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The client with Deep Vein Thrombosis in the Cardiac ICU- evidenced based nursing practice 

O cliente com Trombose Venosa Profunda e a assistência relacionada - prática de enfermagem baseada em evidência

 

Maria Neusiene Roseno Pires. Enfermeira. Aluna do Curso de Especialização em Enfermagem em UTI Cardiológica. Universidade Federal Fluminense (UFF). marianeusiere@oi.com.br      

Isabel Cruz. Doutora em Enfermagem. Titular da UFF. isabelcruz@uol.com.br

 

Abstract: Deep vein Thrombosis (DVT) is a potentially serious illness caused by formation of blood clots in the interior of deep veins. The most common symptoms of DVT occur generally in one of the legs, and it is characterized by recent beginning of the following clinical signals: pain, edema and redness in the affected area (leg or thigh). This article has for goal to discuss the nursing assistance to the client who possess Deep vein Thrombosis and the complications in the daily life of this client. An analysis of last the 5 years articles that were related to the considered subject was carried through. The TVP is a complication, that requires intense attention of the nurse in intensive care therapy, being this and the pulmonary embolism, quiet pathologies. We conclude that the prevention of the TVP is a simpler and better action for the client, through some practical measures that they can be applied in Intensive Care Unit day-by-day.

Key-words: venous thrombosis, nursing, intensive care units.

 

Resumo: Trombose venosa profunda (TVP) é uma doença potencialmente grave causada pela formação de coágulos no interior das veias profundas. Os sintomas mais comuns da TVP ocorrem geralmente em uma das pernas, mais comumente nas panturrilhas, caracterizando-se freqüentemente pelo início recente dos seguintes sinais clínicos: dor, edema e rubor na área afetada (perna ou coxa). Este artigo tem como propósito discutir a assistência de enfermagem ao cliente que possui a Trombose Venosa Profunda e as complicações no cotidiano desse cliente. Foi realizada uma análise de artigos dos últimos 5 anos que se relacionavam ao tema proposto. A TVP é uma complicação, que requer intensa atenção do enfermeiro de terapia intensiva, sendo esta e a embolia pulmonar, patologias silenciosas. Concluímos que a prevenção da TVP é uma ação mais simples e melhor para o cliente, através de algumas medidas práticas que podem ser aplicadas no dia-a-dia da Unidade de Terapia Intensiva.

Palavras-chave: trombose venosa, enfermagem, unidades de terapia intensiva. 

 

Introdução:

 

Trombose venosa profunda (TVP) é a formação de um coágulo sanguíneo em uma veia profunda. Geralmente afeta as veias da perna, como a veia femoral e a veia poplítea ou veias profundas da pelve. O sintoma clássico inclui dor, suores, vermelhidão das pernas e dilatação das veias superficiais. Na maioria das vezes, a TVP é assintomática e sua primeira manifestação clínica pode ser o tromboembolismo pulmonar (TEP), por vezes fatal. Resulta de processo de hipercoagulação sistêmica, em associação com uma estase venosa local, decorrente quase sempre de redução da atividade física do cliente.

A tromboflebite superficial raramente provoca sérias complicações; as veias atingidas podem, na maioria das vezes, ser retiradas com procedimento cirúrgico, eliminando as chances de complicar. No entanto, se a trombose ocorre em veia profunda, o risco de complicações é grande, como a embolia pulmonar.

Este artigo tem  o objetivo de discutir a assistência de enfermagem ao cliente que possui a Trombose Venosa Profunda e as complicações no cotidiano desse cliente, com a análise crítica dos artigos publicados de enfermagem nacional e internacional dos últimos cinco anos . 

Desenvolvimento 

Metodologia: Através de uma pesquisa bibliográfica computadorizada e manual, no período de setembro a novembro, através das palavras-chave/key-words (trombose venosa, enfermagem, unidades de terapia intensiva / venous thrombosis, nursing, intensive care units), nas seguintes bases de dados (Scielo, CAPES e BDENF), foram localizados 25 artigos, dos quais, após pré-seleção, foram definidos 10 para análise, por causa de suas implicações para uma melhor prática de enfermagem em UTI Cardiológica, especialmente, ao cliente com Trombose Venosa Profunda.  

Resultados e Discussão 

            Nos resultados há a amostra dos artigos selecionados e suas principais evidências para o cuidado com o cliente com trombose venosa profunda.

Tabela 1 - Publicações localizadas, segundo o  cliente com TVP localizadas nas bases Scielo e Bdenf. Niterói, 2007.

 

Autor(es), data e país

Objetivo da Pesquisa

Tamanho da amostra

Tipo de estudo e instrumentos

Principais achados

Conclusão do autor(es)

Sales FM, Santos I.

2007

Brasil

Descrever o perfil de pessoas internadas em unidade clínica e identificar sua dependência de cuidados de enfermagem na admissão hospitalar.

150 clientes

Pesquisa

descritiva mediante exame clínico e análise documental em prontuários.

A avaliação

da dependência dos cuidados de enfermagem revelou pessoas estáveis clinicamente, mas com parcial dependência para o atendimento de suas necessidades humanas.

A ocupação dos leitos por idosos sinaliza necessidade de as políticas de saúde pública favorecerem a manutenção da saúde deles visando o envelhecimento saudável e evitando a busca pela atenção terciária.

Petersen C.

2004

EUA.

 

Revisar algumas questões mais discutidas no que se refere a Trombose Venosa Profunda.

13 referências

Revisão bibliográfica

As questões principais discutiam a respeito dos fatores de risco da doença.

Nota-se uma preocupação constante em prevenir a doença, por esta apresentar complicações sérias.

Anderson FA, Audet AM.

2007

EUA

Apresentar um guia para a prevenção da TVP.

40 referências

Revisão bibliográfica

Alguns protocolos para a prevenção da Tombose foram criados e mostram-se bastante funcionais..

A prevenção do tromboembolismo, uma associação da trombose com a embolia pulmonar, é mais efetiva que o tratamento de clientes.

Silva YB, Pimenta CAM.

2003

Brasil

Analisar os

registros de enfermagem

sobre dor e analgesia em

doentes internados em um hospital oncológico, de

outubro a novembro de 1999, e os comparou ao relato dos

doentes.

38 clientes

Estudo transversal do tipo descritivo-exploratório.

O registro de enfermagem

sobre a presença ou ausência de dor, ocorreu em 94,8% dos prontuários analisados. Ocorreu em 50% dos casos

no período da manhã, em 79% à tarde e em 89% à

noite. A caracterização da dor restringiu-se à descrição do

local (71,1%) e da

intensidade (44,7%).

Acredita-se que a adoção de um padrão de avaliação diária do doente, especificamente

sobre dor, possa contribuir para o aperfeiçoamento

da assistência de enfermagem.

Day MW.

2003

EUA

 

Revisar a fisiopatologia, fatores de risco e causas da TVP, além do papel do enfermeiro na assistência e na educação do cliente.

 

8 referências

Revisão bibliográfica

É importante que o enfermeiro possua conhecimento dos medicamentos envolvidos e suas ações, além da utilização de anticoagulantes, que podem causar sangramentos.

A realização de exame físico e histórico auxilia o enfermeiro a detector evidências clínicas sutis de TVP antes que o cliente desenvolva uma embolia pulmonar ou outra complicação perigosa.

 

Turris AS, Smith S.

2005

Canadá

Prover estudos mais recentes sobre os novos usos da aspirina.

17 referências

Revisão bibliográfica

A quantidade exata de dosagem ainda é amplamente discutida.

Apesar de ser uma medicação utilizada há várias décadas, a aspirina ainda demonstra algumas novas informações a respeito de seu uso.

Fort CW.

2002

EUA.

Discutir a respeito da utilização de compressas em membros inferiores na prevenção de TVP.

7 referências

Revisão bibliográfica

À cliente que está muito tempo acamado deve ser prescrito compressões nos membros a fim de melhorar a circulação e logo, prevenir a TVP.

A terapia deve ser realizada de forma adequada para apresentar os resultados pretendidos.

Morais M, Cruz ICF.

2002

Brasil

Apontar os cuidados profiláticos e terapêuticos mais importantes frente a TVP e suas complicações como o TEP.

 

18 referências

Revisão bibliográfica

Com início silencioso e complicações fatais, o estudo proporcionou o conhecimento da importância da atenção de enfermagem em todos os estágios da TVP, desde a profilaxia até a terapia anticoagulante.

Tanto a produção brasileira, como a internacional convergem para relevância da atenção de enfermagem na promoção da saúde destes clientes, apontando cuidados profiláticos, para a TVP ou suas complicações e de sua terapêutica.

 

Bruni DS et al.

2004

Brasil

 

Relatar detalhadamente as principais complicações clínicas resultantes desse tipo de lesão, e apresentar as intervenções assistenciais de enfermagem que possam auxiliar na promoção do bem estar e na melhoria da qualidade de vida dos clientes, seja em caráter de acometimento já instalado ou profilático.

 

14 referências

Revisão bibliográfica

Os cuidados de enfermagem ao cliente com TVP devem ser formulados considerando-se a ausência do reflexo motor e a imobilidade que o cliente tetraplégico ou paraplégico apresenta, ou seja, posicionamento adequado no leito, com ligeira elevação, bem como movimentação passiva.

 

O maior desafio é a prevenção das complicações ou de incapacidades secundárias que, se contornadas, melhoram gradativamente o potencial funcional dos clientes.

Lourenci R, Andrade M.

2006

Brasil

Buscar referências acerca da existência de parâmetros para a sistematização dos cuidados de enfermagem aos clientes submetidos ao cateterismo cardíaco.

10 referências

Revisão bibliográfica

O profissional deve ser especializado para que possa realizar as intervenções de enfermagem de forma eficaz.

A enfermagem, nos níveis nacional e internacional, possui deficiência em relação ao conteúdo e qualidade da produção científica, estando em situação deficiente.

 

Fonte: UFF – Especialização Enfermagem em UTI Cardiológica. 

 

A trombose venosa profunda (TVP) é o desenvolvimento de um trombo dentro de um vaso sangüíneo venoso com conseqüente reação inflamatória do vaso, podendo, esse trombo, determinar obstrução venosa total ou parcial1.

A TVP é relativamente comum e é responsável por seqüelas de insuficiência venosa crônica: dor nas pernas, edema e úlceras de estase. Além disso, a TVP é também responsável por outra doença mais grave: a embolia pulmonar. O coágulo da veia profunda se desloca, podendo migrar e ir até o pulmão, onde pode ocluir uma artéria e colocá-lo em risco de vida.

O desenvolvimento da TVP é complexo, podendo estar relacionado a um ou mais dos três fatores abaixo:

Estase venosa: situações em que há diminuição da velocidade da circulação do sangue. Por exemplo: pessoas acamadas, cirurgias prolongadas, posição sentada por muito tempo (viagens longas em espaços reduzidos - avião, ônibus).

Lesão do vaso: o vaso sangüíneo normal possui paredes internas lisas por onde o sangue passa sem coagular. Lesões, rupturas na parede interna do vaso propiciam a formação de trombos, como, por exemplo, em traumas, infecções, medicações endovenosas.

Hipercoagulabilidade: situações em que o sangue fica mais suscetível à formação de coágulos espontâneos, como por exemplo, tumores, gravidez, uso de anticoncepcionais, diabetes, doenças do sangue.

Embora possa acometer vasos de qualquer segmento do organismo, a TVP acomete principalmente as extremidades inferiores. Algumas pessoas estão sob maior risco de desenvolver TVP quais sejam: história de TVP anterior ou embolia pulmonar, varizes, paralisia, anestesias gerais prolongadas, cirurgias ortopédicas, fraturas, obesidade, quimioterapia, imobilização prolongada, uso de anticoncepcionais, gravidez, queimaduras, entre outros. A imobilidade é fator principal na estase venosa, e clientes ficam imóveis durante procedimentos cirúrgicos2. Os sintomas da TVP variam muito, desde clinicamente até sinais e sintomas clássicos como aumento da temperatura local, edema e dor. Clientes com TVP podem apresentar sintomas como sensibilidade local ou drenagem deficiente de sangue em local distal à obstrução3. A dor, quando não tratada adequadamente, afeta a qualidade de vida dos doentes e de seus cuidadores em todas as dimensões: física, psicológica, social e espiritual4. É importante que o enfermeiro fique atento a qualquer desses sinais e aos fatores de risco, para poder intervir antecipadamente. Se o trombo não ocluir completamente a veia e o cliente possua uma circulação colateral adequada, ele pode se apresentar assintomático: Mais de 50% das TVP não produzem sintomas incialmente5.  

No tratamento da TVP visa-se prevenir a ocorrência de embolia pulmonar fatal, evitar a recorrência, minimizar o risco de complicações e seqüelas crônicas. Utilizam-se medicações anticoagulantes em doses altas e injetáveis. A heparina é a droga anticoagulante de escolha na profilaxia e tratamento da TVP.  Trata-se de uma droga anticoagulante e não trombolítica. Desta forma diminuirá o risco de formação do trombo, enquanto mediante a TVP já instalada ela inibirá a ampliação do trombo até que o próprio organismo o absorva. No que se refere a esse medicamento, o enfermeiro deve estar atento à efeitos colaterais e alergias. A aspirina afetar a produção de prostaglandinas vasodilatadoras renais, as quais irão contribuir para o agravamento da hipertensão6.  Portanto, qualquer alteração nos sinais vitais indicará uma indisponibilidade do organismo do cliente à aspirina.

Em relação à assistência de enfermagem ao cliente com TVP, pode-se destacar: 

·         Manter o cliente em repouso no leito com a extremidade afetada elevada;

·         Colocar meias elásticas;

·         Administrar medicamentos;

·         Aplicar compressas aquecidas e úmidas;

·         Observar sangramentos devido o uso de anticoagulantes.

 

A compressão em membros inferiores auxilia na prevenção de complicações vasculares em clientes acamados e, quando realizada de forma intermitente, empurra o sangue de vasos de menor calibre para vasos de maior calibre, até a veias femurais. A aceleração da circulação sanguínea diminui a estase venosa e a congestão e promove fibrinólise. A compressão diminui a distensão venosa, o que diminui o risco de lesão endotelial7.

A enfermeira deverá está alerta aos cuidados profiláticos mecânicos, cirúrgicos ou farmacológicos descritos na literatura: Compressão graduada através de uso de meias elásticas sendo estas de tamanho e compressão adequada a cada cliente; Uso de Manguitos de compressão intermitente; Mudança de decúbito a cada duas horas; Educação para fatores de risco para TVP e TEP; Elevação dos membros; Inspeção diária durante exame físico do cliente com atenção a temperatura, presença de dor, circunferências (panturrilhas, coxas, membros superiores)8. A TVP também foi referenciada em clientes com lesão medular. Os cuidados de enfermagem ao cliente com TVP devem ser formulados considerando-se a ausência do reflexo motor e a imobilidade que o cliente tetraplégico ou paraplégico apresenta, ou seja, posicionamento adequado no leito, com ligeira elevação, bem como movimentação passiva9.

Além disso, é importante que o enfermeiro disponha informações sobre o que está ocorrendo, já que o cliente pode não estar entendendo o que ocorre em seu corpo. O papel do enfermeiro na humanização do cuidado é de suma importância e as intervenções de enfermagem, podem ser muito mais eficazes se incluírem ações para redução da ansiedade dos clientes e de todos que estão à volta do mesmo, seus familiares e acompanhantes10. 

Conclusão:

Ficou ressaltado neste estudo a importância do conhecimento da equipe de enfermagem sobre tal comprometimento de saúde e as possíveis complicações que dela decorrem, no que tange a administração medicamentosa e os cuidados inerentes a estes clientes.

A TVP é uma complicação, que requer intensa atenção do enfermeiro de terapia intensiva, sendo esta e a embolia pulmonar, patologias silenciosas. O enfermeiro terá maior preocupação com as mínimas alterações que poderão ser indicativas destas complicações.  Estando atento aos cuidados profiláticos e principalmente na detecção precoce, da doença. A aspirina vem sendo utilizada ultimamente em alguns serviços, e embora amplamente utilizada, apresenta risco para sangramento e alergias, que não devem ser ignorados pelo enfermeiro.

Neste estudo podem-se identificar os fatores de risco associados e as intervenções de enfermagem referentes ao tratamento e prevenção. Concluímos que a prevenção da TVP é uma ação mais simples e melhor para o cliente, através de algumas medidas práticas que podem ser aplicadas no dia-a-dia da Unidade de Terapia Intensiva.

 

Referências Bibliográficas

1 – Sales FM, Santos I. Perfil de idosos hospitalizados e nível de dependência de cuidados de enfermagem: indicação de necessidades. Texto &  Contexto Enferm 2007 jul-set; 16(3): 495-502.

2 - Petersen C. Deep vein thrombosis; neutral zone; circulating and recovering; environmental controls; wound classifications; sterile field. AORN J 2004; 15 (2): 44-9.

3 - Anderson FA, Audet AM. AORH guideline for prevention of venous stasis. AORN J 2007; 17 (3): 62-7.  

4 - Silva YB, Pimenta CAM. Análise dos registros de enfermagem sobre dor e analgesia em doentes hospitalizados. Rev Esc Enferm USP 2003; 37(2):109-18.

5 - Day MW. Recognizing and management: DVT-deep vein thrombosis. Nursing 2003; 22 (2): 46.

6 - Turris AS, Smith S. What every emergency nurse needs to know about aspirin. Accid Emerg Nurs 2005; 13 (3):105-9.

7 - Fort CW. Get pumped to prevent DVT. Nursing 2002; 21 (1): 16.

8- Morais M, Cruz ICF.  Promotion of health in intensive care: Nursing intervention to client with DVT. Online Braz J Nurs (OBJN-ISSN 1676-4285) [online] 2003 Month; 2(2). Available at: www.uff.br/nepae/objn202moraiscruz.htm

9 - Bruni DS. Aspectos fisiopatológicos e assistenciais de enfermagem na reabilitação da pessoa com lesão medular. Rev Escola Enferm USP 2004; 38:71-9.

10 - Lourenci, R. Nursing Procedures for the Patient Submitted to Cardiac Catheterism- Scientific Production Analysis. Online Braz J Nurs (OBJN-ISSN 1676-4285) [online] 2006; 5(3). Available at: www.uff.br/nepae/objnursing.htm

 

 

 

 





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