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The Nursing Process In Peritonitis In Peritoneal Dialysis Based on scientific evidence - Systematic Literature Review

O Processo de Enfermagem na peritonite em diálise peritoneal baseado em evidências científicas – Revisão Sistematizada da Literatura

Elídio Magalhães Santos. Enfermeiro. Aluno do Curso de Especialização em Enfermagem em Métodos Dialíticos e Transplante 2008 / Universidade Federal Fluminense (UFF). elidiomagalhaes@oi.com.br / elidiomagalhaes@ig.com.br

Isabel Cruz. Doutora em Enfermagem. Titular da UFF. isabelcruz@uol.com.br

ABSTRACT: The Systematization of nursing care (SAE) related to the nursing process, which consists of five inter-related steps: history or investigation, diagnosis, planning or care plan, prescription or implementation and evolution. The conduct of nurses in peritonitis is followed by pre-established protocols to achieve better treatment. The nurse must have knowledge on the subject, the chronic renal failure and on peritoneal dialysis. Has problems as the organization of scientific knowledge on the systematization of nursing care and its steps, toward patients with peritonitis, with the overall objective to raise the scientific evidence on the systematization of nursing care. As a methodology, is a computerized and manual literature search, which occurred in the second half of 2008. Of the 48 articles identified, 11 were selected for analysis because of the implications for better practice. The research suggests that the nursing process is undoubtedly of great assistance in creating a systematic and professional training. The peritonitis is a cause of outflow of peritoneal dialysis (PD) which when properly treated, this number reduces considerably and there is a need for a routine, a protocol to generate the systematization of care.

Key words: nursing process, peritonitis, peritoneal dialysis;

RESUMO: A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) esta ligada ao processo de enfermagem, que consiste em cinco etapas inter-relacionadas: histórico ou investigação, diagnóstico, planejamento ou plano assistencial, prescrição ou implementação e evolução. Na conduta do enfermeiro na peritonite seguem-se protocolos pré-estabelecidos que visem o melhor tratamento. O enfermeiro necessita ter conhecimento sobre o assunto, sobre a insuficiência renal crônica e sobre a diálise peritoneal. Possui como problemática a organização do conhecimento científico sobre a sistematização da assistência de enfermagem e suas etapas, voltado para pacientes portadores de peritonite, tendo como o objetivo geral levantar as evidências científicas sobre a sistematização da assistência de enfermagem. Como metodologia, é uma pesquisa bibliográfica computadorizada e manual, que ocorreu no segundo semestre de 2008. Dos 48 artigos identificados, foram selecionados 11 para análise devido às implicações para uma melhor prática. A pesquisa aponta que o processo de enfermagem é sem dúvida de grande importância gerando a sistematização da assistência e a qualificação profissional. A peritonite é uma das causas de saída de diálise peritoneal (DP) sendo que quando bem tratada, este numero minimiza consideravelmente e que há a necessidade de criação de uma rotina, um protocolo, para gerar a sistematização da assistência.

Palavras Chave: processo de enfermagem, peritonite, diálise peritoneal;

INTRODUÇÃO:

Quando se fala em processo de enfermagem significa a sistematização da assistência de enfermagem (SAE). Possui fases que orientam e determinam a conduta do enfermeiro. Evidencia-se na prática clínica de enfermagem e orienta o trabalho do enfermeiro para coletar dados, identificar as necessidades de cuidados, propondo intervenções e avaliando os resultados dos cuidados prestados1,2,3,4.

A insuficiência renal crônica (IRC) é uma síndrome clínica causada pela perda progressiva e irreversível das funções renais, resultando em uremia, que é o acúmulo de toxinas urêmicas no organismo. Esta patologia acarreta vários efeitos na vida do paciente sendo de difícil tratamento, com sérias implicações físicas, psicológicas e sócio-econômicas não apenas para o indivíduo, mas também para a família e comunidade 5,6.

Nos últimos anos evidências científicas demonstram que o número de pessoas que se tornaram portadoras de insuficiência renal crônica aumentou consideravelmente de uma forma drástica, influenciadas por indivíduos portadores de hipertensão e diabetes que também cresceram e posteriormente transformam-se em pacientes renais crônicos. Devido a essa grande demanda hoje, hospitais e clínicas apresentam diversos problemas que refletem na assistência de enfermagem 5.

A diálise peritoneal pode ser indicada como tratamento de escolha para todos os pacientes portadores de doença renal crônica, exceto em situações em que há comprometimento da cavidade peritoneal. Este tipo de diálise tornou-se a melhor opção para crianças pequenas, pacientes que residem distantes dos centros de diálise, que não possuem acesso vascular ou apresentam condições de risco para a hemodiálise e impossibilidade de transplante 5.

Nos pacientes portadores de insuficiência renal crônica que realizam tratamento por meio da diálise peritoneal, a diálise funciona como uma técnica de infusão de líquido de diálise na cavidade abdominal do paciente, favorecendo a depuração do sangue por meio da membrana peritoneal, com a finalidade de remover substâncias que necessitem ser eliminadas pelo organismo. A diálise peritoneal pode ser manual chamada de CAPD- Diálise Peritoneal Ambulatorial Contínua e por meios de máquinas chamadas de DPA-Diálise Peritoneal Automatizada e DPI-Diálise Peritoneal Intermitente5,7,8.

Quando ocorre a infecção da membrana peritoneal, acontece o chamado de peritonite que é uma das complicações da diálise peritoneal. Apresenta como sinais e sintomas o efluente peritoneal turvo, a presença de fibrina, febre, vômitos e dores abdominais. Possui como principal tratamento a antibioticoterapia e se não tratada corretamente, acarreta a saída da diálise peritoneal 5,6,7,8,9

SITUAÇÃO PROBLEMA:

Como está organizado o conhecimento científico sobre a sistematização da assistência de enfermagem e suas etapas, voltado para pacientes portadores de peritonite?

Esta problemática surgiu diante do interesse pelo processo de enfermagem e pela sistematização da assistência de enfermagem.  Evidências científicas deixam claro que o processo de enfermagem não é aplicado de forma correta e completa. Durante a vida profissional, evidenciou-se a necessidade de criação de um protocolo, pois bibliografias e rotinas hospitalares não seguem uma regra única, universal, gerando conflitos de informações e diversas dúvidas, tendo como conseqüência a realização de técnicas errôneas e como resultado final a saída do paciente da terapia de diálise. Foi observado também que os pacientes portadores de IRC que realizam diálise peritoneal temem a peritonite e que ainda assim, ela acontece em grandes números, seja por descuido ou falta de conhecimento.

OBJETIVOS:

            Este estudo tem como objetivo geral: levantar as evidências científicas sobre a sistematização da assistência de enfermagem. Já como objetivo específico apresenta: determinar as etapas do processo de enfermagem especificamente na peritonite; apontar a melhor evidência científica disponível para o cuidado da peritonite.

METODOLOGIA:           

Pesquisa bibliográfica computadorizada e manual, no período de segundo semestre de 2008, utilizando as palavras-chaves/key-words (processo de enfermagem, peritonite, diálise peritoneal;/ nursing process, peritonitis, peritoneal dialysis), sendo realizada a busca em separado e em conjunto com cada termo nas seguintes bases de dados (Lilacs, Medline, Bdenf, Bvs, Scielo, Biblioteca Cochrane). Dos 48 artigos identificados na pré-seleção entre o período de 2004 e 2008, foram selecionados 11 para análise devido às implicações para uma melhor prática, utilizando como critérios de exclusão e inclusão a objetividade, o ano de realização da pesquisa, à língua escrita e publicada.

RESULTADOS:

Tabela 1 – Publicações localizadas, segundo o tema o processo de enfermagem na peritonite em diálise peritoneal baseado em evidências científicas, mencionadas nas bases de dados, Niterói, 2008.

 

Autores, data e país

Objetivo da pesquisa

Tamanho da amostra

Tipo do estudo e instrumentos

 

Achados                   

Conclusões

Pellison F, Naguno MM, Cunha ES, Melo LL1 2007, Brasil.

Aplicar o processo de enfermagem fundamentado nos padrões funcionais de saúde, NANDA e NIC, visando o cuidado integral.

Uma adolescente e seu cuidador

Estudo de caso, natureza qualitativa, sendo que os dados foram coletados por entrevistas e exame físico.

O desenvolvimento de intervenções de enfermagem efetivas proporcionando um cuidado individualizado além de promover uma linguagem de enfermagem padronizada.

 Possibilitou um cuidado de enfermagem efetivo, uma vez que evidencia os diagnósticos e as intervenções de enfermagem, colaborando para que a adolescente pudesse durante a hospitalização compreender suas necessidades.

Brandalize DL e Kalinowski CE2 2005, Brasil.

Implementação do processo de enfermagem em uma unidade hospitalar com a implantação da fase de diagnóstico.

Dois enfermeiros e dezoito técnicos de enfermagem.

Abordagem qualitativa, tipo descritiva. Foi utilizado prontuários de pacientes, entrevistas e reuniões com os profissionais.

O processo é aplicado, mas de forma incompleta e desarticulada.

 A aplicação do processo de enfermagem corretamente proporcionou uma assistência qualificada.

 

Oliveira SM, Ribeiro RCHM, Ribeiro DF, Lima CEQ, Pinto MH, Poletti NAA4 2008, Brasil.

Construir um instrumento para registro da sistematização da assistência;

36 pacientes.

Trata-se de um estudo longitudinal prospectivo do tipo coorte. Foi elaborado através de opiniões de funcionários, entrevistas e testes.

As enfermeiras relataram que o instrumento é adequado ao processo, porém despende muito tempo, devido ao número de pacientes por sessão e poucos profissionais.

Apesar de conhecida, a S.A.E. não é utilizada de forma efetiva pelas enfermeiras.

Cunha SMB, Barros ALBL5 2005, Brasil.

Analisar a implementação da sistematização da assistência de enfermagem.

94 prontuários.

Retrospectivo, exploratório e descritivo. Os dados foram coletados a partir dos prontuários dos pacientes.

As fases do processo de enfermagem não estavam inter-relacionadas e que existia falta de coerência das ações prescritas com o estado de saúde do paciente.

O processo de enfermagem analisado não segue o modelo de Horta.

Abreu RC, Pereira ERP, Gabriel DP, Caramori CA, Barretti P, Caramori JCT3 2008, Brasil.

Conhecer a influência do cuidador no treinamento da diálise peritoneal e no tempo livre de peritonite.

 

38 pacientes em diálise peritoneal.

Estudo retrospectivo, qualitativo. Os dados foram coletados a partir dos prontuários de pacientes, do agendamento de retornos e registros de enfermagem.

Pacientes com mais de 65 anos e diabéticos necessitam de cuidador na diálise.  O tempo livre de peritonite foi maior para os pacientes em que a diálise foi realizada por cuidador.

 

O responsável pela diálise (paciente ou cuidador) pode influenciar na evolução da diálise peritoneal, influenciados pelo treinamento.

Lima TC e Cruz I6 2008, Brasil.

Identificar a freqüência e os fatores de risco que predispõem a complicações.

10 artigos

Revisão de literatura, estudo bibliográfico.

A importância da higiene para a prevenção de infecções e da inter-relação entre o profissional, o paciente e a família, além dos prejuízos na qualidade de vida dos pacientes.

Verificou-se a importância do profissional de enfermagem na prevenção ao risco de infecções através de cuidados básicos.

Vicente AMG, Solis SR, Castrejón AS, Garcia VMP, Rubio MPT, Marina SR, Romera MC10 2005, EUA.

Analisar a influência da cintilografia como diagnóstico diferencial em infecções na diálise e transplante.

 

35 pacientes em diálise peritoneal, 13 em transplante renal e 56 em hemodiálise.

Pesquisa de campo, descritiva, natureza qualitativa. Como instrumentos foram realizados testes de imagens com contraste.

A utilização da cintilgrafia com 67 Gallium e leucócitos marcados é indicada principalmente quando os sinais e sintomas estão ausentes. Os leucócitos marcados são indicados nos pacientes em diálise peritoneal, transplante renal e hemodiálise. Já o 67 Gallium não é indicado no transplante renal devido a sua especificidade, porém é indicado na diálise peritoneal.

A cintilografia é eficaz como diagnóstico em pesquisa de infecções utilizando o 67 Gallium e leucócitos marcados nos pacientes em diálise e transplantados, principalmente quando sinais e sintomas da infecção estão ausentes.

Batalha JEN, Caramori JCT, Corrent JE, Montelli AC, Barretti P., Cunha MLRS11 2006, EUA.

Verificar a relação entre as fontes endógenas de s. aureus e s. coagulase-negativa e a ocorrência de peritonite em pacientes submetidos à diálise peritoneal.

32 pacientes em diálise peritoneal foram observados durante 18 meses.

Descritivo co abordagem qualitativa. Utilizaram-se como instrumentos testes, drogas e exames realizados nos pacientes, além de Verificação do prontuário.

Portadores de s. aureus nas cavidades nasais, no cateter e na pele são considerados de maior risco de desenvolvimento de peritonite, no entanto, não está claro se a presença do s. coagulase-negativa na pele ou nas cavidades nasais de pacientes está relacionada à subseqüente peritonite. Os resultados reforçam a influência de uma fonte endógena de s. epidermidis sobre a ocorrência de peritonite em pacientes em diálise peritoneal como tem sido observado para o s. aureus.

O estudo demonstrou

uma resposta positiva

 em relação à peritonite

em pacientes portadores

de s. aureus e

s. epidermidis, porém,

 gerou dúvidas em

relação ao                    

s. coagulase-negativa.

Wiggins KJ, Craig JC, Johnson DW, Strippoli GF9 2005, EUA

Avaliar o tratamento da peritonite em pacientes em diálise peritoneal quanto à administração de antibióticos por diferentes vias, sua dose, horários de administração e qualquer outra intervenção.

Foram identificados 36 estudos (2089 doentes).

Ensaios controlados randomizados (RCTs) e quase RCTs. Foi pesquisado o registro central da Cochrane Controlled Trials, MEDLINE e EMBASE. As análises estatísticas utilizaram o modelo de efeitos aleatórios e as dicotômicas.

A qualidade metodológica da maioria dos estudos foi incluída definições e os resultados foram muitas vezes incoerentes. Não houve RCTs quanto ao tempo de antibióticos ou calendário e para remoção do cateter.

A administração de antibióticos intraperitoneal é superior a endovenosa no tratamento da peritonite. As doses contínuas e intermitentes são igualmente eficazes. Não existe um papel para a rotina mostrada no lavado peritoneal ou uso de uroquinases. O número de intervenções encontradas se associa com o prejuízo significativamente.

Raaijmakers R, Schroder C, Monnens L, Cornelissen E, Warris A7 2007, EUA.

Avaliar os fatores de riscos e estratégias de tratamento; analisar os episódios de peritonite fúngica.

Pacientes pediátricos entre 1980 e 2005.

Retrospectivo multi-centro, qualitativo. Foi utilizado os prontuários dos pacientes e questionários de pesquisa.

No período que os 159 pacientes foram estudados, ocorreram 321 episódios de peritonite sendo que 09 deles era fúngica. Todos os pacientes com peritonite fúngica tiveram o cateter de diálise peritoneal retirados. Dos 09, somente 04 puderam reiniciar a DP posteriormente.

A peritonite fúngica está associada a elevadas falhas técnicas. Os fatores de risco mais importantes são uma elevada taxa de peritonite bacteriana, uso prévio de antibióticos, e as peritonites bacterianas anteriores por gram-negativo. O cateter de DP deve ser removido o mais precoce possível, mas em crianças, administrar fluconazol intraperitoneal antes pode ser útil para evitar a falência técnica.

Sit D, Kadiroglu AK, Kayabasi H, Yilmaz ME8 2007, EUA.

Avaliar a eficácia da profilaxia para peritonite através da mupirocina pomada intranasal nos pacientes em CAPD.

49 pacientes submetidos à CAPD, durante um ano.

Pesquisa de campo, exploratória. Foram utilizados exames laboratoriais como culturas (Swab nasal) e prontuários dos pacientes

Episódios de peritonite ocorreram em taxas de 4,3% no grupo da pomada e 4,1% no grupo controle.

 

A administração profilática da pomada mupirocina via intranasal foi ineficaz na redução de episódios de peritonite.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte:UFF – Especialização Enfermagem em Métodos Dialíticos e Transplante

DISCUSSÃO:

Avaliação crítica dos artigos selecionados e implicações para a prática de enfermagem para o cliente de alta complexidade.

A utilização da sistematização da assistência de enfermagem é um dos meios que o enfermeiro dispõe para aplicar seus conhecimentos na assistência ao paciente e caracterizar sua prática profissional. O enfermeiro necessita conhecer as fases do processo de enfermagem, para promover o cuidado e o reestabelecimento do paciente. A sistematização da assistência constitui um caminho a ser utilizado por enfermeiros tanto no cuidado direto aos pacientes (nível secundário), quanto em consultas de enfermagem (nível primário), possibilitando a identificação das respostas dos pacientes aos problemas de saúde e aos processos vitais que exigem intervenções atuando em suas necessidades 1,2,3,4.

A Sistematização da Assistência de Enfermagem está ligada no processo de enfermagem, que consiste em cinco etapas inter-relacionadas: histórico ou investigação, diagnóstico, planejamento ou plano assistencial, prescrição ou implementação e evolução. Possui uma forma sistemática e dinâmica de prestar os cuidados de enfermagem inter-relacionando suas fases. O processo de enfermagem é uma forma de sistematização da assistência e o seu foco principal é ver o paciente como um todo, tendo uma abordagem ampla 1,2,3,4.

O processo de enfermagem tem como finalidade identificar situações de saúde/doença e subsidiar ações de enfermagem que possam contribuir para a promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde do indivíduo, famílias e comunidade 1.

A aplicação do processo de enfermagem fundamentado nos padrões funcionais de saúde, NANDA e NIC, possibilita uma melhora na qualidade da assistência através do planejamento e da implementação das ações de enfermagem voltadas às reais necessidades do cliente 1.

No histórico de enfermagem, realiza-se o exame físico que pode ser céfalo-caudal ou por sistemas, hoje, já se comenta a junção dos dois tipos. Na peritonite, não se pode deixar de haver a especificidade ao abdome e ao cateter de tenckhoff, verificando os sinais e sintomas de peritonite, o número de infecções anteriores e o tempo de cateter 2,3,4.

Nos diagnósticos de enfermagem o enfermeiro realiza julgamentos relativos aos dados levantados no histórico, tendo como base NANDA segundo os padrões de respostas humanas 2,4.

No plano assistencial haverá a determinação global da assistência de enfermagem diante dos diagnósticos achados, traçando condutas e priorizando os problemas levantados, tendo como base  NIC 2,4.

A prescrição de enfermagem é a implementação do plano assistencial pelo roteiro diário que coordena as ações da equipe de enfermagem. Direcionada os cuidados na peritonite, acrescenta-se a realização do curativo do cateter, observando o óstio; a realização de três trocas manuais rápidas com bolsas de CAPD para lavar o peritônio, verificando a coloração do efluente e observando a presença de fibrina; colher efluente para cultura, citologia, antibiograma e pesquisa de fungos; verificar com o médico a administração de drogas endovenosas, via orais e intraperitoneais (antibióticos, analgésicos e ou heparina), se necessário 2,5,7,8,9.

Na evolução de enfermagem haverá registros de todos os procedimentos realizados juntamente com as condutas médicas e de enfermagem traçadas e realizadas; Relatando como o paciente se apresentou no exame físico mais as orientações dadas.  Atentando quanto aos registros de sinais e sintomas, da coloração do efluente e da apresentação do óstio do cateter 2,4.

Neste contexto, evidenciou-se a necessidade da implantação da SAE através do processo de enfermagem, gerando uma forma de comunicação padronizada, uma melhora na qualidade de atendimento, dependendo de sua aplicabilidade, já que estudos comprovam que o processo de enfermagem não é aplicado por completo e ainda de forma incorreta, influenciando no tratamento da peritonite e em sua prevenção, através de treinamento com os pacientes, cuidadores e profissionais, gerando um maior tempo livre de peritonite 2,3,4,5.

Na prática clínica, o processo de enfermagem é um método de tomada de decisões de forma deliberada que se apóia nos passos do método científico. Diante disso, cabe ao enfermeiro realizar as funções assistenciais, administrativas, educativas e de pesquisa 4,6.

Os pacientes em diálise peritoneal e portadores de IRC possuem seu sistema imunológico debilitado, possuindo maior risco de peritonite, valendo destacar a importância da higiene, que é crucial para prevenir infecção, e o uso de técnica asséptica rígida 5,6,8.

Na conduta do enfermeiro na peritonite seguem-se protocolos pré-estabelecidos que visem o melhor tratamento. O enfermeiro necessita ter conhecimento sobre o assunto, sobre a insuficiência renal crônica e sobre a diálise peritoneal 3,5.

A peritonite fúngica é a forma mais grave, e esta associada a elevadas falhas técnicas, tendo indicação de retirada do cateter e mudança de terapia. Em peritonites, a principal forma de tratamento é a antibioticoterapia, seja oral, intravenosa ou intraperitoneal. Evidências científicas demonstram que a forma intraperitoneal é a mais eficaz, seja contínua ou intermitente. É clara a correlação de colonização de bactérias intranasais e na pele com a peritonite, porém a profilaxia com mupirocina pomada intranasal não é eficaz sendo indicação absoluta a utilização de máscaras faciais para a prevenção de peritonites (equipamento de proteção individual - EPI) e higiene rígida 9,10,11.

A peritonite pode acontecer por diversos motivos como cateteres colonizados e infectados, infecção de túnel e má higiene. O diagnóstico acontece através de sinais e sintomas como irritação peritoneal, dores abdominais, febre, náuseas, vômitos, efluente peritoneal turvo com ou sem fibrina, e uma cultura positiva com celularidade também positiva (>100células/ml, e/ou >50%neutrófilos). Certas infecções necessitam de complemento de exames de imagem com marcadores como os leucócitos marcados e 67gallium 5,7,8.

CONCLUSÃO:

O processo de enfermagem é sem dúvida de grande importância. A sistematização da assistência de enfermagem gera a qualificação profissional e a melhoria da qualidade da assistência de enfermagem.

A peritonite é uma das causas de saída de diálise peritoneal sendo que quando bem tratada, este número minimiza consideravelmente por isso, uma enfermagem bem capacitada e atuante pode sim contribuir para mudar esse quadro, trabalhando também com a prevenção, orientando outros profissionais e os pacientes e cuidadores.

Considera-se que os objetivos deste estudo tenham sido alcançados proporcionando subsídios para planejar o tratamento individualizado destes pacientes, providenciando cuidados, capacitando a equipe multidisciplinar e, conseqüentemente, obtendo melhor adequação destes pacientes ao tratamento.

O resultado desse estudo é importante para a organização de conteúdos de ensino para alunos e enfermeiros preparando-se para cuidar de pacientes em áreas especificas. Conhecendo os diagnósticos mais freqüentes eles podem se preparar para realizar avaliações direcionadas para identificar esses diagnósticos e os resultados a eles relacionados, assim como para realizar as intervenções para atingi-los.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

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