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Segurança do paciente no contexto do ensino clínicoProfa. Dra. Isabel Cruz |
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Breve descrição do contexto: O ensino clínico compreende uma relação de três protagonistas: enfermeira-docente, aluno-técnico e paciente que, além do propósito de aprendizagem para o aluno-técnico, inclui também o propósito terapêutico para o paciente. Descrição do problema: O erro é parte integrante de qualquer processo de ensino-aprendizado. Todavia, no ambiente clínico, o erro é um evento adverso que deve ser evitado por meio da adesão aos protocolos relativos à segurança do paciente. Assim, a não observação dos aspectos sobre a segurança do paciente na realização do planejamento, da execução e da avaliação do ensino clínico pode resultar em dano para o paciente, gerando responsabilidade ética e legal sobre o dano para a enfermeira-docente. Medidas chaves para a mudança (ou melhoria): A Organização Mundial de Saúde (OMS) define segurança do paciente como a ausência de dano potencial ou desnecessário para o paciente associado aos cuidados em saúde. Neste sentido, também o ensino-aprendizado prático sobre os cuidados em saúde tem o risco intrínseco de causar dano para o paciente. Resumidamente, as soluções para a segurança do paciente são[1]: 1. Gerenciar medicamentos com aparência ou com nomes parecidos. 2. Identificar o paciente 3. Promover comunicação adequada durante a transferência de responsabilidade do paciente 4. Realizar o procedimento correto na parte correta do corpo 5. Controlar as soluções eletrolíticas concentradas 6. Garantir a adequação da medicação em todo o processo de cuidado 7. Evitar conexão errada de cateter e de tubo endotraqueal 8. Usar uma única vez dispositivo para injeção 9. Melhorar a higiene das mãos para prevenir infecções associadas ao cuidado de saúde 10. Prevenir queda do paciente 11. Prevenir úlcera de pressão 12. Responder à deterioração do quadro do paciente 13. Comunicar resultados críticos de exames 14. Prevenir infecção da corrente sanguínea associada a cateterismo central Uma vez que a natureza do erro pode estar associada ou a falhas na execução por deslizes e lapsos ou a falhas no planejamento (enganos)[2], a enfermeira-docente deve, antes de tudo, verificar quais iniciativas e protocolos sobre segurança do paciente são praticadas na instituição de saúde[3] onde o ensino clínico acontecerá e incorporar estas estratégias institucionais no processo de ensino-aprendizado. No contexto do ensino clínico, deve-se antecipar que o aluno-técnico tem o potencial de originar erro devido à falta de habilidade (deslize ou lapso) e ao insipiente conhecimento da regra ou do fenômeno. Isto posto, faz-se necessário buscar recursos e estratégias didáticas para o ensino clínico seguro para o paciente e efetivo para o aluno-técnico, assim como formas educativas de abordar o erro cometido pelo aluno-técnico. Estratégias para mudanças: Dentre os recursos e estratégias didáticas para o ensino clínico seguro, destaco o valor do treinamento clínico teórico-prático em laboratório[4] e com a utilização de mídias interativas, tal como a simulação. Quanto ao erro clínico cometido pelo aluno técnico, ele deverá ser abordado tanto quanto ao sujeito, tanto quanto ao sistema ou instituição(2). Próximos passos: No sentido de evitar o dano ao paciente e propiciar um efetivo processo de ensino-aprendizagem clínica, considero que os conteúdos das disciplinas e aulas temáticas nos cursos técnicos de enfermagem devem ser revistos à luz das soluções propostas para a segurança do paciente. Além disso, a licenciatura em enfermagem, no que se refere às disciplinas de prática de ensino, deve também incluir urgente e formalmente a dimensão da segurança do paciente no contexto do ensino clínico em suas principais etapas: planejamento, execução, treinamento, supervisão e avaliação. Cursos técnicos e licenciatura precisam explicitar suas políticas e protocolos tanto de prevenção do erro clínico cometido pelo aluno quanto de sua abordagem. O paciente é também protagonista no contexto do ensino clínico. O aprendizado da competência terapêutica deve acontecer com ele. Não “apesar” dele. Referências bibliográficas [1] OPAS/OMS – Aliança Mundial para a Segurança do Paciente. Disponível em http://new.paho.org/bra/index.php?option=com_content&task=view&id=931&Itemid=259 [2] Nascimento, Nadia Bomfim do; Travassos, Cláudia Maria de Rezende. O erro médico e a violação às normas e prescrições em saúde: uma discussão teórica na área de segurança do paciente. Physis, Rio de Janeiro,20 (2), 2010 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-73312010000200016&lng=en&nrm=iso>. access on 07 Jan. 2011. doi: 10.1590/S0103-73312010000200016. [3] Ministério da Saúde. Proqualis – Segurança do Paciente. Disponível em http://proqualis.net/seguranca/ [4] Cruz I. Demonstration and nursing clinical teaching - Systematic Literature Review Online Brazilian Journal of Nursing [serial on the Internet]. 2010 May 6; [Cited 2011 January 2]; 9(1):[about ## p.]. Available from: http://www.objnursing.uff.br/index.php/nursing/article/view/2837 |
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BNN - ISSN 1676-4893
Boletim do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre as Atividades de Enfermagem (NEPAE)e do Núcleo de Estudos sobre Saúde e Etnia Negra (NESEN).