A educação
em saúde do cliente portador de HAS através de vídeoaula: um relato de experiência.
Raquel
Carolina Silva de Almeida. Licencianda da Escola de Enfermagem da
Universidade Federal Fluminense.
Profª
Drª Isabel Cruz. Titular
da Universidade Federal Fluminense (UFF).
RESUMO.
Introdução:
este
artigo é um relato de experiência sobre a produção de uma videoaula com o
objetivo de atingir o público de fumantes e hipertensos com o propósito de
cessar o tabagismo e manter a pressão 120x90 mmHg, valor considerado normal. Resenha
do artigo: de acordo com a SBH, o combate à HAS ocorre primariamente
com medicação adequada e alimentação saudável. Um tratamento mais eficaz
seria a união da proposta clínica com a proposta evidenciada, tendo a
participação ativa da equipe de enfermagem. O papel social que a enfermagem
exerce, focaliza a prevenção de danos e a educação em saúde, com o
objetivo de estimular e preparar as pessoas para o autocuidado efetivo e
ampliado, ao empoderamento de si próprio, assim obtendo maior satisfação em
cuidar de si e melhores resultados. Processo
de realização da videoaula: a metodologia utilizada foi a exposição
audiovisual com demonstração e fala, com um roteiro pré-estabelecido. Análise
e interpretação da experiência da videoaula: as atividades
conferiram novas dificuldades, pois a interação é diferenciada, é dada
através de um veículo que talvez não represente e expresse as orientações
que são transmitidas da forma que o autor deseja. A interação pós-informação
entre o autor e o público nem sempre terá a sua transmissibilidade real. Conclusão:
embora seja interessante educar em saúde, a experiência da realização
da videoaula foi complicada. Esperamos que o público-alvo siga as instruções
e nos envie atualizações sobre o processo de parar de fumar.
Descritores:
Educação
em Saúde; Abandono do Uso de Tabaco; Aprendizagem Baseada em Problemas;
Enfermagem na Saúde Comunitária;
ABSTRACT.
Introduction:
This article is an experience report on the production of a vídeo-lesson in
order to reach the audience of smokers and hypertensives in order to quit
smoking and keep the pressure 120x90 mmHg, considered normal. Review Article: according to SBH, combating hypertension
occurs primarily with proper medication and healthy eating. More effective
treatment would be the union of the proposal with the proposed clinical evident,
with the active participation of the nursing team. The social role that
nursing plays, focuses on damage prevention and health education, in order to
encourage and equip people for effective self-care and extended to the
empowerment of himself, thus obtaining greater satisfaction and better care for
themselves results.Process
of establishing vídeo-lesson: the
methodology used was exposure to audiovisual demonstration and speaks with a
pre-established. Analysis and
interpretation of the experience of vídeo-lesson: activities gave new
difficulties since the interaction is different, is given through a vehicle
which does not represent and express the guidelines that are transmitted in the
way that the author wishes. The post-information interaction between the
author and the public does not always have its transmissibility real. Conclusion:
although it is interesting health education, the experience of the realization
of vídeo-lesson was complicated. We hope the audience follow the
instructions and send us updates about the process of quitting smoking.
Keywords:
Health
Education; Tobacco Use Cessation; Problem-Based Learning; Community Health
Nursing;
Este
artigo é um relato de experiência vivenciada na produção de uma videoaula
com o objetivo de atingir o público de fumantes e hipertensos com o propósito
de cessar o tabagismo e, consequentemente manter a pressão 120x90 mmHg, valor
considerado normal. A videoaula foi critério de avaliação da disciplina
Pesquisa e Prática de Ensino III do oitavo período referente ao primeiro
semestre letivo de 2013, ministrada pela Professora Doutora Isabel Cruz, do
curso de Enfermagem Bacharelado e Licenciatura da Escola de Enfermagem Aurora de
Afonso Costa, da Universidade Federal Fluminense.
RESENHA
DO ARTIGO
De acordo com os conceitos clínicos,
segundo a Sociedade Brasileira de Hipertensão, o combate à Hipertensão
arterial sistêmica ocorre primariamente com medicação adequada e alimentação
saudável. Porém, as evidências apontam que ás vezes a utilização de medicação
torna-se desnecessária. O fato explica-se pela implantação de práticas saudáveis
integrais, tais como a alimentação saudável, práticas de atividades físicas
adequadas e regulares, práticas de atividades prazerosas e de lazer. Um
tratamento mais eficaz contra a HAS seria a união da proposta clínica com a
proposta evidenciada, tendo a participação ativa da equipe de enfermagem.
A evidência trás o que de fato
ocorre a cerca do assunto, ou seja, as alternativas que atingem o objetivo
proposto, ainda que não diretamente pela determinação inicial, sendo de forma
positiva ou negativa. Neste caso, mantêm-se a positividade desta alternativa de
tratamento, de ambos os lados, tanto pra quem cuida quanto pra quem é cuidado.
Quando ocorre a mesclagem das práticas clínicas com as evidências, o que de
fato é esperado para o maior sucesso do tratamento, necessita da inserção
deste cliente e de sua família neste novo projeto, onde nem sempre há uma aderência
eficaz unificada, pois não há o domínio total a cerca do assunto. Para isso,
devemos sempre avaliar o domínio de conhecimento e a capacidade de aprendizado
do público alvo e dos integrantes do seu meio familiar. Freire (1987) afirma
que a família está inserida neste contexto, pois podemos dizer que uns dos
conceitos de “família é uma pessoa cuidando da outra”, assim os laços
internos entre as pessoas auxiliam os profissionais de saúde na intervenção
ao cuidado, tendo um foco ampliado a estes membros.
Para os clientes que são
identificados estes entraves de aprendizado, há uma necessidade demanda de atenção
mais elevada, pois serão inseridos novos conhecimentos, novos contextos e novos
hábitos num grupo familiar. A melhor forma de abordagem dar-se-á pela troca de
informações baseada em demonstrações, conversas de fácil entendimento e um
feed-back, a fim de fixar o conteúdo ministrado.
A demonstração é importante pois
traz a situação para realidade, assim torna mais fácil a compreensão para
quem está aprendendo. Para maior efetividade do aprendizado, o educador pode
incentivar o cliente e/ou seus familiares a assumir de fato a ação, com
supervisão do educador, recebendo orientação constantemente, sempre sabendo o
motivo o qual levará ao resultado esperado. Como por exemplo, podemos citar a
realização de um curativo simples, uma nebulização prescrita, a administração
de algum medicamento, entre outros. De acordo com Freire (1987), a necessidade
de uma linguagem de fácil entendimento remete à questão da não compreensão
da linguagem médica pelos leigos, sendo extremamente necessária a utilização
da linguagem mais próxima ao cliente. A linguagem deve ser completa, ou seja,
inclui a linguagem verbal e a não verbal, sendo em um ambiente tranquilo, livre
de ruídos, com baixo ou nenhum fluxo de pessoas, com boa iluminação, com boa
ventilação e num ambiente agradável, onde o profissional deverá manter uma
certa postura, sempre se dirigindo à pessoa em questão, utilizando a entonação
certa, olhando-a nos olhos, falando pausadamente e em bom tom, repetindo o que
foi dito utilizando diferentes palavras de fácil entendimento (trocar sempre
por sinônimos), solicitando para o receptor do conhecimento repetir o que lhe
foi ensinado (feed-back), demonstrar se possível e solicitar a realização da
tarefa, supervisionando e reparando possíveis falhas.
Observamos que quando esse processo
de educação em saúde, nas instituições, não é efetivo, podemos citar várias
justificativas, tais como: falta de profissional especializado para tal
abordagem, hiperatividade dos profissionais, falta de interesse em ensinar,
descuido, negligência, autoridade excessiva no processo de ensino-aprendizagem,
falta de explicação a cerca dos motivos que justificam o objetivo esperado,
falta de apoio e de empatia. O educador deve sempre avaliar o poder financeiro
do cliente, dando sempre outras opções mais em conta, pois as orientações
talvez não sejam compatíveis com a sua renda financeira, provocando
constrangimento além da não aderência do paciente às orientações. Para
evitar esses entraves, o profissional deverá seguir as estratégias citadas
anteriormente e reconsiderar sua posição e importância social, como o papel
de preservar e manter a saúde, visando o bem-estar com maior qualidade de vida
para seu cliente e toda a sociedade.
O papel social que a enfermagem
exerce, focaliza a prevenção de danos e a educação em saúde, com o objetivo
de estimular e preparar as pessoas para o autocuidado efetivo e ampliado, ao
empoderamento de si próprio, tornando-as mais interligadas às questões da sua
própria saúde e da saúde de seus familiares, tendo conhecimento de suas
patologias e interagindo com a conduta terapêutica utilizada, assim obtendo
maior satisfação em cuidar de si e melhores resultados. Podemos afirmar que
esta conduta, torna mais eficaz o papel do enfermeiro, produz melhores
resultados, diminui o índice de certas patologias, diminuindo os custos e
estresse dos pacientes que poderiam ser acometidos, ou seja, prevenindo doenças
e/ou eventos adversos.
Outras
experiências
Como relato de experiência com
pacientes portadores de HAS, devo começar com as recentes experiências
vivenciadas na cidade de Oriximiná – PA, onde tive a oportunidade de
interagir com uma cultura diferente da minha. A primeira dificuldade foi a ambiência,
pois o Hospital Maternidade São Domingos Sávio (HMSDS) e o Hospital Municipal
de Oriximiná, têm muitas limitações, assim, têm práticas adaptadas; a
segunda dificuldade foi o entendimento das gírias locais; a terceira
dificuldade foi a interação e troca de informações com integrantes das
tribos da região, sendo a mais comum a Wai-wai, ou seja, é uma nova linguagem,
tendo ou não o entendimento do português por parte deles e do wai-wai por
minha parte, sendo necessária uma fala com muita gesticulação e repetição,
sendo necessário às vezes pedir auxílio de outros pacientes ou acompanhantes
que sabiam a tradução. Penso que se minha permanência na cidade fosse mais
longa, eu deveria aprender a linguagem indígena.
Em experiências anteriores, tive
dificuldade em fazer com que o paciente e seus familiares adotassem as orientações
fornecidas, pois muitos pacientes com HAS não aderem às práticas saudáveis.
Porém, tive facilidade com muitos pacientes, despertando neles a curiosidade em
saber sobre a patologia, seu tratamento e orientações, incluindo a orientação
sobre a forma de cozinhar e temperar os alimentos de forma saudável, utilizando
temperos naturais e estimulando a preferência por alimentos leves cozidos,
assados ou grelhados, e ensinando-os a ler os rótulos do que consomem, para
evitar o sódio em excesso. A facilidade era proveniente da abstenção de
frases com advérbios de negação, mostrando a compreensão do quanto é difícil
mudar hábitos e evitar bebidas e alimentos fortemente inseridos na sociedade,
sempre se colocando no lugar do paciente, com um olhar holístico visando o
contexto em que ele está inserido e se ele poderá seguir as orientações,
pois nem sempre o paciente tem condições financeiras, físicas ou psicológicas
para realiza-las, jamais devemos julga-lo quando não seguir a orientação, mas
sempre o estimulando a integrar os novos hábitos, de forma gradual, no seu
cotidiano. As primeiras abordagens devem ser realizadas no próprio ambiente
familiar, onde quase sempre há quem necessite de auxílio e orientação, esta
é a melhor forma de iniciar as práticas de educação em saúde.
PROCESSO
DE REALIZAÇÃO DA VIDEOAULA
A
vídeoaula tem como temática a cessação do tabagismo, com o objetivo de
manter a pressão arterial do cliente hipertenso em 120x90 mmHg, o valor
considerado normal, segundo a Sociedade Brasileira de Hipertensão. A
metodologia utilizada foi a exposição audiovisual com demonstração e fala,
com um roteiro pré-estabelecido dividido em: apresentação, introdução à
temática, o custo do tabaco, problemas provocados pelo tabagismo, orientações
para parar de fumar, encerramento, créditos. Bertolini diz que, o uso do
audiovisual na educação requer do professor o conhecimento da linguagem, o domínio
dos seus códigos e a capacidade de se expressar e se comunicar através dela,
tal qual o domínio que possui da linguagem verbal.
Para a gravação da videoaula,
utilizamos uma câmera de vídeo semiprofissional com tripé, utilizamos dois
espaços físicos, uma sala de estar de uma residência e a escada do prédio da
mesma. Outros espaços foram utilizados, porém os ruídos dos ambientes
invalidaram as gravações. Foram recrutadas 4 pessoas mais a autora, sendo um o
auxiliar da gravação do vídeo, dois modelos para fotos e um auxiliar para
gravação e edição.
Realizar a gravação foi complicado
porque os ambientes e os equipamentos nem sempre são favoráveis, sendo que
para chegar próximo a excelente, o vídeo deveria ter sido gravado por
profissionais com equipamentos e num ambiente propício. Apesar das
dificuldades, dos erros de gravação e das incompatibilidades de horário, o vídeo
atingiu o objetivo e a orientação proposta.
ANÁLISE
E INTERPRETAÇÃO DA EXPERIÊNCIA DA VIDEOAULA
Na realização da vídeoaula, as
atividades conferiram novas dificuldades, pois a interação é diferenciada, é
dada através de um veículo que talvez não represente e expresse as orientações
que são transmitidas da forma que o autor deseja. A interação pós-informação
entre o autor e o público nem sempre terá a sua transmissibilidade real, pois
não há entonação, linguagem corporal, enfim. Outra dificuldade foi a
necessidade de terceiros (com horários compatíveis) para a realização do
material, desde sua obtenção até a edição, pois não há a possibilidade da
produção do vídeo sem auxílio. O tema abordado (cessação do tabagismo) foi
orientado de forma autoritária, me privando de certas abordagens e estrutura de
roteiro, mesmo tendo o mesmo objetivo proposto, assim, sem muitas opções tive
que fazer um vídeo autoritário e limitado. Penso que limitado pelo fato de não
poder utilizar outras informações importantes como as terapêuticas
utilizadas, busca de auxílio em instituições de saúde e outras orientações.
Tenho gosto em orientar pacientes com HAS, acho que a minha forma de educar em
saúde é eficaz, porém realizar o vídeo não me permitiu total autonomia,
frustrando minhas expectativas.
CONCLUSÃO
Embora
seja interessante educar em saúde, a experiência da realização da videoaula
foi complicada. A utilização das tecnologias pode ser algo favorável quando
bem planejado e bem realizado, com boas propostas e interatividade. A produção
do vídeo demandou conhecimentos pouco ou nunca utilizados na carreira, como a
elaboração de um roteiro, conhecimentos sobre captura de vídeo, manipulação
de aparelhos eletrônicos, manipulação de programas de edição de vídeo,
entre outros que não competem ao enfermeiro domina-los. Esperamos que o público-alvo
siga as instruções e nos envie atualizações sobre o processo de parar de
fumar no próprio canal onde o vídeo foi publicado.
Bertolini,
W. T. O desenvolvimento de metodologias
de uso do audiovisual na educação: o vídeo imagens na cidade. Disponível
em: <http://www.unimep.br/phpg/mostraacademica/anais/4mostra/pdfs/128.pdf>
Acesso em: 11 de agosto de 2013.
FREIRE,
Paulo. Pedagogia do Oprimido – 17ª
edição, Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1987
LOPES,
M.C.L; MARCON, S.S. Concepções sobre saúde
e doença de famílias que convivem com a hipertensão arterial: Um estudo
qualitativo. Online brazilian journal of nursing. Vol 3 n 1, 2002.
SBH
- SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO; IV
Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial; 2002.
SBH
- SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO; V
Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial; 2006.
VIDEOAULA
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BNN - ISSN 1676-4893
Boletim do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre as Atividades de Enfermagem (NEPAE)e do Núcleo de Estudos sobre Saúde e Etnia Negra (NESEN).