RELATO
DE EXPERIÊNCIA SOBRE A CONSTRUÇÃO DE UM OBJETO DE APRENDIZAGEM
Isis da Silva Galindo, licencianda em enfermagem.
Isabel
Cruz. Professora titular/UFF
Introdução
As
formas convencionais de ensino estão cada vez mais ultrapassadas, levando a
dispersão na aula, a não assimilação do conhecimento transmitido e o pior, o
abandono dos estudos. De acordo com Capovilla 2006¹, comparando o currículo
escolar brasileiro com os outros países, nota-se uma disparidade extraordinária.
A falta de investimento na
educação em nosso país nos leva a crer que a importância dada a essa parte
da criação do indivíduo é mínima, não dando escolha ao professor que
ensina como ele aprendeu. Um exemplo do baixo investimento na educação é a
colocação que o Brasil ocupa no programa Internacional De Avaliação De
Desempenho, afirma Callegari & Ramos 2009².
As
novas técnicas empregadas com o objetivo de melhorar o aprendizado chegam a uma
minoria dos estudantes. Ou seja, a didática empregada nos tempos dos avós,
ainda se emprega hoje, e só alguns têm o privilégio de receber uma educação
atualizada, diferenciada e de qualidade.
Não só na licenciatura, mas também no tratamento ao paciente os acadêmicos
da área da saúde são ensinados a ouvir e perceber as necessidades, os déficits,
e assim dentro das possibilidades da sua área tentar saná-los. Mas é possível
perceber na prática uma dificuldade de ouvir por parte dos profissionais, e
dificuldade de transmitir simples conhecimentos que são inerentes a sua formação.
A receber o título de enfermeiros automaticamente o profissional se
torna professor daqueles aos quais é responsável, seja o técnico, que pode
apresentar uma deficiência em seu aprendizado, seja o paciente que precisa
entender como vai aplicar o auto cuidado.
A enfermagem que agrega em seu curso a licenciatura ou não, tenta
preparar o enfermeiro para transmitir o conhecimento de forma adequada ao aluno,
e ao paciente, mas essas formas de transmissão estão defasadas, sendo necessária
a atualização do curso com o objetivo de melhorar a nossa forma de ver as
necessidades do paciente e/ou aluno, e oferecer um ensino, orientação, plano
de alta e etc. de forma individualizada.
A
educação em saúde direcionada, aumenta a conscientização da doença e assim
aumenta o numero de diagnósticos e efetividade no tratamento.³
Há
um grande aumento no numero de óbitos ocorridos por doenças crônicas³, e
assim se faz necessário um investimento maior na educação em saúde como
parte do tratamento do indivíduo.
Objetivo: O objetivo deste
trabalho é relatar a minha experiência na produção de um objeto de ensino
aprendizagem.
Metodologia:
Este estudo consiste
em um relato da experiência da Acadêmica de Enfermagem, na realização de um
objeto de aprendizagem, como tarefa requisito de aprovação da disciplina
Pesquisa e Prática de Ensino III, do Curso de Graduação da Universidade
Federal Fluminense.
Sendo o objetivo da disciplina é nos capacitar para atuar na formação
do profissional de nível médio (e/ou paciente/família).
(...) desenvolvendo atividades didáticas que estimulem a interação, a
participação e a criatividade do binômio educador/ educado. Foi-nos proposto
a confecção de uma vídeo aula, direcionada ao paciente hipertenso, com o tema
de nossa escolha.
O tema:
O tema escolhido por mim foi “a caminhada”, por ser uma atividade fácil de
praticar, que influencia muito na mudança de estilo de vida, e que faria grande
diferença na redução pressórica do paciente. Escolhi esse tema baseada nas
minhas experiências e de meus familiares, de resistência à prática de exercícios,
então pensei em um tema que se aplicasse a várias situações e que a grande
dificuldade fosse começar.
A vídeo aula: O convívio com
os avanços tecnológicos são diários, sendo a internet uma ferramenta
fundamental de envio de informações em tempo real, ferramenta de busca, e de
aprendizado. Pode-se aprender matemática, ginástica e até tocar instrumentos
na internet, sendo assim porque não ensinar saúde através de uma vídeo aula.
A forma antiquada era dizer ao paciente obeso, hipertenso e diabético que ele
deveria fazer exercícios, ter uma dieta saudável e tomar seus remédios. Mas
na vídeo aula pode-se fazer isso de uma forma atraente, divertida e fácil. E
poupa tempo, o vídeo pode ser transmitido a todos e em ocasiões diferentes.
Dificuldades:
As principais dificuldades foram encontrar as palavras certas para dizer. Eu
tive que me pôr no lugar daquele paciente hipertenso e sedentário, e me
perguntar “o que eu gostaria de ouvir para ter uma mudança de atitude”?
“Como eu quero ouvir essas coisas”? “O que eu preciso fazer para começar?”
E assim consegui fazer o meu roteiro, trabalhando nessas perguntas.
O
aprendizado:
Eu aprendi que não precisa ter uma sala de aula lotada, falar durante horas
conteúdos complexos, que algo vai ser apreendido. Eu aprendi que ensinar é
mais do que falar, é usar técnicas que tornem o que se está ensinado mais
atraente. Ensinar é demonstrar, é fazer junto, e avaliar, não através de
provas, mas, relacionado com meus objetivos.
Conclusão:
Para
mim, construir esse objeto de aprendizagem, foi uma experiência única, por
fugir totalmente aos métodos ortodoxos da nossa educação em saúde. Realizar
esse objeto, ou seja a vídeo aula, mudou a minha visão de ensinar e aprender,
gostaria de aplicar tal aprendizado para os pacientes, amigos, alunos etc. Foi
de grande importância na minha formação como enfermeira e/ou professora.
Referências:
1.
Fernando
C. Capovilla, Alfabetização no Brasil - Uma metodologia ultrapassada
2006, disponível em: http://www.redepsi.com.br/portal/modules/smartsection/item.php?itemid=87
2.
César
Callegari e Mozart Neves Ramos,- Quanto
custa a boa educação? 2009.
Disponível em: http://www.andifes.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2476:quanto-custa-a-boa-educacao-artigo-de-cesar-callegari-e-mozart-neves-ramos&catid=50&Itemid=100017
3.
Heloisa
de Carvalho Torres & Márcia Regina Pereira Monteiro. - Educação
em saúde sobre doenças crônicas não-transmissíveis no Programa Saúde da
Família em Belo Horizonte/MG. Revista Mineira de Enfermagem, 10 (4): 402
– 406, out/dez/2006.
4.
Brasil,
Ministério da Saúde. Grupo Hospitalar Conceição. Protocolo
de Hipertensão Arterial Sistêmica para a Atenção Primária em Saúde. Porto
Alegre : Hospital Nossa Senhora da Conceição, 2009.
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BNN - ISSN 1676-4893
Boletim do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre as Atividades de Enfermagem (NEPAE)e do Núcleo de Estudos sobre Saúde e Etnia Negra (NESEN).