfermagem no portador de lesão crônica de pele. Online Braz J Nurs [online] 2006 abr; 5(2). Availible at: http://www.uff.br/nepae/objnursing.htm. Acesso em: 17 out 2007





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