Vídeo-aula
como instrumento de ensino sobre como fazer o automonitoramento da pressão
arterial: um relato de experiência
Instructional
video as a teaching tool on how to self-monitor blood pressure: an experience
report
Graziela
Moura. Graduanda do Curso de Graduação
e Licenciatura em Enfermagem da Universidade Federal Fluminense
Isabel
Cruz. Professora titular/UFF
RESUMO:
Este
artigo trata de um relato de experiência sobre uma vídeo-aula desenvolvida
para clientes portadores de hipertensão arterial sistêmica. Teve-se como
objetivo, a orientação ao cliente adulto de como fazer o automonitoramento da
pressão arterial. Então, como proposta da disciplina prática e pesquisa em
ensino III, do curso de graduação em enfermagem e licenciatura da Universidade
Federal Fluminense, foi desenvolvida uma vídeo aula que tem por objetivo o
aprendizado do cliente sobre automedir a pressão arterial. Descritores:
Enfermagem. Hipertensão. Autocuidado.
ABSTRACT:
This paper is an experience report on the instructional video designed for
customers suffering of hypertension. Had as objective guidance to adult client
how to self-monitoring of blood pressure. So how the proposed practice and
research in teaching discipline III of the undergraduate nursing degree and the
Federal Fluminense University, we developed a video lesson which aims learning
about customer automeasure blood pressure. Keywords:
Nursing. Hypertension. Self Care.
INTRODUÇÃO
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é um problema grave de saúde pública
no Brasil e no mundo¹. Entre as doenças do aparelho circulatório, é a mais
frequente e propicia fator de risco para diversas complicações como as
cardiovasculares, cerebrovasculares e renais. Aponta-se que no Brasil são cerca
de 17 milhões de portadores de hipertensão arterial, 35% da população de 40
anos e mais. E esse número é crescente¹.
A hipertensão arterial sistêmica em diversas vezes se apresenta de
forma silenciosa, ou seja, não há sinais ou sintomas da doença. Deste modo, a
HAS é diagnosticada pela detecção de níveis elevados e sustentados de pressão
arterial (PA) pela medida casual². Entretanto, é de suma importância que o
paciente monitore sua pressão arterial frequentemente em ambientes que ele se
sinta a vontade, pois obtém valores mais reais. Pelo
o critério atual de diagnóstico de hipertensão arterial (PA 140/90 mmHg), a
prevalência na população urbana adulta brasileira varia de 22,3% a 43,9%.
Para o sucesso do tratamento e do controle da HAS, é necessário que o
usuário do serviço de atenção básica conheça o seu processo de saúde-doença
e todos os fatores de risco que levaram a hipertensão e podem agravá-la. Os
principais fatores de risco modificáveis, como a alimentação e a prática de
atividade física devem ser amplamente abordados. Para tal, os profissionais de
saúde precisam estar bem preparados para desenvolver a educação em saúde.3
Os profissionais da saúde, ao aconselharem modificações de hábitos,
devem apresentar ao paciente as diferentes medidas e possibilidades de implementá-las
para que ele possa adaptá-las à sua situação sócio-econômica e à sua
cultura, obtendo, dessa forma, maior adesão ao tratamento. Ressalta-se a importância
de uma abordagem multi ou interdisciplinar e o envolvimento dos familiares do
hipertenso nas metas a serem atingidas.3
Na atualidade, torna-se imperativo o conhecimento e a utilização de
diferentes meios de comunicação tecnológicos para o processo de
ensino-aprendizagem.4 Portanto, os meios de comunicação,
principalmente a internet, configuram uma tecnologia muito importante para o
ensino ao cliente, pois muitas pessoas procuram na rede informações sobre saúde,
mudança de hábitos, entre outras.
No Curso de Graduação e Licenciatura em Enfermagem da Universidade Federal Fluminense há a disciplina Pesquisa e Prática de Ensino III, com a opção de Educação a Distância através do Programa Moodle. Essa disciplina visa desenvolver nos alunos a habilidade de utilizar as tecnologias de informação como recurso para educação em saúde de adultos e idosos.
O objetivo desse artigo é relatar a
experiência de uma aluna de graduação em enfermagem durante a elaboração de
uma vídeo-aula para educação em saúde de adultos e idosos portadores de HAS,
com foco principal no automonitoramento da pressão arterial.
MÉTODO
Este estudo consiste em um relato da
experiência vivenciada pela aluna da disciplina Pesquisa e Prática de Ensino 3, do Curso de Graduação e
Licenciatura em Enfermagem da Universidade Federal Fluminense. Durante a
disciplina desenvolvemos atividades da citada através do Programa Moodle e de
encontros presenciais para, ao final, apresentar como método avaliativo uma vídeo-aula
de educação em saúde para adultos
e idosos portadores de HAS, com base nos conhecimentos adquiridos sobre
Andragogia, Taxonomia de Bloom e objetivos de aprendizagem, entre outros.
RESULTADO E DISCUSSÃO
Foram realizados muitos exercícios, pesquisas, leituras, vídeo aula com
foco no aprendizado do cliente. Uma lista de temas de vídeo-aula nos foram
proposta, tivemos a oportunidade de escolher um tema. Escolhi o tema para o auto
cuidado com clientes com HAS, para aprender a automedir a pressão arterial.
Para a confecção da vídeo-aula, foi necessário a elaboração de um plano de
aula, após avaliação da professora, começamos a colocar em prática a
elaboração da vídeo-aula. Gravações de voz, pesquisa de figuras, monitor
digital para aferir pressão arterial, busca em artigos sobre HAS para elaboração
da parte teórica, tudo isso foi necessário para confeccionar o vídeo, e
para a edição do conteúdo gravado, o processo se deu pela utilização do
software Windows MovieMaker.
Esses ambientes virtuais de aprendizagem são estabelecidos como sistema
de ensino e aprendizagem integrados e abrangentes, capazes de promover o
engajamento do aluno5. Os ambiente virtuais tem como intuito
assegurar um processo continuado de aprendizagem através de trocas, incentivado
por um trabalho cooperativo entre sujeitos de diferentes saberes. A interação
e a cooperação possibilitaram ao aluno ter uma tomada de decisão na construção
da sua aprendizagem, apurando as informações e atribuindo-lhes significados6.
No primeiro encontro presencial das discentes com a docente da
disciplina, no qual explicaram como seria a disciplina e como funcionavam a
plataforma e o programa Moodle. Todos os alunos foram cadastrados para ter
acesso à plataforma. Foram apresentados os métodos de avaliação, as
atividades que deveriam ser feitas nos prazos estabelecidos e o principal
objetivo que deveríamos alcançar ao final da disciplina, era que fossemos
capazes de atuar na educação em saúde para adultos.
Acessando a plataforma fui encontrando vários estudos sugeridos pela
docente, inicialmente, aprendemos sobre Andragogia, o artigo sugerido parte
de uma visão ampliada do idoso, na qual a missão do enfermeiro/educador é a
de ajudar o adulto a desenvolver seu potencial, considerando seu ambiente
social, suas experiências pessoais e coletivas e suas expectativas.7
Aprendemos então que os métodos de ensino são os caminhos que devemos
conduzir o ensino para atingir o objetivo predefinido. Portanto, o educador
precisa não só saber o que ensinar, mas como ensinar. Após conhecermos as
diversas técnicas e recursos possíveis de serem utilizados durante o ensino do
adulto, foi mais fácil traçar os diversos métodos que usaríamos em nossos vídeos.
No segundo encontro, a professora havia sugerido pela Plataforma que
realizássemos uma coleta de dados com pacientes hipertensos, para facilitar ela
sugeriu que fizéssemos a coleta no local onde cada aluno estivesse em campo de
estágio, sendo traçado um plano de aula para esse público, sendo apresentado
através da ferramenta PREZI. Apesar de muitas dúvidas e questionamentos sobre
essa atividade, conseguimos entender o objetivo proposto no dia da aula, que
seria: o que você espera que seu paciente aprenda após sua aula? Ou seja, o
que ele deve fazer para a pressão arterial dele se manter 120x80?
Inicie meu vídeo analisando a forma que conseguiria alcançar meu
objetivo. Como o meu paciente conseguiria aprender a fazer o automonitoramento
da pressão arterial em casa. Cheguei a conclusão que ele só aprenderia se eu
demonstrasse a forma correta de automedir a pressão arterial. Com isso utilizei
câmera digital, imagens obtidas da internet, textos extraídos de artigos científicos
e monitor digital de pressão arterial. E eu mesma fui argumentando o passo a
passo de como aferir corretamente e ao mesmo tempo fui demonstrando. Tentei de
todas as formas elaborar uma aula bem ilustrativa e interessante para prender a
atenção do público. Uma vez que em ambiente virtual, o público tem total
liberdade em escolher aquilo que apenas lhe interessa.
Inicie abordando o significado de Hipertensão Arterial, como ela
ocorrer, os fatores de risco, e logo após falei da importância de automedir a
pressão arterial e demonstrei ao meu público como realizar esse processo
corretamente.
Tive dificuldade em pensar no método avaliativo da vídeo-aula, uma vez
que não estaria em contato com meu público alvo, como ele faria para eu ver o
automonitoramento. Por isso decidi
no final da aula realizar perguntas de verdadeiro ou falso.
Encontrei dificuldade quando gravei as cenas em que aparecia e precisava
sincronizar a gravação com o restante do áudio. Precisei de ajuda de
terceiros para realizar esse processo.
Ao final, a vídeo-aula ficou exatamente c 7 minutos e mostrei para meu
pai e minha mãe que são hipertensos. Pedi a eles que assistissem a aula e
respondessem o questionário no final e demonstrassem para mim a forma correta
de automedir a pressão arterial. Eles responderam corretamente e demonstraram
de maneira ideal. Com isso pude ter a certeza que meus alunos conseguiriam também
realizar o automonitoramento de forma certa.
A vídeoaula foi submetida e publicada no site youtube para uma avaliação
da docente responsável pela disciplina e
apresentação aos colegas de turma durante o último encontro presencial da
turma de PPE III. E está disponível através do link: http://www.youtube.com/watch?v=lgfCsUEFA1Q
CONCLUSÃO
Contudo, acredito que uma apresentação neste formato de vídeo, prende
a atenção do cliente que a assiste e pode sim promover mudanças no seu
cotidiano. Acredito que após estar ciente de que a verificação da PA é
importante, ele poderá anotá-la e levar para a sua próxima consulta e isto
facilitará o profissional a ensiná-lo sempre a melhor prática de autocuidado.
Porém, no inicio da disciplina fiquei assustada com o fato de ter que
elaborar um vídeo. Não tinha muita intimidade com programas da internet e isso
me fez aprender e ter um interesse grande em elaborar vídeos com fins
educativos. Pois as vídeo-aulas são recursos que podem ser implementadas sem
dificuldades nas unidades de saúde, junto com a presença do profissional
educador, pois o material produzido deve estar associado a um processo educativo
em que é importante a presença de um educador como facilitador da
aprendizagem.8 Aprender a elaborar um plano de aula também
foi muito interessante, eu nunca imaginava que aulas eram planejadas daquela
forma. Outro fator que me surpreendeu, foi o fato da disciplina ser online, eu
confesso que tinha um preconceito quanto a isso, achava que o aluno não
aprendia direito e mudei completamente minha visão sobre isso, aprendi muito
mais do que em muitas disciplinas presenciais.
REFERÊNCIAS
1
BRASIL, Hipertensão Arterial Sistêmica; Ministério da Saúde. 2006.
Disponível em:Erro! A referência
de hiperlink não é válida. acessado
em: 15/08/2013.
2.
VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão. Rev
bras hipertens [Internet]. 2010; 17(1): 57-60. Disponível em: http://www.anad.org.br/profissionais/images/VI_Diretrizes_Bras_Hipertens_RDHA_6485.pdf
Acessado em: 14/08/2013.
3.
Brasil, Ministério da Saúde.
Grupo Hospitalar Conceição. Protocolo de Hipertensão Arterial Sistêmica para a Atenção Primária
em Saúde. Porto Alegre : Hospital Nossa Senhora da Conceição, 2009.
4.
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ICF. Moodle and nursing teaching – a brief experience report. Online
Brazilian Journal of Nursing, 8(1),
2009.
5.
Tarouco
LMR. Plataformas para suporte a educação a distância. Revista Informática
para a Educação: teoria e prática, Porto Alegre (RS) 2001 dez;4(2):7-13.
6.
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para a aprendizagem colaborativa. Porto Alegra (RS). Disponível emErro!
A referência de hiperlink não é válida..
Acesso em 22nov 2013.
7.
Souza
L, Silva M. Nursing consultation to elderly people based on andragogy: a review
article. Online Brazilian Journal of Nursing, 8(1), 2009. Disponível em: http://www.uff.br/objnursing/index.php/nursing/article/view/2119.
Acesso em: 17 de abril de 2012, 22:40hrs.
8.
Hoga LAK, Abe CT. Relato de experiência
sobre o processo educativo para a promoção da saúde de adolescentes. Rev.Esc.Enf.USP,
34(4):407-12, 2000.
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BNN - ISSN 1676-4893
Boletim do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre as Atividades de Enfermagem (NEPAE)e do Núcleo de Estudos sobre Saúde e Etnia Negra (NESEN).