Nursing Consultations as Adhesion Instrument in renal transplantation – Sistematic Literature Review.
A Consulta de Enfermagem Como Instrumento de Adesão no Transplante Renal – Revisão Sistematizada da Literatura.
Milton Aguiar da Cruz Silva. Enfermeiro. Aluno do Curso de Especialização em Enfermagem em Métodos Dialíticos e Transplante 2009. / Universidade Federal Fluminense (UFF). aguiarmilton@hotmail.com Profa. Dra. Isabel Cruz. Titular da UFF. isabelcruz@uol.com.br
ABSTRACT: In this article was realized a systematized bibliographic revision with basis on scientific data, analyze the nursing consultation as adhesion toll of the patients submitted to renal transplant. It had as objectives to identify through the strategy PICO, publications in bases of data LILACS, OBJN and PUBMED, in the period from 2005 to 2009, concerning the care based on scientific evidences compared to the care without the search of the critical reading of published researches. Ten articles were selected and analyzed. It was ended that there is need of the nurse’s constant updating in researches so that it accomplishes the correct attendance to the patient and the delegation holds from the care to the nursing team.
Key words: Renal transplant; Education; Nursing consultation.
RESUMO: Neste artigo foi realizada uma revisão bibliográfica sistematizada com base em dados científicos, analisar as consultas de enfermagem como ferramenta de adesão dos pacientes submetidos a transplantes renais. Teve como objetivos identificar, através da estratégia PICO, publicações nas bases de dados LILACS, OBJN e PUBMED, no período de 2003 a 2009, acerca do cuidado baseado em evidências científicas comparado ao cuidado sem a busca da leitura crítica de pesquisas publicadas. Dez artigos foram selecionados e analisados. Concluiu-se que há necessidade da atualização constante do enfermeiro em pesquisas para que realize a assistência correta ao paciente e a delegação segura à equipe de enfermagem.
Palavras-chave: Transplante Renal; Educação; Consulta de Enfermagem.
INTRODUÇÃO
Situação Problema: Apresentação do tema escolhido a consulta de enfermagem como instrumento de adesão no transplante renal surgiu diante do interesse pelo processo e sistematização do diagnóstico de enfermagem aos pacientes submetidos a transplantes renais. Quando se trata da atenção voltada ao cliente transplantado, devemos ter mais atenção aos quesitos de recuperação do cliente, bem como a orientação constante sobre os procedimentos que estão sendo realizados, seus objetivos e expectativas de resultados. Portanto, esse profissional tem grande responsabilidade, pois os pacientes precisam de cuidados mais complexos do que outros, além de atenção e orientação adequada. Assim, essa confiabilidade entre clientes e enfermeiros é essencial ao êxito do tratamento.
Deste modo, a questão da confiabilidade entre clientes e enfermeiros é essencial ao êxito do tratamento. Os funcionários que trabalham nesses centros especializados além de sua formação profissional devem deter competências qualificadoras específicas. Importam, assim, observar na literatura pesquisada a expectativa dos clientes em relação à assistência de enfermagem, como também a percepção e assimilação do profissional de enfermagem acerca de seus afazeres.
A doença renal crônica constitui, atualmente, importante problema de saúde pública. No Brasil, a prevalência de pacientes mantidos em programas assistenciais destinados ao controle e tratamento de Insuficiência Renal Crônica (IRC) dobrou nos últimos anos.2 A doença tem como principais complicações o aumento da uréia no sangue (azotemia), a qual desencadeia uma série de sinais e sintomas conhecidos como uremia ou síndrome urêmica. As causas principais podem ser: pré-renal (em decorrência da isquemia renal); renal (conseqüente de doenças como as glomerulopatias, hipertensão arterial, diabetes etc); pós-renal (em virtude da obstrução do fluxo urinário).
Transplante é a remoção ou isolamento parcial de uma parte do corpo e seu implante no corpo da mesma pessoa ou de outra. É um procedimento terapêutico bem estabelecido e que apresenta progressos quanto a seus resultados, em decorrência do aprimoramento da técnica cirúrgica, de novos medicamentos imunossupressores, de métodos mais eficazes de conservação de órgãos e da melhor compreensão e controle de fenômenos imunológicos.1
O transplante de órgãos e tecidos requer uma infra-estrutura de apoio bastante complexa, o que o torna um recurso muito dispendioso e de alcance muito restrito, embora em expansão nos países em desenvolvimento.1
A enfermagem, que incorpora o saber de várias ciências em sua formação profissional, dentre elas, a Administração1, se fez presente desde os primórdios da realização do primeiro transplante no Brasil, em 1965, o transplante renal.
Na década de 70 do século XX, houve um grande avanço nos transplante de órgãos em todo o mundo, devido ao desenvolvimento da ciclosporina, em 1972. Esta droga imunossupressora permitiu aumentar a expectativa e qualidade de vida dos receptores.
Os profissionais de enfermagem precisam ser capazes de suprir as necessidades básicas de um transplante, considerando o grau de complexidade que este envolve, precisando ser muito bem treinada, capacitada e atualizada, acompanhando a evolução tecnológica e científica.
A atuação do enfermeiro ao gerenciar o serviço de transplante é de extrema valia, haja vista a importância do serviço prestado e a complexidade terapêutica envolvida, contribuindo não só para o alcance das metas assistenciais pretendidas como para o reconhecimento social desta classe profissional.
A enfermagem, como categoria profissional, possui meios que possibilitem a congruência da ação organizacional, através dos recursos administrativos e, usufruindo de seus conhecimentos, habilidades e atitudes em gerenciamento é capaz de prover o ambiente adequado à realização de quaisquer tipos de transplante.
Acreditamos que as informações advindas deste estudo fornecerão importantes subsídios para melhoria da assistência de enfermagem prestada aos pacientes da unidade de transplante renal, através da utilização do processo de Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), contribuindo para que toda equipe de enfermagem atinja progressos no ato de cuidar, assim como despertará a necessidade de novos estudos para a validação do instrumento utilizado.
A relevância deste tema se dá tanto ao profissional de enfermagem quanto ao cliente que se preocupam com a evolução da doença, sua manifestação e o tratamento, elementos esses que merecem atenção especial. É papel fundamental, desse profissional que participe de forma atuante, desde a captação do órgão até o acompanhamento pós-cirúrgico ambulatorial. A assistência ao paciente transplantado é altamente especializada, requerendo a atuação do enfermeiro nas diversas fases do processo e exigindo pessoal com capacitação específica.
A escolha do presente tema possui justificativa tanto social quanto acadêmica, pois não temos a oportunidade de ter uma disciplina específica que não só aborde todos os tipos deste tratamento, mas nos leve para unidades de tratamento renal como: hemodiálise, diálise peritoneal e transplante renal sendo implantado como campo de estágio. Cresce atualmente a preocupação por uma prática que contemple o cliente como um ser pleno e integral, e não apenas com problemas isolados. Nessa perspectiva, faz-se necessário o desenvolvimento de estudos que tratem de processos terapêuticos que, embora se refira a uma patologia ou a uma intervenção cirúrgica, leve em conta uma abordagem holística, o que pode ser percebido nas atividades de enfermagem. Esta questão interessa tanto aos profissionais da área de saúde quanto aos clientes, assim como aos pesquisadores e estudiosos da questão.
Acrônimo |
Definição |
Descrição
|
P |
Paciente |
Pacientes portadores de IRCT ao transplante. |
I |
Intervenção |
Cuidado baseado em evidências científicas. |
C |
Controle ou comparação |
Cuidado sem busca de atualizações baseadas em evidências científicas. |
O |
Resultados |
A assistência eficaz ao paciente submetido a transplante renal.
|
Pergunta da pesquisa: Qual o efeito da consulta de enfermagem como instrumento de educação em saúde sobre a adesão ao tratamento, comparada com o acompanhamento médico sem a consulta de enfermagem, a fim de prevenir a rejeição do enxerto renal?
OBJETIVOS:
Identificar as produções científicas de enfermagem, nacionais e internacionais, evidenciando, através da estratégia PICO, a eficácia do cuidado baseado em evidências científicas na consulta de enfermagem como instrumento de adesão no transplante renal.
METODOLOGIA:
Pesquisa bibliográfica computadorizada, de caráter exploratório, no período de 2003 a 2009, utilizando as palavras-chave/key-words: Renal Transplantation /Transplante Renal/; Education/Educação; Nursing consultation/ Consulta de Enfermagem. Nas seguintes bases de dados: LILACS e OBJN e na base de dados PUBMED utilizando a combinação dos componentes da estratégia PICO: “renal transplant” AND “education” AND “nursing consultation” AND “evidence-based practice” que foram consultados de agosto a dezembro de 2009. Dos 35 textos identificados, foram selecionados 10 para análise devido às implicações para uma melhor prática.
RESULTADOS:
Autor(es), data e país |
Objetivo da pesquisa |
Força da evidência |
Tipo do estudo & instrumentos |
Principais achados |
Conclusões dos auto (es) |
Cintra V, Sanna MC1, 2005 Brasil |
Identificar, no período de 1965 a 2003, como a Enfermagem se estruturou para gerenciar a assistência de enfermagem frente à situação dos transplantes, na visão das enfermeiras que escreveram sobre este tema. |
Dezesseis publicações, encontradas, dez eram artigos científicos, duas dissertações de mestrado e uma tese de doutorado |
Estudo bibliográfico o rastreamento de publicações foi feito nas bases de dados HISA, LILACS, BDENF, PERIENF e DEDALUS, e usou como recorte temporal o primeiro transplante renal, realizado em 1965 até a publicação do último artigo científico do ano de 2003. |
As informações encontradas, suas fontes e as reflexões da pesquisadora sobre elas, dividindo em quatro categorias: "Preocupando-se com a Infecção", "Olhando para o Cliente e Trabalhando em Equipe", "Normatizando os Serviços de Transplante" e Ampliando a Atuação e Pensando na Especialização". |
Concluímos que a participação da Enfermagem frente às similaridades e aos diferentes tipos de transplantes realizados nesses quase 40 anos de história. |
Queiroz MVO, Dantas MCQ, Ramos IC, Jorge, MSB², 2008 Brasil |
Identificar situações de aprendizagens que sirvam de base para a prática de educação em saúde |
6 pacientes |
Trata-se de uma pesquisa descritiva, com enfoque na análise qualitativa. |
Dentre os seis participantes do estudo, três foram do sexo feminino e três do sexo masculino, na faixa etária de 30 a 47 anos. três estão inseridos no mercado de trabalho e três realizam atividades domésticas. Uma já realizou transplante, mas perdeu o enxerto, enquanto os demais aguardam na fila de doador-cadáver. |
Esta elaboração construída com os sujeitos forma o conjunto de idéias captadas que refletem sobre instrumentos facilitadores no desenvolvimento de tecnologias educativas com os pacientes renais em tratamento. |
Denhaerynck K, Manhaeve D, Dobbels F, Garzoni D, Nolte C, De Geest S3 , 2007 EUA |
Analisar o aumento da incidência de doenças renais provenientes de patologias como a hipertensão e diabetes. |
Pacientes renais. |
Trata-se de um estudo descritivo. |
Os resultados mostraram que existe um índice muito superior de mortalidade após 5 anos de tratamento do que nos casos de transplante. |
Concluímos que o acompanhamen to de pacientes cuja terapêutica resida na hemodiálise requer cuidados específicos, incluindo, riscos de contaminação tanto do paciente quanto dos profissionais . |
Lima TC e Cruz I4 2008, Brasil. |
Identificar a freqüência e os fatores de risco que predispõem a complicações. |
10 artigos |
Revisão de literatura, estudo bibliográfico. |
A importância da higiene para a prevenção de infecções e da inter-relação entre o profissional, o paciente e a família, além dos prejuízos na qualidade de vida dos pacientes. |
Verificou-se a importância do profissional de enfermagem na prevenção ao risco de infecções através de cuidados básicos. |
Vicente AMG, Solis SR, Castrejón AS, Garcia VMP, Rubio MPT, Marina SR, Romera MC5 2005, EUA. |
Analisar a influência da cintilografia como diagnóstico diferencial em infecções na diálise e transplante.
|
35 pacientes em diálise peritoneal, 13 em transplante renal e 56 em hemodiálise. |
Pesquisa de campo, descritiva, natureza qualitativa. Como instrumentos foram realizados testes de imagens com contraste. |
A utilização da cintilgrafia com 67 Gallium e leucócitos marcados é indicada principalmente quando os sinais e sintomas estão ausentes. Os leucócitos marcados são indicados nos pacientes em diálise peritoneal, transplante renal e hemodiálise. Já o 67 Gallium não é indicado no transplante renal devido a sua especificidade, porém é indicado na diálise peritoneal. |
A cintilografia é eficaz como diagnóstico em pesquisa de infecções utilizando o 67 Gallium e leucócitos marcados nos pacientes em diálise e transplantados, principalmente quando sinais e sintomas da infecção estão ausentes. |
Setz VG, Pereira SR, Naganuma M6, 2005, Brasil |
Compreender o significado do transplante renal para crianças em tratamento dialítico e conhecer suas expectativas em relação a este tratamento. |
Foram entrevistadas 15 crianças em tratamento dialítico e hemodialítico, com idades entre 6 e 16 anos |
Estudo qualitativo |
Emergiram quatro categorias: Construindo o conhecimento sobre o transplante; Buscando entender a espera pelo transplante; Criando expectativas de mudanças; Em contato com a frustração. |
Este estudo possibilitou compreender que as crianças percebem a realização do transplante renal como a única possibilidade de voltarem a vivenciar uma vida normal. |
Nietsche EA, Franchi ES, Lima FALJ, Pedro OC, Burg G, Jun,7 2005 Brasil |
Construção do material didático pedagógico.
|
|
Revisão bibliográfica e construção de um protótipo do Sistema Renal sadio e outro doente.
|
O processo educativo do ato de cuidar dos profissionais de enfermagem ao cliente renal e seus familiares deve ser eficaz do ponto de vista técnico-científico ao humano.
|
Ao visualizar e/ou tocar um objeto, gravamos melhor aquilo que muitas vezes é visto como complicado e difícil. As atividades educativas oportunizam tranqüilidade, segurança e conhecimento ao cliente e familiar.
|
Terra FS, Costa AMDD8 2007 Brasil
|
Conhecer a expectativa de vida dos clientes renais crônicos submetidos a hemodiálise.
|
Todos os 30 clientes que se encontravam em tratamento hemodialítico |
Estudo epidemiológico, descritivo, transversal e quantitativo.
|
Verificou-se que 56,67% desejam realizar o transplante renal, enquanto 13,33% não têm expectativa de vida. Dos clientes que querem realizar a cirurgia, 82,35% estão na lista de espera e 47,06% deles responderam que seus familiares se recusaram a doar o órgão.
|
Cabe aos profissionais de saúde manterem uma luta constante em prol do aumento de doação de órgãos e, conseqüentemente, ampliar o número de transplantes.
|
Murphy F.9 2007. Inglaterra. |
Explorar o papel do enfermeiro no cuidar e educar do paciente em pré- transplante renal. |
Não aplicável |
Revisão documental |
O transplante renal é considerado melhor escolha para o tratamento dos doentes renais crônicos terminais. |
Os enfermeiros desempenham um papel fundamental no apoio ao paciente, contribuindo para o enfrentamento dos. inúmeros desafios que estão associados ao pré- tranplantado. |
Broscious SK, Castagnola J. Chronic Kidney D10, 2006 EUA |
Desenvolver orientações práticas clínicas e um sistema de classificação
uniforme |
Pacientes com sinais de DRC. |
Estudo descritivo. |
Os cuidados críticos de enfermeiros podem determinar a eficácia das intervenções. |
O importante papel da crítica |
Tabela 1 – Publicações localizadas nas bases de dados. Niterói, 2009.
Fonte:UFF – Especialização Enfermagem em Métodos Dialíticos e Transplante.
DISCUSSÃO:
Avaliação crítica dos artigos selecionados e implicações para a prática de enfermagem para o cliente de alta complexidade.
A década de 60 do século XX foi marcada pelo início dos transplantes no Brasil, figurando a participação da enfermagem no período trans-operatório, tendo o recurso físico e material como foco. O preparo da sala de cirurgia enfatizava a planta física desta e do centro cirúrgico como um todo, e os materiais e equipamentos do quarto do paciente no pós-operatório imediato1. Ressalta-se a relevância e o caráter essencial aos cuidados dos enfermeiros em relação à monitoração de sinais vitais e a observância a riscos de complicações, sendo estas tarefas basais e imprescindíveis ao resultado positivo da cirurgia.
O enfermeiro devia buscar mais recursos materiais enfocado na esterilização de instrumentais, roupas da equipe de trabalho e do paciente e objetos pessoais do paciente, a fim de combater qualquer meio de infecção com eficácia, fazendo com que o risco de perda do paciente transplantado receptor, se restringisse à rejeição do órgão, pois ainda não havia medicações imunossupressoras eficientes, o que representava alto índice de insucesso da terapêutica. Dessa forma, pode associar à leitura de artigos recentes os conhecimentos adquiridos nas aulas assistidas da graduação e da especialização. As citações abaixo demonstram algumas das atualizações que devem ser buscadas pelo enfermeiro no processo educativo.
O processo educativo deve levar ao cliente informações sobre o autocuidado, como a fisiopatologia da doença (IRC, doenças de base), cuidados (com cateter para hemodiálise/fístula arteriovenosa), fatores de risco, hábitos recomendados, mudanças de comportamentos necessárias.
Para que o processo educativo seja eficaz é necessário compreender o outro, identificar suas necessidades de aprendizado, além das limitações que possam surgir durante o processo. Ações educativas não têm um momento certo para começar a se desenvolver. O enfermeiro deve possuir sensibilidade para se dispor de estratégias e usá-las da melhor forma possível.
Diversos tipos de linguagem podem ser usados: oral, escrita e visual. São muitos os recursos que podem ser usados de forma a favorecer o aprendizado.
Foi informado que a cada ano aumenta a incidência de doenças renais provenientes de patologias como a hipertensão e a diabetes. Em muitos casos o transplante de rim acaba sendo a indicação terapêutica. Os autores compararam resultados entre a hemodiálise e a transplantação afirmando que do primeiro caso o índice de mortalidade após 5 anos de tratamento muito superior aos casos de transplante4. É relevante a importância dos cuidados de enfermagem cujas ações devem ser precedidas do respectivo diagnóstico. Salientando, no entanto, que o acompanhamento de clientes cuja terapêutica resida na hemodiálise requer cuidados específicos, incluindo, riscos de contaminação tanto do paciente como de próprio profissional.
Foi estudado sob a linha da enfermagem pediátrica protocolos de atendimento de crianças transplantadas de rim. Categorizaram quatro situações distintas desses pacientes: 1) a construção do conhecimento sobre o transplante; 2) a tentativa de entender a espera pelo transplante; 3) expectativas de mudanças; 4) frustração. Por fim, evidenciaram a grande expectativa das crianças que atribuem ao transplante a única maneira de voltarem a ter uma vida saudável6. Nesse caso, o profissional de enfermagem também deve atuar apoiando as percepções e fases anteriores à operação. Neste estudo, os pesquisadores buscaram ampliar o âmbito de atuação da enfermagem na busca pela melhoria da qualidade de vida no cuidar atribuído às crianças clientes renal crônicos.
O enfermeiro deve usar da criatividade que dispõe para tornar o processo educativo prazeroso. Os meios e abordagens comumente utilizados carecem de uma riqueza quanto a aspectos informacionais e motivacionais. A função de educar também consiste em conduzir essas pessoas no sentido de aproveitar sua experiência, incentivando-as para o crescimento pessoal e dos outros colegas que fazem o tratamento de diálise. As atividades de enfermagem devem buscar proporcionar aprendizado, troca de experiências e bem-estar por meio de alegria, da diversão e do restabelecimento da saúde física, mental e espiritual das pessoas envolvidas nesse processo, procurando também descontrair seus rostos desvitalizados, sem brilho, em um novo olhar cheio de esperança e luz7
Foi caracterizado que em seus estudos a grande expectativa de transplante renal em pacientes submetidos à hemodiálise8. Observa-se, então, que na fase em que se aguarda pela cirurgia, a promoção da saúde realizada pelo tratamento deve contar também com orientações ao paciente acerca do autocuidado, o que pode ser transmitido pelo profissional de enfermagem.
A partir de então, a atuação do enfermeiro estendeu-se do momento da internação ao pós-operatório mediato. Mesmo ainda estando concentrada no ato operatório em si, já havia evidências de preocupação com o paciente, antes e fora do ato cirúrgico, sob a coordenação do enfermeiro que, antes, se preocupava mais com os recursos físicos, materiais e humanos, deixando de lado o paciente1.
Foi reconhecido que em patologias renais, quando há a demora na identificação diagnóstica o quadro geralmente apresenta sérias complicações tornando-se ainda mais grave. Para os autores, o papel de enfermagem nesses casos, sejam eles compatíveis com a transplantação do órgão ou não, deve ser cuidadoso, sobretudo de que se refere ao diagnóstico, ou seja, quais as limitações e riscos iminentes desse cliente com problemas renais ou pós-cirurgia de transplante, a fim de que possam ser estabelecidas as ações do profissional de enfermagem relativas à monitoração e assistência10. Trata-se de função crítica do enfermeiro que deve fornecer o cuidado a esses clientes considerando uma avaliação completa de seu estado.
Assim sendo, quando não se busca a atualização científica, observa-se que há uma defasagem na qualidade da assistência prestada.
Sugestões para a prática do Enfermeiro: Mediante a análise dos artigos pesquisados, nota-se que a leitura crítica de artigos publicados faz-se necessária na busca de conhecimentos para a realização da assistência eficaz na consulta de enfermagem como Instrumento de adesão no transplante renal.
CONCLUSÃO
Uma avaliação crítica acerca do material estudado deve considerar enfoques concentrados tanto nas fases inicias ao tratamento do paciente renal grave a que precedem a transplantação como a etapa posterior, caracterizando-se semelhanças entre os enfoques do que se refere à caracterização diagnóstica para então a definição de intervenções e ações de enfermagem. Quando anterior ao ato cirúrgico há uma preocupação consubstanciada em aspectos emocionais e psicológicos, surgindo a figura do enfermeiro como profissional de saúde que deve estar apto a considerar esclarecimentos e apoio ao cliente e seus familiares, sendo esta uma postura técnica-científica e também subjetiva. Importante ressaltar que foi observado que os cuidados são prestados, mas falta o registro destes cuidados por muitos enfermeiros. Já na fase pós-transplante, evidenciam-se as ações técnicas específicas, incluindo, sobretudo, monitoração de riscos e atenções e cuidados para preservação e restabelecimento da saúde e qualidade de vida do paciente, sem perder de vista, entretanto, o aspecto emocional e subjetivo, onde o registro de enfermagem também esta incompleto.
Dessa forma, é válido afirmar que as implicações para a prática de enfermagem para o cliente com quadro de transplante de rim de alta complexidade necessitando de capacitação especializada de enfermeiros. Às competências técnico-científicas unem-se a sensibilidade necessária ao cuidado em enfermagem, inclusive, com a percepção destacada para casos em que se podem transmitir princípios de autocuidado, caminhando para a autonomia do cliente.
Do estudo realizado pode-se concluir que a enfermagem transformou o seu papel gerencial utilizando os recursos humanos, materiais e físicos inicialmente focados no período intra-operatório, evoluindo, no decorrer dos tempos, para o exercício da função da enfermagem muito além dos limites cirúrgicos, tornando-se gradativamente autônoma e protagonista real de uma futura especialidade desta área. Logo, necessita que o enfermeiro que o assiste busque constante atualização técnico-científica sobre temática, para que seu cuidado seja eficaz.
Atualmente, o Brasil possui o maior programa público de transplantes de órgãos e tecidos do mundo, e é o segundo país no mundo em número de transplantes, só perdendo para os Estados Unidos. 1
Hoje, há uma grande rede de hospitais capacitados para realização de transplantes, prontos a executar um número bem maior dessas operações, difundindo e desenvolvendo estas técnicas nos grandes centros hospitalares, onde há recursos materiais, físicos e humanos capazes de suprir a necessidade desta terapêutica.
As tecnologias do cuidado com enfoque nas ações educativas pressupõem um caminho inovador que gerem atitudes conscientes e intencionais das pessoas envolvidas, além da valorização e reconhecimento do exercício de cidadania. Para tanto, faz-se necessário incorporar o conhecimento dos sujeitos no processo de aprendizagem.
Percebe-se ainda que, a revisão da literatura e a leitura crítica de pesquisas devem ser usadas pelo enfermeiro na tomada de decisões sobre o cuidado para o paciente transplantado.
Este estudo oferece subsídios para que o enfermeiro e sua equipe de saúde percebam a necessidade de avaliar a qualidade de vida das pessoas com doença renal crônica e as atividades cotidianas, que são comprometidas com o tempo, para promover transformações condizentes com a realidade e prevenir o comprometimento dessas atividades cotidianas.
Portanto, o enfermeiro deve atentar para esta clientela específica e incorporar a sua prática cotidiana, ações educativas que possam contribuir para a amenização deste quadro alarmente de alta incidência da doença renal. Deve ter um enfoque interdisciplinar de equipe para atuação junto ao cliente submetido a transplante renal apresentado também no estudo como se salientando a importância da participação do enfermeiro neste processo.
Enfim, a prática baseada em evidências tem sido apresentada como um indicador da qualidade da assistência de enfermagem. Diante desta realidade é preciso que outros estudos sejam desenvolvidos com esta clientela tão complexa para reforçar e resignificar a atuação educativa dos enfermeiros.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1-Cintra V, Sanna MC. Transformações na administração em enfermagem no suporte aos transplantes no Brasil. Rev. bras. enferm. vol.58 no.1 Brasília Jan./Feb. 2005.
2-Queiroz MVO, Dantas MCQ, Ramos IC, Jorge MSB. Tecnologia do cuidado ao paciente renal crônico: enfoque educativo-terapêutico a partir das necessidades dos sujeitos. Texto contexto - enferm. vol.17 no.1 Florianópolis Jan./Mar. 2008.
3-Denhaerynck K, Manhaeve D, Dobbels F, Garzoni D, Nolte C, De Geest S. Prevalence and consequences of nonadherence to hemodialysis regimens. Am J Crit Care 2007 May 2007;16(3):222-235.
4- Lima TC e Cruz I. Cuidados de enfermagem ao paciente em diálise e hemodiálise para a melhoria da qualidade de vida e prevenção ao risco de infecções – prática de enfermagem baseada em evidência. Online Braz J Nurs 2008; 1(1) [online] www.uff.br/nepae/objnursing.htm.
5- Vicente AMG, Solis SR, Castrejón AS, Garcia VMP, Rubio MPT, Marina SR, Romera MC. Scintigraphic Diagnosis of Infectious Complications in Renal Failure Patients Undergoing Hemodialysis, Continuous Ambulatory Peritoneal Dialysis or Renal Transplant. Brazilian Archives of Biology and Technology – an international journal. Department of nuclear Medicine 2005 Oct; 48 (nesp): 97-108.
6-Setz VG, Pereira SR, Naganuma M. O Transplante renal sob a ótica de crianças portadoras de insuficiência renal crônica em tratamento dialítico: estudo de caso. Acta Paul Enferm 2005 jul./set; 18(3):294-300.
7- Nietsche EA, Franchi ES, Lima FALJ, Pedro OC, Burg G. Rinaldo Alegria e Rinaldo Tristonho: processo educativo noatendimento aos clientes renais crônicos e seus familiares. Nurs 2005 jun; 85 (8): 287-90.
8-Terra FS, Costa AMDD. Expectativa de vida de clientes renais crônicos submetidos à hemodiálise. Rev Enferm UERJ 2007 out./dez;15(4):533-537.
9-Murphy F. The role of the nurse in pre- renaltransplantation. Br J Nurs 2007; 16 (10):582-7.
10-Broscious SK, Castagnola J. Chronic Kidney Disease: Acute manifestations and role of critical care nurses crit care nurse 2006 Aug;26(4):17-27.
JSNCARE