Journal of Specialized Nursing Care

Prevention of central venous catheter related bloodstream infections impregnated by antiseptics - Sistematic Literature Review

 

Prevenção de infecções na corrente sanguínea associada ao cateter venoso central pelos antissépticos - Revisão Sistematizada da Literatura

 

Juliana Silva Marinho. Aluna do Curso de Especialização em Enfermagem em Cuidados Intensivos Universidade Federal Fluminense (UFF). julymarinho23@gmail.com
Profa. Dra. Isabel Cruz. Titular da UFF. isabelcruz@uol.com.br

 

Abstract: A major infections that affect patients of intensive care units is a blood infection associated with the use of central venous catheter. Objective: To identify nursing research, using strategy PICO (patient, intervention, comparison and observation - results) to determine the best available evidence for the reduction of Bloodstream Infection with the choice of antiseptics by the nurse. Methods: Systematic review of the use of antiseptic dressings for the prevention of infections in the databases PubMed and Bireme between the years 2008 to 2012. Results: We found 235 articles and of these 10 were included in the study. The results showed that there was researched articles reduction of bloodstream infection with use of the antiseptic chlorhexidine, 70% ethanol and povidone-iodine. However, in comparative studies with the other one antiseptic chlorhexidine showed the greatest potential for reducing infections. Conclusion: Several studies have been conducted, but there is wide difference between antiseptics. It was concluded that skin antisepsis prior to venipuncture and dressings impregnated with antiseptic reduced microbial colonization in all studies presented. Nurses have an important role in ensuring the quality of care delivered. Recommendation: The use of chlorhexidine was the most recommended.

Key-words: Nursing Care, Central Venous Catheterization and Intensive Care

 

 

Resumo: Uma das principais infecções que acometem os pacientes das unidades de terapia intensiva é a infecção sanguínea associada ao uso do cateter venoso central. Objetivo: identificar a produção científica de enfermagem, utilizando a estratégia PICO (paciente, intervenção, comparação e observação - resultados) para determinar melhor evidência disponível para a redução da Infecção da Corrente Sanguínea com a escolha dos antissépticos pelo enfermeiro. Método: Revisão sistemática sobre o uso de antisséptico nos curativos para prevenção de infecções nas bases de dados Bireme e PubMed entre os anos 2008 a 2012. Resultados: Foram encontrados 235 artigos e destes 10 foram incluídos no estudo. Os resultados dos artigos pesquisados mostraram que houve redução de infecção da corrente sanguínea com o uso dos antissépticos clorexidina, álcool a 70% e povidona-iodo. Porém, nas pesquisas comparativas de um antisséptico com o outro a clorexidina mostrou maior potencial para redução das infecções. Conclusão: Diversos estudos já foram realizados, porém não há ampla diferença entre os antissépticos. Concluiu-se que a antissepsia da pele antes da punção venosa e os curativos impregnados com antisséptico reduziu a colonização microbiana em todos os estudos apresentados. Os enfermeiros têm uma importante participação na garantia da qualidade da assistência prestada. Recomendação: O uso da clorexidina foi o mais recomendado.  

Palavras-chave: Cuidado de Enfermagem, Cateterismo Venoso Central e Cuidados Intensivos.

 

 

 

Introdução

 

O Cateter Venoso Central (CVC) é um dos dispositivos mais utilizados no processo terapêuticos dos pacientes que se encontram hospitalizados, principalmente em centros de terapia intensiva onde o seu uso é mais frequente, isto porque possibilita a administração contínua de fluidos intravenosos, medicamentos, nutrição parenteral (NP) prolongada, hemoderivados e quimioterapia, monitorização hemodinâmica invasiva da pressão venosa central, pressão da artéria pulmonar, medição de débito cardíaco e em algumas circunstâncias usado também para a hemodiálise. 1

A sepse é um processo de resposta inflamatória sistêmica à infecção. É a principal causa de morte em unidades de terapia intensiva (UTI). O cateter venoso central é uma importante porta de entrada para os microorganismos que ao atingirem a corrente sanguínea causam bacteremia e consequentemente elevam as morbimortalidade e o tempo de internação e os dos pacientes. 2-3

O cateter venoso central traz como principal complicação a infecção relacionada ao seu uso, que apresenta maior risco para o paciente de terapia intensiva, pois há maior morbidade e mortalidade. A prevenção durante os procedimentos no acesso vascular, por vezes, é negligenciada durante a prática profissional do enfermeiro.

O presente estudo justifica-se pela necessidade de buscar evidências científicas para a prevenção da infecção associada ao cateter venoso central pelos enfermeiros de terapia intensiva. As infecções por CVC ainda possuem altos índices, sendo relevante discutir medidas preventivas durante a instalação e manutenção. O presente estudo objetiva identificar a produção científica de enfermagem, utilizando a estratégia PICO (paciente, intervenção, comparação e observação - resultados) para determinar melhor evidência disponível para a redução da Infecção da Corrente Sanguínea com a escolha dos antissépticos pelo enfermeiro. Para guiar o estudo formulou-se a seguinte questão clínica: No cliente de alta complexidade, qual é a eficácia dos cuidados com o cateter venoso central utilizando curativos com clorexidina 2% em comparação com o álcool 70% ou o povidona-iodo para a redução do potencial para infecção?

 

ACRÔMIO

P- Cliente de alta complexidade em uso de cateter venoso central

I- Cuidados com o cateter usando curativo com clorexidina 2%

C- curativos com álcool 70% ou povidona-iodo

O- Redução do potencial para infecção

 

Metodologia

 

Trata-se de uma pesquisa bibliográfica computadorizada do tipo revisão de literatura. Os artigos científicos de enfermagem foram retirados de periódicos estrangeiros do US National Library of Medicine (PubMed) e dos periódicos nacionais encontrados nas bases de dados Biblioteca Virtual de Saúde (Bireme) publicados com recorte temporal de 2007 a 2012. Com base na questão clínica, utilizou-se os seguintes descritores: Cuidados de Enfermagem, Cateterismo Venoso Central, Terapia Intensiva, Nursing Care, Central Venous Catheterization and Intensive Care. A combinação dos componentes da estratégia PICO: (P) AND (I) AND (C) AND (O) foram P: pacientes adulto/idoso de alta complexidade em unidades de terapia intensiva em uso do cateter venoso central; I: cuidados de enfermagem com o CVC com uso de clorexidina 2%; C: em comparação com o álcool 70% e a povidona-iodo; O: reduzindo o potencial de infecções. A pesquisa bibliográfica foi realizada no período de maio a outubro de 2012.

Os critérios de inclusão foram: artigos de enfermagem disponíveis na íntegra sob a combinação dos componentes da estratégia PICO em pacientes adultos de alta complexidade em uso de cateter venoso central, impregnado com os antissépticos clorexidina 2%, álcool a 70% e povidona-iodo e redução das taxas de infecção, publicados em inglês e português.

Totalizou-se 235 publicações. Na base Bireme foram 79 publicações, sendo utilizados apenas quatro artigos em português e no PubMed 156 publicações, selecionado apenas seis das pesquisas em inglês, conforme os critérios de inclusão.

 

Síntese das evidências científicas

 

            Para o estudo em questão, selecionou-se 10 artigos científicos dos quais quatro em idioma Português e seis em Inglês. A Tabela 1 apresenta uma sinopse dos principais aspectos analisados nas publicações.

            Dos quatro estudos de revisão sistemática, dois apontavam o álcool como um agente beneficiador da redução da infecção por CVC. O álcool a 70% tem sido utilizado pelo seu baixo custo, boa eficácia e aceitabilidade. Uma das pesquisas mostrou que o uso de álcool etílico a 62% para a limpeza da pele antes da punção reduziu os riscos de contaminação de 24% para 8%. Esta por fim concluiu que a melhor evidência para a preparação da pele é o uso de uma solução antisséptica adequada, como a clorexidina, tintura de iodo ou álcool isopropílico a 70% em pacientes menores que dois meses de idade, respeitando a secagem de tempo recomendado para as soluções. 4-7

            Uma pesquisa de revisão comparou o gluconato de clorexidina com o povidona-iodo, 70% de álcool isopropílico, álcool isopropílico (DuraPrep) na preparação da pele e evidenciou efeitos significativos nas taxas de infecção quando o gluconato de clorexidina era usado.       De acordo com as recomendações nacionais e internacionais, a inserção do cateter deve ser feita com técnica asséptica e com a utilização de barreiras, como máscara, luvas estéreis, avental e campos estéreis. A preparação da pele antes da inserção do cateter venoso central e nas trocas de curativo deve ser preferencialmente realizada com clorexidina alcoólica 2%, pois estudos demonstraram que a utilização da mesma antes da inserção e durante as trocas de curativo está associada a uma menor incidência de colonização e incidência de infecções na corrente sanguínea quando comparada ao uso da polivinilpirrolinoda (PVP-I) 10% alcoólico. Embora a PVP-I alcoólico também possa ser utilizada. 6,7

            Os estudos observacionais diferiram-se seus resultados. O uso de clorexidina impregnado no curativo de CVC, sendo trocados semanalmente, apresentou igual efeito de desinfecção com solução de iodo-povidona. O controle da infecção por cateter dá-se não só pela solução de preparação da pele, como também a lavagem das mãos, a antissepsia feita usando fricção em um movimento de torção, escolha do sítio de punção, entre outros. Concluiu que o mais significativo para o controle da infecção é quando o enfermeiro está focado no processo e não nos produtos utilizados. 8

            Um questionário foi elaborado para avaliar o nível de conhecimento dos enfermeiros da UTI sobre o Guideline de prevenção de infecção associado ao cateter venoso central. Uma das questões tratava da escolha da solução para antissepsia da pele antes da inserção do cateter. Os enfermeiros escolheram a solução alcoólica de clorexidina 0,5% ao invés da solução aquosa de clorexidina 2% que é a recomendada pelo Guideline. 9

            Um método sobre os cuidados com o cateter profundo baseado em evidências desenvolvido no estado de Michigan, EUA levou a uma redução de 66% de infecções associadas à corrente sanguínea. O método foi um programa denominado ‘programa Hopkins’ que tem três elementos fundamentais: o programa de segurança baseado em questões de segurança dos pacientes a nível local, o programa é um modelo traduzido para Prática em Evidência que fornece guias comportamentais para implementar o cuidado baseado em evidências e o outro elemento é um sistema rigoroso para medir, relatar e melhorar os resultados. Foram mostradas aos enfermeiros, durante um treinamento, as intervenções que têm alto impacto sobre os resultados de prevenção existentes para infecção, tais como: lavar as mãos, limpar a pele com clorexidina, utilizar precaução de barreiras, evitar o sítio femoral e remover as linhas desnecessárias. 10

            Um estudo do tipo coorte realizado para avaliar a incidência e fatores de risco de infecção da corrente sanguínea em pacientes renais que necessitava de um acesso venoso profundo para fazer hemodiálise, relatou que a antissepsia da pele antes da inserção do cateter foi realizada com solução alcoólica 70%, e que os fatores de risco para o desenvolvimento de infecções foram a implantação do cateter na veia jugular interna, tempo de cateter e tempo de internação. 11

                Ao analisar a freqüência de infecção relacionada ao cateter na utilização do filme transparente de poliuretano, a pesquisa feita em pacientes internados padronizou a antissepsia da pele com três movimentos firmes no sentido horário com gazes estéreis embebidas em clorexidina alcoólica a 0,5% em todos os curativos e ao final do estudo o filme transparente de poliuretano permitiu a visualização constante do sítio de saída possibilitando a troca dos curativos em intervalos maiores. O tempo de duração do cateter foi a causa da maioria das infecções na corrente sanguínea. 12

 

Tabela 1- Publicações localizadas nas bases de dados. Niterói, 2012

 

 

Autor (es), Data e País

Objeto da pesquisa

Força da evidência

Tipo do estudo e instrumentos

Principais achados

Conclusões do autor (es)

Hatler,C. Buckwald,L. Allison,Z.S.Taylor,C.M. Novembro,2009. USA

Enfermeiros e pacientes em uso de CVC

B

Estudo observacional/

Formulários

Poucas diferenças foram encontradas em curativos comuns em comparação com os curativos impregnado de clorexidina

Os esforços para o controle de infecção são mais apropriados quando focado processo e não nos produtos utilizados.

Labeau,S. Vereecke,A. Vandijck,DM. Claus,B. Blot,SI.

Janeiro,2008. Bélgica

Enfermeiros da UTI

B

Observação de resultados terapêuticos/ Questionário

Os enfermeiros escolheram a solução alcoólica de clorexidina 0,5% ao invés da solução aquosa de clorexidina 2% recomendada pelo Guideline

O questionário é confiável e tem validação de conteúdo, podendo ser usado para melhorar programas educacionais para enfermeiros de UTI.

Chan,RJ.  Northfield ,S.

Alexander,A.Rickard,CM.

Austrália, 2012

Pacientes em uso de cateter venoso profundo de um hospital oncológico

A

Relato de caso e Revisão Sistemática/ artigos científicos

A eficácia da clorexidina impregnada nos curativos reduz as infecções de corrente sanguínea relacionadas ao cateter

A clorexidina é uma intervenção de baixo custo e simples e mostrou que seu uso reduz as incidências de infecções relacionadas ao cateter.

Sievert,D. Armola,R. Halm,MA

Março,2011.USA

 

 

 

 

 

Pacientes em unidades de terapia intensiva

A

Revisão sistemática/ principais base de dados

Gluconato de clorehexidina foi comparado com povidona-iodo,

70% de álcool isopropílico, álcool isopropílico na preparação da pele.

O estudo revelou efeitos significativos de

gluconato de clorexidina nas taxas de infecção.

Em unidades de terapia intensiva é claramente necessário documentar a eficácia de intervenções do gluconato de clorexidina na redução das infecções.

Halm, M. Hickson, T. Stein,D. Tanner,M. VandeGraaf,S.

Julho,2011. USA

Cateteres centrais de pacientes hospitalizados

A

Revisão Sistemática/ artigos científicos

O uso de álcool etílico a 62% para limpeza da pele antes da punção reduziu os riscos de contaminação de 24% para 8%.

Clorexidina alcóolica >0.5%, tintura de iodo ou álcool 70% podem ser utilizados, respeitando o tempo de secagem de cada um.

Goesche, CA.

USA, 2011.

 

Pacientes de uma unidade de terapia intensiva

B

Relato de coorte

As intervenções que têm alto impacto sobre os resultados de prevenção existentes para infecção são: lavar as mãos, limpar a pele com clorexidina, utilizar precaução de barreiras, evitar o sítio femora e remover as linhas desnecessárias.

 

Enfermeiros na liderança devem estar preparados para enfrentar falhas diárias, aprender com eles e compartilhar o que aprendeu.

 

Mendonça, KM. Neves, HCC. Barbosa, DFS. Souza, ACS. Tipple, AFV. Prado, MA.

Junho, 2011. Brasil

Equipe de enfermagem

A

Revisão Sistemática/ textos e artigos científicos, normativas atuais nacionais e internacionais

O álcool a 70% tem sido utilizado pelo seu baixo

custo, boa eficácia e aceitabilidade.

A antissepsia deve ser ampla, com sentido unidirecional, e a sua eficácia depende da fricção

por 30 segundos, Outro fator a ser considerado é o tempo

de espera da secagem do antisséptico antes da realização da punção

Fram,DS.Taminato,M. Ferreira,D. Neves,L. Belasco,AGS.Barbosa,DA.

Brasil,2009

Prevenção de infecções em hemodiálise

A

Revisão Sistemática/ artigos científicos

A antissepsia da pele deve ser preferencialmente realizada com clorexidina alcoólica 2%, mas a polivinilpirrolinoda (PVP-I)10% alcoólico também pode ser utilizado.

O uso de clorexidina antes da inserção do cateter está associado à menor colonização quando comparado ao uso de PVP-I alcoólico

Silveira RC,Braga FT,Garbin LM, Galvão CM

Pacientes submetidos ao transplante de células-tronco hematopoéticas com cateter venoso central

C

Série de casos

A antissepsia da pele foi realizada em três movimentos firmes no sentido horário com gazes estéreis embebidas em clorexidina alcoólica a 0,5% em todos os curativos analisados

O filme

transparente de poliuretano permitiu a visualização

constante do sítio de saída e a troca com intervalos

maiores.

Grothe,C. Belasco,AGS. Bittencourt,ARC. Vianna,LAC. Sesso,RCC. Barbosa,DA.

Fevereiro,2010.Brasil

Pacientes em uso de cateter venoso central

B

Estudo de Coorte

A desinfecção da pele no local da inserção do cateter foi realizada com solução alcoólica 70%

Os fatores de risco para o desenvolvimento de infecções neste estudo foram: a implantação do cateter na veia jugular interna, tempo de cateter e tempo de internação

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Discussão

 

            A maioria dos estudos apontou o uso da clorexidina como à melhor opção de solução para antissepsia da pele (Nivel de evidência A). O álcool pode ser utilizado como substituto da clorexidina, principalmente nos casos do paciente apresentar reação alérgica ao componente.

            Os resultados dos artigos pesquisados mostraram que houve redução de infecção da corrente sanguínea com o uso dos antissépticos clorexidina, álcool a 70% e povidona-iodo. Porém, nas pesquisas comparativas de um antisséptico com o outro a clorexidina mostrou maior potencial para redução das infecções. A literatura é ampla na avaliação dos antissépticos antimicrobianos, porém os autores pesquisados nos estudos supracitados usam as principais soluções: álcool a 70%, PVPI e clorexidina. Outros autores definem a ação bacteriostática da clorexidina quando em baixas concentrações, mas em altas concentrações a clorexidina tem rápida ação bactericida, sendo mais eficaz se comparado aos demais antissépticos. 13

            Intervenções de enfermagem são fundamentais para o controle da infecção pelo cateter. A troca dos curativos deve ser feita de maneira estéril, com a higienização das mãos e técnica asséptica. Conhecer os efeitos das soluções de escolha para realizar o curativo do CVC é primordial para o controle de infecção pelos enfermeiros, que são os principais agentes que manipulam os cateteres. A administração de soluções farmacológicas em acesso venoso profundo pode ser feita também pelos técnicos de enfermagem sob supervisão do enfermeiro. Para tal ação é necessário qualificar e treinar a equipe apontando a importância da desinfecção das conexões antes da administração de qualquer fármaco. A compreensão por parte da equipe sobre os métodos adequados ajuda na inserção de novas práticas para o melhor cuidado do profissional e contribui com práticas seguras, visando à segurança do cliente de alta complexidade em uma UTI. 13

            Programas educacionais e treinamento específico para os enfermeiros foram realizados em algumas pesquisas. Este tipo de orientação ajuda a garantir que toda a equipe de cuidados esteja ciente dos comportamentos esperados que a evidência traduz na prática. 9,10

                Uma medida para tornar o processo de cuidados padronizado e baseados em evidência entre os enfermeiros é a inserção de protocolos institucionais, para orientar a manipulação de cateteres centrais. Os protocolos devem ser revisados e disponíveis para a equipe em linguagem clara e simples. 15

            A escolha do sítio de inserção do cateter foi relatada em sete pesquisas, sendo a veia subclávia o local de prioridade para a punção. O procedimento de inserção do CVC é feito pelo médico, porém o enfermeiro pode participar da escolha do sítio juntamente com a equipe. Antes da inserção do cateter, faz-se necessário a preparação local da pele com solução antisséptica. 5,6,9-15

            Sobre a utilização de curativos antimicrobianos ou antibioticoprofiláxicos, dois estudos alegaram redução nas taxas de infecção. Outro estudo traz um risco ao optar por estes curativos, pois há a possibilidade de proliferar bactérias multirresistentes. 12,14

            Equipamentos de proteção configuram uma prática segura tanto para o profissional quanto para o paciente. Optar por técnicas assépticas durante o manuseio do cateter, assim como a desinfecção do injetor lateral para a administração de medicamentos reduz significativamente as taxas de infecção associada ao cateter venoso central. 10

            Prevenir uma infecção na corrente sanguínea associada ao cateter diminui o tempo de internação do paciente e os riscos de complicação do quadro clínico e melhora os indicadores de qualidade da assistência prestada, além de não gerar mais custos pessoais e institucionais. A responsabilidade do enfermeiro está na execução e monitoramento das suas intervenções. O enfermeiro que conhece os índices de infecção do seu setor e os monitora possui uma qualidade notável, pois o mesmo buscar a melhor prática, nos estudos científicos, para oferecer o melhor tratamento possível ao paciente de alta complexidade contribuindo assim com o controle de infecção e consequentemente diminui o tempo de internação e o risco de complicações do quadro clínico.

 

 

Resposta Baseada em Evidência Científica

 

            Na maioria dos estudos pesquisados, foi possível encontrar evidências científicas para os cuidados dos enfermeiros com o cateter venoso central. O Enfermeiro é o principal agente controlador de infecções hospitalares em geral, pois informa aos demais membros da equipe as medidas de prevenção do controle de infecção. Como na maioria dos casos o manuseio do CVC é feito pelo enfermeiro e a sua prescrição para a manipulação adequada dos cateteres faz-se necessária. Desta forma, evita aumentar riscos de complicações para o paciente.

            O enfermeiro intensivista constantemente manipula cateteres centrais, pois estes são os dispositivos mais utilizados com a finalidade de tratamento por fluidoterapia. As medidas preventivas para a infecção de acordo com os estudos apontam para a higienização das mãos antes da manipulação dos cateteres. O enfermeiro tem um papel importante na decisão de escolha da solução asséptica mais adequada para o uso no curativo de punção venosa profunda.

            A antissepsia da pele antes da inserção do cateter venoso central e nas trocas dos seus curativos deve ser realizada segundo recomendação a solução alcoólica de clorexidina a 0,5% com técnica estéril, respeitando o tempo de secagem de um minuto, assim como aplicar a solução com movimentos firmes fazendo fricção (Grau A de recomendação).

            Sobre as mudanças na prática do enfermeiro, evidenciou-se através de estudos a importância da educação continuada e de uma equipe treinada. O uso de protocolos pelas instituições auxilia na prevenção das infecções.

            Nível de evidência A, recomenda-se escolher a veia subclávia direita com sítio de punção profunda do que a jugular e a femoral.

 

 

Conclusões  

                A partir da análise dos resultados, conclui-se que a antissepsia da pele antes da punção venosa e os curativos impregnados com antisséptico reduziu a colonização microbiana em todos os estudos aqui apresentados. Entretanto, as pesquisas não investigaram a eficácia de cada uma das soluções especificamente.

            Soluções com clorexidina >0,5% apresentaram bons resultados, reduzindo as taxas de infecção associadas ao cateter, tanto antes quanto depois da sua inserção. Recomenda-se que o enfermeiro realize a antissepsia da pele e troca de curativos com solução de clorexidina a 2%, pois em alta concentração consegue-se a atividade bactericida necessária para impedir a contaminação do cateter. O álcool pode ser usado como uma alternativa caso a clorexidina não se encontre disponível, ou se o paciente é alérgico ao composto.

            Os enfermeiros têm uma importante participação na garantia da qualidade da assistência prestada, pois são deles que advém realizar práticas seguras e resolutivas com base em conhecimentos científicos.

            A redução das taxas de infecção associadas ao cateterismo venoso central, como um resultado esperado, é viável quando a intervenção de enfermagem é voltada aos cuidados com o cateter desde a escolha do local de inserção, a antissepsia no local, a opção das soluções antissépticas, a cautela na manutenção do cateter, entre outros, são aplicados adequadamente.

            Considerando que o enfermeiro é o principal envolvido na manutenção e retirada do CVC, o mesmo deve ser orientado constantemente sobre os métodos e processos para oferecer qualidade na sua assistência visando obter resultados positivos ao cliente de alta complexidade.

 

Referências Bibliográficas

 

 

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5-      Mendonça,KM. Neves,HCC. Barbosa, DFS. Souza, ACS. Tipple, AFV. Prado, MA. Atuação da enfermagem na prevenção e controle de infecção de corrente sanguínea relacionada a cateter. Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2011 abr/jun; 19(2):330-3 Disponível em: http://bases.bireme.br/cgi-bin/wxislind.exe/iah/online/?IsisScript=iah/iah.xis&src=google&base=LILACS&lang=p&nextAction=lnk&exprSearch=601595&indexSearch=ID

 

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7-      Fram,DS.Taminato,M.Ferreira,D.Neves,L.Belasco,AGS. Barbosa,D.A. Prevention of catheter-related bloodstream infections in patients on hemodialysis. Acta Paul Enferm. 2009;22(Especial-Nefrologia):564-8. Available from: http://www.scielo.br/pdf/ape/v22nspe1/24.pdf

 

8-      Hatler,C. Buckwald,L. Salas-Allison,Z.Murphy-Taylor,C. Evalulating central venous catheter care in a pedriatric intensive care unit. Am J Crit Care. 2009 Nov;18(6):514-20. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19880953

 

9-       Labeau,S. Vereecke,A. Vandijck, DM. Claes,B. Blot,SI. Critical care nurses' knowledge of evidence-based guidelines for preventing infections associated with central venous catheters: an evaluation questionnaire. American Journal of Critical Care. 17(1): 65-72, January 2008 Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18158392

 

10-  Goeschei,CA. Nursing leadership at the crossroads: evidence-based practice ‘Matching Michigan-minimizing catheter related blood stream infections. Nurs Crit Care. 2011 Jan-Feb;16(1):36-43. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21199553

 

11-  Grothe,C. Belasco,AGS. Bittencourt,ARC. Vianna,LAC. Sesso,RCC. BARBOSA,DA. Incidence of bloodstream infection among patients on hemodialysis by central venous catheter. Rev. Latino-Am. Enfermagem vol.18 no.1 Ribeirão Preto Jan./Feb. 2010 Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20428700

 

12-  Chan,RJ. Northfield,S. Alexander,A. Rickard,CM. Using the Collaborative Evidence Based Practice Model: a systematic review and uptake of chlorhexidine-impregnated sponge dressings on central venous access devices in a tertiary cancer care centre. Aust J Can Nursing, 13(2), pp. 10-15.Nov.2012 Available from: http://search.informit.com.au/documentSummary;dn=909334505082025;res=IELHEA

 

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