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Relato de experiência sobre a elaboração de vídeo aula como estratégia de ensino para pacientes hipertensos.

 Rey, Deborah Rey. Licencianda do curso de graduação e licenciatura em Enfermagem da Universidade Federal Fluminense.

Isabel Cruz. Professora titular/UFF

Resumo: Introdução: Para adquirir resultados positivos no tratamento e manutenção da hipertensão o usuário dos serviços de saúde deve realizar uma série de mudanças no seu estilo de vida. Para que essas mudanças sejam alcançadas o enfermeiro deve dedicar-se a repassar uma série de orientações através da criação de um vínculo com o paciente. A vídeo aula tem o facilitador de utilizar um vocabulário coloquial que aproxima o paciente do conteúdo e não precisar do deslocamento do paciente até o local onde receberá informações, e vai além: pode ser acessada a qualquer momento pelo usuário interessado. O vídeo pode ser usado como ferramenta de ensino, pois permite ao espectador visualizar situações que podem fazê-lo entender melhor diversos conteúdos. Metodologia: Trata-se de um relato de experiência sobre a construção de vídeo aula para pacientes hipertensos através do programa audiovisual Windows Movie Maker®. Resultados: A elaboração dessa vídeo aula permitiu que eu expandisse meu olhar sobre a diversidade de recursos para realizar educação em saúde, bem como conhecer novas técnicas e estratégias de educação em saúde.

Palavras chaves: Hipertensão; Enfermagem; educação  

Introdução:

O Ministério da Saúde¹ diz que a hipertensão arterial é uma doença que acomete diversos órgãos como olhos, coração e rins e que ocorre quando a medida da pressão se mantém frequentemente acima de 140 por 90 mmHg. Geralmente 90% dos casos são hereditários.

Conforme afirma Toledo, Rodrigues e Chiesa² a característica crônica e silenciosa da hipertensão dificulta a identificação dos indivíduos com Hipertensão Arterial sistêmica. Tornando-a perversa por sua invisibilidade, e acaba comprometendo a qualidade de vida. Pode trazer como consequências, internações e procedimentos técnicos de alta complexidade, levando a faltas no trabalho, óbitos, aposentadorias precoces e comprometendo a qualidade de vida de várias classes sociais.

Para Brunner e Suddarth3, há vários fatores de risco que influenciam no nível de Pressão arterial, tais quais: tabagismo, dislipidemia, Diabetes Melito, obesidade, inatividade física, idade (maior que 55 anos para homens, 65 anos para as mulheres), histórico familiar de doença cardiovascular (em parente feminino com menos de 65 anos ou parente masculino com menos de 55 anos).

De acordo com Orquiza4, o diagnóstico da hipertensão arterial é estabelecido pelo encontro de níveis tensionais acima dos limites superiores da normalidade (140/90 mmHg) quando a pressão arterial é determinada através de metodologia adequada e em condições apropriadas.

A respeito do tratamento, o Ministério da Saúde1 afirma que se deve manter o peso saudável, procurar o profissional de saúde e pedir orientação quanto a sua alimentação, comparecer as consultas regularmente e, principalmente, não abandonar o tratamento medicamentoso conforme a orientação médica.

Para adquirir resultados positivos no tratamento e manutenção da hipertensão o usuário dos serviços de saúde deve realizar uma série de mudanças no seu estilo de vida como a alimentação e a pratica de atividades físicas para encontrar melhora no condicionamento físico, peso corporal e consequentemente na pressão arterial.

Para que essas mudanças sejam alcançadas o enfermeiro deve dedicar-se a repassar uma série de orientações que o ensine e estimule a adotar tais comportamentos. Por se apresentar como um processo dinâmico e contínuo de construção do conhecimento a educação em saúde é uma atitude necessária a sociedade5.

Reveles e Takahashi e Takahashi6 diz que “a enfermeira deve estabelecer um bom vínculo com o paciente e a família para ajudá-los a começar a compreender como é a situação concreta a fim de melhor se adaptarem à mudança do estilo de vida”, logo o vínculo de confiança nada mais é do que o primeiro passo que o enfermeiro deve conquistar para atingir suas metas com êxito.

Logo, o enfermeiro deve estar capacitado a identificar os sinais e sintomas do aumento da hipertensão, bem como realizar medidas preventivas e educativas com os pacientes que se enquadram no grupo de risco. Existem várias estratégias para que se alcance os objetivos esperados dentre as quais podemos citar orientações em grupo, consulta de enfermagem, visita domiciliar e vídeo aula.

A vídeo aula, bem como a visita domiciliar, têm o facilitador de não precisar do deslocamento do paciente até o local onde receberá informações, e vai além: pode ser acessada a qualquer momento pelo usuário interessado.

O vídeo pode ser usado como ferramenta de ensino, pois permite ao espectador visualizar situações que podem fazê-lo entender melhor diversos conteúdos. Por vir acompanhado da narrativa, que geralmente é coloquial, o vídeo acaba o aproximando do cotidiano, trazendo o assunto mais próximo da realidade de quem o assiste7.

Logo, utilizar essa ferramenta como estratégia de ensino em saúde pode ser considerada uma intervenção inovadora devido a comodidade, facilidade de acesso e aproximação com a população alvo. Uma complementação para essa estratégia seria trazer uma discussão sobre o assunto abordado pelo vídeo pra ajudar a fixar conteúdos importantes.  

Metodologia:

Trata-se de um relato de experiência sobre a construção de vídeo aula para pacientes hipertensos elaborado para aprovação parcial na disciplina de Prática e Pesquisa de Ensino III (PPE III), da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa (EEAAC), Universidade Federal Fluminense (UFF).

Para construí-lo foi realizado na disciplina semi-presencial de PPE III um estudo no decorrer do semestre sobre Andragogia, educação voltada para adultos, um levantamento e caracterização da população hipertensa, leitura e visualização de vídeo aulas para aprofundar o conhecimento sobre estratégias de aulas voltadas para adultos.

1-     Planejamento:

Para a realização da vídeo aula foi feito um levantamento bibliográfico na biblioteca virtual da saúde onde foram selecionados estudos que tivessem como foco o tratamento não farmacológico da hipertensão arterial e estratégias de ensino ao paciente, mas não necessariamente que abordassem os dois temas.

Após essa seleção teórica-científica, foi elaborado um plano de aula que organizou e facilitou a preparação da vídeo aula. Em seguida travou-se uma busca do melhor programa de edição de vídeos e optou-se pelo programa audiovisual Windows Movie Maker®.  

2-     Implementação:

Nesse momento foi feita a montagem e edição do vídeo. As filmagens foram feitas com uma câmera digital, e o local/cenário foi onde havia maior iluminação e ausência de sonoridade que permitisse realizar as gravações sem intercorrencias.

A edição do vídeo foi feita através do programa audiovisual Windows Movie Maker®, que permite a inserção de filmagens, imagens e narração de maneira sincronizada para que o vídeo possa interagir como telespectador, foram feitas perguntas durante o decorrer do vídeo seguidas de respostas claras e simples.  

Resultado e discussão:

Avaliação:

Depois da vídeo aula pronta, ela foi exibida a dois professores da área da saúde e a três leigos no assunto, sendo dois deles idosos com mais de 65 anos e hipertensos: segue as respostas deles:

Professor 1

“A aula me parece bem explicativa e foca bastante no que é sugerido pelo tema.”

Professor 2

“Acho que está muito boa para um leigo compreender, mas  até a parte das tabelas. Sugiro que troque-as por ilustrações junto com a narrativa, pois ficaria mais fácil a compreensão.”

Hipertenso 1

“Gostei do vídeo, mostra direitinho o que pode e o que não pode comer. Achei muito bom isso!”.

Hipertenso 2

“Meu médico falou que não posso comer sal, mas não me falou que tem sal em tantos produtos que eu não sabia! Seu vídeo me ensinou que além do sal não devo comer um bocado de outros alimentos ‘de lata’.”

Leigo

“Muito bom esse vídeo, pois me mostrou que devo mudar certos alimentos para não ficar com pressão alta no futuro”.

 

Conclusão:

A elaboração dessa vídeo aula permitiu que eu expandisse meu olhar sobre a diversidade de recursos para realizar educação em saúde, bem como conhecer novas técnicas e estratégias de educação em saúde. O uso do programa de edição de vídeos, no inicio foi um grande desafio e me deixou apreensiva quanto aos resultados, mas não tardou e desenvolvi as habilidades necessárias para sua elaboração.

O uso de imagens para exemplificar diversas situações é de extrema importância para que o paciente compreenda o assunto abordado, e o mais gratificante é saber que podemos fazer a diferença no aprendizado de usuários da rede de saúde através de novas formas de ensino.  

Referências:

1-      BRASIL, Hipertensão Arterial Sistêmica; Ministério da Saúde. 2006. Disponível em: www.saúde.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=23616 acessado em: 15/03/2013.

2-      TOLEDO, MM; RODRIGUES, SC; CHIESA, AM. Educação em saúde no enfrentamento da hipertensão arterial: uma nova ótica para um velho problema. Texto contexto - enferm.,  Florianópolis,  v. 16,  n. 2, jun.  2007 .   Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010407072007000200004&lng=pt&nrm=iso>. acessos em  15/03/2013.

3-      SMELTZER S.C; BARE, B.G. e mais 50 colaboradores; Brunner e Suddarth. Tratado de Enfermagem Médico – Cirúrgica; [revisão técnica Isabel Cristina Fonseca da Cruz, Ivone Evangelista Cabral, Márcia Tereza Luz Lisboa; Tradução José Eduardo Ferreira Figueiredo]- Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 10 º edição. 2005, vol. 2, cap.30. p.934 – 962.

4-      ORQUIZA, SMC. Orientações Médicas. Portal da Saúde. Disponível em http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=23616 acesso em 15/03/2013

5-      MANCIA JR, Cabral LC, Koerich MS. Educação permanente no contexto da enfermagem e na saúde. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília (DF) 2004 set/out;57(5):605-10. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reben/v57n5/a18v57n5.pdf acessado em: 19/03/2013

6-      REVELES, Audrey Garcia; TAKAHASHI, Regina Toshie; Educação em saúde ao ostomizado: um estudo bibliométrico. Rev. esc. enferm. USP, Jun 2007, vol.41, no.2, p.245-250.Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S008062342007000200010&lng=pt&nrm=iso. Acessado em : 19/03/2013.

7-      Moran, J.M. O Vídeo na Sala de Aula. Comunicação & Educação. São Paulo, ECA-Ed. Moderna;1995.Disponível em: http://www.eca.usp.br/moran/vidsal.htm acessado em: 19/03/2013.  

Leituras recomendadas:

Joel Rolim Mancia; Leila Chaves Cabral; Magda Santos Koerich. Educação permanente no contexto da enfermagem e da saúde. Disponível em:  http://www.scielo.br/pdf/reben/v57n5/a18v57n5.pdf

Fabiane Ferraz; et al. Cuidar-educando em enfermagem: passaporte para o aprender/educar/cuidar em saúde. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reben/v58n5/a20v58n5.pdf  

Vídeos recomendados:

 TV Brasil. Hipertensão – Ser saudável. [vídeo]. Porto Alegre: TV Brasil; 2011. [acesso em jan 2013]. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=EpqvDlNtq5w

 

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BNN - ISSN 1676-4893 

Boletim do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre as Atividades de Enfermagem (NEPAE)e do Núcleo de Estudos sobre Saúde e Etnia Negra (NESEN).