Enviar artigo via e-mail Relato
de experiência sobre a elaboração de um vídeo aula de diuréticos
anti-hipertensivos
Isabel
Cruz. Professora
titular/UFF
Palavras
chaves:
Hipertensão; diuréticos; educação em saúde; enfermagem.
Abstract:
Hypertension
is defined as systolic blood pressure greater or equal to 140 mmHg and a
diastolic blood pressure greater or equal to 90 mmHg in individuals who are not
making use of antihypertensive medication. For treatment of patients with
uncomplicated hypertension is indicated initially diuretics and / or
beta-blockers. This study is about an experience report for the purpose of
describing the experience of developing a videoaula about diuretics
antihypertensives. The video lesson was proposed through the discipline Research
and Teaching Practice III, Universidade Federal Fluminense. The work was divided
into three phases: planning, implementation and evaluation. The
use of new technologies for education has been a new teaching strategy and that
has been very helpful and enriching to nursing.
Keywords:
Hypertension, diuretics, health education, nursing.
INTRODUÇÃO
Este
relato é sobre a experiência da elaboração de um vídeo aula voltado para
pacientes hipertensos cujo assunto abordado foi os diuréticos
anti-hipertensivos. Assim, irei falar um pouco do conceito de hipertensão
arterial, o seu tratamento e a educação à distância como estratégia de
ensino.
A
hipertensão arterial ou pressão alta é quando a pressão que o sangue exerce
nas paredes das artérias para se movimentar é muito forte, ficando acima dos
valores considerados normais1. Assim, Hipertensão Arterial é
definida como pressão arterial sistólica maior ou igual a 140 mmHg e uma pressão
arterial diastólica maior ou igual a 90 mmHg, em indivíduos que não estão
fazendo uso de medicação anti-hipertensiva2.
A
elevação da pressão arterial representa um fator de risco independente,
linear e contínuo para doença cardiovascular. Ela apresenta custos médicos e
socioeconômicos elevados, decorrentes principalmente das suas complicações,
tais como: doença cerebrovascular, doença arterial coronariana, insuficiência
cardíaca, insuficiência renal crônica e doença vascular de extremidades3.
Embora
a causa exata para a maioria dos casos não consiga ser identificada, é sabido
que a hipertensão é uma condição multifatorial. Como a hipertensão é um
sinal, é mais provável que ela tenha muitas causas, da mesma forma que a febre
apresenta muitas causas. Para que a hipertensão aconteça, deve haver uma
alteração em um ou mais fatores que afetam a resistência periférica ou
debito cardíaco4.
O
tratamento da hipertensão arterial pode ser não-medicamentoso ou
medicamentoso. Assim, o objetivo primordial do tratamento é a redução da
morbidade e da mortalidade cardiovascular do paciente hipertenso, aumentadas em
decorrência dos altos níveis tensionais e de outros fatores agravantes. São
utilizadas tanto medidas não-farmacológicas isoladas como associadas a fármacos
anti-hipertensivos. Os agentes anti-hipertensivos a serem utilizados devem
promover a redução não só dos níveis tensionais como também a redução de
eventos cardiovasculares fatais e não-fatais2.
Para
pacientes com hipertensão não complicada e sem indicações especificas para
outros medicamentos, os medicamentos iniciais recomendados incluem diuréticos
e/ou beta-bloqueadores. Os pacientes recebem primeiramente doses baixas do
medicamento. Se a pressão arterial não cai para menos de 140/90 mmHg, a dose
é gradualmente aumentada, e medicamentos adicionais são incluídos, quando
necessário, para alcançar o controle2.
Os
fármacos discutidos na videoaula foram os diuréticos anti-hipertensivos. Desta
forma, vale esclarecer que são drogas que não agem no coração, mas atuam
diminuindo o retorno venoso e o aumentam o volume urinário. Esses fármacos são:
os diuréticos tiazídicos, os diuréticos de alça e os diuréticos poupadores
de potássio5.
Diante
do tema escolhido, utilizei como estratégia o vídeo aula, um recurso de ensino
a distância. Hoje em dia não podemos ignorar que o uso de tecnologias em
circunstâncias específicas para o ensino e educação na formação
profissional de enfermeiros tem sido uma tônica atualmente6.
A
educação à distância tem sido desenvolvida e utilizada em diversas áreas
profissionais e acadêmicas com várias abordagens e não sendo diferente para a
Enfermagem. No entanto, bem sabemos que o desenvolvimento de pesquisas, publicações
e discussões sobre o ensino on-line tem sido muito escasso6.
Portanto,
o objetivo deste artigo é relatar a experiência de elaboração de um vídeo
aula sobre diuréticos anti-hipertensivos.
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência, o qual destina-se a falar sobre a realização de um vídeo aula voltada para pacientes hipertensos, cujo o assunto é medicamentos: ação, dosagem, precauções, efeitos colaterais (respectivos cuidados), esquema de administração (adesão e risco de rebote com interrupção, uso diário mesmo com PA controlada). Dentro deste assunto, o tema escolhido foi diuréticos anti-hipertensivos.
A elaboração do vídeo aula é uma proposta da disciplina Pesquisa e Prática de Ensino 3 (PPE 3), do Curso de Graduação e Licenciatura em Enfermagem da Universidade Federal Fluminense, no período de novembro de 2012 à março de 2013.
Para a realização desta atividade foi necessário a leitura de artigos e a visualização de vídeos propostos pela disciplina. Esse conteúdo ajudou a criar o plano de aula sobre o tema escolhido e em seguida teve início a elaboração do vídeo aula, como requisito de aprovação da disciplina. A elaboração desta atividade foi dividida em três fases: a primeira consiste no planejamento, a segunda na implementação e a terceira avaliação.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Planejamento
Nesta fase foi feita a leitura de livros e artigos e a visualização de vídeos sobre hipertensão arterial sistêmica e diuréticos anti-hipertensivos. Depois desse levantamento de dados foi realizada a elaboração do plano de aula. Essa elaboração foi feita através de um roteiro sugerido pela disciplina.
Esse plano de aula teve como tema os diuréticos anti-hipertensivos, que são: os tiazídicos, de alça e os poupadores de potássio. Também abordava objetivos específicos, conteúdo, material utilizado e tempo.
Implementação
Com o plano de aula pronto, teve início a fase de gravação e edição do vídeo. Essa fase foi muito complicada, pois meus recursos audiovisuais eram limitados. O cenário escolhido foi um cômodo da minha casa no qual me proporcionou a ausência de ruídos e uma boa iluminação.
A gravação foi feita através da câmera de um celular Nokia®. Mesmo sendo um celular, proporcionou uma boa qualidade de som e imagem. A edição das cenas e a inserção de figuras também foi realizada por este celular através do programa editor de vídeo da Nokia®. Sendo assim, a vídeo aula aconteceu mais de forma expositiva, com poucas imagens, devido à limitação dos recursos audiovisuais.
Avaliação
Para avaliar se a vídeo aula havia atingido os objetivos propostos, esta foi mostrada para dois pacientes portadores de hipertensão arterial e um professor da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa/UFF.
Como acadêmica de enfermagem, meu objetivo geral com o vídeo era saber se os pacientes hipertensos seriam capazes de descrever o que são diuréticos, incluindo local de atuação e principais cuidados que o usuário deve ter.
Diante disso, passei o vídeo para os pacientes hipertensos e no final fiz três perguntas: O que são Diuréticos?; Quantos tipos de diuréticos anti-hipertensivos se tem?; Quais os principais cuidados que temos que ter ao usá-los?. Assim, obtive as seguintes respostas:
“São remédios que fazem a gente fazer xixi [...] e diminuem a pressão [...].” Paciente 1
“Remédios que aumentam a nossa quantidade de xixi e fazem a pressão diminuir.” Paciente 2
“ Tem três.” Paciente 1
“ Três tipos.” Paciente 2
“Saber o que estar tomando [...], não lembro mais.” Paciente 1
“Tomar de manhã para não fazer xixi de noite e levantar devagar para não cair.” Paciente 2
Cabe ressaltar que o Paciente 1, além de hipertenso, tem 82 anos, é portador de demência e esquizofrenia e possui ensino fundamental incompleto. O paciente 2 tem 46 anos, apenas hipertenso e possui ensino médio completo.
De acordo com as respostas dos pacientes, é possível perceber que o vídeo atingiu parte dos seus objetivos. Sendo possível afirmar que os dois entenderam o que são diuréticos e que sabem quantos tipos se tem, mas apenas o paciente dois foi capaz de aprender parte dos cuidados essenciais ao se usar esses fármacos.
Já para o professor, depois de passar o vídeo, perguntei o que ele havia achado. A resposta foi a seguinte:
“[...] aborda o tema proposto com as principais informações farmacológicas, mas é pouco interativo, possui poucas imagens. Então uma pessoa com baixa escolaridade terá dificuldade de aprender. Mas acho que ter destacado os principais cuidados que o usuário tem que ter no final do vídeo, ficou muito bacana porque este é um dos papeis do enfermeiro”.
Portanto, o vídeo precisa de adaptações para atender qualquer paciente portador de hipertensão arterial, principalmente os idosos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através da disciplina PPE III, tive a oportunidade de aprender uma nova estratégia de ensino, que foi a elaboração de uma vídeo aula. Apesar de todas as dificuldades encontradas na gravação e na edição do vídeo, tive uma experiência nova e satisfatória.
Como hoje, vem crescendo cada vez mais a criação de disciplinas on-line nas instituições superiores, o fato de eu aprender a fazer um plano de aula e elaborar uma vídeo aula, me proporciona um conhecimento útil para ser utilizado como estratégia de ensino ao longo da minha vida profissional.
Apesar do vídeo aula não ter atingido totalmente os meus objetivos gerou conhecimento e experiência para realizar as alterações necessárias e refletir sobre a utilização de novas tecnologias voltadas para o ensino.
Logo, é possível perceber que a vídeo aula é mais um meio que os enfermeiros possuem para realizar educação em saúde, norteando o autocuidado dos pacientes. Também é possível afirmar que esta atividade contribuiu muito para meu aprendizado como um enfermeiro educador.
REFERÊNCIAS
1. Brasil, Ministério da Saúde. Portal da Saúde. Cartilha: tratar a pressão é um ato de fé na vida. Disponível em <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cartilha_pressao_fe_vida.pdf> Acessado em 23 de Março de 2013.
2. Brasil, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção a Saúde. Departamento de Atenção Básica. Cadernos de Atenção Básica: Hipertensão Arterial Sistêmica. Brasília: Ministério da Saúde, 2006.
3. Sociedade Brasileira de Cardiologia. Sociedade Brasileira de Hipertensão. Sociedade Brasileira de Nefrologia. V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial. Disponível em <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/v_diretrizes_brasileira_hipertensao_arterial_2006.pdf> Acessado em 23 de Março de 2013.
4.
Smeltzer, S. C.; Bare, B. G.
Brunner e Suddarth. Tratado de enfermagem médico-cirúrgica.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.
5.
Finkel,
R.; CUBEDDU, L. X.; CLARK, M. A. Farmacologia Aplicada. 4ª Ed. São Paulo:
Artmed, 2010.
6. Camacho, A. C. L. F. Educação a Distância na Disciplina de Legislação, Ética e Exercício de Enfermagem. Rev Bras Enferm, Brasília 2009 jan-fev; 62(1): 151-5.
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BNN - ISSN 1676-4893
Boletim do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre as Atividades de Enfermagem (NEPAE)e do Núcleo de Estudos sobre Saúde e Etnia Negra (NESEN).