Boletim NEPAE-NESEN

Construção de videoaula como estratégia de educação em saúde para pacientes hipertensos: relato de experiência

Construction of videoaula as health education strategy for hypertensive patients: experience report

Tavares, Ana Paula Cardoso, Acadêmica do 8° período do Curso de Graduação e Licenciatura em Enfermagem da Universidade Federal Fluminense

Cruz, Isabel, Professora Titular do Curso de Enfermagem e Licenciatura da Universidade Federal Fluminense

 

RESUMO. A educação em saúde é um campo de práticas e de conhecimento do setor Saúde que tem se ocupado mais diretamente com a criação de vínculos entre a ação assistencial e o pensar e fazer cotidiano da população. A educação em saúde é fundamental para o desenvolvimento do autocuidado do paciente com Hipertensão Arterial Sistêmica. O presente trabalho possui como objetivo relatar a experiência vivenciada na disciplina de Pesquisa e Prática de Ensino III durante o período de construção da vídeoaula de 7 minutos. O presente artigo trata-se de um relato de experiência sobre a construção de uma vídeoaula de 7 minutos para pacientes portadores de Hipertensão Arterial Sistêmica. Esta atividade foi proposta pela disciplina de PPE III, do curso de Enfermagem da Universidade Federal Fluminense. A aprendizagem adquirida durante a elaboração desta vídeoaula foi um dos objetivos alcançados pela disciplina de PPE III. A construção da videoaula permitiu promover a educação em saúde através de outro veículo de ensino. A utilização do recurso audiovisual é uma estratégia pouco explorada atualmente, apesar de ser facilitadora do processo de ensino-aprendizagem.

Descritores: Hipertensão, Enfermagem, Educação em Saúde.

ABSTRACT. Health education is a field of practice and knowledge of the health sector that has occupied more directly to the creation of links between charity work and think and do everyday population. Health education is fundamental to the development of self-care of the patient with Hypertension. This work has as purpose to describe the lived experience in the discipline of Research and Practice Teaching III during the construction of vídeoaula 7 minutes. The present article it is an experience report about the construction of a vídeoaula 7 minutes for patients with Hypertension. This activity was proposed by the discipline of PPE III, Travel Nursing, Fluminense Federal University . The learning gained during the development of this vídeoaula was one of the goals achieved by the discipline of PPE III. The construction of videoaula allowed to promote health education through teaching another vehicle.  The use of visual aid is a strategy currently little explored, despite being a facilitator of the teaching- learning process.

Keywords: Hypertension, Nursing, Health Education

 

INTRODUÇÃO

A educação em saúde é um campo de práticas e de conhecimento do setor Saúde que tem se ocupado mais diretamente com a criação de vínculos entre a ação assistencial e o pensar e fazer cotidiano da população[1].

As práticas educativas nesta área devem ser direcionadas para o desenvolvimento de capacidades individuais e coletivas visando à melhoria da qualidade de vida e saúde e melhora no autogerenciamento, principalmente quando relacionamos as doenças crônico-degenerativas[2].

  A doença crônico-degenerativa em questão é a Hipertensão Arterial Sistêmica. A hipertensão arterial sistêmica em diversas vezes se apresenta de forma silenciosa, ou seja, não há sinais ou sintomas da doença. Deste modo, a HAS é diagnosticada pela detecção de níveis elevados e sustentados de pressão arterial (PA) pela medida casual[3].

Visto que o público-alvo da elaboração da videoaula encontra-se na fase adulto/ idoso, somente a apresentação de conceitos dentro da temática abordada não é o suficiente para que o paciente possa adquirir habilidades de autocuidado. É necessária a utilização de técnicas de ensino adequadas para a faixa etária, como por exemplo, o método de demonstração. Esse tipo de técnica facilita o processo de ensino-aprendizagem e permite ao paciente reproduzir a ação correta para seu autocuidado.

A disciplina de Pesquisa e Prática de Ensino III, do curso de Graduação e Licenciatura em Enfermagem da Universidade Federal Fluminense, possui articulação no Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre as Atividades de Enfermagem (NEPAE) – Educação Em Saúde Online. A proposta principal da disciplina é de capacitar o aluno de enfermagem em educação, desenvolver habilidades tecnológicas visando uma a inovação do processo ensino-aprendizagem[4].

O presente trabalho possui como objetivo relatar a experiência vivenciada na disciplina de Pesquisa e Prática de Ensino III durante o período de construção da vídeoaula de 7 minutos.

 

SITUAÇÃO-PROBLEMA

A disciplina de Pesquisa e Prática de Ensino III disponibiliza para os licenciandos em enfermagem a escolha de uma temática na forma de um questionamento. Por exemplo: Como eu faço para manter o nível do meu açúcar no sangue no limite saudável? A finalidade desse questionamento é de instigar o aluno a pensar e refletir de forma a elaborar uma videoaula que promova mudança no comportamento do paciente com HAS. Com base na escolha dessa temática, o aluno deve planejar todas as etapas para o desenvolvimento de um plano de ensino. Sendo assim, o planejamento constitui importante ferramenta para a efetividade da missão organizacional[5].

MÉTODO

O presente artigo trata-se de um relato de experiência sobre a construção de uma vídeoaula de 7 minutos para pacientes portadores de Hipertensão Arterial Sistêmica, com o título “Como eu faço para manter o nível do meu açúcar no sangue no limite saudável?” Esta atividade foi proposta pela disciplina de Pesquisa e Prática de Ensino III, do curso de Enfermagem da Universidade Federal Fluminense.

A videoaula teve como tema principal a manutenção da glicemia em pacientes com Hipertensão Arterial Sistêmica, sendo realizado um levantamento bibliográfico sobre o assunto para a sua construção e elaboração de um plano de ensino. Para a construção da vídeoaula foram utilizadas imagens, vídeos, gravações e filmagens e editada pelo programa Camtasia Studio 6.

 

Além desta atividade, a disciplina também disponibilizou atividades variadas através do Programa Moodle, também conhecido como Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) inserido no Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre as atividades em enfermagem (NEPAE)- Educação em Saúde Online. Também aconteceram encontros presenciais em que ocorreram debates, atividades e apresentações.

PLANO DE ENSINO

O plano de ensino foi a etapa fundamental para o planejamento das etapas a serem realizadas e serviu como principal instrumento para a conduzir a construção da videoaula. Ele significa, sobretudo, pensar a ação docente refletindo sobre os objetivos, os conteúdos, os procedimentos metodológicos, a avaliação do aluno e do professor. É essencial enfatizar que o planejamento de ensino implica, especialmente, em uma ação refletida: o professor elaborando uma reflexão permanente de sua prática educativa[6].

O plano de ensino foi constituído pelas seguintes etapas: tema, público-alvo, objetivo, avaliação, conteúdo, material, introdução, estratégia de ensino, encerramento e referências bibliográficas.

Público alvo:

Pacientes portadores de HAS

Tema:

Como eu faço para manter o nível do meu açúcar no sangue no limite saudável?

Objetivos:

 

 

 

 

 

Ao final da vídeo aula o paciente portador de HAS deverá ser capaz de:

1. Manter seu nível de glicose no limite saudável, aplicando os conhecimentos adquiridos no autocuidado diário.

2. Demonstrar as medidas apresentadas para o controle de glicemia, permitindo que outras pessoas sejam capazes de aprender e perceber a importância do controle glicêmico.

Avaliação:

Ao final da videoaula o paciente será capaz de reproduzir o que foi aprendido, sendo incentivado a promover uma mudança de seu comportamento quanto à manutenção de sua glicemia em níveis saudáveis ao longo do tempo.

 

Conteúdo:

Na vídeoaula serão abordados temas importantes como o conceito de glicemia, identificando os principais sinais de hipoglicemia e hiperglicemia, e a realização de medidas benéficas na manutenção de níveis glicêmicos, como a prática de exercícios físicos, alimentação saudável, uso de medicamentos, prevenção do estresse, manutenção do peso corporal, entre outros, funcionando como estratégias para mostrar os comportamentos adequados ao paciente com HAS para manter o controle da glicemia.

 

Material:

Livros de enfermagem, câmera, vídeo do YouTube, Power Point, computador, internet, alimentos e objetos para demonstração.

 

Introdução (incentivação):

Apresentação através de vídeoaula de conceitos essenciais para o entendimento do funcionamento do corpo, mostrando como o desequilíbrio do nível da glicose traz prejuízo para o organismo. Apresentação de comportamentos adequados e inadequados no controle do nível de glicose sanguínea.

 

Estratégia de ensino:

Apresentação de comportamentos adequados para o controle da glicemia através de uma vídeoaula de 7 minutos, para que o paciente com HAS possa reproduzir esses comportamentos diariamente para o controle da glicemia.

 

Encerramento (síntese):

Através das práticas aplicadas, o paciente terá agora a informação necessária para que possa desenvolver habilidades para a manutenção de um bom nível de glicemia, podendo assim entender como realizar medidas que sejam eficazes para o controle da mesma, como identificar e prevenir problemas ou enfermidades provenientes do desequilíbrio dessa taxa de glicose.

 

Referências Bibliográficas:

-Smeltzer; S.C; Bare, B.G. Brunner& Suddarth: Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgica.

12ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011.

-Potter, P.A; Perry, A.G. Fundamentos de Enfermagem. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 2009.

 

 

 PROCESSO DE REALIZAÇÃO DA VIDEOAULA

Como dito anteriormente, o plano de ensino deu o embasamento necessário para a elaboração da videoaula. Foram separados os materiais necessários para a aula, gravação e filmagem do vídeo. Para a montagem da vídeoaula foi necessário um vídeo do You Tube encontrado pelo link http://www.youtube.com/watch?v=RF1o4YYjAmA baixado pelo programa VDownloader, uma gravação de voz para narrar o vídeo baixado, o programa de conversão de áudio FreeStar AMR MP3 Converter e a filmagem da aula propriamente dita. Para a edição, foi utilizado o programa Camtasia Studio 6. Houveram dificuldades na edição do vídeo visto que tratava-se da utilização de programas e recursos complexos e que nunca fizeram parte do nosso dia-a-dia.

 

ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DA EXPERIÊNCIA DA VIDEOAULA

A partir do primeiro encontro da disciplina, o planejamento de todas as atividades já estavam definidas, dentre elas, a criação da vídeoaula como estratégia para educação em saúde de pacientes portadores de HAS.

A construção da vídeoaula exigiu muita dedicação dos licenciandos, pois foi necessário aprender a manejar equipamentos, programas de montagem e edição de vídeo, gravações e outros materiais para auxílio desse processo. Os programas para montagem e edição de vídeos contém uma interface bem complexa, o que dificulta o trabalho dos alunos. Além disso, esses programas têm sua apresentação em inglês, sendo mais um fator de dificuldade para o manuseio dos mesmos.

A experiência de construir uma vídeoaula é benéfica em todos os aspectos. Sabemos que atualmente o processo de ensino-aprendizagem pode ser facilitado por meio de vários recursos. É fundamental que o profissional se abra para novos conhecimentos a fim de aplicá-los em seus métodos de ensino. Para que as tecnologias de informação e comunicação possam trazer alterações no processo educativo elas precisam ser compreendidas e incorporadas pedagogicamente. Isso significa que é preciso respeitar as especificidades do ensino e da própria tecnologia para poder garantir que o seu uso, realmente, faça diferença[7]. A aprendizagem adquirida durante a elaboração desta vídeoaula foi um dos objetivos alcançados pela disciplina de PPE III.

 

CONCLUSÃO

A construção da videoaula permitiu promover a educação em saúde por meio de outro veículo de ensino. Percebe-se que utilização do recurso audiovisual é uma estratégia pouco explorada atualmente, apesar de ser facilitadora do processo de ensino-aprendizagem.

Esta atividade proposta aos licenciandos de PPE III proporcionou experiência em uma área ainda pouco trabalhada durante a graduação de enfermagem, permitindo o desenvolvimento e planejamento de estratégias de ensino mais adequadas de acordo com o público-alvo.

Além disso, para a construção da vídeoaula foi necessário desenvolver habilidades na utilização de recursos tecnológicos, visto que são fundamentais na dinamização do processo de ensino na atualidade.

A utilização da vídeoaula para educação em saúde é uma estratégia de ensino ainda pouco conhecida pelos enfermeiros. Apesar de ser geralmente associada ao lazer e entretenimento, a produção de vídeos digitais pode ser utilizada como atividade de ensino e aprendizagem com vasto potencial educacional ainda a ser explorado[8].

Mesmo diante de algumas dificuldades na construção da vídeoaula, foi possível adquirir bastante conhecimento em práticas de ensino e no manejo de ferramentas interativas. A vídeoaula produzida durante a disciplina encontra-se disponível ao acessar o link:

http://www.youtube.com/watch?v=Ge-oBjj_0eI

 

REFERÊNCIAS

1-               Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Caderno de Educação Popular e Saúde. Brasília (DF); 2007. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/caderno_de_educacao_popular_e_saude.pdf

2-              Organização Mundial da Saúde. Cuidados inovadores pra condições crônicas: componentes estruturais de ação. Relatório anual. Brasília: OMS; 2003. 

3-              VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão. Rev bras hipertens [Internet]. 2010; 17(1): 57-60. Disponível em:http://www.anad.org.br/profissionais/images/VI_Diretrizes_Bras_Hipertens_RDHA_6485.pdf Acessado em: 28/11/13)

4-              Fonseca TC, Isabel CFC. Produção de uma videoaula para inserção de exercício físico regular na rotina de hipertensos: um relato de experiência. BNN - ISSN 1676-4893. Universidade Federal Fluminense. 2013. Disponível em:http://www.uff.br/jsncare/index.php/bnn/article/view/2577/590

5-              Kurcgant P, Ciampone MHT, Melleiro MM. O planejamento nas organizações de saúde: análise da visão sistêmica. Rev Gaúcha Enferm. 2006;27(3):351-5.

6-              Leal, R. B. (2005). Planejamento de ensino: peculiaridades significativas. Revista Iberoamericana de Educação, 49/7, pp.1-6. Disponível em: http://www.rieoei.org/deloslectores/1106Barros.pdf

7-              Kenski VM.; Educação e Tecnologias: o novo ritmo da informação. Campinas, SP: Papirus, 2007.

8-              Serafim, ML; Sousa, RP; Multimídia na Educação: O vídeo Digital Integrado ao contexto escolar, IN:Tecnologias digitais na educação. EDUEPB. Campina Grande-PB,2011.p.17-48.

 



 

 

 

 

 

 

 

 

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BNN - ISSN 1676-4893 

Boletim do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre as Atividades de Enfermagem (NEPAE)e do Núcleo de Estudos sobre Saúde e Etnia Negra (NESEN).