Boletim NEPAE-NESEN

Elaboração de uma vídeo-aula sobre a automedida da pressão arterial para hipertensos: Um relato de experiência.

Sabrina Pinto Ruback Graduanda do Curso de Graduação e Licenciatura em Enfermagem da Universidade Federal Fluminense.

Isabel Cruz. Professora titular/UFF

 

RESUMO. As técnicas de informação utilizam recursos áudio visuais são uma forma de ensinar o processo de educação em saúde. A disciplina de prática e pesquisa de ensino III, do curso de graduação em enfermagem e licenciatura da Universidade Federal Fluminense possui como proposta permitir ao licenciando o acesso a teorias e práticas para o planejamento e elaboração de uma vídeo-aula de sete minutos. Nesse contexto o aluno se insere em uma nova prática e construção de estratégias de ensino que diferem das comumente utilizadas. Este relato trata da experiência no desenvolvimento de uma vídeo-aula intitulada: Automedida da pressão arterial.  

Descritores: Educação em saúde, Enfermagem, Hipertensão.  

ABSTRACT. The technical information using audio visual resources are a way to teach the process of health education. The discipline of practice and research educational III of the undergraduate nursing degree and Universidade Federal Fluminense has proposed to allow the licensing access to theories and practices for planning and preparing a video lesson seven minutes. In this context the student is part of a new practice and the construction of teaching strategies that differ from commonly used. This report deals with the experience in developing an instructional video titled: self-blood pressure.

Descriptors: Health Education, Nursing, Hypertension.

 

Introdução

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma doença silenciosa e também a mais prevalente, tratando-se de doença vascular, no mundo. Em 2008, foram registrados 2.969 óbitos em excesso pelas doenças cerebrovasculares quando comparados ao número total de óbitos das doenças isquêmicas do coração. Assim, a hipertensão é um potente fator de risco, sendo inegável sua importância social(1).

O diagnóstico da HAS é feito pela detecção de elevados níveis de pressão arterial (PA) pela medida casual, conforme o Ministério da Saúde(2). O atual critério de diagnóstico de HAS corresponde a 140/90 mmHg. A população adulta urbana no Brasil possui prevalência de 22,3% a 43,9% de casos.

O tratamento do paciente hipertenso requer adesão do mesmo e se torna um desafio para os profissionais de saúde. Tendo em vista que o paciente necessita alterar seu estilo de vida, como por exemplo, manter uma alimentação adequada, praticar exercícios físicos, reduzir o consumo de bebidas alcoólicas e tabaco, além do controle da ingestão de sal, a utilização de uma nova estratégia a fim de auxiliar no tratamento, é uma alternativa interessante.

As técnicas de informação utilizam recursos áudio visuais são uma forma de ensinar o processo de educação em saúde(3). A disciplina de prática e pesquisa de ensino III, do curso de graduação em enfermagem e licenciatura da Universidade Federal Fluminense possui como proposta permitir ao licenciando o acesso a teorias e práticas para o planejamento e elaboração de uma vídeo-aula de sete minutos. Nesse contexto o aluno se insere em uma nova prática e construção de estratégias de ensino que diferem das comumente utilizadas.

A vídeo-aula como um recurso audiovisual, é utilizado para alcançar objetivos específicos de aprendizagem. Logo, ela apresenta diferenças de outras categorias de produtos audiovisuais como filmes e produtos televisivos. Desde o planejamento até o processo de construção do vídeo é considerada uma dimensão pedagógica, onde o produto visa fins educacionais e as atividades desenvolvidas necessitam de profissionais específicos(4).

O artigo relata a experiência da elaboração da vídeo-aula: “Automedida da pressão arterial”.

 

Métodos

Este é um relato de experiência da construção da vídeo-aula “Automedida da pressão arterial” apresentada à disciplina prática e pesquisa de ensino III. O período letivo compreendeu os meses de Setembro de 2013 a dezembro de 2013.

As tarefas da disciplina são desenvolvidas semanalmente pelo moodlle, um Sistema Open Source de Gerenciamento de Cursos - Course Management System (CMS) e Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA). O material discutido faz referencia aos objetivos da aprendizagem e método de ensino.

Tendo em vista a realização de um plano de aula prévia, o qual passou por correção da docente, iniciou-se a elaboração da vídeo-aula. Como instrumentos foram utilizados, câmera fotográfica digital e programas de edição de vídeo no laptop.

 

Resultados e discussão

Inicialmente tivemos um primeiro contato com a docente da disciplina para apresentação dos objetivos do curso e as instruções para o acesso a sala de aula virtual.

  Na primeira semana houve a realização da ambientação e leituras de textos base para contextualizar a prática da disciplina. Após, foram apresentados as sugestões de temas para a vídeo aula, podendo o docente escolher o tema que tivesse mais afinidade. O escolhido por mim foi o “automedida da pressão arterial”. A automedida da pressão arterial feita pelo próprio paciente em domicílio, ou em outro local, com aparelhos validados e após treinamento adequado, sugere o conceito que define a automedida da pressão arterial[5]. Na plataforma, a docente realizou a discussão do conceito de andragogia. Onde eu pude aprender um pouco mais, uma vez que nunca tinha lido nada sobre o assunto. Esse conceito consiste na ciência que estuda o aprendizado dos adultos e deve subsidiar a educação em saúde.

  A vídeo-aula tinha como público os pacientes hipertensos. Como uma forma de melhorar o conceito, a docente criou um formulário de coleta de dados a serem obtidos dos pacientes hipertensos com o tratamento em andamento. Assim, poderíamos levantar as necessidades relacionadas a doença, usando como cenário a unidade básica de saúde.

Os resultados desta coleta foi apresentado em sala de aula em forma de seminário.

Neste momento da disciplina, já tínhamos bagagem para elaborar a vídeo-aula. O que assustava um pouco era o tempo estipulado que consistia em apenas 7 minutos. Como colocar todo o conteúdo necessário para entendimento do indivíduo que assiste neste pouco tempo? Foi um trabalho árduo elaborar o plano de aula e estipular o tempo de cada “parte” do vídeo. E ainda conseguir alcançar um dos principais objetivos do vídeo, que era a avaliação do aprendizado. Neste, o indivíduo teria que reproduzir o que foi ensinado no vídeo.

A leitura dos textos de objetivos operacionais e domínios do conhecimento, por meio da Taxonomia de Bloom, embasou bastante para aprender a “ensinar” e abriu um leque de objetivos a serem obtidos. Um deles era o de ligar os objetivos de aprendizagem e os resultados alcançados.

Na elaboração do planejamento da aula, foi discutido como a exposição oral é um meio menos eficiente, apesar de ser a mais utilizada. Hoje em dia há muitos recursos audiovisuais que suprem a demanda de demonstração e simulação, se tornando mais eficaz e eficiente para a educação em saúde.

        Após o planejamento, busquei o referencial disponível sobre automedida de pressão arterial. Realizei o plano de aula, com o suporte textuais presentes no ambiente virtual de aprendizagem; o feedback realizado pela docente sinalizou a necessidade do desenvolvimento das razões do automitoramento.

Na construção do vídeo prezi fiz levantamento teórico, buscando os conceitos baseados no Ministério de Saúde e Sociedade Brasileira de Hipertensão, além de manuais de instruções de medidores de pressão digital.  

Para uma automedida de qualidade se faz necessário o entendimento dos números da pressão. Neste caso, ponderei sobre o assunto utilizando uma animação de um coração, pontuando sobre a pressão diastólica e sistólica.

No conceito de hipertensão, pontuei sobre os valores e citei os normais e os elevados. Após, expliquei como deve ser o ambiente para uma automedida eficaz e iniciei a demonstração.

Na avaliação, utilizei um Quiz de Hipertensão com perguntas sobre o conteúdo abordado no vídeo, estas foram elaboradas por mim, sendo 4 perguntas de verdadeiro ou falso.

A edição do vídeo foi feita no Windows Movie Maker, onde eu tinha um pouco de habilidade. Apesar de todas as dificuldades para encaixar legendas e ajustar o áudio, foi recompensador poder usar esta ferramenta para elaborar uma vídeo-aula de 7 minutos.

 

Conclusão

A disciplina de PPE III foi um importante instrumento de aprendizado como futura enfermeira e com grande potencial em educação em saúde. Tive dificuldade na edição do vídeo, mas o feedback da docente foi importantíssimo para aprimorar minhas práticas educativas desde a sua elaboração até o produto final. Foi uma disciplina em que realmente pude aprender como se faz um plano de aula e como posso criar uma prática educativa que vise o autocuidado e promoção da saúde com um aumento da qualidade de vida.

Deste modo, o uso da vídeo-aula enquanto recurso de ensino-aprendizagem é eficaz quando se planeja assim como ocorreu durante o curso e é uma estratégia que poderia ser mais explorada nos serviços de saúde como um todo visando a estratégia e técnica de ensino auxiliar frente as técnicas atuais, favorecendo o aprendizado do usuário e consequentemente promovendo sua saúde.

 

Referências

1.     Lessa I. Hipertensão arterial sistêmica no Brasil: tendência temporal. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 26(8):1470-1471, ago, 2010. Avaliable from: http://www.scielo.br/pdf/csp/v26n8/01.pdf

2.     Brasil (Ministério da Saúde). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Hipertensão arterial sistêmica para o Sistema Único de Saúde. Cadernos de Atenção Básica; 16. Brasília : Ministério da Saúde; 2006.

3.     Azevedo Jr DP, Ramos MS. Roteirização de videoaulas para a educação on-line. Avaliable from: http://www.ebah.com.br/content/ABAAABKMAAE/roteirizacao-video-aulas-a-.educacao-on-line

4.     VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão. Rev bras hipertens [Internet]. 2010 [cited 2013 jan 20]; 17(1): 57-60. Available from: http://www.anad.org.br/profissionais/images/VI_Diretrizes_Bras_Hipertens_RDHA_6485.pdf

5.         Stergious GS, Baibas NM, Gantzarou AP, Skeva II, Kalkana             CB, Roussias LG, et al. Reproducibility of home, ambulatory, and clinic blood pressure: implications for the design of trials for the assessment of antihypertensive drug efficacy. Am J Hypertens. 2002.

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BNN - ISSN 1676-4893 

Boletim do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre as Atividades de Enfermagem (NEPAE)e do Núcleo de Estudos sobre Saúde e Etnia Negra (NESEN).