Relato
de experiência: Construindo uma videoaula sobre técnica de relaxamento para alívio
do estresse e controle da PA.
Experience
report: Building a video lesson of relaxation technique for stress relieving and
BP control.
Relato
de experiencia: Construyendo una lección de vídeo sobre la técnica de la
relajación para aliviar el estrés y el control de la PA.
Figueiredo,
Vanessa Benincaza Videira de, Acadêmica de Enfermagem do 8º período
da Escola de Enfermagem Aurora Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense.
Cruz,
Isabel. Titular/UFF
RESUMO:
Introdução:
A enfermagem, ao assumir seu papel de educadora em saúde, se coloca a buscar
novas técnicas de forma a facilitar o paciente portador de uma doença crônica
a exercer o autocuidado, além de uma mudança em seu estilo de vida.
Nesta busca, a videoaula se apresenta como um meio diferente de chegar ao
cliente permitindo a associação da audição à visão, possibilitando uma
maior assimilação do conteúdo desenvolvido, além de atingir pacientes em
diversas distâncias. Metodologia: O
artigo trata de um relato de experiência com base na construção de uma
videoaula que ensine ao paciente com hipertensão arterial sistêmica a manter
sua PA controlada em 120 x 80mmhg. Resultado:
A elaboração desta videoaula me permitiu perceber a importância do enfermeiro
buscar novos métodos de ensino de modo a promover uma mudança de vida dos
pacientes portadores de doenças crônicas.
Descritores:
Hipertensão, Enfermagem, Educação em Saúde, autocuidado.
Abstract:
Introduction:
Taking on role of health educator, nursing arises to seek new techniques to
facilitate the patient with a chronic disease, to be able to exercise the
self-care, besides making a change in his lifestyle. In this searching, the
video lesson presents itself as a different mean of reaching the customer
allowing the association of hearing and seeing which allows greater assimilation
of shown content, and reach patients in different distances. Methodology:
The paper is an experience report based on building a video lesson that teaches
the patient with hypertension how to keep his blood pressure controlled at 120 x
Keywords:
Hypertension, Nursing, Health Education, self-care.
RESUMEN:
Introducción:
Enfermería, a tomar su papel como educador de la salud, surge de buscar nuevas
técnicas para facilitar al paciente con una enfermedad crónica, a ejercer el
autocuidado, además de un cambio en su estilo de vida. En esta búsqueda, la
lección en video se presenta como una forma diferente de llegar al cliente para
que asociando la escucha a la visión permite una mayor asimilación de los
contenidos desarrollados, llegando a los pacientes en diferentes distancias. Metodología:
El trabajo es un relato de experiencia sobre la base de la construcción de una
lección de vídeo que enseña al paciente con hipertensión a la manera de
mantener su presión arterial controlada a 120 x
Palabras
clave: Hipertensión, Enfermería,
Educación para la salud, el cuidado personal.
Introdução
Segundo
o Ministério da Saúde¹, a
hipertensão arterial sistêmica é a mais frequente das doenças
cardiovasculares. É também o principal fator de risco para as complicações
mais comuns como acidente vascular cerebral e infarto agudo do miocárdio, além
da doença renal crônica terminal. No Brasil são cerca de 17 milhões de
portadores de hipertensão arterial, 35% da população de 40 anos e mais. E
esse número é crescente. Seu aparecimento está cada vez mais precoce e
estima-se que cerca de 4% das crianças e adolescentes também sejam portadoras.
A carga de doenças representada pela morbimortalidade devida à doença é
muito alta e por tudo isso a hipertensão arterial é um problema grave de saúde
pública no Brasil e no mundo.
Partindo
deste principio é possível perceber a necessidade de uma educação em saúde
de qualidade de modo a proporcionar condições a estes pacientes de se
autocuidarem e de realizarem mudanças em seu estilo de vida, já que esta
comorbidade está diretamente ligada não só a parte genética, mas como aos hábitos
de vida. Por se apresentar muitas vezes de modo silencioso, ou seja, assintomática,
acaba sendo negligenciada tanto por profissionais de saúde como pelo próprio
paciente.
Entre
os hábitos de vida que podem ser considerados fatores de risco para a hipertensão
arterial podem ser citados o tabagismo, diabetes Mellito, obesidade,
sedentarismo, dislipidemia, idade, alimentação rica em sódio e gordura,
estresse e ansiedade.
Segundo
RISSARDI² O
estresse está implicado na gênese de várias alterações da homeostase
incluindo a pressão arterial (PA), a frequência cardíaca (FC) e a frequência
respiratória (FR). Do ponto de vista fisiopatológico, o estresse desencadeia
uma reação simpática – adrenal. Há liberação de epinefrina que eleva a
PA e as frequências cardíaca e respiratória, entre outros fatores². Com isso
ele pode ser considerado um dos fatores de risco para a hipertensão associado
aos outros fatores.
Ao
se buscar uma redução do número de pacientes portadores de hipertensão e de
portadores que não apresentem complicações, a enfermagem exerce um papel
fundamental ao realizar a educação em saúde de modo a tentar orientar os
clientes quanto ao método de prevenção e a realização do autocuidado, além
de métodos para uma mudança em seus hábitos diários.
Para
Toledo³, para melhor compreender o fenômeno saúde-doença, no recorte do
adulto com hipertensão, torna-se profícuo a modificação dos paradigmas biomédicos
e a introjeção de novos conceitos sobre o processo saúde-doença, facilitando
o entendimento das reais causas e determinantes do problema da hipertensão, bem
como a adequação dos serviços às necessidades da população e não o
oposto. Para tanto, torna-se inevitável conhecer os indivíduos para os quais
se destinam as ações de saúde, incluindo suas crenças, hábitos e papéis e
as condições objetivas em que vivem buscando envolvê-los, o que se contrapõe
à imposição, nas ações. Com a efetiva participação comunitária é possível
assegurar sustentabilidade e efetividade das ações de saúde.
Com
isso, torna-se primordial que essa educação se dê de forma dinâmica e
continua, visando sempre a construção de conhecimentos que propiciem ao
paciente a sua autonomia. Um dos métodos possíveis de serem utilizados nesse
contexto é a videoaula, pois permite que o paciente possa visualizar as situações
em que se faz preciso uma mudança e de que modo essa mudança pode ocorrer.
Esta prática também diminui a distância ao não se ter a necessidade de um
deslocamento do paciente até o local. A informação vai até ele diretamente.
Ao se utilizar de uma linguagem coloquial, o vídeo proporciona uma aproximação
do cliente com a vida cotidiana. Deste modo, fica mais fácil para o enfermeiro
atingir uma população maior e de modo mais eficaz.
Para
que esta atividade funcione é inevitável que se faça uma avaliação
constante acerca do que foi ensinado.
Processo
e realização da Videoaula
Durante
o desenvolvimento da disciplina de Pesquisa e Prática de Ensino III, do curso
de Enfermagem e Licenciatura da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa –
UFF foi disposto à proposta da elaboração de uma videoaula de sete minutos
tendo como público alvo clientes com HAS com o objetivo de auxiliá-los a
manter sua PA 120x80 mmHg.
O processo de construção da videoaula teve início com um encontro
inicial entre professor e alunos para que se pudesse ser explicado como
transcorreria a disciplina através do programa de Educação em Saúde Online e
como este vídeo deveria ser confeccionado para a avaliação final.
No
decorrer da elaboração da videoaula passamos por momentos de leitura, debates
e questionamentos sobre diversos temas ligados à pratica pedagógica de ensino
visando aprimorar nossa habilidade como educadores de modo que agregássemos à
nossa prática, o conhecimento científico.
A
elaboração concreta da videoaula se deu em três momentos: primeiro com a
coleta de dados através de um questionário que foi passado a hipertensos em
tratamento nas unidades básicas de saúde aonde realizávamos nosso estágio
curricular, de modo a identificar a maior dificuldade desse cliente em manter
sua pressão arterial em 120x80 mmHg. Segundo, com a elaboração de um
planejamento construído no site da PREZI acerca da videoaula, sendo apresentado
ao docente e aos discentes do curso. E o terceiro momento consiste na filmagem e
edição do vídeo utilizando o programa MOVIE MAKER, sendo publicado no site de
vídeos You Tube e apresentado ao professor e alunos para avaliação e comentários.
A
videoaula elaborada teve como titulo Técnica de Relaxamento para Alívio do
Estresse e Controle da Pressão Arterial 120x80mmh, e consiste no ensino da técnica
de relaxamento muscular progressivo de Edmund Jacobson, que segundo Almeida e
Araújo consiste em tensionar e logo
relaxar os principais grupos musculares do seu corpo, um de cada vez. A resposta
do relaxamento, que se caracteriza por relaxamento muscular, frequência cardíaca
reduzida, pressão sanguínea reduzida e outras alterações psicofisiológicas
indicativas de uma redução da estimulação simpática, ocorrem devido à
contração dos diferentes sítios do corpo, que liberam as monoaminas e, em
seguida, dada a distensão destes mesmos sítios, sucede-se a produção de
endorfinas, que trazem a sensação de prazer e relaxamento ao corpo. Dentre as
principais formas de relaxamento, esta pode ser a mais simples, mais direta e
mais fácil de ensinar. Pela contração muscular voluntária, considera-se que
o paciente se torne mais capaz de perceber a diferença entre tensão e
relaxamento em cada um dos grupos musculares e, assim, seja capaz de promover o
relaxamento muscular subsequente mais facilmente.
Análise
e Interpretação da experiência da videoaula
De
modo a tentar garantir a funcionalidade do vídeo após sua confecção, ele foi
submetido aos comentários dos colegas da disciplina, de meus amigos e
familiares (leigos) e de profissionais da área de saúde para que pudessem
avaliar se o conteúdo se dava de modo claro e se a técnica realmente
funcionava. Todos aqueles que se
propuseram a fazer, inclusive os participantes do vídeo, relatam que a técnica
realmente funciona e que se sentiam totalmente relaxados. Com isso, o vídeo foi
publicado no You Tube.
Ao
ser submetido à avalição do docente, o vídeo foi declarado como confuso e
inadequado sendo então retirado do site You Tube para que, quando a autora se
sentir capaz novamente, seja refeito.
A
partir da experiência da elaboração da videoaula, percebi o quanto é difícil
identificar a maneira correta de transmitir um conhecimento ao outro, o quanto
nos sentimos muitas vezes incapazes ao perceber que a mensagem que tentamos
passar não consegue ser entendida por aquele que a ouve.
É
certo que o desenvolvimento da atividade me permitiu aprimorar meus
conhecimentos acerca das práticas de ensino e da importância de se conhecer o
cliente, de ter um olhar holístico para que, desta forma, seja possível
identificar suas dificuldades e criarmos estratégias que visem melhorar sua
qualidade de vida. Mas também o finalizar desta atividade me gerou um pouco de
medo ao me aventurar às novas conquistas.
A
prática da docência esta interligada a do cuidar e, por isso, se faz tão difícil
quanto ela, o que nos leva a erros e acertos constantes. Entretanto, acredito
que ao darmos o nosso máximo tudo passa a ter um lado positivo como foi o caso
da videoaula. Apesar de ter sido considerada inadequada, algumas pessoas ao vê-la
e executar a técnica se sentiram totalmente relaxados.
O que me leva a perceber o quanto nós como enfermeiros devemos entender
que cada individuo é único que nem tudo que é bom para um cliente será para
todos.
Conclusão
Pode-se concluir que a hipertensão é um grande problema de saúde pública que deve receber olhares atentos dos profissionais de saúde e governantes. Que os enfermeiros são peças chaves no que diz respeito a orientar a população quanto às questões de educação em saúde. Que cabe a ele descobrir qual a melhor prática, a melhor técnica a ser utilizada para que o paciente seja capaz de iniciar um autocuidado e ao mesmo tempo buscar iniciar uma mudança de hábitos, uma real mudança em seu estilo de vida. E que, para isso, é preciso buscar um meio que facilite nossa comunicação com os pacientes, pois somente ocorrendo uma relação de respeito e confiança é que esse indivíduo se sentirá capaz de tentar seguir nossas propostas terapêuticas.
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BNN - ISSN 1676-4893
Boletim do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre as Atividades de Enfermagem (NEPAE)e do Núcleo de Estudos sobre Saúde e Etnia Negra (NESEN).