What is the best digital technology for assessing respiratory condition after surgery - Systematized Literature Review

 

Qual a melhor tecnologia digital para avaliação da condição respiratória após cirurgia? - Revisão Sistematizada da Literatura

Hudson Melo e Silva 1, Isabel Cristina Fonseca da Cruz2

1 Enfermeiro, aluno do Curso de Especialização em Enfermagem em Cuidados Intensivos. Universidade Federal Fluminense (UFF). 2 Doutora, professora. Titular da UFF. isabelcruz@id.uff.br

ABSTRACT
Objective: postoperative pulmonary complications are one of the most important causes of morbidity, and compromised pulmonary function often contributes to an increase in the length of hospital stay. Thus, the aim of this revision study was to compile information about the best digital technologies for improve the respiratory conditions in postoperative patients, their main advantages and complications, and the role of nursing in the assessment of these patients' condition. Methods: a descriptive and exploratory study was carried out through a bibliographical survey searching eletronic databases for recent and relevant academic works addressing the proposed theme, between 2010 and 2020. Results: ten studies were selected that discuss the mais aspects involved in the assessment of the respiratory condition of patients who underwent surgery, possible complications and guidelines to mitigate, or even avoid, adverse effects. Considering the importance of the expertise of the nursisng team and the adoption of digital technologies in the management of possible respiratory complications related to the performance of surgical procedures. Conclusion: it is noteworthy that actions related to patient safety for the prediction and reduction of perioperative complications are vital, and that the application of digital Technologies enables the early detection of complication and adeverse events in this period, which are differentials for nursing action.

Key words: Nursing, Patients, Pulmonary complications, Intensivive therapy.

 

RESUMO
Objetivo: complicações pulmonares no pós-operatório consistem em uma das mais importantes causas de morbidade, e o comprometimento da função pulmonar frequentemente contribui para o aumento do tempo de permanência hospitalar. Assim, o objetivo deste estudo de revisão foi compilar informações sobre as tecnologias digitais que podem proporcionar melhores condições respiratórias em pacientes pós-operatórios, e o papel da enfermagem na avaliação das condições destes pacientes. Métodos: realizou-se um estudo descritivo e exploratório mediante levantamento bibliográfico buscando em bases de dados eletrônicas por trabalhos acadêmicos entre 2010 e 2020. Resultados: foram selecionados dez trabalhos que discutem os principais aspectos envolvidos na avaliação da condição respiratória de pacientes que realizaram cirurgias, eventuais complicações e diretrizes para atenuar, ou evitar, efeitos adversos. Considerando a importância da expertise da equipe de enfermagem e a adoção de tecnologias digitais no manejo de possíveis complicações respiratórias relacionadas à realização de procedimentos cirúrgicos. Conclusão: cabe destacar que ações relacionadas à segurança do paciente para a predição e diminuição de complicações perioperatórias são vitais, e que a aplicação de tecnologias digitais possibilita a detecção precoce de intercorrências e eventos adversos nesse período, sendo diferenciais da ação da enfermagem.

Palavras-Chave: Enfermagem, Pacientes, Complicações pulmonares, Terapia intensiva.

 

INTRODUÇÃO

Uma intervenção cirúrgica apresenta riscos que podem proporcionar modificações fisiopatológicas que começam desde a aplicação da anestesia e se prolongam após o procedimento operatório, podendo ser responsável pela ocorrência de complicações durante o decorrer de todo processo. A cirurgia pode apresentar ainda, como efeito residual, o imobilismo no leito e a dor na área onde se realizou o procedimento. Uma intervenção cirúrgica pode vir a afetar a capacidade dos músculos abdominais e da caixa torácica, por exemplo, afetando todo o sistema respiratório. Alterações na musculatura respiratória podem atingir o diafragma e causar complicações, desde o período logo após a cirurgia e durar semanas, além de elevar a concentração de dióxido de carbono no sangue arterial, alterar a relação ventilação/perfusão, ocasionar hipoxemia e insuficiência respiratória no pós-operatório (1).

O sistema respiratório é o responsável pela manutenção dos níveis de oxigênio necessários no organismo para a manutenção da vida. O processo respiratório pode ser classificado em função de eventos funcionais, tais como: ventilação pulmonar, difusão e transporte de oxigênio e dióxido de carbono, e regulação da ventilação. Sendo que estas atividades exigem movimentos musculares para comprimir e expandir a área dos pulmões, e por sincronia, a ventilação dos pulmões exige a movimentação do sistema respiratório. Todo esse mecanismo sensível precisa ocorrer de forma coordenada e segura, e qualquer alteração pode ter complicações respiratórias, até mesmo fatais (2).

Conceitualmente, complicações pulmonares pós-operatórias (CPP) são definidas como anormalidades pulmonares que ocorrem no período pós-operatório, que produzem doença identificável ou disfunções que são clinicamente significativas e afetam de uma maneira desfavorável o curso clínico. Estima-se que complicações pulmonares são responsáveis por 24% dos óbitos que ocorrem na primeira semana após a cirurgia realizada sob anestesia geral (3).

Complicações pulmonares no pós-operatório podem se desenvolver associadas à redução da capacidade pulmonar, ou devido à disfunção diafragmática, e ainda como decorrência de prejuízo de trocas gasosas decorrentes do procedimento cirúrgico. Como consequência desses processos podem ser verificadas as ocorrências de pneumonia, broncospasmos, atelectasia, hipoxemia, insuficiência respiratória aguda, retenção de secreções, doença pulmonar obstrutiva crônica e dependência de ventilação mecânica (4).

Ocorrem comprovadas correlações entre os fatores de risco pré-operatórios e evidências de complicações durante o período pós-operatório, com consideráveis mudanças na função respiratória em diferentes níveis de consequências e intensidades (5). Entre os fatores geralmente atribuídos ao desenvolvimento destas complicações, podem ser destacados: idade, sexo, tabagismo, diagnóstico de doença pulmonar prévia, alcoolismo, obesidade, desnutrição, até mesmo o tipo de anestesia empregada ou o tempo e a técnica da cirurgia realizada (6).

Um fator determinante de riscos envolvendo o processo cirúrgico e anestésico é exatamente o período imediatamente pós-operatório, em função de eventuais alterações fisiológicas subsequentes ao processo cirúrgico. Portanto, a correta avaliação pós-operatória e seus devidos procedimentos são medidas terapêuticas de grande importância para o cuidado, prevenção e restrição das complicações, que associadas a medidas de intervenções precoces, possibilitam a elaboração e desenvolvimento de estratégias preventivas com vistas a diminuir a mortalidade, melhorar prognósticos, tempos dispendidos em internações e custos do tratamento (7).

No período pós-operatório, desde as primeiras 24 horas pós-cirurgia até a alta hospitalar, o paciente necessita de cuidados nos quais o papel da enfermagem é fundamental. Para isso, necessita de conhecimento e habilidades técnicas e interpessoais, que lhe permitam pensamento crítico e realização de um julgamento clínico para a tomada de decisões, estabelecendo diagnósticos de enfermagem adequados que viabilizem intervenções apropriadas e resultados positivos (8). Assim, a pergunta clínica desse trabalho está relacionada com a discussão de como as prescrições de enfermagem podem auxiliar na resposta ao tratamento e aos cuidados perioperatórios, e como as tecnologias digitais podem interferir positivamente nesse contexto. Ademias, acredita-se que o avanço destas tecnologias digitais em saúde pode ser uma opção efetiva e segura para aprimorar o atendimento e proporcionar melhores opções no cuidado aos pacientes.

A seguir, apresenta-se a estratégia PICO adotada neste estudo (Quadro 1).

 

Quadro1: Estratégia de PICO. Niterói, 2021.

Acrônimo

Definição

Descrição

P

Pacientes em vias de intervenção operatória

Riscos perioperatórios

I

Cuidados e intervenções perioperatórios

Medidas para evitar problemas perioperatórios

C

Importância das tecnologias digitais

Melhorias nos cuidados perioperatórios

O

Resultado/Desfecho

Mínima necessidade de intervenções perioperatórias

(Fonte: Elaborado para este estudo)

OBJETIVOS

Com este enfoque, este trabalho pretende compilar informações sobre as tecnologias digitais que podem proporcionar melhores condições respiratórias em pacientes pós-operatórios e o papel da enfermagem na avaliação das condições destes pacientes.

 

METODOLOGIA

Este estudo caracteriza-se por ser uma pesquisa bibliográfica, tendo sido realizado a partir de uma revisão sistematizada da literatura mediante levantamento de referências publicadas por meios eletrônicos, como livros, dissertações e artigos científicos pesquisados em buscas executadas nas bases de dados eletrônicos da Biblioteca da Scielo, e em outras bases eletrônicas, tais como: LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), MEDLINE (Medical Literature Analysis and Retrievel System Online) e Journal Specialized of Nursing Care, bem como análises das recentes diretrizes publicadas pela SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia) e SOBBEC (Associação Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúrgico, Recuperação Anestésica e Centro de Material e Esterilização).

Os descritores empregados durante as buscas foram aqueles relacionados às complicações pulmonares, terapia intensiva, tecnologias digitais e estudos que envolvessem abordagens relacionadas à enfermagem em intervenções perioperatórias. As buscas foram realizadas no período entre setembro e novembro de 2021.

O nível de evidência dos resultados da busca científica foi organizado e classificado conforme a Prática Baseada em Evidência (PBE), de acordo com a Oxford Centre Evidence-Based Medicine (OCEBM).

Os critérios de inclusão foram artigos completos em inglês e português, no intervalo entre os anos de 2010 a 2020, que estivessem disponíveis gratuitamente e que abordassem o tema de estudo, qual seja: aspectos relacionados às condições respiratórias, após procedimentos cirúrgicos. Sendo excluídos todos os trabalhos selecionados que não se relacionassem diretamente o tema proposto.

 

 

 

RESULTADOS

Foram analisados artigos científicos e dissertações acadêmicos que discorressem sobre a questão abordada neste estudo, levando em consideração os parâmetros estabelecidos, e no quadro abaixo são apresentados os dez trabalhos selecionados e utilizados para elaboração deste estudo por encontrarem-se dentro do escopo previamente estabelecido, e por apresentarem relevância no que concerne ao assunto (Quadro 2):

Quadro 2: Publicações localizadas nas bases virtuais. Niterói, 2021.

Autor, Ano

Objetivos

População/

Amostra

Tipo de estudo/Nível de evidência

Conclusões

Magalhães CBA. 2015

Avaliar função respiratória e capacidade do exercício como fatores de risco independentes para complicações pulmonares no pós-operatório de transplante hepático.

Estudo feito com 100 pacientes no Hospital Universitário Walter Cantídio, Fortaleza-Ceará.

Estudo de coorte prospectivo / 2B.

Desenvolver uma ferramenta útil para identificar os candidatos com maior risco de desenvolver complicações pulmonares.

Cabral BGD, Silva RF, Borges ZDO. 2014

Identificar os principais fatores de risco envolvidos e destacar a existência de modelos que buscam facilitar a avaliação pré-operatória.

Avaliação de 12 artigos.

Revisão integrativa da literatura / 2C.

Importância da identificação prévia dos fatores de risco para que condutas sejam adotadas visando à diminuição da incidência de acometimento pulmonar.

Brueckmann B, Villa-Uribe JL, BatemanBT, Grosse-Sundrup M, Hess DR, Schlett CL, et al. 2013

Propor uma metodologia para avaliação dos riscos de complicações pulmonares pós-operatórias.

Estudo realizado a partir de 33.769 casos cirúrgicos de 29.924 pacientes do Hospital Geral de Massachusetts, Bonston, USA.

Estudo de coorte prospectivo / 2B.

Desenvolvimento e validação de um “escore” para predição de complicações respiratórias pós-operatórias.

Canet J, Gallart L,Gomar C, Paluzie G, Vallès J, Castillo J, et al. 2010

Desenvolver e analisar um índice preditivo para complicações pulmonares pós-operatórias.

Estudo realizado a partir de 2.464 pacientes de 59 hospitais na Espanha.

Estudo de coorte prospectivo, multicentral e observacional / 2B.

Identificação de fatores relacionados e elaboração de um escore para predição de complicações pulmonares pós-operatórias.

Leandro JD, Rodrigues OR, Slaets AFF, Schmidt JAF, Yaekashi ML. 2014

Comparar duas técnicas de fechamento de toracotomias em relação à dor pós-operatória e função pulmonar.

Foram incluídos 30 pacientes com idade entre 18 e 75 anos.

Estudo prospectivo, randomizado e duplo-cego realizado no Hospital das Clínicas Luiza Pinho de Melo e na Universidade de Mogi das Cruzes-SP / 1B.

Comparação entre técnicas de fechamento de toracotomia e suas complicações pós-operatórias.

Lima CHS. 2018

Avaliar a evolução clínica e função pulmonar de pacientes no pós-operatório de cirurgias torácicas e abdominais.

Realizado com 34 pacientes no Hospital Municipal de Imperatriz, MA.

Estudo longitudinal, descritivo e analítico / 2C.

A função respiratória restabelece os valores normais com a utilização de exercícios respiratórios e orientações específicas.

Alpendre FT, Cruz EDA, Dyniewicz AM, Mantovani MF, Silva AEBC, Santos GS. 2017

Elaborar, avaliar e validar um checklist de segurança cirúrgica para os períodos pré e pós-operatório de unidades de internação cirúrgica.

Aplicado em 16 enfermeiros em Hospital público de ensino, de grande porte, no sul do Brasil.

Pesquisa metodológica com abordagem quantitativa / 2C.

Elaboração de um checklist de segurança cirúrgica pré e pós-operatória como estratégia para segurança do paciente, monitorando seus sinais e sintomas preditivos de complicações cirúrgicas e detecção prévia de eventos adversos.

 

Contrin LM, Beccaria LM, Rodrigues AMS, Werneck AL, Castro GT, Teixeira CV. 2018

Associar as principais complicações com pacientes submetidos à cirurgia cardíaca e o tempo de internação.

Foram analisados 103 pacientes em Hospital de ensino, no interior de São Paulo.

Estudo quantitativo, transversal, descritivo e correlacional / 2C.

Importância do planejamento da alta do paciente o mais precoce possível para a diminuição do tempo de internação e complicações.

Ferreira PR. 2018

Avaliar a força muscular respiratória e a função pulmonar de pacientes submetidos a cirurgia cardíaca.

Foram avaliados 14 pacientes no Hospital de Clínicas de Uberlândia, MG.

Estudo de coorte prospectivo / 2B.

Houve redução significativa na força muscular respiratória e nas medidas de função pulmonar em pacientes submetidos à cirurgia cardíaca.

Ávila AF, Fenili R. 2017

 

Estudar complicações pulmonares perioperatórias, incidência em pacientes submetidos a cirurgias de tórax e abdome e apontar os principais fatores envolvidos.

Foram estudados 314 pacientes no Hospital Santo Antônio, Blumenau, SC.

Estudo analítico observacional prospectivo (2C).

Complicações pulmonares pós-operatórias são frequentes e associadas a maior mortalidade, e identificar fatores de risco que predisponham a este desfecho pode auxiliar na elaboração de estratégias de prevenção.

 (Fonte: Elaborado para este estudo)

 

DISCUSSÃO

A prática da enfermagem e sua sistematização ao longo das últimas décadas conduziu ao desenvolvimento do processo de enfermagem (PE), que apresenta a finalidade de guiar o exercício da profissão por meio do raciocínio clínico, através do cuidado individualizado e contribuindo para a Enfermagem estabelecer sua autonomia profissional.

A implantação e o emprego do PE permitem a elaboração de metas baseadas em evidências reais, com adequação para utilização dos conceitos e formação de recursos humanos. No decorrer desta busca pela uniformização da linguagem profissional foi desenvolvido uma classificação utilizada como referência: a Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE), elaborada pelo Conselho Internacional de Enfermeiros (CIE) e que vem solidificando-se mundialmente como um instrumento para uniformizar e representar a sua prática assistencial, pois seu uso facilita o raciocínio clínico e a comunicação profissional, estabelece padrões de cuidados universais e, consequentemente, proporciona melhoria na qualidade da assistência, por meio da sistematização, do registro e da quantificação do atendimento de enfermagem prestada à pessoa, família ou coletividade humana (16, 17).

Nesse contexto, a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) consiste em atividade primordial e privativa do enfermeiro, pois utiliza normatizações e condutas validadas internacionalmente para todas as etapas do processo de enfermagem (16, 17).

A sistematização da assistência de enfermagem (SAE) visa organizar o trabalho profissional quanto aos métodos e instrumentos, tornando possível a operacionalização sistematizada do processo de Enfermagem. A SAE é uma metodologia científica de trabalho do enfermeiro, que permite implementar na prática assistencial seus conhecimentos técnicos-científicos e de humanização. Intervenções realizadas no Centro Cirúrgico, por ser um setor com atividades específicas, possui uma sistematização exclusiva que é a sistematização da assistência de enfermagem perioperatória (SAEP), implementada por enfermeiros perioperatórios focada na segurança, satisfação e confiança do paciente (18).

Os principais objetivos da SAEP são: ajudar o paciente e a família a compreenderem e a se prepararem para anestesia proposta; prever, prover e controlar recursos humanos e matérias para o procedimento cirúrgico e anestésico; diminuir os riscos pela utilização de materiais e equipamentos durante o procedimento cirúrgico; diminuir os riscos ao ambiente específico de Centro de Cirurgia e da Sala de Recuperação Pós-Anestésica (18).

Tendo estes cenários e demandas em vista, o SAEP compreende cinco fases: a visita pré-operatória de enfermagem; o planejamento da assistência perioperatória; implementação da assistência; avaliação da assistência por meio de visita pós-operatória de enfermagem; reformulação da assistência a ser planejada, segundo resultados obtidos e solução de situações não desejadas ou ocorrência de eventos adversos (18).

Diante do diagnóstico da enfermagem, diversas intervenções podem, e devem, ser adotadas durante os períodos pré e pós-operatórios. A seguir, são apresentados exemplos de diagnósticos e suas respectivas intervenções de enfermagem possíveis (Quadro 3):

Quadro 3: Exemplos de diagnósticos e intervenções de enfermagem nos períodos pré e pós-operatórios (19).

Diagnóstico - Padrão respiratório ineficaz

Intervenção Pré-operatória

Intervenção Pós-operatória

Avaliar se está relacionado a ansiedade. Lidar com medo e ansiedade que possam estar presentes. Aspirar vias aéreas superiores conforme a necessidade. Elevar a cabeceira do leito. Recomendar que o paciente respire lenta e profundamente, contraindo os lábios expiração. Monitorar oximetria de pulso se necessário.

Instalar cateter de O2 a 2 l/min ou conforme recomendação médica. Orientar paciente a realizar inspiração profunda. Despertar o paciente e estimulá-lo a respirar profundamente. Avaliar padrão respiratório. Avaliar a necessidade de aspiração da via aérea.  Realizar controle da dor, se presente. Avaliar sinais de insuficiência respiratória.

Diagnóstico - Risco de infecção

Intervenção Pré-operatória

Intervenção Pós-operatória

Verificar os fatores de risco para infecção:

- Paciente imunossuprimido,

- Feridas na pele,

- Internação hospitalar prolongada,

- Cirurgias ou procedimentos invasivos,

- Cateter de longa permanência

Examinar condição de incisão cirúrgica e cateteres a cada 15 minutos. Monitorar sinas e sintomas de infecção. Higienizar as mãos com gel alcoólico antes e depois de cada procedimento. Utilizar técnica asséptica para aspiração, sondagem vesical, punção venosa e outros procedimentos pertinentes

 

A insuficiência respiratória pode ser caracterizada como um marcador de condições clínicas ruins e um bom preditor de outras complicações. Nesse âmbito, insuficiência respiratória no cenário pós-operatório pode ser definida como a necessidade de ventilação mecânica por mais de 48 horas após a cirurgia e constitui um evento com elevada morbidade (7).

A despeito de todo desenvolvimento e medidas de precauções e cuidados adotadas, complicações pulmonares pós-operatórias são muito frequentes de modo geral, tanto quanto complicações cardiovasculares ocorrem em cirurgias não cardíacas. Devido à alta incidência, a identificação de pacientes em risco para desenvolvimento dessas complicações e a adoção de medidas para controlar esses riscos apresentam uma importância vital (3,7).

 

IMPORTÂNCIA DAS TECNOLOGIAS DIGITAIS

No decorrer dos anos, os avanços tecnológicos cada vez mais se intensificaram no âmbito da área da saúde, proporcionando grandes inovações visando proporcionar melhor qualidade de vida para as pessoas. Assim sendo, as tecnologias digitais consistem em um recurso essencial para melhorar o processo de trabalho da enfermagem com seus pacientes, buscando desconstruir algumas velhas práticas e desenvolvendo novas competências (20).

Nesse contexto, a unidade de terapia intensiva (UTI), por exemplo, caracteriza-se pelo grande arsenal de equipamentos com tecnologia de ponta que oferecem suporte e monitorização constante aos pacientes em estado crítico, e apresentam um grande desafio à equipe de enfermagem, pois estes profissionais devem ter capacitação técnica para operação dos equipamentos, aliada a consciência de que a tecnologia precisa ser empregada com vistas a tornar o cuidado prestado ao paciente o mais humanizado possível (21).

Alguns dos aspectos tecnológicos que podem ser verificados, por exemplo, no âmbito da UTI, são os avanços na gasometria e a monitorização constante dos pacientes, por meio de equipamentos modernos e eficientes que controlam de maneira refinada as condições dos pacientes, possibilitando melhor controle das condições pós-operatórias e aplicação de intervenções necessárias para o bem estar dos pacientes. As UTIs que utilizam equipamentos informatizados, também chamado de Internet das Coisas (IoT), demonstraram ser mais satisfatórias no monitoramento de casos sensíveis quando comparado ao monitoramento manual. Assim, os meios tecnológicos ofertam um aspecto de proximidade e altruísmo ao prover conforto e cuidados aos pacientes, tendo nos enfermeiros aqueles seres que podem minimizar o modo agressivo e segregador da tecnologia (22, 23)

A implantação das soluções tecnológicas proporciona rapidez e facilidade de acesso à assistência médica. Sendo de extrema importância refletir e encorajar estudos sobre desenvolvimento e implantação de novas tecnologias, bem como buscar usá-las da melhor maneira e avaliar o impacto de sua efetivação nos sistemas de saúde (24).

 

FATORES DE RISCO PARA COMPLICAÇÕES PULMONARES

Conceitualmente, as alterações na função pulmonar que ocorrem no pós-operatório são, frequentemente, do tipo restritivas; caracterizadas pela diminuição de todos os volumes pulmonares. Um parâmetro muito útil para avaliar esse efeito restritivo é a diminuição na capacidade residual funcional, que é gerada pelo conteúdo abdominal que pressiona e dificulta a movimentação normal do diafragma. Outro fator importante é o sítio operatório, ou local onde ocorreu a intervenção cirúrgica, que se caracteriza por ser um dos principais fatores determinantes da restrição pulmonar e dos riscos de complicações pulmonares subsequentes (7).

Um dos principais fatores de risco para complicações pulmonares é a idade avançada do paciente; sendo este um importante preditor de complicações pulmonares, mesmo após compensação clínica de comorbidades. O tabagismo representou elevação no risco de complicações pulmonares, sendo um dos principais e mais prevalentes fatores de risco associados à morbidade pós-operatória. Por outro lado, observou-se que a obesidade, mesmo com as alterações restritivas da doença, não aumenta os riscos pulmonares (7).

O sítio cirúrgico, a duração da cirurgia, a técnica anestésica e a cirurgia de emergência são os principais fatores de risco relacionados ao procedimento. Um fator relacionado ao aumento das complicações pulmonares é a localização do sítio cirúrgico, especialmente nos casos de reparos de aneurisma de aorta, cirurgia torácica, cirurgia abdominal alta, neurocirurgia, cirurgia prolongada, cirurgia de cabeça e pescoço e cirurgia vascular. Além disso, cirurgias prolongadas com mais de três a quatro horas de duração são um fator de risco independente para complicações pulmonares (7).

As intercorrências respiratórias precoces têm mais probabilidade de estarem relacionadas a fatores passíveis de prevenção associados à anestesia, e dentre os motivos para a reintubação que já foram descritos, a insuficiência respiratória pode ser considerada o principal deles (9). Enquanto as porcentagens de complicações respiratórias mais altas foram relatadas em pacientes após cirurgias cardíacas, seguido por cirurgias torácicas, cirurgias abdominais e procedimentos vasculares (10).

Complicações respiratórias associadas a cirurgias nas regiões torácicas e abdominais foram frequentemente predominantes em indivíduos do sexo masculino (4, 11). Ademais, fatores de risco neste tipo de cirurgias aumentam a cada década de vida, principalmente após os 60 anos, incluindo ainda influências do estilo de vida. A grande incidência de limitações na mecânica respiratória após procedimento cirúrgico pulmonar ou abdominal é em grande parte relacionados à disfunção diafragmática, ao tipo de cirurgia e o tempo do processo cirúrgico (11).

A realização de exercícios respiratórios é indicada para prevenir, amenizar ou reverter possíveis complicações pulmonares, além de melhorar a expansibilidade torácica e, por consequência, as trocas gasosas, auxiliar no aumento da força muscular, nos volumes e capacidades pulmonares, sendo muito relevante na redução do tempo de internação hospitalar (7).

A elaboração, avaliação e validação de um documento, tal como checklist, para os períodos pré e pós-operatório demonstrou-se ser uma importante medida por sua simplicidade, aplicabilidade e possibilidade de mensuração de parâmetros, para proporcionar uma cirurgia segura e um pós-operatório com riscos minimizados. Esse instrumento pode ser um guia para a assistência no pós-operatório, viabilizando indicadores para avaliação da qualidade do cuidado, além de possibilitar a formulação de novas estratégias para melhoria dos serviços prestados pelo enfermeiro e por todos os profissionais da saúde (12).

 

COMPLICAÇÕES PULMONARES

Complicações pulmonares apareceram em primeiro lugar como consequências de problemas pós-cirúrgicos, em geral, em consequência do período em que o paciente permanece confinado ao leito, prejudicando sua mobilidade e acarretando vários problemas (atelectasia, insuficiência pulmonar). A demora na retirada de dispositivos (drenos, cateteres) também se tornou um problema dificultando a mobilidade do paciente e a saída do leito, aumentando, assim, o seu período de internação na unidade de terapia intensiva, piorando o quadro clínico e, em alguns casos, levando à óbito. Por isso, é recomendável a retirada antecipada dos dispositivos (quando possível), a realização de fisioterapia respiratória frequentemente, além do encorajamento para que o paciente fique o máximo de tempo possível sentado fora do leito e, dessa forma, apresente uma melhora diária e possa receber alta o mais rápido possível (13).

O aumento na força e resistência muscular inspiratória, por meio do treinamento muscular pode levar a uma respiração mais profunda e de melhor qualidade após a cirurgia, além da redução no tempo de internação pós-operatória de menos 2 dias, e aumento na pressão inspiratória, resultando na diminuição na incidência de complicações pulmonares pós-cirurgia. Sendo, portanto, o treinamento muscular respiratório eficaz na prevenção de complicações pulmonares pós-cirurgia, com redução substancial das complicações pulmonares (14).

Demonstrou-se existir associação significativa entre a complicação no pós-operatório versus o tipo de alta do paciente, bem como complicações no pós-operatório versus o tempo de internação. Dessa forma, quanto mais provável a incidência de complicação no pós-operatório, mais suscetível o paciente estará ao óbito. E ainda, quanto maior o tempo de internação, mais exposto às complicações o paciente estará. Assim sendo, é imprescindível que a equipe multiprofissional planeje a alta do paciente o mais precocemente possível, assim que ele é admitido na UTI, para a diminuição do tempo de internação e de possíveis complicações (13).

Doenças como hipertensão arterial sistêmica, cardiopatia e diabetes mellitus já foram previamente descritas em associação com maior risco para complicações pulmonares pós-operatórias. Os extremos do estado nutricional, desnutrição e obesidade, também têm influência comprovada. O que permite elencar estes como fatores de risco a também serem considerados para elaboração de estratégias para prevenção das complicações pulmonares pós-operatórias (15).

 

CONCLUSÕES

A partir da identificação de fatores de risco é possível prever os impactos oriundos dos procedimentos cirúrgicos na funcionalidade do sistema respiratório. Indivíduos em fase pós-operatória de cirurgias, quando submetidos a terapia respiratória, apresentam melhora da evolução clínica e da função pulmonar. Assim sendo, o emprego de terapia respiratória durante o período pós-operatório imediato pode proporcionar um considerável aumento da força muscular respiratória bem como a manutenção dos volumes pulmonares, evidenciado pelo aumento do valor dos fluxos respiratórios ao longo das avaliações.

Com todo desenvolvimento científico e aprimoramento das tecnologias digitais, complicações relacionadas às intervenções cirúrgicas podem ser minimizadas. Assim, este trabalho de revisão da literatura tem como objetivo principal a reunião de informações para a identificação precoce dos fatores de risco para complicações respiratórias perioperatórias com vistas a auxiliar na diminuição da mortalidade, tempo de internação e custo de tratamento. Bem como demonstrar que a utilização de recursos advindos das tecnologias digitais modernas, tais como os avanços na gasometria e a monitorização constante dos pacientes, podem ser muito importantes para o trabalho da equipe de enfermagem, e para os pacientes, pois aumentam a segurança e aperfeiçoam a assistência.

De forma complementar, pode-se ressaltar que as ações integralizadas da equipe multiprofissional fortalecem a assistência pós-operatória, com troca de saberes e um olhar mais amplo sobre as condições do paciente, considerando diversas áreas de atuação, com papel central e fundamental exercido pela equipe de enfermagem tendo o objetivo de proporcionar bem estar ao paciente.

 

REFERÊNCIAS

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