Restrição
de Sódio: Relato de experiência sobre a construção de uma vídeo aula
Cruz,
Amanda F.N. Licencianda do curso de graduação e licenciatura de enfermagem
a Universidade Federal fluminense.
Isabel
Cruz. Professora Titular/UFF
Palavras chaves:
Ensino, Alunos de Enfermagem, Educação em Saúde
Keywords:
Teaching; Students, Nursing; Health Education;
A
Sociedade Brasileira de Hipertensão, no ano de 2011, aponta que a hipertensão
arterial sistêmica (HAS) afeta aproximadamente 25% da população brasileira,
no mundo acerca de 600 milhões de hipertensos, segundo dados da Organização
Mundial de Saúde (OMS), o que é mais grave, a maioria das pessoas desconhece a
sua condição, sendo o diagnóstico feito tardiamente quando já apareceram
complicações que comprometem a produtividade, qualidade de vida e sobrevida
dos indivíduos, além de envolver alto custo no seu tratamento ¹.
A
Hipertensão Arterial é uma doença definida persistência de pressão arterial
sistólica acima de 135 mmHg e diastólica acima de 85 mmHg, sendo hoje
considerada um dos principais fatores de risco para doença cardiovasculares e
cerebrovasculares. É uma condição clínica multifatorial, caracterizado por níveis
elevados e sustentados de pressão arterial ².
Entre
os fatores de risco para o desenvolvimento da HAS podemos citar a predisposição
genética, a idade, sendo prevalente em pessoas acima dos 40 anos. Gênero e
etnia, a prevalência global entre homens e mulheres é semelhante, porém é
maior entre os homens acima dos 50 anos e quanto à cor é mais comum em não-brancos.
A obesidade é um fator de risco principalmente quando é estabelecida desde
jovem, obesidade central e IMC > 25. Hábitos alimentares e de vida
inadequados, como a ingesta sal além do recomendado, etilismo prolongado e o
tabagismo. O sedentarismo e fatores socioeconômicos geralmente associados à
baixa escolaridade.
Visando
um tratamento adequado da HAS, torna-se necessário conscientizar o cliente da
adesão não somente do tratamento medicamentoso como o não medicamentoso,
gerando assim mudança nos hábitos de vida. Adquirir um estilo de vida mais
saudável, incluindo atividade física regular e mudança nos hábitos
alimentares.
O
enfermeiro sendo um potencial educador em saúde encontra novas formas de
atingir o público alvo sobre a necessidade da mudança dos hábitos de vida,
uma vez que a enfermagem é uma área do conhecimento que abrange o cuidar,
gerenciar e educar.
METODOLOGIA
Trata-se
um estudo descritivo, acerca relato de experiência, sobre a elaboração de uma
vídeo aula, possuindo como tema a restrição de sódio, com foco no cliente
hipertenso. Vivenciado no período de dezembro de 2012 a março de 2013, durante
a realização da disciplina Pesquisa e Prática de Ensino III, da Escola de
Enfermagem Aurora Afonso Costa, da Universidade Federal Fluminense.
Durante
a realização da disciplina através do programa Moodle ou Ambiente Virtual de
aprendizagem (AVA) e encontros presenciais, foram desenvolvidas atividades que
proporcionaram a base para o entendimento do processo de ensino aprendizagem
através da leitura e atividades propostas semanalmente. Foram abordadas as
seguintes temáticas: taxonomia de Bloom, andragogia, objetivos de aprendizagem
e técnicas de ensino.
Posteriormente,
no final da disciplina, como critério de avaliação foi proposto à escolha de
um tema para o desenvolvimento de uma vídeo. Após isso elaboramos um plano de
aula e a construção do vídeo, voltado para educação em saúde, para adultos
e idosos portadores de HAS. Para montagem do vídeo foi utilizado o Windws Movie
Maker.
RESULTADO
E DISCUSSÃO
A
educação em saúde não é considerada como ciência ou arte, mas uma
disciplina de ação, o que significa dizer que o trabalho será dirigido para
atuar sobre o conhecimento das pessoas, para que elas desenvolvam juízo crítico
e capacidade de intervenção sobre suas vidas e sobre o qual interagem e,
assim, criarem condições para se apropriarem de sua própria existência.
Assim o cuidado das doenças crônicas que necessitam de tratamento em longo
prazo trás a união da formação biológica dos profissionais da saúde e a prática
da educação em saúde, uma vez que a adesão ao tratamento esta
intrinsecamente relacionada com o fator cultural, ou seja, hábitos de vida e
rotinas sociais ³.
Incorporar
ainda na vida acadêmica conhecimentos de educação em saúde utilizando novas
tecnologias que auxiliem neste processo é a proposta da disciplina Pesquisa e
Prática de Ensino, com a elaboração de uma vídeo aula voltada para educação
em saúde de adultos e idosos. O desenvolvimento dessa aula foi possível a
partir do entendimento de alguns conceitos de educação para adultos e idosos,
técnicas e objetivos de ensino. Valorizando os estudos sobre andragogia e
taxonomia de Bloom.
A
andragogia é conceptualizada como a arte e a ciência de facilitar a
aprendizagem dos adultos e se baseia em cinco premissas de base acerca das
características dos aprendentes adultos, que os diferenciam das crianças,
a saber, dos adultos: necessitam saber
o motivo pelo qual devem realizar certas aprendizagens; aprendem melhor
experimentalmente; concebem a aprendizagem como resolução dos problemas;
aprendem melhor quando o tópico possui valor imediato e os motivadores mais
potentes para a aprendizagem são internos 4.
Já
a taxonomia de Bloom ou taxonomia dos objetivos educacionais é uma estrutura de
Organização hierárquica de objetivos educacionais, Bloom e seus colaboradores
dividiram as possibilidades de aprendizagem em três domínios: cognitivo,
afetivo e psicomotor. O domínio cognitivo, relacionado ao aprender, dominar um
conhecimento, do desenvolvimento intelectual, de habilidade e atitudes. Afetivo,
relacionado a sentimentos e postura, envolve categorias ligadas ao
desenvolvimento da área emocional e afetiva. Psicomotor, relacionado a
habilidades físicas específicas 5.
Após
a leitura reflexiva do material didático percebemos que o educador necessita
moldar o processo de educação em saúde de acordo com o nível de conhecimento
e de entendimento do público a ser atingido, tendo como objetivo principal
promover a conscientização através da realidade pessoal e coletiva, para
desenvolver ações com o intuito de transformar essa realidade.
Com
base em tudo que foi dito, teve início a construção da vídeo aula.
Primeiramente com o planejamento da mesma. Reuni estudos pertinentes a restrição
de sódio, utilizando como base resoluções da Anvisa, Ministério da saúde e
artigos científicos. Houve a preocupação em tonar o discurso de fácil
entendimento para o público alvo. Outra estratégia foi à utilização de
imagens, e vídeo tornando a narrativa mais lúdica.
A
construção do vídeo foi através do Windows Live Movie Maker. Textos e
imagens foram elaborados no programa Power Point 2010 e salvos no formato de
JPEG, posteriormente tratados no Movie Maker. O vídeo possui a duração de
sete minutos, baseado nas seguintes perguntas: o que é sódio? O que é a
restrição de sódio? quais alimentos são ricos em sódio?
As perguntas são seguidas de explicação textual, áudio e imagens.
Também a exemplificação do que é a tabela nutricional, onde o sódio é
encontrado e qual deveria ser o consumo de sódio baseado em um consumo diário.
Como
proposta de mudança houve a orientação de quais seriam as alternativas de
substituição de sal e temperos industrializados. Para finalizar o vídeo foi
realizada uma revisão do conteúdo abordado.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
As ações de enfermagem voltadas ao
planejamento e implementação de novos métodos que auxiliem no processo de
educação em saúde não é uma tarefa fácil. Muitas vezes esse profissional
encontrasse engessado na rotina da unidade de saúde ou não possui recursos
necessários para inovar no atendimento. Outro fator é a falta de preparo didático
e pedagógico na formação profissional.
A
realização da disciplina Pesquisa e Prática de Ensino proporcionou um
aprofundamento acerca das ações educacionais e pedagógicas, voltada ao adulto
e idoso possuindo o diferencial de incentivar o desenvolvimento de atividades
inovadoras. Além de ser uma experiência diferente, no que se refere a método
avaliativo, proporcionando o entendimento da importância de agregar novos
instrumentos no processo de educação em saúde.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS:
¹
BRASIL. Ministério da saúde. Secretária de atenção á saúde. Departamento
de Atenção Básica. Cadernos de Atenção Básica, Série A . Normas e Manuais
Técnicos, n. 16. Secretária de atenção a saúde, Departamento de Atenção Básica.
Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 64 p. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/
publicações/ caderno _ atencao_basica15.pdf>
²
______ Diretrizes e Recomendações para o Cuidado Integral de Doenças Crônicas
Não-Transmissíveis. Promoção da Saúde, Vigilância, Prevenção e Assistência.
Brasília- DF 2008. Disponível em < Erro!
A referência de hiperlink não é válida. >;
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BNN - ISSN 1676-4893
Boletim do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre as Atividades de Enfermagem (NEPAE)e do Núcleo de Estudos sobre Saúde e Etnia Negra (NESEN).