Relato
de Experiência: A importância da música como ferramenta alternativa para o
controle do estresse em pacientes com HAS.
Experience
report: The importance of music as alternative tool to control stress in
patients diagnosed with systemic hypertension.
Relato
de experiencia: Importancia de la musica como ferramienta alternativa para
controlar el estrés em pacientes con hipertension arterial.
Oliveira,
Maria Anália da Rosa,
Acadêmica de Enfermagem do 8º período da Escola de Enfermagem Aurora de
Afonso Costa da Universidade federal Fluminense.
Cruz,
Isabel. Professora Titular/UFF.
Resumo:
A HAS tem alta prevalência e baixas taxas de controle, sendo considerada um dos
principais fatores de risco modificáveis e um problema de saúde pública. A
partir do exposto, observa-se a necessidade de criar medidas e propostas de
educação em saúde visando proporcionar aos pacientes o emponderamento necessário
para promoverem o autocuidado, com
isto, torna-se imprescindível que o ensino em saúde ocorra de forma dinâmica,
objetiva e construtiva. Assim, a disciplina de Pesquisa e Prática de Ensino
III, através de um ambiente virtual de aprendizagem e encontros presenciais
programados, propõe a elaboração de uma vídeoaula com foco na música para
educação em saúde de pacientes portadores de Hipertensão Arterial
Sistêmica.
Descritores:
Enfermagem; Autocuidado; Hipertensão; Música
Abstracto:
La Hipertension tiene alta prevalencia y bajas tasas de control siendo
considerado uno de los principales factores de riesgo modificables e problema de
la salud publica. Por eso es necesaria la creación de propuestas de educación
em salud para que los pacientes consegam autocuidarse por lo tanto la educación
em salud debe sucederse de uma forma dinámica, objetiva e constructiva. Así,
la disciplina de Búsqueda y práctica de enseñanza a través de um ambiente
virtual y reuniones presenciales propone elaboración de uma vídeo aula sobre
musica para la enseñanza em salud de los pacientes que tengan hipertension.
Introdução
A
Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é um problema grave de saúde pública
no Brasil e no mundo, constitui um dos mais importantes fatores de risco para o
desenvolvimento de doenças cardiovasculares, cerebrovasculares e renais, sendo
responsável por pelo menos 40% das mortes por acidente vascular cerebral, por
25% das mortes por doença arterial coronariana e, em combinação com o
diabetes, 50% dos casos de insuficiência renal terminal. O atual critério de
diagnóstico define a hipertensão arterial sistêmica como uma pressão sistólica
maior ou igual 140mmHg e uma pressão diastólica maior ou igual a 90mmHg.
(1)
A
HAS tem alta prevalência e baixas taxas de controle. Além disso, as doenças
cardiovasculares são consideradas as maiores responsáveis pela alta freqüência
de internações o que ocasiona custo médicos e socioeconômicos elevados.
(2)
Estatísticas
realizadas confirmam que em 2010 as doenças cardiovasculares apresentavam taxa
de mortalidade específica de 72, 2 e correspondiam às causas de 11546 dos óbitos
relatados somente no estado do Rio de Janeiro. (3)
A
partir do exposto, observa-se a necessidade de criar medidas e propostas de
educação em saúde visando proporcionar aos pacientes o emponderamento necessário
para promoverem o autocuidado, realizando também as mudanças no seu estilo de
vida, já que as alterações na pressão arterial não estão ligadas somente a
fatores intrínsecos, mas também aos extrínsecos.
Entre
os fatores de risco para o desenvolvimento ou agravo da hipertensão arterial
sistêmica estão: hereditariedade, tabagismo, obesidade, diabetes,
sedentarismo, dislipdemia, estresse e ansiedade. (4)
O
ensino de enfermagem não deve se ater somente a aplicação do conhecimento
científico como única resposta para os problemas do ser humano, e sim
pressupor que o saber/fazer da enfermagem também se encontra na esfera da
subjetividade, se desenvolvendo por meio da intuição, da razão, de
pensamentos, sentimentos e emoções.(5)
Os
tratamentos não-farmacológicos vem ganhando espaço na literatura e na prática
assistencial e auxiliam a uma melhora no quadro de saúde dos pacientes. A
terapia com música é um exemplo e visa trabalhar estratégias que diminuam o
estresse fortalecendo a autoestima, reduzindo a ansiedade, auxiliando na criação
de metas de vida e na melhora nas relações interpessoais. Na
Enfermagem, sua utilização com finalidade terapêutica se iniciou com Florence
Nightingale, seguida, anos mais tarde, por Isa Maud Ilsen e Harryet Seymor no
cuidado aos feridos das I e II Guerras Mundiais(6).
Com
isto, torna-se imprescindível que o ensino em saúde ocorra de forma dinâmica,
objetiva e construtiva buscando o emponderamento do paciente necessário para
sua autonomia de autocuidado.
O
desenvolvimento da dinâmica musical tem por finalidade estimular a percepção
de si e dos outros diante da singularidade de cada indivíduo, ao mesmo tempo em
que permite que se descubram as conexões existentes no grupo, ampliando a
capacidade de compreender o contexto complexo em que estão inseridas as relações
humanas. (5)
Assim,
a disciplina de Pesquisa e Prática de Ensino III, através de um ambiente
virtual de aprendizagem e encontros presenciais programados, propõe a elaboração
de uma vídeoaula para educação em saúde de pacientes portadores de
Hipertensão Arterial Sistêmica. Este relato integra o processo de
ensino-aprendizagem proposto de pela disciplina.
Metodologia
A
disciplina de Prática de Ensino III faz parte da grade curricular do curso
graduação de Enfermagem da Universidade Federal Fluminense e tem por objetivo
despertar o interesse dos alunos, futuros profissionais da saúde, pela prática
docente. Tendo em vista que o enfermeiro exerce também o papel de educador
diante do paciente e também da equipe a qual integra. Este estudo relata a
experiência vivenciada durante a disciplina e constitui uma pesquisa
retrospectiva de caráter qualitativo e descritivo.
Durante
o período letivo foram desenvolvidas atividades, através de uma plataforma
online, sobre diversos assuntos, com o objetivo de auxiliar no entendimento da
disciplina e na construção de uma vídeoaula satisfatória.
Uma
das tarefas foi a elaboração do plano da vídeoaula cuja finalidade era
apresentar o passo a passo da construção do projeto e o refinamento do que
seria demonstrado nesse vídeo. O tema escolhido por mim foi “como usar a música
para controle do estresse” e para a realização desta etapa foi utilizado o
software preezi, semelhante ao programa PowerPoint, que cria um ambiente dinâmico
para apresentar as informações do projeto.
Para
a criação do vídeo, foi utilizado o programa Windows Movie Maker a fim de
mesclar a voz gravada no Adobe Audition com as imagens que seriam apresentadas
ao público alvo. No primeiro momento, houve uma breve explicação sobre o tema
da vídeoaula, em seguida foram demonstrados exercícios de respiração e de
relaxamento, além de exercícios para a percepção da consciência corporal,
que consistem em componentes essenciais para o bem estar físico e psicológico
do ser humano. Na sequência, foram tocadas músicas suaves, com sons da
natureza, com o objetivo de colaborar para o relaxamento enquanto também serão
passadas em tela algumas imagens que combinem com o gênero musical e contribuam
para a diminuição do estresse e ansiedade.
Após
o momento de relaxamento, foi apresentando um trecho do “Projeto Gugu”,
iniciativa da prefeitura de Niterói, voltado para os idosos e que alia os
diversos gêneros musicais aos exercícios físicos demonstrando a importância
da música na promoção da saúde. Ao final da vídeoaula, há uma montagem com
músicas de diversos ritmos e gêneros, de forma a mostrar que o cliente pode
escolher a trilha musical que mais lhe agrada a fim de diminuir o estresse. Na
sequência segue uma mensagem de apoio aos hipertensos ratificando que a
incorporação da música ao cotidiano, independente de ser no momento de meditação
ou durante um exercício físico, pode trazer inúmeros benefícios para a saúde.
Em
um estudo realizado em Unidades Básicas de Saúde da cidade de Minas Gerais foi
observado que a música possibilitou trazer à tona nuances da vida pregressa
dos pacientes, por meio de lembranças que faziam parte da narrativa de vida de
cada integrante do grupo.
(7)
Com
essa vídeoaula o cliente será capaz de: identificar a correlação entre a HAS
e o estresse; usar as técnicas de respiração e relaxamento antes da terapia
com a música; empregar os diversos gêneros musicais, de acordo com sua preferência,
durante a terapia musical a fim de contribuir com a manutenção da pressão
arterial em nível adequado e atuar com autonomia e responsabilidade no processo
terapêutico.
A
aprendizagem, viabilizada pela música, oferece possibilidades
interdisciplinares, a fim de contribuir para a construção de valores pessoais
e sociais, melhorando a cognição e a capacidade de resolução de problemas do
cotidiano, de forma a tornar o processo de aprendizagem mais dinâmico,
prazeroso e eficaz. Essa modalidade de educação em saúde remete aos preceitos
da Pedagogia Progressista, que parte da necessidade e das aspirações dos
educandos, em seu cotidiano, para estimular rupturas, sair do imediato e chegar
ao teórico.
(7)
Resultado
e Discussão
Com
o intuito de divulgar o vídeo e alcançar a visibilidade por um público maior,
o mesmo foi postado no canal youtube para que os pacientes pudessem ter acesso
às informações nele contidas.
Com
a publicação, a vídeoaula foi avaliada pela professora, pelos colegas de
turma e pelos familiares que o assistiram de forma a contribuir com suas
considerações a cerca do que foi apresentado. O mesmo está disponível no
seguinte link:
No
festival de vídeoaulas, realizado no dia 09 de dezembro, foram apresentados e
avaliados os vídeos de todos que estavam presentes na sala de aula de forma
que, ao final, cada um apontou seu objetivo e qual o comportamento que o
paciente deveria apresentar de modo a mostrar o conhecimento adquirido após
assistir o mesmo.
A partir da elaboração e durante a apresentação do projeto, pude
perceber a dificuldade em identificar qual a melhor forma de transmitir o conteúdo
a fim de trazer benefícios para a saúde de quem assiste, sem tornar a vídeoaula
monótona e/ou repetitiva.
Portanto, a disciplina me proporcionou aperfeiçoar o entendimento a
cerca do papel do enfermeiro educador em saúde, que a partir do seu
conhecimento técnico científico aliado às estratégias de ensino, busca
transmitir ao paciente determinada habilidade de autocuidado de forma que o
paciente saiba reproduzir a ação posteriormente e incorporá-la em seu
cotidiano em benefício próprio.
Além
disso, a disciplina também propiciou o exercício do pensamento crítico
focalizado em resultados que requerem um propósito voltado para o paciente e
para a família, que constitui um dos elementos que orienta as ações do
enfermeiro e o auxilia em sua tomada de decisões(8).
Conclusão
O
ensino online, por sua vez, propicia uma maior interação, visto que a dimensão
do tempo e do espaço são instituídas consoantes as necessidades, os
interesses e a vontade dos aprendizes, ampliando as possibilidades da educação(9)
A
vídeoaula visou motivar os indivíduos a fazerem da música uma ferramenta
alternativa para a diminuição do estresse e da ansiedade, além de ressaltar a
importância de cultivar hábitos saudáveis que contribuam para a melhora do
quadro de saúde. Os desafios durante a disciplina foram muitos, mas colaboraram
com o aprimoramento do conhecimento a cerca da prática de ensino.
Em
qualquer atividade educativa é necessário que os esforços dos participantes
sejam estimulados, compensados e recompensados por uma alegria que possa ser
vivida no momento presente. Alegria esta que na concepção snyderiana é
entendida como a alegria de compreender, de sentir, descobrir a realidade, de
poder decifrá-la e sobre ela atuar, de romper com as inseguranças e
incertezas, buscar a plenitude. Tendo como base a busca da originalidade, da
criatividade, da autossuperação e crescimento constante do potencial dos indivíduos,
diminuindo inseguranças, medo e incertezas. É conhecer e poder escolher
criticamente dentre as diversas possibilidades oferecidas pela realidade.7
A
estratégia de ensino da aula demonstrativa teve por objetivo colaborar com a
construção de novos conhecimentos, desconstruindo saberes errôneos, sem
desconsiderar o conhecimento e a cultura que cada indivíduo trás em si, como
base do saber. A Teoria
do Cuidado Transpessoal de Jean Watson corrobora que o cliente é o sujeito do
cuidado de enfermagem e, portanto, deve ser considerada sua capacidade de
questionar, refletir, portanto, o cuidado implica na interação
entre quem cuida e quem participa desse cuidado, partindo da premissa de que o
enfermeiro não atua ‘no’ cliente, mas ‘com’ o cliente.
(10)
Referências
1
BRASIL. Ministério da Saúde. Hipertensão Arterial Sistêmica. Caderno de Atenção
Básica n 15. Brasília. 2006. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderno_atencao_basica15.pdf
2
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Disponível
em: http://publicacoes.cardiol.br/consenso/2010/Diretriz_hipertensao_associados.pdf
3
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dezembro de 2013]. Disponível em: http://datasus.gov.br
4
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5
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BNN - ISSN 1676-4893
Boletim do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre as Atividades de Enfermagem (NEPAE)e do Núcleo de Estudos sobre Saúde e Etnia Negra (NESEN).