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REVIEW ARTICLES

Risks of aspiration in patients in the of therapy intensive – sistematic literature review


Riscos de aspiração em pacientes na unidade de terapia intensiva – revisão sistematizada de literatura


Viviane Miranda Rodrigues Lopes1, Isabel Cristina Fonseca da Cruz1

1Universidade Federal Fluminense

ABSTRACT

Endotracheal aspiration is a procedure performed with great frequency in critically ill patients, which can cause serious risks to the patient if it is not performed with criteria. The objective of this research is to identify the scientific production of nursing using the PICO strategy to perform the best available evidence to prevent the risk of aspiration in the patient in an intensive care unit. Methodology: This study was carried out through a computerized bibliographical research in a virtual environment, being a systematized literature review. Ten articles from national and international nursing journals from 2010 to 2015 were selected as data sources that met the inclusion criteria of this study. Responding to the clinical question: The best nursing intervention found is: There is no single intervention for this procedure but a set of interventions more adequate for risk minimization, ie maintaining high head, aspiration of secretions, use of individual equipment Adequate hygiene, measure gastric residue and keep the cuff of the tracheal cannula inflated. Conclusion: This study based on scientific evidence was of great importance for nurses of the intensive care unit and for the critical patient, since it provided knowledge and identification of the risk factors for the improvement of critical patient care.

Key-words: respiratory aspiration; suction; risk of aspiration; nursing diagnosis.


RESUMO

A aspiração endotraqueal é um procedimento realizado com enorme frequência em pacientes críticos, podendo ocasionar sérios riscos ao paciente se não for realizado com critério. O objetivo desta pesquisa é identificar a produção cientifica de enfermagem usando a estratégia PICO para realizar a melhor evidência disponível para prevenir o risco de aspiração no paciente em unidade de terapia intensiva. Metodologia: Este estudo foi realizado por meio de pesquisa bibliográfica computadorizada em ambiente virtual, tratando-se de uma revisão sistematizada de literatura. Foram selecionados como fonte de dados 10 artigos de periódicos de enfermagem nacionais e internacionais no período de 2010 a 2015, que atendessem os critérios de inclusão deste estudo. Respondendo a pergunta clínica: A melhor intervenção de enfermagem encontrada é: Não existe uma intervenção isolada para este procedimento e sim um conjunto de intervenções mais adequadas para a minimização dos riscos, ou seja, manter cabeceira elevada, aspiração de secreções, uso de equipamentos individuais de proteção, higiene adequada, mensurar resíduo gástrico e manter o cuff da cânula traqueal inflado. Conclusão: este estudo baseado em evidência científica foi de grande importância para enfermeiros da unidade de terapia intensiva e para o paciente crítico, pois forneceu conhecimento e a identificação dos fatores de risco para a melhoria da assistência do paciente crítico.

Palavras-chave: aspiração respiratória; sucção; risco de aspiração; diagnóstico de enfermagem.


INTRODUÇÃO

A preferência por esta temática tem como interesse pesquisar o diagnóstico de enfermagem risco de aspiração em pacientes na unidade de terapia intensiva e os meios para promover a melhoria da assistência prestada.

O diagnóstico de enfermagem risco de aspiração, segundo North American Nursing Diagnosis Association (NANDA) é definido como “risco de entrada de secreções gastrintestinais, secreções orofaríngeas, sólidos ou fluidos nas vias traqueobrônquicas”. (1)

Os principais riscos de aspiração aos quais os pacientes estão expostos são: hipóxia, arritmias, laringoespasmos, traumatismo da mucosa traqueal, riscos de infecção, troca de gases prejudicada e desobstrução ineficaz das vias aéreas, comprometendo seriamente o débito cardíaco e o fornecimento de sangue aos tecidos. (2,3)

O procedimento de aspiração é amplamente realizado em unidades de tratamento intensivo (UTI) em pacientes em ar ambiente ou sob ventilação mecânica (intubados ou traqueostomizados) (4) com a finalidade de promover a permeabilidade das vias aéreas, porém quando realizado de forma incorreta pode ocasionar complicações graves ao paciente.(5)

A manutenção das vias aéreas pérvias tem sido o maior desafio e o principal objetivo da assistência de enfermagem, que tem papel fundamental com esses pacientes. 6 Dessa forma, os equipamentos de proteção individual são imprescindíveis para a realização da técnica, pois visam medidas de prevenção e controle de transmissão de microorganismos. (7)

Dentre os profissionais de uma equipe multidisciplinar de saúde na unidade de terapia intensiva, os enfermeiros são os que mantém contato por longos períodos de internação portanto, o diagnóstico de enfermagem contribui para a interação da equipe de visando uma assistência de qualidade.8 A maior parte dos pacientes em estado crítico necessita deste procedimento invasivo, tendo o enfermeiro um papel fundamental na avaliação desses pacientes.

É fundamental reconhecer os riscos ocasionados pela aspiração de vias aéreas e elaborar medidas que contribuam para a prevenção e amenização do problema visando maior qualidade no serviço prestado.(7) Sendo o enfermeiro integrante importante da equipe multidisciplinar que atende o paciente em tal situação, faz-se a seguinte pergunta clínica para esta situação: Para o cliente de alta complexidade com diagnóstico de Risco de Aspiração, qual a intervenção (ou protocolo) de enfermagem mais eficaz para sua resolução?

O objetivo desta pesquisa é identificar a produção científica de enfermagem, usando a estratégia PICO para localizar a melhor evidência científica disponível para o risco de aspiração, no paciente em unidade de terapia intensiva (UTI).

A estratégia PICO foi empregada para a questão de pesquisa e para a construção da pergunta, auxiliando na busca bibliográfica. O quadro 1 representa a descrição da estratégia PICO.

Quadro 1 – Estratégia PICO

Quadro1

METODOLOGIA

Este estudo foi realizado por meio de pesquisa computadorizada, a qual consiste no levantamento e na análise crítica baseada em evidências de pesquisa nos periódicos de enfermagem nacionais e internacionais. Foram utilizadas as seguintes bases de dados: BVS (Biblioteca Virtual em Saúde), LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), MEDLINE(Literature Anslysis and Retrieval System Online). Foram utilizados os critérios de inclusão: artigos científicos publicados no período de 2010 a 2015, escrito nos idiomas português, inglês e espanhol em periódicos de enfermagem, realizados por enfermeiros e tratarem-se como foco principal de paciente adulto, com risco de aspiração em unidade de terapia intensiva ou artigos que abordassem informações relevantes ao estudo. Foram excluídos da pesquisa os estudos que não preencheram os critérios de inclusão, previamente determinados, bem como os artigos de populações não humanas. Para implicações de acordo com o tema abordassem os termos empregados para a busca de descritores/Key-words foram aspiração respiratória/ respiratory aspiration, risco de aspiração/ suction, sucção; risk of aspiration, diagnóstico de enfermagem/ nursing diagnosis. Para a busca bibliográfica das evidencias foi utilizada uma combinação dos componentes da estratégia PICO: (P) paciente aduto internado em UTI com riscos de aspiração. AND (I) intervenções adequadas que minimizem o risco de aspiração. AND (C) não há. AND (O) redução dos riscos durante o procedimento de aspiração.

Síntese das evidências científicas

Com os dados obtidos, foi realizada uma tabela (quadro 2) que representa as principais evidências encontradas. Incluindo autores, objetivo da pesquisa, força da evidência, tipo de estudo, principais achados e conclusões dos autores. Para a classificação da força de evidência foi utilizada como referência a escala de Oxford Centre for Evidence-based Medicine.

Quadro 2 – Síntese dos artigos localizados nas bases de dados.

Quadro2

DISCUSSÃO

O conceito de aspiração respiratória é bem definido no campo da saúde, para trabalhar com a sua prevenção é importante um trabalho da equipe multiprofissional que atende ao paciente crítico, focando no diagnóstico risco de aspiração para a redução das complicações que possam surgir.(2)

O enfermeiro deve estar atento as complicações que podem ocorrer durante o procedimento de aspiração, pois apesar de essencial pode ocasionar riscos e complicações graves5 ao paciente na unidade de terapia intensiva como: hipóxia, arritimia cardíaca, hipotensão e lesão na mucosa traquea(l,6)

A maior parte dos pacientes que apresentam o diagnóstico risco de aspiração ocorre devido a alimentação por sonda, resíduo gástrico aumentado, presença de traqueostomia ou tubo endotraqueal e redução dos níveis de consciência.(2)

É fundamental identificar os fatores de risco, bem como as dificuldades existentes para o tratamento e prevenção das complicações e elaborar medidas para a melhoria da qualidade do serviço prestado.(4,9)

Resposta Baseada em Evidência Cientifica

A aspiração endotraqueal é um procedimento realizado com enorme frequência em pacientes em estado crítico, que não conseguem expelir voluntariamente as secreções. Este recurso tem por finalidade manter as vias aéreas pérvias, prevenir infecções, promover troca gasosa e melhorar a função pulmonar.4

A técnica mais comum é aquela realizada por sistema aberto, que requer a desconexão do paciente ao ventilador mecânico e a cânula endotraqueal, para introdução do cateter de aspiração, o qual deve ser estéril e descartável. No sistema fechado, o cateter é de múltiplo uso, protegido por uma bainha plástica e conectado entre o tubo traqueal e o circuito ventilatório, dispensando a desconexão do suporte ventilatório.(5,6,7)

Os cuidados que apresentam fortes evidências com relação a sua efetividade para a prevenção da aspiração são: higiene oral com clorexidina 0,12%; elevação da cabeceira entre 30-45°; pressão do cuff entre 20-30cm H2O e cuidados com aspiração de secreções.(6,10)

Nos pacientes críticos a ingestão oral, muitas vezes está prejudicada em decorrência das situações clinicas que contra indicam a sua utilização, sendo necessária a alimentação por outras vias, dentre as quais destaca-se a alimentação por sonda grastrointestinal. Contudo, esta via de alimentação não está isenta de risco, podendo ocorrer aspiração de secreções em vias respiratórias, diarreia, êmese, hiponatremia e hiperglicemia. Em geral, pacientes alimentados no estômago tende a ter mais microaspirações do que nos pacientes alimentados para além do piloro.(11)

Quanto ao uso de equipamentos individuais de proteção (EPI), foi observado que a maioria não usa essa medida de profilaxia, ou seja, não utilizaram todos os equipamentos durante a aspiração5, que compreendem: luvas, gorro, óculos, máscaras e capotes. Sendo fundamental sua utilização durante a realização do procedimento como medida de prevenção e controle de transmissão de microrganismos e da proteção a saúde.(7)

De acordo com o estudo realizado sobre esta temática, foi observado uma lacuna de conhecimento dos profissionais sobre a forma correta na realização da técnica de aspiração endotraqueal.4 Mostrou um conhecimento insatisfatório sobre critérios de identificação da necessidade de aspiração de secreções, refletindo negativamente na qualidade da assistência.(2)

CONCLUSÃO

De acordo com os resultados encontrados no presente estudo, pode-se concluir que o risco de aspiração nos pacientes internados na unidade de terapia intensiva possibilitou identificar os fatores de risco que influenciam diretamente na assistência e quais os cuidados de enfermagem prioritários para a manutenção da assistência de qualidade.

As condutas realizadas adequadamente durante o procedimento de aspiração endotraqueal podem propiciar inúmeros benefícios para o paciente entre estes, a diminuição do tempo de internação e diminuição da morbimortalidade. É importante repensar sobre a qualidade do atendimento e a assistência aos pacientes com risco de aspiração, devendo ser implantadas estratégias de controle centrando as ações na padronização e no treinamento de condutas. De maneira geral, o sucesso depende do envolvimento de toda a equipe de atendimento, sendo fundamental a educação contínua de todos os profissionais que trabalham com pacientes predispostos a riscos.

A estratégia PICO contribuiu para a identificação da melhor evidência cientifica para a atuação do enfermeiro acerca da necessidade de gerenciar, orientar, promover, de forma segura eficaz, facilitando um cuidado de enfermagem, onde o enfermeiro de cuidados intensivos deve avaliar, planejar e executar uma monitorização segura na unidade de terapia intensiva, promovendo saúde e bem-estar aos seus clientes perante os problemas apresentados pelos pacientes críticos com risco de aspiração.

A realização deste estudo demonstrou que não existe uma intervenção isolada para este procedimento e sim um conjunto de medidas mais adequadas para a minimização dos riscos, permitiu a elaboração de uma síntese de cuidados que devem ser realizados pela equipe de enfermagem ou pela equipe que vai realizar a aspiração de secreções para que as práticas assistenciais sejam mais eficazes e seguras para o paciente. A realização de um procedimento com base nas melhores evidências torna o cuidado mais centrado no paciente e contribui para uma redução das complicações.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  1. NANDA Internacional Diagnósticos de Enfermagem da Nanda – Definições e Classificação 2012-2014. Porto Alegre: Artmed; 2013.

  2. Ana Railka de S. Oliveira; Alice Gabrielle de S. Costa; Huana Carolina C. Morais; Tahissa F. Cavalcante; Marcos Venícios de O. Lopes;Thelma L. de Araujo. Fatores clínicos preditores do risco para aspiração e aspiração respiratória em pacientes com acidente vascular cerebral. 2015 Mar-Abr 23(2) 216-24

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  4. Frota, Oleci Pereira; Loureiro, Marisa Dias Rolan; Ferreira, Adriano Menis. Conhecimento sobre aspiração endotraqueal de profissionais de enfermagem. 2013 set: 12(3): 25668

  5. Frota, Oleci Pereira; Loureiro, Marisa Dias Rolan; Ferreira, Adriano Menis. Aspiração endotraqueal por sistema aberto: práticas de profissionais de enfermagem em terapia intensiva. 2014 Abr- jun: 18(2): 296-302

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  7. Epi Oleci P. Frota; Adriano M. Ferreira; Marisa Dias R. Loureiro; Maria de Fátima M. Cheade; Maria Gorette dos Reis. O uso de equipamento de proteção individual por profissionais de enfermagem na aspiração endotraqueal. 2012 Dez; 20(esp.1):625-630

  8. Regina Kelly G. Gomes; Marcos Venicios de O. Lopes. Diagnósticos de enfermagem em indivíduis internados em unidade de terapia intensiva. 2013 Jul-Dez; 31(2):74-82

  9. Tahissa F. Cavalcante; Thelma L. de Araujo; Rafaella P. Moreira; Nirla G. Guedes; Marcos Venicios de O. Lopes; Viviane M. da Silva. Validação clínica do diagnóstico de enfermagem “risco de aspiração” em pacientes com acidente cerebrovascular.2013Jan-Fev 21

  10. Armando Carlos F. de Godoy; Carla de O. Yokota; Izilda Ismênia M. Araújo; Maria Isabel P. de Freitas. Manobras de hiperinflação manual podem causar aspiração de secreções orofaríngeas em pacientes sob ventilação mecânica? 2011 Set-Out 61(5)

  11. Metheny Norma A, Jackson Jami D, Stewart Bárbara J. Effectiveness of an Aspiration Risk-Reduction Protocol. Nurs Res. 2010; 59(1): 18–25.





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