Nursing evidence-based practice guidelines for impaired physical mobility in ICU - Systematic Literature Review

Prática de enfermagem baseada em evidência para mobilidade física prejudicada em UTI - Revisão Sistematizada da Literatura

Silvia Alejandra Delgado Ortiz de Andrade, Isabel Cristina Fonseca da Cruz

Universidade Federal Fluminense

ABSTRACT

Objective: Review evidence-based nursing guidelines that can assist nurses in identifying nursing care diagnoses and prescriptions to achieve the mobility outcome within 7 days.Methods:This is a descriptive and qualitative research and the type of study used was bibliographical from existing material available in the Biblioteca Virtual em Saúde (BVS).Results:The results reveal 10 publications identified and analyzed by the thematic analysis technique, in which two categories of analysis emerged to simplify and answer the proposed question: the impact of early mobility of patients admitted to the intensive care unit and the role of nurses in implementation of preventive measures in the self-care and activities of daily living of patients diagnosed with stroke.Conclusion:It was observed that there was a significant improvement in mobility, balance and functional capacity when early mobilization of patients admitted to intensive care units was made, evidenced by the significant improvement in relation to ICU stay compared to admission and discharge from the unit.

Key words:Mobility, nursing interventions and intensive therapy.

RESUMO

Objetivo:Revisar as diretrizes de enfermagem com base em evidência que possam ajudar ao enfermeiro na identificação de diagnósticos e prescrições de cuidados de enfermagem para o alcance do resultado mobilidade, no tempo de 7 dias Métodos:Trata-se de uma pesquisa descritiva e qualitativa e o tipo de estudo utilizado foi bibliográfico a partir de material já existente disponível na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS).Resultados: Os resultados revelam 10 publicações identificadas e analisadas pela técnica da análise temática, na qual surgiram duas categorias de análise para simplificar e responder a questão proposta: o impacto da mo­bilização precoce dos pacientes internados na unidade de terapia intensiva e o Papel do enfermeiro na implementação de medidas preventivas no autocuidado e nas atividades da vida diária dos pacientes com diagnostico de acidente vascular encefálico.Conclusão: Foi possível observar que houve melhora significativa na mobilidade, equilíbrio e capacidade funcional quando é feita a mobilização precoce dos pacientes internados nas unidades de terapia intensiva, evidenciado na melhora importante em relação ao tempo de permanência na UTI quando comparada à admissão e alta da unidade.

Palavras-Chave: Mobilidade, intervenções de enfermagem e terapia intensiva.

 

INTRODUÇÃO

A atividade diagnóstica na enfermagem se deu durante a guerra da Criméia,  quando Florence Nightingale usou seus conhecimentos e a observação para prestar um cuidado de enfermagem. Naquela época, os diagnósticos de enfermagem se baseavam na observação e análise das conclusões obtidas das informações colhidas. Entretanto, o conceito de diagnóstico de enfermagem e a utilização de classificações diagnósticas tende a ser visto como novo, pois seu desenvolvimento vem se dando de uma forma mais ampla nos últimos 40 anos.

No início da década de 1970, enfermeiros e educadores nos Estados Unidos

descobriram que os enfermeiros, de modo independente, diagnosticavam e tratavam algo relacionado aos pacientes e suas famílias que era diferente dos diagnósticos médicos e assim ao longo dos anos foi criado o conceito de diagnóstico de enfermagem, inspirando e encorajando enfermeiros a buscarem práticas independentes baseada em conhecimentos profissionais,(1) tornando-se necessário aos profissionais de saúde entre eles o enfermeiro, estarem capacitados para oferecerem um atendimento especializado e continuo, desde a porta de entrada do paciente no hospital ate sua internação, seja em uma enfermaria ou unidade de terapia intensiva.

Desse modo, destacamos o diagnóstico de Mobilidade física prejudicada, que segundo o livro diagnósticos de enfermagem da NANDA-I, é definido como “Limitação no movimento independente e voluntário do corpo ou de uma ou mais extremidades.(1)

Uma das doenças que geralmente interferem na mobilidade do paciente é o acidente vascular  encefálico, considerado um dos graves problemas de saúde pública, em razão da sua magnitude, transcendência e contribuição à letalidade de adultos e geração de incapacidades graves e dependência(2),   desta maneira podemos fazer referência e correlacionar o diagnóstico de mobilidade física prejudicada,  com  o  acidente vascular encefálico em pacientes internados em uma unidade de terapia intensiva, pois uma das condições associadas para o aparecimento do diagnostico é o Prejuízo sensório-perceptivo o qual promove seqüelas de ordem física, de comunicação, funcionais e emo­cionais.

O conceito de acidente vascular encefálico é caracterizado pela diminuição ou completa interrupção do aporte sanguíneo cerebral. Sua causa pode ser trombótica (tipo isquêmico) ou gerada pelo rompimento de um vaso do encéfalo, acarretando extravasamento de sangue no parênquima cerebral (tipo hemorrágico). Ambos os tipos ocasionam disfunção cerebral, porem os mecanismos de lesão são diferenciados. (3)

Das 56,9 milhões de mortes que ocorreram em todo o mundo no ano de 2016, mais da metade (54%) está relacionada a estas 10 principais causas. A cardiopatia isquêmica e o acidente vascular cerebral são os maiores causadores de mortes no mundo, sendo responsáveis por um total de 15,2 milhões de óbitos em 2016. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o AVC é a principal causa de incapacidade no Brasil com uma incidência anual de 108 para cada 100 mil habitantes. (4)

Entre as seqüelas mais predominantes destacam-se as alterações da mobilidade corporal. Em um estudo anterior com 121 pacientes que sobreviveram ao acidente vascular cerebral e estavam desenvolvendo atividades de reabilita­ção, destacou-se o diagnóstico de enfermagem Mobilida­de física prejudicada como o segundo mais freqüente. (5)   

Dessa forma, considerando os aspectos mencionados, o presente artigo teve como objetivo revisar as diretrizes de enfermagem com base em evidência que possam ajudar ao enfermeiro na identificação de diagnósticos e prescrições de cuidados de enfermagem para o alcance do resultado mobilidade, no tempo de 7 dias. Destaca-se a importância da realização de pesquisas para o aprimoramento e fundamentação da pratica do enfermeiro, sobretudo pela escassez de informação relacionada a prática com base em evidências científicas e suas diretrizes para o alcance do resultado mobilidade.

Questão prática: Com base em evidência, como otimizar o cuidado da (o) enfermeira para que o(a) paciente de alta complexidade alcance o resultado de Mobilidade: autocuidado, atividades da vida diária relacionado ao acidente vascular encefálico em, no máximo 7 dias de internação?

 

Quadro 1 - Estratégia de PICOT. Niterói, 2019.

Acrônimo

Descrição

Componente da

questão prática

P

Paciente de alta complexidade com o diagnóstico de enfermagem: Mobilidade física prejudicada.

Pacientes internados de alta complexidade apresentando mobilidade física prejudicada relacionado ao acidente vascular encefálico

I

Diagnóstico(s) e Prescrições

Protocolo de enfermagem  Mobilidade física prejudicada - Cuidados com o Repouso no Leito

 

 

Assistência no Autocuidado, cuidados com o repouso no Leito, promoção da Mecânica corporal (Terapia com Exercício), Precauções Circulatórias, Prevenção contra Quedas, Supervisão da Pele.

C

Controle ou integração com o tratamento do(a) médico

(a), fisioterapeuta, fonoaudiólogo(a),

assistente social, etc

Linha de cuidado e/ou diretrizes

e/ou protocolos Interprofissionais.

O

 

Resultado de enfermagem

(NOC)

Mobilidade: autocuidado, atividades da vida diária.

 

T

Máximo 7 dias de internação em UTI

ou Unidade de Alta Complexidade

Percurso Crítico: 7 dias

 

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo de tipo descritivo com uma abordagem qualitativa, esse tipo de estudos têm por objetivo determinar a distribuição de doenças ou condições relacionadas à saúde, segundo o tempo, o lugar e/ou as características dos indivíduos. A epidemiologia descritiva examina como a incidência (casos novos) ou a prevalência (casos existentes) de uma doença ou condição relacionada à saúde varia de acordo com determinadas características, como sexo, idade, escolaridade e renda, entre outras. (6)

O tipo de pesquisa escolhido para a elaboração do projeto foi a pesquisa do tipo bibliográfico, a qual consiste na coleta de informações a partir de textos, livros, artigos de periódicos, material disponibilizado na internet e demais materiais de caráter científico, sendo usados no estudo sob forma de citações para o desenvolvimento do assunto pesquisado.

Foram utilizados como critérios de inclusão dados de artigos publicados em um período de 2011 a 2018, contidos nas bases de dados da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), onde foram encontradas nas seguintes fontes de busca (SCIELO, LILACS e MEDLINE) artigos em português, espanhol e inglês relevantes ao tema proposto elaborados por Enfermeiros, Acadêmicos de Enfermagem e fisioterapeutas com foco principal na mobilidade física prejudicada em pacientes de terapia intensiva. Os critérios de exclusão foram artigos com texto incompleto, artigos pagos, publicações duplicadas. e artigos que não atendem ao recorte temporal proposto.

Os descritores empregados para a busca nas bases de dados foram informações sobre a mobilidade física prejudicada em pacientes nas unidades de terapia intensiva com diagnostico de acidente vascular encefálico e as intervenções e resultados de enfermagem mais utilizadas na otimização do cuidado dos mesmos e à implementação destas intervenções pela equipe de enfermagem com resultados significativos na melhora da mobilidade.  Foram utilizados os seguintes descritores para a busca de artigos relevantes ao tema proposto: mobilidade, mobilidade e cuidados intensivos , mobilidade, cuidados intensivos e intervenções de enfermagem.

Síntese das evidências científicas: No presente estudo foram escolhidos 10 artigos para a análise e discussão dos dados obtidos. Foram selecionados por atenderem aos critérios de inclusão por apresentar relevância ao tema proposto, surgindo assim, três categorias de análise: a imobilidade e o tempo de internação na unidade de terapia intensiva  no  declínio funcional e da qualidade de vida dos pacientes, a ocorrência do diagnóstico de enfermagem Mobilidade Física Prejudicada em pacientes com AVE e mobilidade iniciada durante a internação na unidade de terapia intensiva.   

Para a busca bibliográfica das evidências foi utilizada uma combinação dos componentes da estratégia PICOT. Sendo (P) Pacientes internados de alta complexidade apresentando mobilidade física prejudicada relacionado ao acidente vascular encefálico AND (I) Assistência no Autocuidado, cuidados com o repouso no Leito, promoção da Mecânica corporal (Terapia com Exercício), Precauções Circulatórias, Prevenção contra Quedas, Supervisão da Pele AND (C) Linha de cuidado e/ou diretrizes e/ou protocolos Interprofissionais AND (O) Mobilidade: autocuidado, atividades da vida diária AND (T) Percurso Crítico: 7 dias.

Foram identificados 2690 artigos em todas as bases de dados pesquisadas no período de abril e maio de 2019 e, apos a seleção por meio de titulo e resumo, restaram 22. A partir de então, excluiram-se aqueles que não abordavam a temática de modo a alcançar o objetivo do estudo. Assim, 12 artigos foram analisados mais profundamente na segunda leitura, dessa vez, excluiram-se os que não trouxeram conceitos importantes para construção do trabalho ao final, totalizaram 10 artigos de todas as bases de dados.

 

RESULTADOS

Após a análise minuciosa e a leitura crítica dos artigos selecionados, foi realizada a síntese de evidências científicas. Foi utilizada a tabela disponível no Ministério da saúde(7) para a elaboração do quadro.

Quadro 2 - Síntese das evidências científicas. Niterói, 2019. Autores, Data e País.

Autor(es), Data

& País

Objetivo da pesquisa

População/

amostra

Tipo do estudo

Principal(is)

recomendação

(ões)

Nível de evidência

Lima ACMACC, Silva AL, Guerra DR, Barbosa IV, Bezerra KC, Oria MOB. 2016, Brasil.

Verificar os diagnósticos de enfermagem presentes nos pacientes acometidos por AVC.

9 artigos publicados entre 2009 e 2015.

Revisão

integrativa da literatura.

Percebeu-se um enfoque das publicações nos

diagnósticos de enfermagem relacionados aos distúrbios motores, como risco de quedas e mobilidade física prejudicada

1A

Moreira RP, Araujo TL, Lopes MVO, Cavalcante TF, Guedes NG, Chaves ES. 2016, Brasil.

 Validar clinicamente o resultado de enfermagem Mobilidade em pacientes com acidente vascular cerebral.

38 pacientes em tratamento ambulatorial.

 Estudo descritivo, transversal.

As definições constitutivas e operacionais submetidas ao processo de validação proporcionam maior acurácia na avalia­ção do estado de Mobilidade do paciente com acidente vascular cerebral.

2C

Pessoa RMI, Leite T A,  Frota TC, Gomes NG,  Oliveira MVL, Soares  EC. 2014, Brasil.

O objetivo foi realizar analise do conceito do resultado de enfermagem Mobilidade em paciente com AVC.

1.521 artigos de

que, apos seleção criteriosa, resultaram 49.

Revisão integrativa da literatura

Os conceitos do resultado

Mobilidade encontrados nesta pesquisa precisam ser validados com especialistas na área e na pratica clinica.

1A

Santos LJ, Santos FS, Ferro FM, Dorneles HA, Bueno JC, Silva MC, Becker PS. 2017, Brasil.

O objetivo do estudo foi avaliar a independência funcional dos pacientes internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Adulto do Hospital Universitário de Canoas.

Foram avaliados 90 pacientes.

Pesquisa de coorte prospectiva

 executada de fevereiro a dezembro de 2016.

Os pacientes internados apresentaram um declínio funcional (com relação à normalidade) nos momentos avaliados. Entretanto, houve melhora nos valores até momento da alta hospitalar.

2A

Ribeiro DP, Ferreira CG, Motta JLA. 2018, Brasil.

Investigar a correlação entre desempenho

funcional e o tempo de permanência de pacientes neurocirúrgicos

na unidade de terapia intensiva (UTI) e descrever a

freqüência de retirada do leito nesse período.

Foram incluídos no

estudo 26 pacientes.

Estudo observacional, de corte transversal.

A prática de retirada do

leito foi iniciada dentro das 24 horas de internação na UTI,

evidenciando um perfil de pacientes com independência

funcional modificada ou completa na alta, entretanto sem

correlação com o tempo de internação na UTI.

2C

Santos FJ, Macedo DP, Oliveira JB, Araujo IB, Barbosa TN, Prata BM, Queiroz TP. 2016, Brasil.

Avaliar a variação da mo­bilidade durante a internação em unida­de de terapia intensiva e sua associação com mortalidade hospitalar.

Amostra de 63 indivíduos.

Estudo prospectivo.

Houve declínio de mo­bilidade durante a internação na unida­de de terapia intensiva. Este foi maior nos pacientes que ficaram mais que 48 horas na unidade e nos que usaram drogas vasopressoras, sendo necessária a identificação dos fatores causais e prog­nósticos deste declínio.

2A

Guimarães RKG, Oliveira MVL. 2013, Brasil

Identificar os diagnósticos de enfermagem encontrados

em pacientes ingressados na Unidade de Terapia

Intensiva, de acordo com a taxonomia da NANDA Internacional.

35 pacientes internados

na UCI de um hospital privado da Cidade de Fortaleza,

Brasil.

Trata-se de um estudo descritivo

Concluiu-se que os pacientes avaliados

apresentaram diagnósticos relacionados com alterações fisiológicas

que precisam de cuidados específicos.

2C

Silva JP, Schlottfedt  CF. 2018, Brasil.

Buscar na literatura, através de uma revisão integrativa, a temática mobilização precoce em pacientes adultos internados em UTI.

Foram selecionados 24 artigos.

Revisão

integrativa da literatura.

Observou-se uma resposta favorável proveniente da realização da mobilização precoce em pacientes internados em UTI como a melhora na força muscular respiratória e periférica, diminuição no tempo de internação e uso da ventilação mecânica.

1A

Andrade LT, Couto TMC, 2013, Brasil.

Validar as intervenções propostas na Classificação das Intervenções de Enfermagem para o

diagnostico de Mobilidade física prejudicada em adultos com lesão medular.

A amostra foi composta por 54 enfermeiros.

Estudo descritivo.

Dentre as 46

intervenções de enfermagem descritas e sugeridas pela NIC

para o diagnostico Mobilidade física prejudicada, 17 são executadas

e foram consideradas essenciais para o processo de

reabilitação do paciente com LM.

2C

Hopkins RO, Miller RR, Rodriguez L, Spuhler V,

Thomsen GE. 2012, USA.

O objetivo deste estudo foi avaliar se a atividade física e a mobilidade iniciada durante o tratamento na UTI foi mantida após a alta dos pacientes

de uma única UTI para uma enfermaria.

 

Amostra composta por 72 pacientes.

Estudo de coorte.

Os dados sugerem a necessidade de educação dos funcionários da ala sobre Debilitação na UTI, comunicação aprimorada entre os prestadores de cuidados e foco no importância dos resultados centrados no paciente durante e após o tratamento na UTI.

2B

Pinheiro AR, Christofoletti G. 2012, Brasil.

Analisar os desfechos propiciados pela fisioterapia motora em pacientes críticos assistidos em unidade de terapia intensiva.

Foram selecionados 8 artigos.

Revisão

integrativa da literatura.

A fisioterapia motora consiste em uma terapia segura e viável em pacientes críticos, podendo minimizar os efeitos deletérios da imobilização prolongada.

 

1A

 

DISCUSSÃO

A imobilidade pode levar a várias complicações que influenciam na recuperação de doenças críticas, assim como atrofia e fraqueza muscular esquelética, além de acometer o sistema gastrointestinal, urinário, cardiovascular, respiratório e cutâneo. A fisioterapia é utilizada em pacientes internados em UTI visando à prevenção da fraqueza muscular, hipotrofia e recuperação da capacidade funcional, além de trazer benefícios físicos e psicológicos aos pacientes (8).

Ao examinar os artigos selecionados e após a leitura interpretativa, os achados foram categorizados conforme a pertinência do tema proposto na questão pratica, dos quais surgiram duas categorias de análise para simplificar e responder a questão proposta: o impacto da mo­bilização precoce dos pacientes internados na unidade de terapia intensiva e o Papel do enfermeiro na implementação de medidas preventivas no autocuidado e nas atividades da vida diária dos pacientes com diagnostico de acidente vascular encefálico.

Dentre alguns diagnósticos encontrados nos pacientes internados nas unidades de terapia intensiva , encontra-se o AVC, ele possui grande potencial de causar incapacidades para desempenhar as atividades da vida diária como desenhar, recortar, encaixar, movimentar-se dentre outros, além disso, seus movimentos torna-se lentificados e pouco precisos, os quais podem comprometer a qualidade de vida do individuo e da família.

Pessoa et al(12) descreve no seu estudo que conforme recomendado, pacientes com AVC devem iniciar a mobilidade o mais precocemente possível (sentar-se, andar, transferir-se) no intuito de evitar ou diminuir a limitação da mobilidade muitas vezes imposta pela doença.

De acordo com Souza et al.(4)  foram avaliados 121  pacientes que sobreviveram ao acidente vascular encefálico e realizavam atividades de reabilitação. Desses, 109 (90%)  presentaram o diagnóstico de enfermagem Mobilidade física prejudicada, observou-se média de 5,8  características definidoras por paciente. Destas, sobressaíram as seguintes: Dificuldade para virar-se (88,9%), Tempo de reação diminuído (87,1%), Movimentos não-coordenados (83,5%) e Capacidade limitada para desempenhar as habilidades motoras finas (65,1%).

A internação na UTI, por si só, traz um porcentual de risco para uma maior morbidade, como o de­clínio da capacidade de se movimentar para atividades bási­cas do dia a dia, já que há associação com períodos de imobilidade, secundário a quadros clínicos agudos, uso de seda­tivos e drogas vasoativas, cateteres e terapia de substituição renal, entre outros, os quais dificultam a mobilização.(13)

Devido à imobilidade poder contribuir para aumentar o tempo de internação hospitalar foram analisados alguns estudos como o de Da silva et al (10) a qual na sua revisão integrativa faz referencia a alguns estudos dentre eles o estudo de Borges et al (9), no qual dos 4 estudos analisados na revisão de literatura, foi realizado fisioterapia motora (mobilização precoce, deambulação, eletroestimulação), pode-se observar que todos tiveram melhora importante em relação ao tempo de permanência na UTI e na VM, tendo diminuição dessas variáveis. Assim mesmo pode-se observar que dos 8 artigos analisados, 4 relataram que a mobilização diminui o tempo de permanência na UTI, bem como Pinheiro e Christofoletti et al(11), que analisaram os desfechos proporcionados pela fisioterapia motora em pacientes críticos assistidos em UTI, 6 dos 8 artigos revisados demonstraram que a fisioterapia motora, assim como a mobilização precoce traz benefícios aos pacientes, tanto em relação ao aumento da força muscular como diminuição do tempo de VM e permanência na UTI.

Apesar da equipe multiprofissional ter um enfoque nas questões associadas à redução da mortalidade hospitalar, a mobilidade dos pacientes na alta está associada a uma melhor morbidade e pode favorecer uma maior reinserção social e, possivelmente, um menor risco de readmissões em populações específicas. (13)

CONCLUSÃO

A partir desta revisão, foi possível verificar que muitos dos resultados encontrados não são específicos apenas para intervenções de enfermagem  e, portanto, podem ser usados para avaliar o cuidado oferecido por outras disciplinas na área da saúde.

Por exemplo, os fisioterapeutas podem exercer profunda influencia sobre o nível de Mobilidade de determinados pacientes.  Dessa forma, a parceria entre o enfermeiro e outros profissionais é valida, pois este executa seu trabalho em equipe. Neste âmbito, cada um pode intervir no que compete a sua área e o resultado pode contribuir para a melhoria da qualidade da assistência.

Foi possível observar nesta revisão que houve melhora significativa na mobilidade, equilíbrio e capacidade funcional quando é feita a mobilização precoce dos pacientes internados nas unidades de terapia intensiva, evidenciado na melhora importante em relação ao tempo de permanência na UTI quando comparada à admissão e alta da unidade.

Além de tentar promover o tratamento da doença, a melhora da qualidade de vida e ga­rantir uma sobrevida aos pacientes internados nas UTI, é também responsabilidade da equipe multiprofissional não subestimar a capacidade de mobilidade dos pacientes durante a internação, pois como foi observado, a força muscular diminuída foi um fator relacionado encontrado em 100% da população do estudo. Tal fator pode tornar árdua a execução de tarefas do dia a dia como levantar o próprio corpo de uma cadeira ou sentar-se no vaso, dependendo assim de outras pessoas para desempenhar atividades básicas, e ficarem susceptíveis à perda de sua autonomia e qualidade de vida.

Concluído este artigo, sugere-se a realização de estudos nos quais se priorizem as necessidades desses pacientes e sobretudo a formação de parcerias que incluam desde o âmbito familiar e o profissional, com intuito de maximizar suas capacidades funcionais e garantir sua dignidade e autoestima.

REFERÊNCIAS

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  5. Moreira RP, Araujo TL, Lopes MVO, Cavalcante TF, Guedes NG, Chaves ES, et al. Validação clínica do resultado de enfermagem mobilidade em pacientes com acidente vascular cerebral. Rev Gaúcha Enferm. 2016 dez;37(4):e54688. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1983-14472016000400401&lng=en&nrm=iso&tlng=pt

  6. Lima MFC, Barreto SM. Tipos de estudos epidemiológicos: conceitos básicos e aplicações na área do envelhecimento. Epidemiol. Serv. Saúde v.12 n.4 Brasília dez. 2003. Disponível em: http://scielo.iec.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-49742003000400003

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