Journal of Specialized Nursing Care

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Home > Vol 13, No 1 (2021) > Pinto

Nursing evidence-based practice guidelines for Urinary Tract Infection/Urinary Tract Infectious Desease in ICU - Systematic Literature Review

 

 

Prática de enfermagem baseada em evidência sobre Infecção do Trato Urinário/Doença Infecciosa do Trato Urinário em UTI - Revisão Sistematizada da Literatura

 

 

Juliana Batoca Pinto. Enfermeira. Aluna do Curso de Especialização em Enfermagem em Cuidados Intensivos/2020.

Universidade Federal Fluminense (UFF). batocajuju@gmail.com

Profa. Dra. Isabel Cruz. Titular da UFF. isabelcruz@id.uff.br

 

Abstract:

Objective: to review nursing care in the scientific literature that will assist the intensivist nurse in preventing the nursing diagnosis NANDA and SNOMED CT Urinary Tract Infection / Infectious Urinary Tract Disease in overly complex adult/elderly patient in ICU. Method: Integrative literature review carried out in 3 databases (Medline, Pubmed and Cinahl) analyzing 14 articles at the end, of which only 1 was Brazilian. Results: After analyzing the 14 articles, recommendations for prevention of ITU-AC were extracted based on permanent education, multidisciplinary team work, welcoming coordination / leadership approach towards nurses and measures directly related to urinary catheterization and / or urinary catheter how to reduce the number of catheters and the number of days with a catheter; and, use a sterile closed circuit silicone catheter. Conclusion: It concludes the great relevance of the nurse for the prevention of such condition and the importance of the theme for the care practice, reiterating the need for Brazilian studies on the theme, considering that only 1 of the 14 articles was from Brazil .

Key-words: Urinary Tract Infection; Nursing Care; Intensive Care Unit

 

Resumo:

Objetivo: revisar os cuidados de enfermagem na literatura científica que ajudarão à (ao) enfermeira (o) intensivista na prevenção do diagnóstico de enfermagem NANDA e SNOMED CT Infecção do Trato Urinário/Doença Infecciosa do Trato Urinário em paciente adulto/idoso de alta complexidade em UTI. Método: Revisão integrativa de literatura realizada em 3 bases de dados (Medline, Pubmed e Cinahl) analisando ao final 14 artigos, sendo apenas 1 brasileiro. Resultados: Após a análise dos 14 artigos foram extraídas recomendações para prevenção da ITU-AC baseadas na educação permanente, trabalho em equipe multiprofissional, abordagem acolhedora da coordenação/chefia para com os enfermeiros e medidas relacionadas diretamente ao cateterismo urinário e/ou ao cateter urinário como reduzir o número de cateterismo e o número de dias com cateter, e, utilizar cateter de silicone com circuito fechado estéril. Conclusão: Conclui-se a grande relevância do enfermeiro para a prevenção de tal afecção e a importância da temática para a prática assistencial, reiterando-se a necessidade de estudos brasileiros sobre o tema, tendo em vista que apenas 1 dos 14 artigos era do Brasil.

Palavras-chave: Infecções Urinárias; Cuidados de Enfermagem; Unidades de Terapia Intensiva; Prevenção de Doenças.

 

INTRODUÇÃO

O paciente de alta complexidade necessita de cuidados intensivos para o manejo de sua condição clínica sendo estes prestados em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Tais cuidados, em sua maioria, consistem em invasões no corpo deste indivíduo objetivando uma monitorização hemodinâmica mais detalhada e/ou uma melhora do aporte de oxigênio. Em função disso, este é um sujeito que está propenso a um alto risco de desenvolver uma Infecção Relacionada à Assistência à Saúde (IRAS).

As IRAS consistem em eventos adversos (EA) ainda persistentes nos serviços de saúde e que elevam os custos no cuidado do paciente, além de aumentar o tempo de internação, a morbidade e a mortalidade nos referidos serviços2. Dentre as causas de IRAS mais prevalentes está a Infecção do Trato Urinário (ITU), sendo a mais prevalente e ao mesmo tempo a que possui um grande potencial preventivo, por em sua maioria estar relacionada ao cateterismo vesical, ITU – AC 2.

A ITU como causa de IRAS pode estar associada ao cateterismo vesical ou não, sendo a maioria associada ao mencionado procedimento, consistindo-se à ITU AC, em qualquer infecção sintomática do trato urinário em paciente em uso de cateter vesical de demora (CVD) instalado por um período maior que 2 dias calendário e que na data da infecção o paciente estava com o cateter instalado ou este havia sido removido no dia anterior2.

Considerando o grande impacto econômico e na qualidade assistencial que esta afecção gera ressalta-se a importância que medidas de prevenção eficazes sejam adotadas na rotina assistencial pelos profissionais de saúde que atuam nas unidades que atendem esta clientela. Dentre os mencionados profissionais, a categoria que está diretamente ligada à realização do cateterismo vesical e ao manejo do sistema diariamente é a enfermagem, especialmente o enfermeiro.

À vista disso é de grande relevância que o enfermeiro adote em sua prática assistencial medidas de prevenção de ITU-AC baseadas em evidências científicas objetivando uma assistência à saúde livre de danos e de qualidade. Por conseguinte, realizou-se uma busca por produções científicas orientada pela estratégia PICO, a qual norteou a seguinte questão: “Quais são os cuidados de enfermagem para prevenção de Infecção do Trato Urinário (ITU) em pacientes de alta complexidade em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) no tempo de 7 dias?”

 

 

Quadro 1: Estratégia PICO utilizada para nortear a revisão integrativa em agosto de 2020.

Acrônimo	Descrição	Componente Prático
P (POPULAÇÃO)	Paciente adulto/idoso em UTI.	-
I (INTERESSE)	Apontar os cuidados de enfermagem para a prevenção da infecção do trato urinário dos pacientes internados em UTI.   Prevenir infecção urinária em pacientes internados em UTI.	Buscar na literatura científica cuidados de enfermagem eficazes para a prevenção de infecção do trato urinário em pacientes internados em UTI.
C (COMPARAÇÃO)	Ausência de cuidados de enfermagem para prevenção da infecção do trato urinário em pacientes internados em UTI.	Comparar os cuidados de enfermagem evidenciados na literatura para a prevenção de infecção do trato urinário em pacientes internados em UTI com a ausência destes.
O (DESFECHO)	Prevenir casos de infeção do trato urinário em pacientes internados em UTI;   Minimizar o número de casos de infecção do trato urinário em UTI.	Descrever/observar os cuidados de enfermagem, evidenciados na literatura, que mostraram maior eficácia para prevenir infeção do trato urinário em pacientes de alta complexidade internados em UTI.
T (TEMPO)	7 dias	-

Fonte: Elaborado pelos autores.

 

OBJETIVO

Objetivou-se neste artigo revisar os cuidados de enfermagem na literatura científica que ajudarão à (ao) enfermeira (o) intensivista na prevenção do diagnóstico de enfermagem NANDA e SNOMED CT Infecção do Trato Urinário/Doença Infecciosa do Trato Urinário em paciente adulto/idoso de alta complexidade de Unidades de Terapia Intensiva (UTI), no tempo de 7 dias.

 

 

 

METODOLOGIA

O presente estudo constitui-se de uma revisão integrativa da literatura. Este método de pesquisa fundamenta-se na análise de múltiplos estudos relevantes que dão suporte a tomada de decisão e a melhoria da prática clínica por possibilitar a síntese do estado de conhecimento de um determinado assunto e apontar lacunas que precisam ser preenchidas com a realização de novas pesquisas1.

Neste estudo, realizou-se um levantamento na literatura científica no mês de agosto de 2020 nas seguintes bases de dados: Pubmed (Biblioteca Nacional de Medicina), Medline (Sistema Online de Busca e Análise de Literatura Médica) e Cinahl (Índice atual de enfermagem e Literatura Aliada de Saúde).

Os descritores utilizados na busca nas bases de dados foram: “infecções urinárias/infecciones urinarias/urinary tract infection”; “cuidados de enfermagem/atención de enfermería/nursing care”; “unidades de terapia intensiva/unidades de cuidados intensivos/intensive care unit”. Os critérios de inclusão foram: textos em formato de artigo científico e disponíveis na íntegra; nos idiomas inglês, português e espanhol; e que abordassem a temática estabelecida. Os critérios de exclusão foram: teses, dissertações, editoriais, capítulos de livros; artigos não disponíveis na íntegra e que não abordassem diretamente a temática em estudo, e, artigos que não estivessem escritos nos idiomas inglês, português e espanhol. Ademais para categorizar os tipos de estudo por nível de evidência foi utilizada como base a classificação do “Oxford Centre for Evidence-based Medicine”³.

Ao final da busca, totalizou-se 135 artigos. Após eliminação das duplicatas, 31, restaram 101. Ao aplicar os critérios de inclusão e exclusão nestes obtive 14 artigos como resultado, sendo 40 excluídos por estarem fora do intervalo temporal, 2012 – 2019, 2 por serem editoriais, 45 por não abordarem a temática pesquisada, 1 por não ser escrito nas línguas estabelecidas e 2 por não estares disponíveis na íntegra.

 

RESULTADOS

Compuseram as obras do estudo 14 artigos apresentados no Quadro 2, onde constam as seguintes informações: ano de publicação, autores, país, o objetivo da pesquisa, a amostra, o tipo de estudo, as principais recomendações e o nível de evidência.

 

Quadro 2: Caracterização das obras da RI, segundo ano de publicação, autores, país, objetivo da pesquisa, amostra, tipo de estudo, principais recomendações e nível de evidência.

Autor (es), Data & País	Objetivo da pesquisa	População/Amostra	Tipo do estudo	Principal (is) Recomendação (ões)	Nível de evidência
Yazici, G.; Bulut, H. 2018; Turquia.	Avaliar a eficácia de um bundle de cuidados visando a prevenção de 3 das infecções mais frequentes adquiridas em UTIs.	120 pacientes maiores de 18 anos internados em UTI com ventilação mecânica invasiva ou cateter vascular central ou cateter urinário.	Observacional descritivo.	Implementar programas de controle de infecção eficazmente garantindo a prevenção ou diminuição da frequência de IRAS;   Treinar enfermeiros e demais profissionais que atuam em UTI para que entendam as medidas de prevenção e as apliquem da forma correta.	2C.
Mendes-Rodriges, C.; Pereira, E. B. S.; Neto, R. L. de S.; Resende, J.; Fontes, A. M. de S. 2017; Brasil.	Avaliar o impacto na incidência de ITU AC após a implementação na prática da legislação que torna o cateterismo vesical como uma função desempenhada pelo enfermeiro.	30 pacientes internados na UTI do Hospital de Clínicas de Uberlândia.	Descritivo prospectivo.	Implementação de protocolos com medidas de prevenção de ITU AC eficazes; Capacitação de enfermeiros e da equipe de enfermagem acerca das medidas de prevenção de ITU AC.	C.
Richards, B.; Sebastian, B.; Sullivan, H.; Reyes, R.; D'Agostino, J. F.; Hagerty, T. 2017; EUA.	Reduzir a taxa de ITU CA a menos de 1.	Pacientes maiores de 18 anos em uso de cateter urinário internados na UTI neurológica.	Prospectivo intervencionista.	Implementar medidas de prevenção de ITU AC baseadas em evidências, atualizando-as com frequência; Discussões clínicas entre médicos e enfermeiros diariamente sobre a necessidade do uso do cateter urinário; Abordagem acolhedora e não punitiva da chefia de enfermagem com a equipe de enfermeiros sobre medidas de prevenção de ITU AC.	2C.
Scanlon, K. A.; Wells, C. M.; Woolforde, L.; Baumgarten, J. 2017; EUA.	Reduzir a taxa de ITU AC, a sua incidência, o número de dias de permanência com o cateter urinário e medir e reportar o impacto financeiro relacionado a sua redução.	Equipe de saúde multiprofissional	Descritivo observacional	Capacitação da equipe multiprofissional em relação aos cuidados com o cateter urinário; Rounds entre a equipe multiprofissional para discutir sobre a necessidade da continuidade do cateterismo urinário; Capacitação dos pacientes e familiares sobre os cuidados com o cateter urinário; Análise e avaliação mensal de todo caso de ITU AC para identificar as oportunidades para melhorar.	2C.
Dols, J. D.; White, S. K.; Timmons, A. L.; Bush, M.; Tripp, J.; Childers, A. K.; Mathers, N.; Tobias, M. M.; 2016; EUA.	Capacitar a equipe que cuida de pacientes com cateter urinário de forma a embasá-los em evidências científicas para prestar esse tipo de cuidado.	Enfermeiros e pessoal auxiliar.	Observacional intervencionista.	Criação de time de redução de ITU AC; Confecção de um protocolo para prevenção de ITU AC baseado em evidências científicas; Capacitação dos profissionais que cuidam diretamente de pacientes com cateter urinário.	C.
Fletcher, K. E.; Tyszka, J. T.; Harrod, M.; Fowler, K. E.; Saint, S.; Krein, S. L.; 2016; EUA.	Validar o guia de segurança do paciente para ITU CA.	49 médicos e enfermeiros que atuam em UTI (26) e clínica cirúrgica (23)	Qualitativo observacional.	Confecção de guias para segurança do paciente para prevenção de ITU AC baseando-se nas visões dos profissionais envolvidos nessa prática.	2C.
Galiczewski, J. M.; Shurpin, K. M.; 2016; EUA.	Determinar se a observação direta do procedimento de inserção do cateter urinário, em comparação com o processo padrão, diminuiu a utilização do cateter e as taxas de ITU.	603 pacientes internados na UTI.	Observacional intervencionista.	Observação direta do procedimento de inserção do cateter urinário com feedback imediato construtivo.	2C.
Thomas, K. L.; 2016; EUA.	Avaliar o impacto da implementação do protocolo direcionado ao corpo de enfermagem para prevenção de ITU CA na incidência desta infecção e na rotina do serviço.	28 pacientes internados na unidade intensiva cardíaca e 36 enfermeiros.	Observacional intervencionista.	Capacitação do corpo de enfermagem em relação a necessidade do cateterismo urinário e a sua retirada; Apoio da coordenação/chefia da unidade hospitalar ao corpo de enfermagem visando o empoderamento dos profissionais na tomada de decisão clínica.	2C.
Alexaistis, I; Broome, B.; 2014; EUA.	Desenvolver e implementar um protocolo baseado em evidências científicas e dirigido aos enfermeiros para manejo do cateter urinário a fim de diminuir a ITU AC.	183 pacientes internados na UTI e 107 enfermeiros.	Descritivo observacional.	Redução do número de dias com cateter urinário; Diminuir o cateterismo urinária; Uso de ultrassonografia da bexiga; Cateterismo intermitente.	C.
Chen, Y; Chi, M. M.; Chen, Y. C.; Chan, Y. J.; Chou, S. S.; Wang, F. D.; 2013; China.	Determinar se uma abordagem de lembrete reduz o uso de cateteres urinários e incidência de ITU AC.	2 UTIs respiratórias com 2990 pacientes.	Estudo controlado randomizado.	O uso da abordagem de lembrete baseada em critérios é útil para reduzir ITU AC quando esta é uma expectativa realista.	1B.
Sangkhanan, J.; Senaratana, W.; Picheansathian, W.; Moongtui, W.; Avant, K. C.; 2013; Tailândia.	Desenvolver um modelo preliminar para prevenção e controle da ITU AC em um hospital universitário na Tailândia.	2 grupos: 1º Grupo de Trabalho Central com 14 participantes (13 enfermeiros e 1 médico) e 2º Grupo Clínico com 31 participantes (29 enfermeiros e 2 médicos).	Pesquisa-ação.	A utilização pelos enfermeiros pesquisadores da pesquisa-ação com foco no envolvimento da equipe multidisciplinar para resolução dos problemas clínicos.	3B.
Vacca, M.; Angelos, D. 2013; Espanha.	Compartilhar o processo que levou a redução a 0 da incidência de ITU AC.	Enfermeiros de uma UTI neurológica.	Descritivo observacional.	Sem recomendações.	C.
Conway, L. J.; Pogorzelska, M.; Larson, E.; Stone, P. W.; 2012; EUA.	Descrever a presença e a aderência às políticas de prevenção de ITU AC em uma UTI, e com isso identificar as variações nas políticas tendo como base as características organizacionais e para determinar se existe uma relação entre as políticas de prevenção e as taxas de incidência de ITU AC.	441 hospitais que participaram da Rede Nacional de Segurança de Saúde em 2008.	Descritivo observacional.	Implementação, por parte de administradores, de políticas visando limitar o uso desnecessário de cateter e encurtar a duração do cateterismo.	2B.
Rivero, M. P. A.; Pacheco, I. A.; Rivero, A. M.; 2012; Espanha.	Identificar na literatura os cuidados na prática clínica que possuem uma relação direta com a diminuição da ITU AC em UTI.	Busca bibliográfica em 5 bases de dados.	Revisão sistemática de literatura.	Indicação adequada do cateterismo urinário; Limitar os dias de cateterismo urinário; Cateterismo com cateter de silicone e com o menor diâmetro possível; Sistema de drenagem estéril e fechado; Manter o sistema abaixo da bexiga; Realizar a limpeza do meato urinário diariamente com água e sabão; Irrigação preventiva apenas em situações específicas; Em caso de obstrução, deve-se trocar todo o sistema de drenagem junto com o cateter; Coleta de amostras de urina de forma asséptica;	1A.

Fonte: Elaborado pelos autores.

 

O Quadro 2 apresenta artigos publicados no período de 2012 a 2019, uma vez que esse foi o período definido para a realização da RI. O ano de 2016 apresentou a maior produção de artigos (quatro), seguido pelo ano de 2017 com três artigos, pelos anos de 2013 e 2012 com três e dois artigos publicados respectivamente, e, por 2014 e 2018 com um artigo cada. O ano de 2015 não apresentou qualquer artigo publicado sobre o tema em questão.

No que concerne aos objetivos, os artigos se dividem entre avaliar o impacto da implantação de medidas de prevenção de ITU AC, aparecendo estas na forma de bundles e de protocolos, na taxa da referida infecção, em desenvolver modelos voltados à prevenção da mencionada patologia, em reduzir às taxas de ITU AC nas instituições campo das pesquisas, em determinar se determinadas medidas, como observação direta do procedimento de inserção do cateter urinário e de um sistema de lembrete, diminui a taxa de ITU AC e da utilização de cateteres vesicais, em validar um guia de segurança para o paciente voltado para a ITU AC, em capacitar a equipe de saúde que lida diretamente com pacientes com o referido dispositivo, em compartilhar um processo de sucesso de uma instituição hospitalar na implementação de medidas de prevenção de ITU AC que levou a diminuição na incidência da referida infecção, e, avaliar o impacto de políticas tanto de prevenção quanto profissionais na taxa de ITU AC.

No que se refere às amostras, os estudos dividem-se, à pacientes internados em UTIs em uso de cateter urinário, em sua maioria (seis), aos enfermeiros (dois), aos enfermeiros, médicos e equipes de saúde (dois), aos dois grupos (três) e à literatura científica (um). No que tange o tipo de estudo, o descritivo observacional predomina presente em cinco artigos, seguido por observacional intervencionista com três, por descritivo prospectivo, prospectivo intervencionista, revisão sistemática de literatura, pesquisa ação e estudo controlado randomizado presentes em um artigo cada um. E quanto ao nível de evidência a maior parte dos estudos (seis) pertencem ao nível de evidência 2C, seguido pelo nível C, com quatro artigos, e pelos níveis 1A, 1B, 3B e 2B com um artigo cada.

Dentre as recomendações descritas na literatura quanto à prevenção da ITU AC, é possível dividi-las em medidas de educação continuada e de abordagem profissional e medidas relacionadas diretamente ao cateter urinário e/ou ao processo de cateterismo, sendo as primeiras: capacitação dos enfermeiros e dos demais profissionais que atuam diretamente no manejo do paciente com cateter vesical e a criação de guias e protocolos com medidas de prevenção baseados em evidências científicas, ambas aparecendo em seis artigos, seguidas pela indicação adequada de cateterismo urinário e redução do número de dias, implementação de rounds e discussões clínicas pela equipe multiprofissional acerca da necessidade de inserção e de continuidade do cateter vesical nos pacientes e pela postura não punitiva por parte da coordenação e chefia de enfermagem no que tange a abordagem sobre a questão, presentes em dois artigos cada.

No que concerne às recomendações de medidas relacionadas diretamente ao cateter urinário e/ou ao processo de cateterismo aparecem: o uso de lembretes para avaliação e retirada de cateteres urinários desnecessários, observação direta do procedimento de inserção do cateter e uso da pesquisa-ação para resolução de questões clínicas no que tange o cateterismo urinário, uso de ultrassom da bexiga, cateterismo intermitente, cateterismo com cateter de silicone e do menor diâmetro possível, uso de sistema fechado estéril e mantê-lo em uma altura abaixo da bexiga, irrigação vesical preventiva apenas em situações específicas, limpeza do meato urinário diariamente com água e sabão, colher amostra de urina de forma asséptica e em caso de obstrução do cateter realizar a troca de todo o sistema, aparecem em um artigo cada.

 

DISCUSSÃO

A partir da análise dos 14 estudos encontrados na literatura foi possível encontrar 4 eixos temáticos acerca das medidas recomendadas para prevenir ITU-AC em pacientes de alta complexidade em UTI, sendo estes: educação permanente, equipe multiprofissional, gestão acolhedora e medidas diretamente relacionadas ao cateter urinário e/ou ao cateterismo.

A educação permanente nos serviços de saúde, apesar de ser uma estratégia desafiadora tanto para o gestor quanto para os profissionais alvos, consiste em uma das formas mais profícuas de qualificar a mão de obra na área da saúde, contribuindo com isso para a valorização e satisfação dos profissionais, e, para o aperfeiçoamento do processo de trabalho17. Denotando, a partir disso, a importância dessa estratégia para o constante aperfeiçoamento da assistência em saúde, apresentando, porém, os estudos em que medidas com esse objetivo estão presentes níveis de evidência não tão robustos, 2C e C.

Em relação ao trabalho em equipe multiprofissional a literatura ressalta sua relevância para que a assistência em saúde seja realizada de forma eficaz, por despertar dentro de cada profissional envolvido neste processo a necessidade em se lidar com questões subjetivas da prática profissional, em estabelecer relações dialógicas entre os profissionais, em lidar com o processo ensino-aprendizagem no serviço e com a colaboração, e, com a Inter profissionalidade na assistência18. Entretanto, os estudos que trazem medidas com tal foco possuem níveis de evidência 3B e 2C, salientando a importância destas, porém, não possuem uma evidência robusta de eficácia.

No que tange a gestão acolhedora, é possível tomar como base  de sua relevância as diretrizes da Política Nacional de Humanização (PNH) que possui um tripé: gestor, profissional da saúde e usuário do sistema de saúde objetivando uma assistência em saúde com a participação de todos os envolvidos de forma igualitária para que se sintam atores importantes no processo saúde-doença, para que dessa forma, o profissional de saúde se sinta mais valorizado e com isso mais aberto para expor questões e sugestões na prática assistencial, melhorando assim a assistência à saúde19. Estas medidas apresentam nível de evidência 2C, sendo relevantes para a prevenção de ITU-AC em pacientes internados em UTI, porém, ainda assim não as mais relevantes.

Concernente às medidas de prevenção relacionadas diretamente ao cateter e/ou ao cateterismo urinário é possível fundamentar-se nas medidas de prevenção de IRAS, dentre estas, de ITU, recomendadas pela ANVISA, que alicerça junto ao presente estudo a significância de recomendações diretamente relacionadas ao procedimento de cateterismo urinário, quanto ao material e afins ao cateter vesical para a prevenção da mencionada infecção2. Apresentando estas medidas, nos estudos encontrados, níveis de evidência 1A e 1B, sendo estas dessa forma as mais relevantes para adoção e prevenção na prática assistencial da ITU-AC em pacientes de alta complexidade em UTI.

 

CONCLUSÃO

À vista do discutido neste estudo emerge o papel essencial que a enfermagem possui dentro desse cenário, e, por conta disso, é imprescindível que o enfermeiro esteja e se faça presente na construção de guias, protocolos e bundles de prevenção de ITU, visando garantir medidas baseadas em evidências científicas e aplicáveis na prática assistencial. Ademais, para tal é necessário que a gerência de enfermagem das instituições de saúde acolha os seus profissionais capacitando-os e empoderando-os em sua prática.

Para mais é valoroso destacar o papel da equipe multiprofissional nesse contexto, tendo em vista a importância da integração dos conhecimentos das diferentes categorias profissionais que compõem a equipe de saúde para que a assistência seja prestada de forma integral.

Ressalta-se, portanto, a relevância de estudos, e, principalmente, dentro da enfermagem sobre medidas de prevenção de ITU. Conforme observado, os enfermeiros estão presentes, e em maioria, dentro das publicações acerca do assunto, porém, apenas um foi realizado no Brasil, salientando a necessidade de potencialização da pesquisa pela enfermagem nacional sobre o tema visando uma assistência livre de danos baseada em evidências.

 

REFERÊNCIAS

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