Boletim NEPAE-NESEN

Elaboração de videoaula sobre estratégias para o controle do sal no cotidiano alimentar: Relato de Experiência

 Draffing video lesson on strategies for the control of salt in food everyday life: experience Report.

 Portugal, Fernanda Tosta de Alcântara,Acadêmica do 8° período do Curso de Graduação e Licenciatura em Enfermagem da Universidade Federal Fluminense

Cruz, Isabel. Professora Titular do Curso de Enfermagem e Licenciatura da Universidade Federal Fluminense

 

RESUMO

As tecnologias de informação e comunicação são recursos que beneficiam e auxiliam o processo de educação em saúde. A disciplina de Prática de Ensino em Enfermagem tem utilizado a videoaula com duração de 7 minutos como um recurso para o desenvolvimento das habilidades docentes nos (as) licenciandos (as). Trata-se de um relato de experiência de uma acadêmica de enfermagem na elaboração de uma videoaula que tinha como título “Reduzir o sal...Como faço isso no meu dia- dia?” na disciplina Pesquisa e Prática de Ensino III do curso de enfermagem e licenciatura da Universidade Federal Fluminense – UFF. Na elaboração da videoaula foi necessário o aprendizado da formulação de um plano de aula aliado a implementação de práticas educativas eficazes ao público alvo a fim de promover á saúde, favorecendo uma autonomia ao usuário e um aumento em sua qualidade de vida.

Descritores: Sal;Enfermagem; Hipertensão

ABSTRACT.

Information technology and communication are features that benefit and assist the process of health education. The discipline of Teaching Practice in Nursing has used videoaula lasting 7 minutes as a resource for the development of teaching skills in (the) undergraduates (as). This is an experience report of an academic nursing in developing a videoaula that was titled "Reducing salt ... How do I do that in my day to day?" Discipline Research and Teaching Practice III Travel nursing degree and Universidade Federal Fluminense - UFF. In preparing videoaula learning formulating a lesson plan together with the implementation of effective educational practices to the target audience to promote to health was needed. 

Keywords: Salt;Nursing; Hypertension.

 

Introdução

A hipertensão arterial sistêmica é definida como pressão arterial sistólica maior ou igual a 140 mmHg e uma pressão arterial diastólica maior ou igual a 90 mmHg , em indivíduos que não estão fazendo uso de medicação anti-hipertensiva. Em indivíduos sem diagnóstico prévio e níveis de PA elevada em uma aferição, recomenda-se repetir a aferição de pressão arterial em diferentes períodos, antes de caracterizar a presença de HAS.1

Nos dias atuais, a hipertensão arterial sistêmica, tem sua maior incidência em pessoas obesas, sedentárias e consumidoras em excesso de sal e álcool, apontada como um dos principais fatores de risco para a doença cardiovascular2.

É um dos mais importantes fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, cerebrovasculares e renais, sendo responsável por pelo menos 40% das mortes por acidente vascular cerebral, por 25% das mortes por doença arterial coronariana e, em combinação com o diabete, 50% dos casos de insuficiência renal terminal. Com o critério atual de diagnóstico de hipertensão arterial (PA 140/90 mmHg)1.

Mudanças nos padrões alimentares, com menor consumo de vegetais, aumento do uso de encontro e, mais recentemente, produtos industrializados , resultaram em consumo de sal acima dos limites recomendados em diferentes grupos da população .Um estudo recente  descobriu que o consumo diário de sal entre 13 e 17g em pacientes hipertensos, com 40 a 55% desse consumo decorrente da adição aos alimentos durante ou após a sua preparação, enquanto o consumo de alimentos com alto teor de sal também foi freqüente. Esta ingestão excede em muito o limite recomendado de 6g de sal / dia para as pessoas normotensos ou 4g de sal / dia para pessoas hipertensas.3

Dentre os fatores nutricionais estudados e que se associam à alta prevalência de hipertensão arterial estão o elevado consumo de álcool e sódio e excesso de peso. 4

A assistência às pessoas com hipertensão arterial requer por parte da equipe de saúde atenção especial no tocante à problemática do controle, que por sua vez apresenta estreita relação com o processo de adesão ao tratamento. 5

Para os clientes adultos é necessário direcionar sobre o assunto que seu problema é tratado. Além do mais, obtêm um elo com o cliente adquirindo melhores condições para este realizar o autocuidado, focando no aprendizado para ser administrado de forma correta e com sucesso de ensino e aprendizagem, pois neste modelo há empoderamento. A educação em saúde constitui-se em uma ferramenta que os profissionais de saúde, entre eles os enfermeiros, devem adotar com vistas ao atendimento integral do indivíduo portador de hipertensão arterial. Por meio da educação em saúde, pode se gerar oportunidades de reflexão sobre saúde, práticas de cuidados e mudanças de costumes, constituindo-se um dos pilares da promoção da saúde. 6

Podemos considerar como sistema de apoio principal para o indivíduo com hipertensão é a família. Se tornando o agente influente no processo de cuidado, como um sujeito do seu próprio viver e interferindo positivamente no controle dos níveis pressóricos desse familiar com hipertensão. 7  Para que se haja uma prática de saúde que intervenha no processo saúde-doença é imprescindível conhecer a realidade dos indivíduos com as quais se deseja realizar uma ação educativa bem como suas potencialidades e suscetibilidades avaliadas em um âmbito holístico.8

Metodologia

Este estudo foi construído por base de um relato de experiência vivenciado por uma acadêmica de enfermagem do 8º período de graduação da Universidade Federal Fluminense durante disciplina de Pesquisa e Prática de Ensino III no período de setembro a dezembro de 2013.  Para a realização desse estudo, foi realizada uma pesquisa retrospectiva, de caráter qualitativa, descritiva e bibliográfica. A sua realização para uma coleta de dados foi no decorrer da disciplina, no período do segundo semestre de 2013 nos momentos em que os alunos articulavam com a professora responsável pela disciplina através do ambiente virtual de avaliação. Em seu início, obtivemos uma base sobre os conhecimentos de andragogia, taxonomia de Bloom e objetivos de aprendizagem. Foram realizados séries de exercícios, pesquisas, leitura de artigos, vídeo aulas com foco no aprendizado do cliente e as atividades foram focadas no ensinamento do aluno para aprender como lidar e a orientar o cliente portador de Hipertensão com clareza e de maneira que pudéssemos realizar a educação em saúde de maneira eficaz, tornando o usuário hipertenso ser participante e aprendiz. Esse aprendizado adquirido fez com que nós, adquirissemos habilidades e conhecimento para a produção de uma vídeo aula.

Os temas para a produção da vídeo aula foram escolhidos entre os acadêmicos de enfermagem na plataforma online. O tema em questão foi: ´´Reduzir o sal, como é isso no meu dia a dia?``

O tema da vídeo aula foi voltada para o autocuidado com clientes com HAS para que evite ingesta diária de sal na alimentação.Realizou-se uma revisão de literatura em diferentes bases de dados com recorte temporário no período de 2008 a 2013 (últimos 5 anos) que teriam como a finalidade de abordar o assunto e relação com o processo de aprendizagem e estratégias e ensino. Para a produção da vídeo aula foi necessária a elaboração de um plano de aula. Após avaliação crítica da professora que está como a orientadora da disciplina, o plano de aula era seguido para que a produção do vídeo fosse realizada, através de gravações de voz, busca por imagens (fotos, figuras e gravuras), vídeos com voz, e para a edição do conteúdo gravado, o processo e deu pela utilização do editor de vídeo Vegas. 

Resultado e discussão

Nos dias atuais, tanto as empresas quanto as universidades investigam como fazer o melhor uso do ensino a distância com o objetivo de minimizar custos e a distância entre os atores envolvidos no processo de ensino-aprendizagem. 9

No primeiro dia da disciplina foi realizado um encontro presencial entre alunos e professora responsável por essa disciplina online, onde a professora mostrou a plataforma de ensino online.

No segundo encontro presencial, os alunos realizaram uma coleta de dados com pacientes hipertensos no município de Niterói (RJ), sendo traçado a partir desse ponto um perfil dos pacientes e um plano de aula para esse público alvo, após a construção desse plano de aula foram feitas discussões do tema e das propostas de planos apresentados. Também nesse segundo encontro, os alunos tiveram que apresentar sua proposta por uma produção que utilizava como ferramenta de apresentação o PREZI, sendo permitido as criações das apresentações de alto impacto através do conceito de apresentações de zoom, se tornandoapresentações consideradas autoexplicativas e bem aceitas pelo público. No terceiro encontro foi realizado as apresentações das produções das vídeo aulas por todos os alunos inscritos nessa disciplina online e houve o encerramento da disciplina no que se diz respeito á aula presencial.

Processo e realização da vídeo aula

Para que ocorra a montagem da vídeo aula, foi de extrema importância ter realizado anteriormente um plano de aula, pois é base para seguirmos um roteiro para que a aula seja administrada de uma forma clara e organizada. As vídeo-aulas passaram a ser um nicho de negócio bastante promissor, tendo em vista as dificuldades enfrentadas para se frequentar uma sala de aula: os horários rígidos, os problemas com transporte, a falta de tempo, os imprevistos e outros. Tais dificuldades são minimizadas com a utilização das vídeo-aulas10.

Para iniciarmos a montagem do vídeo foi criado um roteiro para a gravação de voz, onde foi separado todas as partes que deveriam conter para que essa vídeo aula acontecesse, principalmente adequando e enquadrando ao tempo total que foi programado para essa vídeo aula acontecer (7 minutos), tendo um desenvolvimento dos principais tópicos do vídeo.  O vídeo iniciou-se com uma voz  e figuras.Teve uma amostra rápida e singela baseados em conhecimentos cientifico o que seria HAS. Tudo mostrado vem com uma forma clara de convencer o expectador a praticar o autocuidado. Foi abordado sobre estratégias de redução de sal no cotidiano.O objetivo principal da vídeo aula foi abordar a necessidade desses portadores de HAS adquirir na sua rotina diária o ato de auto cuidado consigo e com a saúde, foi esclarecido maneiras e formas fáceis de como fazer esse autocuidado  e a manutenção de uma qualidade de vida.Durante todo o vídeo foi buscado formas de utilizar um vocabulário adequado de acordo com o nível de instrução dos usuários com exemplificações nas explicações do conteúdo ensinado para que possa ser encaixado no cotidiano desses clientes.

Tive muita dificuldade no processo de edição do vídeo durante a utilização do software do Vegas. Tive ajuda de terceiros no processo de gravação das vozes onde é possível ouvir explicações sobre o tema.

A vídeoaula foi submetida e publicado no site youtube.com para que docentes, discentes e comunidade pudessem ter acesso ao conteúdo através do link:.

No último encontro foi avaliado a vídeo aula em sala e com todos os outros alunos que fazem a disciplina, foram feitos comentários técnicos em sala.

Conclusão

A elaboração da videoaula permitiu que eu expandisse o meu conhecimento sobre práticas educativas e sua elaboração, sobre um conceito mais amplo do que é a educação em saúde , além da utilização de recursos audiovisuais que antes eu os desconhecia totalmente, como o prezi, por exemplo. Para realizar ações educativas as tecnologias podem ser aliadas e possuem um papel importante e notório nesse processo.Em relação à temática, pude aprofundar o meu conhecimento acerca de estratégias alimentares que visam a redução de sal no cotidiano contribuindo desta forma para um aumento na qualidade de vida.

A disciplina de PPE III e suas atividades contribuíram para minha formação enquanto licencianda de maneira extremamente positiva, pois através das críticas, correções e dificuldades ao longo do curso da mesma pude aprender estratégias inovadoras de ensino e a maneira de aplicá-las de forma correta.

 

 

 

Referências Bibliográficas

1.     BRASIL, Hipertensão Arterial Sistêmica; Ministério da Saúde. 2006. Disponível em:www.saúde.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=23616. Acesso em 20 Novembro 2013.

2.     IV Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, Sociedade Brasileira de Hipertensão, Sociedade Brasileira de Cardiologia e Sociedade Brasileira de Nefrologia 2002;1-2,13-4.

3.     CORNELIO, Marília Estevam et al. Development and reliability of an instrument to measure psychosocial determinants of salt consumption among hypertensive patients. Rev. Latino-Am. Enfermagem [online]. 2009, vol.17, n.5, pp. 701-707. ISSN 0104-1169.  Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S0104-11692009000500017>.Acesso em 02 de dezembro de 2013.

4.     BISI MOLINA, Maria del Carmen; CUNHA, Roberto de Sá; HERKENHOFF, Luis Fernando  e  MILL, José Geraldo. Hipertensão arterial e consumo de sal em população urbana. Rev. Saúde Pública [online]. 2003, vol.37, n.6, pp. 743-750. ISSN 0034-8910.  Diponível em:<http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102003000600009>.Acesso em 02 de dezembro de 2013.

5.     SILVA, Stael Silvana Bagno Eleutério da; COLÓSIMO, Flávia Cortez and PIÉRIN, Angela Maria Geraldo.O efeito de intervenções educativas no conhecimento da equipe de  enfermagem sobre hipertensão arterial.Revista da escola de enfermagem da USP. [online]. 2010, vol.44, n.2, pp. 488-496. Disponível em:< http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342010000200035>Acesso em 20 de novembro de 2013.

6.     FELIPE, Gilvan Ferreira. Educação em saúde em grupo: olhar da enfermeira e do usuário hipertenso. Dissertação de Mestrado Acadêmico. Cuidados Clínicos em Saúde da UECE.2011, Fortaleza-Ceará, pp:01-174. Disponível em: <http://www.uece.br/cmacclis/dmdocuments/gilvan_ferreira.pdf>.Acesso em 28 de outubro de 2013.

7.   Mehlecke QTC, Tarouco LMR. Ambientes de suporte para educação a distância: a mediação para a aprendizagem colaborativa. Porto Alegra (RS). Disponível em<http://www.cinted.ufrgs,br/eventos/cicloartigosfev2013/palestras03.html>. Acesso em 20 de novembro de 2013.

8.   MOURA, André Almeida de e NOGUEIRA, Maria Suely.  Enfermagem e educação em saúde de hipertensos: revisão da literatura. Journal of Management and Primary Health Care. 2013, vol.4, n.1,pp.36-41.Disponível em:<http://www.jmphc.com/ojs/index.php/01/article/view/69>.Acesso dia 15 de outubro de 2013.

9.      ARAÚJO, Hélio Dias de.Aprendizagem Cooperativa na educação a distância online.Outubro de 2005.Disponível em: <http://www.ensino.eb.br/portaledu/conteudo/artigo7905.pdf>Acesso em 05 de dezembro de 2013.

10.  Viali et.al. Gestão do Enriquecimento da Elaboração de Vídeo-aulas: uma Proposta de Aumento da Interatividade Entre Professor e EstudanteDisponível em: <http://www.ww.aedb.br/seget/artigos11/33114413.pdf.>Acesso em 12 de dezembro de 2013.

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BNN - ISSN 1676-4893 

Boletim do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre as Atividades de Enfermagem (NEPAE)e do Núcleo de Estudos sobre Saúde e Etnia Negra (NESEN).