SENSUALIDADE,
SEXUALIDADE E EMANCIPAÇÃO. SUBSÍDIOS PARA
A .DISCUSSÃO SOBRE A SUBJETIVIDADE DA MULHER NEGRA.[1]
Isabel
Cristina Fonseca da Cruz[2]
Resumo. Este estudo tem por objetivo discutir a sensualidade, a
sexualidade e a emancipação da mulher
negra
a partir
de uma perspectiva
de saúde/bem-estar.
Foi realizada
uma pesquisa bibliográfica
e a análise
do discurso
teórico revelou
que a sexualidade da mulher
(objeto) está
limitada à
genitália e
à procriação. Quanto à mulher negra
verificou-se a
escassez de estudos específicos.
Considerou-se neste estudo que a saúde sexual da mulher negra (sujeito) deve
ser desenvolvida integralmente sem
desconsiderar o
corpo (sensualidade),
as relações
de gênero (sexualidade) e as
relações políticas (emancipação).
Considerações Iniciais
Quando fomos convidadas
para desenvolver o tema Saúde
e Sexualidade da Mulher Negra, na III
Semana Zumbi
dos Palmares/USP, ficamos
não só lisonjeadas, mas também preocupadas,
com medo
de nos tornarmos repetitivas.
Repetitivas porque das palestras que
assistimos, dos
livros que lemos, terminamos por abordar sempre os mesmos temas, ou seja,
maternidade, aborto, entre outros. Assim, realizamos
inicialmente uma
pesquisa bibliográfica
extensa, compreendendo o período de 1983/1993, na
base de dados LILACS que
congrega a literatura
latino-americana de
Saúde e Ciências Biológicas.
Neste levantamento encontramos oito trabalhos referentes a mulher negra e
(com muito
boa vontade)
a algum aspecto de sua sexualidade (DROUET, 1983; 1985;
1987; GOLLOP
et al, 1984; KVITKOK; WEIMER, 1990; MATHEUS; SALA,
1985; NASCIMENTO et al, 1987;
ZATZ et al, 1988).
Esses trabalhos se inserem em
categorias que não pretendemos
discutir no âmbito deste estudo
como, por exemplo, anatomia étnica, genética, ginecologia ou obstetrícia e,
por conseguinte, não
fundamentam a nossa discussão. Serviram-nos
para demonstrar tanto a
escassez de estudos e pesquisas nesta área quanto a existência apenas de uma
linha de pesquisa estritamente biológica.
Pretendemos discutir sexualidade sob
outra ótica mais abrangente, uma outra ótica que nos ajude a
compreender a nós mesmas -
mulheres negras - como pessoas humanas (corpo/espírito)
vivendo e convivendo num
mundo de
relações interpessoais (sujeito/sujeito). Foi
com este propósito
que elaboramos
este texto para fundamentar o
nosso debate.
Desenvolvimento
A saúde sexual de uma pessoa
envolve a integração de aspectos somáticos (físicos), emocionais,
intelectuais e sociais. Estes aspectos em conjunto enriquecem e promovem
a personalidade, a comunicação interpessoal e o amor.
Podemos desde já perceber que a saúde
sexual não está restrita à genitália. Mas, embora o sexo ocupe nos dias
atuais espaço público e os meios de comunicação permanece ainda para muitas
pessoas, tanto mulheres quanto homens, como um mistério.
Segundo BEAUVOIR (1990a), o sexo
feminino é misterioso até para a própria mulher, é escondido, atormentado,
mucoso, úmido; sangra todos os meses e é por vezes maculado de humores,
tem uma vida secreta e perigosa.
O desconhecimento e o silêncio
dobre a sexualidade feminina levam as mulheres a tecer fantasias e angústias
sobre o seu corpo, a aprender sobre sexo com os homens (maridos, namorados e
amantes) ou com revistas especializadas (CHAUI,
1984). Como conseqüência deste aprendizado hetero-exógeno vemos reforçados
os estereótipos e o favorecimento da interiorização dos padrões sobre
masculino e feminino.
Torna-se necessário portanto
aprender sobre sexo (sensualidade e sexualidade) com nosso próprio corpo -
campo individual - e com as experiências partilhadas por nossas companheiras
(sensualidade, sexualidade e emancipação), no campo político.
Para
facilitar a
compreensão do tema
numa perspectiva feminista, abordaremos alguns aspectos técnicos sobre
nossa sexualidade. Assim, talvez possamos ajudar a nós mulheres negras a nos
reconhecermos no nosso sexo e reconhecer como nossos os desejos que emanam dele.
Aspectos
psicobiológicos do processo saúde/doença sexual
Os
níveis da sexualidade são três. O primeiro nível é o orgânico que refere-se ao corpo e à procriação, funções
estritamente naturais. Para nós mulheres, em razão dos fenômenos de menstruação
e gravidez, antes do advento dos métodos contraceptivos vivíamos sob o domínio
do útero que nos condenava ao destino de seres estritamente procriadores.
Cabe observar que com o surgimento
de métodos contraceptivos mais seguros e, principalmente, discretos foi
facilitado à mulher o caminho da libertação sexual e da redefinição de sua
sexualidade, uma vez que deixou de ser algo mais do que um receptáculo da
semente masculina (MILES, 1989).
O segundo nível da sexualidade é o
interpessoal
no qual a pessoa vivência as experiências
relativas ao
amor, confiança, intimidade,
entre outras. Neste nível e no
subseqüente temos
a influência da cultura na construção da sexualidade individual.
O terceiro
nível é
o psíquico
no qual
está firmada
a identidade sexual da pessoa
(feminino/masculino) pela
qual se estabelece a sua relação
com o mundo. O sexismo determina
que a identidade feminina,
por exemplo, caracteriza-se por passividade,
dependência, insegurança, docilidade, compaixão,
disponibilidade, fragilidade, coquetismo, beleza, monogamia e desejo de
cuidar de crianças
(TOLEDO et al, 1983).
Ainda que níveis possam dar uma idéia
de hierarquia
ou de etapas a serem
vencidas, gostaríamos de observar que
esta idéia não procede e
que neste estudo os níveis são apresentados
apenas como uma divisão didática para melhor compreensão do tema.
Quanto à fisiologia do sexo, na sua
fase orgânica (excitação, plateau, orgasmo e resolução) verifica-se que
a córtex
cerebral coordena os
estímulos-respostas referentes
ao desejo
às experiências prévias, lembranças, pensamentos e estado emocional.
Enquanto que no nível da medula acontecem as
respostas reflexas, tais como
lubrificação e orgasmo. A fisiologia do sexo ajuda-nos a compreender como as
emoções interferem positiva ou
negativamente na sexualidade da pessoa.
No que se refere às dificuldades de
natureza sexual,
estas podem ser orgânicas ou não. As dificuldades orgânicas nas
mulheres podem ser
dispaurenia (dor
durante o
coito), anorgasmia
e vaginismo (intenso e doloroso espasmo muscular).
Em seu estudo sobre saúde/doença
em mulheres
negras, CRUZ; HOGA (no prelo)
verificaram na amostra estudada que 31.2% queixavam-se de
dispaurenia. Este
dado é significativo,
podendo sugerir problemas tanto de natureza infecciosa
quanto de ordem afetiva, ou
seja, diminuição da excitação e lubrificação.
Entre
os problemas
sexuais não-orgânicos
destacamos o isolamento
sexual, a redução/ausência de desejo e a
insatisfação, entre outros. CRUZ; HOGA (no prelo) verificaram em seu
estudo que 32.8% das mulheres
negras referiram
não sentir
desejo sexual enquanto 21.7%
negaram ter orgasmo ou satisfação pós-coito.
Estes números apresentam
paralelo com
outros estudos
nos quais as populações são pluri-étnicas (MURARO, 1984; CRUZ
et al, 1992). Cabe
observar porém
que são
números altamente
significativos, indicando a existência de problemas
latentes que devem ser
abordados por métodos qualitativos de pesquisa de modo a serem melhor
descritos.
No que se refere a anorgasmia,
observa-se que
geralmente o rancor é uma
causa bastante freqüente com a qual a
mulher julga pagar as
afrontas que imagina ter recebido
do homem
(BEAUVOIR, 1990a).
Um outro provável motivo da frieza
ou insatisfação
feminina pode ser atribuído a maldição
de Freud.
Por esta
maldição, a mulher não
passa de um homem imaturo ou de uma criança
incompleta com o seu pequeno pênis (clitóris)
cuja maturidade
só acontece quando se
apropria do pênis no espaço vaginal.
Um dos efeitos deletérios causados
pela maldição de Freud foi a divisão
do orgasmo
feminino em
dois tipos
excludentes e antagônicos:
o clitoriano
(infantil, neurótico)
e o
vaginal (adulto, sadio).
Com base neste sofisma muitas
mulheres (e homens) sucumbiram ao
mito da frigidez feminina. Este mito precisa
ser combatido
e denunciado sistematicamente porque ele impede
o acesso
a nossa própria natureza
feminina a ao nosso
prazer, tornando-se
assim mais um instrumento de dominação.
Para anular essa maldição que
ainda paira sobre nós,
faz-se necessário esclarecer que: Todas
as mulheres gozam
a partir
do momento em que sabem o que
devem fazer
para isso (ROCHEFORT,
1978).
Pesquisas sobre sexualidade feminina
verificaram que 60% das mulheres
situam o seu orgasmo no
clitóris, referindo
ser este prazer intenso e
completamente satisfatório. As
demais mulheres descrevem -
além do orgasmo
clitoriano -
um segundo
orgasmo, diferente qualitativamente, estimulado
e percebido
nas paredes vaginais, com
irradiações variáveis (ROCHEFORT, 1978).
Conhecer a localização do prazer
em seu
corpo é
um passo importante para o
autocontrole, para
o autogoverno
do próprio destino.
Este conhecimento
tem implicações
profundas para
o desenvolvimento de uma auto-imagem e uma auto-estima positivas
na mulher negra em particular.
Quanto aos demais problemas sexuais,
excluímos deste estudo, propositadamente, as
doenças sexualmente
transmissíveis e
a gravidez indesejada. O motivo de não explorarmos estes
assuntos refere-se ao fato de considerarmos que
por este
caminho iremos chegar ao
lugar comum do controlismo sexual e dele não sairemos.
Preferimos
seguir a
trilha que
deverá nos
conduzir ao autocontrole do
corpo, do ser e do sexo. Até porque, segundo REICH (1982), o autocontrole,
enfim a autodeterminação, deve ser o alvo
da revolução cultural. E na
esfera da
sexualidade feminina
a revolução tem que ser cultural, não só econômica.
Para promover a saúde sexual da
mulher negra entendemos
que três dimensões devem ser desenvolvidas
igualmente, a
saber: a sensualidade, a
sexualidade e a emancipação econômica.
Sensualidade
A
sensualidade refere-se
principalmente aos
apetites, vontades e prazeres conectados com
a gratificação
dos sentidos (olfato, visão,
paladar, tato e audição).
As
atividades de
promoção da
sensualidade devem
ser implementadas, visando a saúde
sexual. Entre
estas atividades relacionamos
a identificação
de situações/locais
sensuais, a toalete, o
relaxamento, o conhecimento do próprio corpo/do
corpo do parceiro .
Por meio destas atividades
desenvolvemos a nossa auto-estima e
a nossa auto imagem. Talvez uma das
melhores contribuições
a sensualidade negra
nos dias
atuais tenha
sido o
movimento denominado Black
is Beautiful. O
autocontrole do
corpo é fundamental para o estabelecimento
de relações
inter-subjetivas (sujeito-sujeito).
Mas, o corpo é também uma instituição
política e, portanto, é definido diferentemente
segundo as classes
sociais, conforme verificou
MURARO (1983),
sugerindo para
nós diferenças na
percepção a sensualidade. Para a burguesia, o
corpo é
fonte de prazer, para o
campesinato, é um instrumento de trabalho. A classe média e o operariado
urbano mesclam os elementos estéticos-prazerosos com os de trabalho-cansaço-doença.
Estes dados mostram-nos que
a sensualidade
é não
só uma vivência individual,
mas também uma vivência política,
coletiva. Assim como o corpo desprovido de sensualidade
pode ser
um mero objeto de trabalho,
um corpo estritamente sensual pode
tornar-se um mero objeto sexual.
A sensualidade
saudável confunde-se
com o
prazer sexual propriamente
dito na alegria da satisfação dos sentidos.
Sexualidade
A sexualidade envolve todas
as relações
humanas e
inclui todos os aspectos referentes a interação e
a comunicação,
sendo uma experiência
individual, marcada
pela historia
pessoal (biológico)e interpessoal
(cultural). Inclui
atitudes e
comportamentos associados a
sensualidade. A
sexualidade é
um processo humano
que proporciona
a procriação,
o prazer,
a brincadeira, o relaxamento e a redução
da tensão
(CHAUI, 1984; HILL; SMITH,
1985).
Mais especificamente a sexualidade
da mulher é
condicionada pelo conjunto
da situação.
O êxito
não depende
de uma sincronização
matemática do prazer, mas do estabelecimento de
uma forma erótica complexa.
A
eroticidade, cabe
lembrar, descreve
pensamentos e
comportamentos que
iniciam e
mantêm a
atividade sexual.
As atividades eróticas também promovem a saúde
sexual das
pessoas. Entre essas atividades relacionamos as fantasias sexuais, o
toque erótico e a masturbação.
No que se refere a masturbação
feminina, MURARO (1983) em seu estudo sobre sexualidade da mulher brasileira
verificou que,
com exceção da classe
média urbana
intelectualizada, as
mulheres condenavam esta
prática sexual.
Este dado
sugere-nos que
permanece
forte a influência da religião na formação
educacional das mulheres associada ao desconhecimento sobre seu corpo
e suas necessidades básicas.
Todavia, a experiência erótica
revela às pessoas a ambigüidade de sua condição na qual se sentem como
carne/espirito, como outro/sujeito. Este fenômeno nem sempre é vivenciado sem
uma profunda crise existencial. Para
a mulher
essa experiência
é particularmente dramática porque ela se apreende como objeto e não
como sujeito. Conquistar sua dignidade de pessoa
transcendente e livre,
assumindo sua condição carnal é uma empresa
difícil que muitas mulheres
não conseguem levar a termo (BEAUVOIR, 1990a).
Ainda que a experiência erótica
seja vivida em privacidade, a libertação sexual feminina, por
sua vez,
é uma
luta política contra uma
cultura patriarcal.
A civilização patriarcal destinou
a mulher a castidade e o casamento para a satisfação dos desejos sexuais. Esta
civilização considera o sexo para a mulher um serviço que o homem
retribui com presentes ou assegurando-lhe a manutenção numa relação sem
nenhuma reciprocidade.
Segundo REICH (s.d) a sexualidade
humana foi
profundamente afetada pela moral compulsiva do casamento.
Para este
autor, a saúde mental
baseia-se num modelo de relação sexual duradoura (sem período de tempo
determinado, nem tampouco monogâmica) e
não no casamento formal.
O rompimento da estrutura
patriarcal, do casamento compulsório e monogâmico, requer
articulação política
entre as mulheres e destas
com os homens de modo que
se extinga
a mais antiga e perene forma
de discriminação que é o sexismo.
Por mais paradoxal
que possa
parecer, para
conquistar a mulher precisa
fazer-se de presa. Contudo, segundo ainda BEAUVOIR
(1990a), fazer-se objeto, fazer-se passiva não é a mesma coisa
do que ser um objeto passivo. A sexualidade feminina saudável convive
com esta situação dialética - a de ser objeto sem contudo
abdicar de sua subjetividade. A saúde sexual depende do
fim do
sexismo. Para tanto precisa ter fortalecidas a sensualidade, a
sexualidade e a emancipação econômica.
Emancipação
Por meio do trabalho remunerado pode
a mulher afirmar-se enquanto sujeito, não havendo mais necessidade de um
mediador/provedor masculino entre ela e o universo. A independência econômica
da mulher é inclusive uma
das condições sociais
apontadas por REICH (s.d) para uma sexualidade sadia.
A cultura patriarcal baseia-se
na repressão
sexual e
num sistema político de dependência sócio-econômica
das mulheres.
A mulher entra numa relação de dominação, sendo tratada como objeto,
enquanto se vive e se crê um sujeito.
Entretanto, se a mulher já foi
condicionada o bastante
para ser o objeto requerido não haverá desordem na relação. Talvez
por conta desse condicionamento a maioria das mulheres
que trabalham não se evade
do mundo feminino e, geralmente, a maneira com
que se dedica
a profissão
depende do
contexto no
qual vive (ROCHEFORT,
1978; BEAUVOIR, 1990b).
O destino de mulher é de tal forma
prevalecente que
em sua pesquisa MURARO (1983)
verificou entre as mulheres da amostra
um sentimento de
condenação ao
excesso de
profissionalização feminina. Este
fato porem
pode ser
explicado também
pela existência da dupla jornada.
A dupla jornada, por sua vez, pode
ser uma justificativa para algumas mulheres não se
profissionalizarem ou
se queixarem
do trabalho, mas
não explica
a falta
de liberdade
da mulher independente.
A
liberdade nem
sempre acompanha
o trabalho
remunerado feminino, provocando essa desagradável sensação de frustração
e de aumento da exploração. Em outras palavras permanece mesmo
para a mulher independente a
reivindicação de ser sujeito dentro de
uma estrutura que a constitui como objeto.
Concordamos com
BEAUVOIR
(1990b)
quando afirma que se as dificuldades são
mais evidentes para a mulher
independente porque ela não
escolheu a resignação e sim a
luta.
Na dimensão
referente à emancipação
econômica, entre
as atividades de promoção da saúde sexual relacionamos
a elucidação de
valores (principalmente
aqueles determinados
pela cultura patriarcal)
e a
comunicação com
o parceiro
numa relação
sujeito-sujeito, no
plano individual.
No
plano político,
entendemos que
a educação
deve ser reorientada de modo
que não sejam reforçadas características
que colocam a mulher a
margem do
ideal de
maturidade como,
por exemplo, superproteção, elogios exclusivos a beleza física, rígido
controle
do comportamento, restrição ao trabalho doméstico,
entre outras (TOLEDO et al, 1983).
A mulher emancipada, independente,
não busca
nas relações heterossexuais
o hetero e sim o sexo. Suas razões para a cama
não são psicológicas (existir socialmente -
já que
o homem
é seu mediador no mundo) ou sociológicas (sobreviver).
Segundo
BEAUVOIR (1990a)
a mulher
pode transcender
as carícias, a
comoção, a
penetração para
seu próprio
prazer, mantendo assim a afirmação de sua subjetividade; ela
pode também procurar união
com o amante, e dar-se a ele, o que significa
uma superação de si e não uma abdicação.
Considerações Finais
Procuramos neste estudo abordar três
dimensões que entendemos ser fundamentais
para a
saúde sexual
da mulher
negra: a sensualidade,
a sexualidade
e a
emancipação. Estas
dimensões resgatam a sexualidade o seu aspecto político e
transcendente.
Vimos que a literatura profissional
da área de
saúde sobre mulher negra
além de
escassa era
inespecífica. Assim
sendo, desenvolvemos o
texto e
as discussões
com base
em textos sociológicos,
dentro de uma perspectiva feminista e progressista.
Destacamos deste estudo a
necessidade de se conhecer sobre o
corpo e sobre as relações de gênero de
modo a
desenvolver uma auto-imagem e
uma auto-estima
positivas, visando
numa ultima instância o
autogoverno, a autodeterminação da mulher negra.
Neste sentido, pesquisas precisam
ser desenvolvidas de forma sistemática
de modo a subsidiar a
luta política
de libertação sexual para
que se possa destruir algo bem
mais abrangente:
o sexismo.
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em Enfermagem. Professora Titular do Deptº de Enfermagem Médico-Cirúrgica
da Universidade Federal Fluminense. Coordenadora do NESEN - Núcleo de
Estudos sobre Saúde e Etnia Negra . Pesquisadora do CNPq. E-mail:
isabelcruz@uol.com.br.
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BNN - ISSN 1676-4893
Boletim do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre as Atividades de Enfermagem (NEPAE)e do Núcleo de Estudos sobre Saúde e Etnia Negra (NESEN).